ENTREVISTA AO PAPA FRANCISCO

 

Francisco fala de temas importantes e a maneira como fala é já sinal como resolver os problemas que lhe são colocados na entrevista: Fala da Universalização da juventude.  Como tratar com os jovens! Como encurtar distâncias? Fala da mulher. Diz que Fátima é a virgem do silêncio (“Para mim Portugal é Fátima”), e que a Igreja é feminina; de como estbelecer o diálogo entre conservadores e progressistas na Igreja, etc

De muito interesse mesmo para agnóstivcos.

https://tviplayer.iol.pt/programa/papa-francisco-a-entrevista/633419560cf26256cd37d2c0/video/6321de850cf26256cd35b10d?autostart=true

MOSCOVO SAÚDA A PROPOSTA DO VATICANO PARA CRIAR UMA PLATAFORMA DE NEGOCIAÇÃO

O Kremlin disse na segunda-feira que agradece uma oferta do Vaticano para fornecer uma plataforma de negociação para resolver o conflito na Ucrânia, mas acrescentou que a posição de Kiev torna isso impossível. A InfoCatólica cita o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov:  “Claro que saudamos essa vontade política, mas dada a situação de facto e de jure que agora temos do lado ucraniano, essas plataformas não podem ser processadas”.

Há dez dias, em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o Papa Francisco reiterou que o Vaticano está disposto a fazer todo o possível para mediar no sentido de acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há mais de nove meses, vários países, incluindo Turquia, Israel e China, apresentaram-se como possíveis mediadores no conflito. Não valeu nada. A guerra continua.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

BOCAGE SOFRE AS DORES DA VIRAGEM DO TEMPO

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) foi um neoclássico romântico, um revolucionário que se debateu entre despotismo maçónico e catolicismo (bucolismo e sentimento romântico). Viveu num período perturbado como nós vivemos o de hoje.

No musgo da História se descobrem os líquenes que hoje alimentam a política e a economia. Bocage é um biótopo português do século XVIII de extrema riqueza de vida individual e social devido à sua variedade de estruturas caracteriais que apresenta numa de sobreviver ao poder maçónico e ao poder clerical em debate. Entre o despotismo iluminado que vem de fora (Marquês de Pombal) e o tradicionalismo medieval de Pina-Manique, Bocage luta por sobreviver e subsistir nos biótopos culturais em mudança.

Entre a luta pela liberdade e a amarra ao poder que possibilita subsistência Bocage é a manifestação de um currículo de Português inteiro! Ontem como hoje o poder pode mais.

Bocage, no seu autorretrato resume bem a sua pessoa:

“Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno;

 

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura;

Bebendo em níveas mãos, por taça escura,

De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só memento,

E somente no altar amando os frades,

 

Eis Bocage, em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades,

Num dia em que se achou mais pachorrento.”

 

Na egloga “Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina”(1), Bocage mostra o complicado da sua personalidade e do tempo e revela que tudo não passa de um emaranhado entre fidelidade e traição. Diferentes estilos de vida são questionados por Bocage: talvez a sua atitude perante a vida e as atitudes que a vida mostra levar.  Entre ele e Urselina se parecem debater a tradição nele presente e os tempos novos que o futuro promete em Urselina. Bocage não encotra situação de resolver o conflito existencial em que vive tendo por isso de se resignar em vingar-se de Urselina em Ritália. Estas serão as dores de parto do passar de um tipo de sociedade para outro.

Cito de seguida algum texto  da égloga de Bocage (no caso Elmano) no sentido de se compreender a minha interpretação:

“Tudo, enfim, descansava, excepto Elmano,

Que a mão do Fado, universal Tirano,

Sentia sobre si descarregada …

Sendo os desgostos seus o seu rebanho.

Honrados Maiorais o Ser lhe derão.

As Musas o encantárão mais que tudo,

Ateando-lhe n’alma o Fogo santo,

Que estúpidos Mortaes desdenhão tanto…

Assim Francino a causa lhe inquiria:

Que tens, Elmano? Que fatal desgosto

Banha de tristes lagrimas teu rosto?

Tu, que, ainda há brevissimos instantes,

Te acclamavas feliz entre os Amantes,

Logrando mil carinhos, mil favores

De Urselina gentil, dos teus Amores,

(Queixa-se da desilusão com a infiel)

Que tanto amara e em quem confiara….

Traidora! Eu não dizia, eu não jurava,

Que o meu socego ao teu sacrificava!…

Porque me não déste o desengano,

Que eu te pedia, Coração tyranno?

Se Inálio, porque tem Campos, e Gados,

Numerosos Casaes, amplos Montados,

Attrahe esse teu génio interesseiro,

E eu, posto que leal, que verdadeiro,

De clara geração, de sangue honrado,

Caducos, frageis bens não devo ao Fado,

(Francisco diz-lhe:)

Castiga-lhe a traição, e o fingimento

Lançando-a n’um profundo esquecimento.

Não merece a paixão, que tens por ella…

Aquella alma não arde, não se inflama,

A todos corresponde, a ninguem ama…

Nunca soube escolher, tudo lhe agrada,

E inda que astutamente infatuada

Faça crer aos Amantes o contrário,…

Adora a Providência em teu desgosto,

Não delires, Pastor, não desesperes,…

(Elmano responde:)

Eu dou mil graças ao Poder Divino

Por me livrar do engano em que vivia,…

Ritália desde agora o lindo objecto

Será do meu fiel, constante affecto…

Farei voar nas azas da ternura,

E assim me vingarei d’huma perjura…

E a fria indifferença, com que intento

Recompensar-lhe o torpe fingimento,…

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Texto completo em file:///C:/Users/Antonio/Downloads/queixumes_do_pastor_elmano_contra_a_falsidade_da_pastora_urselina.pdf

 

BOM ADVENTO

Advento é o tempo da caminhada para a gruta do coração!

Advento aponta para a chegada, para o natal; é o tempo de espera e de esperança (1). Liturgicamente, o tempo de espera é o tempo grávido que vai até ao dar à luz: o natal acontece hoje e sempre na gruta do coração, onde se dá a revelação d’Aquele que é, que era e que vem. Ele não foi nascer no templo nem no parlamento, nasceu e nasce numa gruta da terra ainda virgem e aberta a tudo e todos, onde se pode encontrar pobre e rico, crente e céptico, toda a pessoa de boa vontade, aberta e disposta a deixar-se surpreender para dar oportunidade à criatividade.

Texto completo em Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3975

Um Bom advento para todos

 

(1) Advento é um tempo ilimitado de preparação em que somos convidados a estarmos atentos para podermos deixar entrar em nós o bem e despertarmos do sono espiritual. Na tradição cristã o tempo de Advento pretende levar-nos a reflectir para estarmos preparados e assim podermos caminhar com Jesus nas nossas vidas. Santo Agostinho dizia:” Tenho medo que Jesus passe sem me dar conta”.

DIA INTERNACIONAL PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

A Dignidade individual humana deve determinar os Costumes sociais – Urge a Hora de Feminilidade

O 25 de novembro – é o Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres. É denominado o “Dia da Laranja” e nele a ONU alerta para se tomarem iniciativas públicas com campanhas c0ntra a violência durante 16 dias e que decorrerão até ao Dia dos Direitos Humanos em 10 de dezembro.

A matriz patriarcal deixa as mulheres para trás. Uma em cada cinco refugiadas são vítimas de violência sexual no mundo

Numa sociedade em que a violência é tolerada, as mulheres são as mais atingidas! Especialmente em sociedade fortemente patriarcalistas torna-se mais que oportuna uma revolução da feminilidade.  Nos regimes islâmicos, devido à coerência interna do sistema, a revolução estará nas mãos das mulheres com o apoio de homens de boa vontade.

Atualmente na imprensa sobressai o que acontece no Irão. Lá encontra-se em via uma revolução feminina desde há dois meses desencadeada pelo assassinato de Mahsa Amini em Teerão sob custódia policial por alegadamente não usar correctamente o seu lenço de cabeça.

Entretanto, acredita-se que mais de 300 pessoas morreram até agora e mais de 15 000 foram presas, muitas destas com a perspectiva da pena de morte, relata o jornal HNA (25.11.2022).

O regime iraniano desde há 43 anos discrimina, humilha e rebaixa as mulheres, como testemunha, no jornal, a iraniana Maryam Parikhahzarmehr, que fugiu da sua pátria para a Alemanha há nove anos atrás: “As mulheres ou têm de ser obedientes ou sofrem. Tiveram de renunciar aos seus direitos e experimentar a violência diária. O lenço da cabeça é mais um símbolo de opressão. As leis islâmicas privam as mulheres dos seus direitos. A polícia da moralidade está em todo o lado e controla as pessoas nas suas vidas privadas.” Por exemplo nos casamentos homens e mulheres não podem festejar em conjunto.

No regime islâmico a lei Sharia determina a vida social. O divórcio só é possível com o consentimento do marido. O testemunho de um homem em tribunal vale o dobro do testemunho de uma mulher: “Se as mulheres solteiras forem executadas, serão casadas à força e violadas de antemão, a fim de as desonrar. Para que não vão para o paraíso após a morte”.

Na cultura persa, as mulheres tinham um estatuto mais elevado. O regime islâmico está a tentar eliminar aquela cultura num processo de arabização através da religião.

Também nos países ocidentais se observa muita violência contra mulheres. Resta-nos ainda muito trabalho a fazer até que se consiga neutralizar o paradigma político-sociológico dominante da masculinidade. Até os próprios métodos de emancipação são também eles determinados pelo paradigma masculino longe de um ideal ou estilo de vida que integre de maneira equilibrada as energias da feminilidade e da masculinidade. Enquanto não se desenvolver uma nova cultura social – política, económica e filosófica – com uma matriz social mista (integradora da masculinidade e da feminilidade) a violência e a opressão continuarão a ser meios “legítimos” de desenvolvimento e afirmação.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo