ATAQUES ÀS IGREJAS

DO QUE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NÃO FALAM!

Em 2018, o Ministério do Interior francês contabilizou mais de 1.000 “actos anticristãos”, 541 actos antissemitas e 100 actos islamofóbicos.

Em França todos os dias, são, em média, duas igrejas católicas besuntadas, destruídas ou profanadas. Cálices de missa são roubados, mas também quadros, e até cadeiras, como relata “Welt am Sonntag”.

Curiosamente a imprensa não costuma falar de actos criminosos contra cristãos?

Já pensaram porquê?

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

REUNIFICAÇÃO ALEMÃ – A OPORTUNIDADE PERDIDA

Afirmação dos Polos contra a Transversalidade do Meio (Centro)

Por António Justo

Recordo com nostalgia a revolução iniciada na noite de 3.10.1990 pelo povo da Alemanha socialista. Nesse dia (a sessenta Km da Alemanha socialista) senti a Europa e a Rússia a pulsar num só coração. Nas ruas de Kassel, a abarrotarem de gente, sentia-se a euforia de desejos e esperanças de povos a encontrar-se em abraços; era a festa das fronteiras abertas, um mundo todo que se reunia num só abraço! No ar misturava-se também um cheiro da gasolina dos Trabant (Trabis) com um borburinho de alegria e fraternidade que ressoava a humanidade.

 Foi uma revolução pacífica, verdadeiramente socialista no sentido democrático (os de baixo a libertarem-se dos de cima).  Socialistas corajosos acabaram com o socialismo de Estado.

A intrepidez de alguns, num sistema político fechado (com uma Igreja aberta), apoiados pela luz de velas e orações, possibilitaram a queda de um sistema armado até aos dentes. Michael Gorbatchov tornou possível o raiar de sol nesse dia. A RDA com o socialismo real passou à História.  O socialismo perdeu e o capitalismo ganhou; e isto apesar de um e outro se encontrarem nas mãos dos alemães!

As duas Alemanhas reúnem-se, mas a fenda continua na sociedade: enquanto a Alemanha ocidental buscava a reunificação, a Alemanha oriental procurava liberdade e autodeterminação. O alemão de leste sente-se privatizado e responsabilizado, experimentando a falta da solidariedade e da coesão que a necessidade criara nele numa RDA onde faltava quase tudo. O povo que lutou pela liberdade sente-se levado na corrente do Marco.

A revolução feita por um povo à procura de liberdade foi rapidamente interrompida pelas cúpulas socialistas e capitalistas que optaram sobretudo pela liberdade material renunciando em parte à liberdade interior. O povo sente-se assim na banalidade do mal da luta normal do dia a dia. É de admirar, porém o êxito conseguido a nível económico pelo Estado alemão, tendo conseguido, com as contínuas transferências de grandes verbas de solidariedade para a Alemanha de Leste, um nível de vida social equiparado nas duas zonas.

A Alemanha, entre Oeste e Leste, no meio do Oriente e do Ocidente não optou por ser o meio dos polos (a intermediária interpolar), preferiu continuar polar, adaptando o seu leste ao oeste (assimilando o polo socialista no capitalista). A Alemanha inteira perdeu assim a oportunidade de ser fiel culturalmente a si mesma (medianeira, transversal) e de se afirmar e  dar resposta à sua posição geográfica entre Leste e Oeste. (A posterior transferência da capital de Bona para Berlim – em direcção ao Leste – revela-se apenas como um tranquilizar da alma alemã a nível exterior do consciente).

Em vez de conciliar os dois polos de maneira transversal, no sentido da inclusão, da complementaridade, atraiçoa a sua vocação histórica de se reunir no meio, no centro dos polos (de unir a Europa com a Rússia). Em vez disso assistiu-se, com a queda do muro de Berlim, ao acentuar-se da política real (liberalismo económico) em desfavor da política ideal (unir a Europa à Rússia); optou-se pelo globalismo liberalista e consequentemente pelo acentuar-se do novo muro (cortina de ferro) em que se está a tornar a NATO. A Alemanha abdica assim de si mesma, da sua posição geográfica intermédia para apoiar a afirmação da posição anglo-saxónica no mundo. Abstém-se da liderança política para viver na ambivalência da materialidade socialista e capitalista.

Mais explicitamente: A Alemanha que parecia ser chamada a tornar-se culturalmente a balança do Oriente e do Ocidente para equilibrar o movimento das forças entre os dois polos (blocos) contraentes, desaproveitou a grande oportunidade que teve em 1990 de criar uma terceira via (a via do meio termo – interpolar), que teria sido possível através da união do seu polo socialista (RDA- Rússia) com o polo capitalista (BRD-Europa). Em vez disso a reunificação fortaleceu a luta polar (via capitalista) num globalismo que se afirma também ele por princípios dualistas de contradição polar. Deste modo revigoram-se as forças da masculinidade sobre as da feminilidade criando-se um desequilíbrio cada vez maior entre o material e o espiritual, o afirmativo e o criativo (O ideal de uma visão trinitária da realidade cedeu, novamente à luta dualista de afirmação das polaridades!). A mentalidade polar (de caracter masculino), expressa tanto no capitalismo como no socialismo, não deu lugar a uma reflexão possibilitadora de uma mentalidade inclusiva e transversal centrada na criatividade e na transformação com um substrato de motivação espiritual. A reunificação da Alemanha oriental com a ocidental tornou-se por um lado num projecto de sucesso económico e por outro numa traição à Alemanha no seu todo, no âmbito de uma possível missão cultural histórica.

Vive na ambivalência entre ocidente e oriente numa tensão entre espírito e matéria que practicamente se expressa na continuação da politização da narrativa socialista e da narrativa capitalista.

Nos novos desafios, Covid-19, globalização, alterações climáticas, migração, o medo parece tornar-se senhor de uns e meio de domínio para outros.

Precisamos de pontes que unam e não muros que separem. Esperam-se sempre os filhos da unidade e depara-se com os irmãos da divisão: matéria/espírito, capitalismo/socialismo.

Uma lição da história fica na nossa lembrança: Nem fascismo nem comunismo! Só a liberdade e a autodeterminação tornam o futuro possível!

 

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

Classe média brasileira continua a sair do Brasil  

IMIGRAÇÃO REJUVENESCE PORTUGAL

Em 2019 havia cerca de 111.060 cidadãos brasileiros em Portugal. Em 2018 foi concedida a nacionalidade portuguesa a 11.586 brasileiros (Estes deixam de ter o estatuto de imigrantes). A  comunidade  brasileira  representa  um  quinto  do  estoque  dos  imigrantes em Portugal.

Portugal também concede um visto, válido por cinco anos, para estrangeiros que compram imóveis acima de 500 mil euros: são os chamados vistos gold (imigração para ricos). Em  2019, 373 chineses conseguiram visto Gold,  o  Brasil  ( 176 vistos), Turquia (71 vistos), EUA (49 vistos) e Rússia (40 vistos). Uma boa percentagem de imóveis vendidos em Lisboa são comprados por brasileiros. Se tiver interesse em informação qualificada e concreta sobre imigração brasileira  leia o estudo sobre migrações “Brasileiros em Portugal”(1).

Os imigrantes contribuem para aumentar a natalidade em Portugal ; em 2017 as estrangeiras contribuíram com 10% do total dos nascidos vivos no país. Isso significa que para cada mil mulheres imigrantes há 39 natos-vivos, contra 15 das mulheres portuguesas. A fecundidade dos estrangeiros contribui para atenuar o envelhecimento populacional em Portugal e assim contribuir para a sustentabilidade da sociedade portuguesa!

Segundo a Organização Internacional para a Migração, em 2019, o total de migrantes internacionais em todo o mundo  era de 271,6 milhões de migrantes, representando 3,5% da população mundial total e, daquele montante migratório, 47,9% são mulheres. 20,4 milhões de pessoas encontram-se em condição de refúgio no mundo .

Uma nota à parte: Na Europa parte da classe média está a tentar refugiar-se na política, nas administrações estatais e em organizações internacionais.

Na Idade Média as elites viviam bem à sombra da Corte e na Actualidade vivem bem à sombra dos ministérios.

Quem pode afirma-se e quem não pode safa-se.

Olhe-se para onde se olhar, por todo o lado se observam migrações! Só os pobres ficam!

António da Cunha  Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1)  “Brasileiros em Portugal”, Brasília 2020 : http://funag.gov.br/biblioteca/download/Brasileiros%20em%20Portugal-DIGITAL.pdf

EDUCAÇÃO PARA A PAZ

SÓ HÁ UM POUCO DE PAZ

Não há nem nunca houve educação para a paz porque ela se encontra distribuída pelas diferentes ideologias, partidos e grupos de interesses!
Cada um considera-se em posse da verdade e em vez de a ver repartida também pelos outros julga-se no direito de impor a sua!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Temo

A FESTA DO AVANTE E AS VÉNIAS DO ESTADO AO PCP

Seu Efeito de Sinalização contra as Medidas Anticorona do Governo

Por António Justo

O Partido Comunista Português (PCP) esfrega as mãos de contentamento, com tanto a favor e tanto contra a Festa do Avante. O que importa é estar nas bocas do mundo, o resto é apagamento!

A festa do avante é o maior evento político-cultural português (três dias) e na sua organização faz lembrar o evento da Igreja (Kirchentag), na Alemanha! A Festa do Avante, como evento político-cultural, expressa a relevância da Esquerda em Portugal e a importância de um voluntariado criativo e idealista na organização do festival.

Desde 1990 o evento realiza-se na Quinta da Atalaia (Amora, Seixal) que o PCP comprou. Este ano o festival é realizado a 4, 5 e 6 de setembro.

A festa, é uma característica muito querida dos portugueses; já que não temos Fátima nem futebol nem arraiais, haja, pelo menos, festa para a esquerda; caso contrário, em tempo de pandemia, até nos esqueceríamos que vivemos num Estado partidário de crença secular que se empenha pelo cultivo do seu credo! Doutro forma seria legítima a pergunta: Que tem a festa do avante a ver com o beneplácito do PM e do Presidente da República e por que terá este de promulgar um decreto que não questione a festa do avante, apesar das massas de gente que congrega?(1) Ou será que num meio político imune e descarado se torna irrelevante o andar ou não com máscara!

Também gosto da festa e da liberdade. Se é permitido festejar que seja admitido para toda a gente!  Regras, quando muito, sejam iguais para todos.

A festa do Avante (em média 100.000 participantes) rendeu em 2019 mais de dois milhões de euros ao PC.

Apesar da pandemia, numa lógica antigovernamental, o Avante leva a sua avante, o que vem confirmar a ideia dos que defendem que a conversa do governo em torno do Coronavírus não é mais que um exercício para o confinamento da vontade popular.

No fim da festa só haverá contentamento: os comunistas com os lucros da festa e os adversários com a esperança que o vírus também infeste os camaradas da festa!

 

Os Privilégios do PCP são os Garantes de uma Sociedade alinhada à Esquerda

A ação do PCP em Portugal pode resumir-se na seguinte frase do Tenente Coronel João José Brandão: “o PCP não manda, no sentido em que não ocupa, nominalmente, as cadeiras do Poder. Mas manda, no sentido em que condiciona tudo o que se passa” (2).

Ele condiciona tudo porque se encontra instalado na administração estatal e em corporações nacionais de maneira indelével e impercetível (3), possuindo ao mesmo tempo uma aura de mártir fomentada na consciência popular pelo regime de abril.

Embora derrotado em 25 de novembro de 1975 afirmou-se por simulação e infiltração no aparelho do Estado (constituição, imprensa ideologicamente  saneada, instituições sociais, até na Caritas …). O regime de abril sem a ideologia comunista seria, na praça pública, como um galão feito com café de cevada! Por obra e graça da nova classe política toda a informação social tem um sabor característico de abril (Se o aroma social anterior tinha um cheirinho a Salazar o novo regime substituiu-o pelo cheirinho a comunismo; mas em questão de cheiros não se discutem gostos!).

A direita que não conseguiu sarar-se do complexo de culpa assumido no Regime de Salazar vindo-se aniquilada também pela demonização de tudo o que era do antigo regime; isto aliado à inteligência e experiência partidária do PCP e ao oportunismo de radicais de esquerda favoreceu a estruturação da corrupção dos partidos a nível estatal. O PCP foi açamado pela URSS que não queria que se estatuísse em Portugal um mau exemplo (PC) comunista a nível internacional.

De facto, o PCP português talvez seja o verdadeiro herdeiro de um socialismo que se queria também afirmar como crença; tornar-se na nova religião, o que em grande parte conseguiu. Na europa os partidos comunistas, no sentido tradicional, deixaram de existir, porque ao perderem a fé nele já não são verdadeiramente comunistas – por isso preferem optar pelo desvio socialista enquanto a recordação do bloco de leste durar; na Europa só o PCP original se mantem.

A subsistência do PCP original na sociedade portuguesa também tem certamente a ver com um certo sentido místico-poético português e com a consistência ideológica conseguida pelos obreiros da República portuguesa onde um corporativismo medievalista de elites cúmplices entre si ainda hoje politicamente fomentada por uma prática de sigilo dos homens do avental a atuar nos labirintos da República.

Para ver a sua capacidade de usar a crença do povo para os seus objetivos lembro aqui um caso que se deu nos primeiros tempos da revolução em que um militante delegado sindical de Lisboa, deslocado ao norte, (certamente em missão de catequização)  trazia nas mãos um  Terço como meio de propaganda, quando o Terço não era chamado, também no Norte, a comícios sindicais. (Tal era a ideia que se tinha do Norte!).

O PCP tem a vantagem, em contraposição a outros partidos da extrema esquerda, o facto de possuir uma certa racionalidade e uma boa infraestrutura na estratégia de organização enquanto outros só lhes resta a palavra e o oportunismo de que também muita da esquerda moderada se serve.

O PCP, como opositor sistémico convencido conseguiu, também a nível de opinião pública, um estatuto de consciência nacional que dá expressão ao protesto popular de quase tudo o que vai mal! Favorece-o ainda o facto de ser a ponta de lança da doutrina socialista que, a nível de partidos moderados, cultiva um socialismo envergonhado por terem de manter oculto o seu verdadeiro objetivo!

É triste a situação política e económica portuguesa por temos a pouca sorte de termos uma direita complexada e uma esquerda oportunista; uns e outros fechados em si mesmos e como tal não atentos aos verdadeiros problemas nacionais. O medo e o oportunismo revelam-se como garantes de um sistema partidário conivente ao serviço de corporações, mas à custa do bem comum! Outra não será a razão pela qual os partidos em vez de exercerem controlo efetivo sobre o Estado e o Governo com ações concretas (denúncia das irregularidades à justiça, etc.) apenas se interessam em comentar, na praça pública, os males do adversário político. Homens do jeito de Sã Carneiro e Ramalho Eanes  não são bem vistos nas elites de Portugal.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo