A Requalificação do Parque Tejo-Trancão em Lisboa custará cerca de 35 milhões de Euros
De 1 a 6 de agosto realiza-se em Lisboa a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Lisboa 2023). Espera-se a visita de um milhão e quinhentos mil jovens vindos de todo o mundo.
O encontro mundial da juventude torna mais evidente a oportunidade de a Câmara Municipal dar vida ao projecto de requalificação do Parque Tejo e Trancão, área até agora considerada de “menor dignidade”, como afirmou o vice-presidente da Câmara.
O projecto de reabilitação urbana de Sacavém, a região do Parque Tejo e Trancão (mapas em nota (1) ficará por cerca de 21,5, mas que poderá subir até 35 milhões, no dizer do presidente da Câmara.
O palco onde o Papa Francisco presidirá às celebrações finais da JMJ 2023 com missa pontifícia, tem um custo de 4,2 milhões de euros (duas mil pessoas em palco, incluindo mil bispos, coro e orquestra)! O vice-presidente da Câmara justifica a grandeza do palco dizendo que “é um investimento que não se esgota no evento”, é uma estrutura permanente para o parque. O palco-altar é construído de maneira a poder ser visto nos 90 hectares do recinto, como esclareceu o vice-presidente ao mostrar os intuitos dos grandes investimentos a fazer no Parque Tejo-Trancão (2).
Em vez de se esclarecer o projecto do parque no seu todo, o aspecto ecológico e as receitas que os frequentadores da jornada mundial significam para a economia do país e para a sua imagem no estrangeiro, todo o mundo fala dos custos da obra como se se tratasse da construção de um altar e assim enquadrar este projecto na política do “passa-culpas” muito característica em Portugal no seguimento do lema “a culpa morreu solteira”.
Numa obra desta envergadura, seria de fazer-se a pergunta da razão de tanto investimento no Parque Tejo e Trancão. Além disso, num Portugal pobre, todos os investimentos grandiosos que se fazem deveria ter em conta que não se centralizassem todos em Lisboa e também respeitar uma certa proporcionalidade entre a qualidade de vida das pessoas comuns e uma certa megalomania de seus governantes.
Na imprensa está-se a fazer de um mosquito um elefante aproveitando-se do palco para o transformar num altar e assim curvar a informação numa direção completamente diferente de modo a fomentar ressentimentos contra a Igreja e a encobrir má gestão. Querer fazer transmitir a ideia de que o palco foi feito para a celebração do pontifical é atitude jacobina e própria de Media preconceituosa e enganadora. O facto de vir de todo o mundo grandes quantidades de jovens católicos e se juntarem em Lisboa deveria ser motivo de alegria para todo o cidadão português.
Uma outra pergunta será: Quais as intenções do governo ao ter nomeado José Sá Fernandes, pessoa controversa, como Coordenador da Equipa para as Jornadas Mundiais da Juventude? Como se consegue meter 4,2 milhões de euros na construção de um palco mesmo que venha a ter nove metros de altura?
A obra é grandiosa e vista sob a perspectiva de gerações vindouras será, certamente, vista como um bom investimento!
António CD Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8242
(1) Planos: https://www.lisboa.pt/fileadmin/cidade_temas/urbanismo/reabilitacao_Urbana/aru/aru_tejo_trancao/aruTejoTrancao_MemoriaDescritiva_ARU.pdf
(2) Opinião de Vasco Gama Lobo Xavier: “Se virmos bem as coisas, 4 milhões é o mesmo que despedir 4 directoras da TAP (a um milhão cada) ou 8 administradoras da TAP (a meio milhão cada). Por esta perspectiva comparada, 4 milhões para a obra em causa (e respectivas utilidade, visibilidade e retorno) parece-me um preço muito em conta. Talvez se devesse construir dois palcos.”