A ARTE DE QUESTIONAR

Uma sociedade-ideologia-opinião que não se questiona não avança

O filósofo Sócrates usava do método maiêutico (arte de realizar partos) para levar as pessoas ao conhecimento; para isso servia-se de perguntas, seguidas de respostas a que seguiam novas perguntas, como se ele fosse uma parteira a ajudar a parturiente a dar à luz a própria criança.

Numa sociedade clientela cada vez mais técnica, burocrática e manipulada de respostas empacotadas urge fazerem-se cada vez mais perguntas!

Perguntas podem tornar-se meios de esclarecimento e podem ajudar-nos a pensar e a investigar! Também podem ser refinadas e tornar-se perigosas!

É costume dizer-se que quem não questiona permanece estúpido; também não há perguntas estupidas, mas quanto a respostas sim.

Naturalmente, pode-se questionar tudo, desde a opinião geral à opinião individual! Uma notícia que apresentada na TV, ou noutro meio de comunicação social, é geralmente engolida sem ser mastigada nem saboreada; se o espectador se questionar sobre o porquê (motivo, posicionamento, frequência, objectivo)  da apresentação daquela notícia e não de outra, etc. conseguirá uma visão mais diferenciada do que acontece e o influi. Isso contribuiria para evitar o proselitismo divisionista de uma sociedade muito dependente dos media cada vez mais centralizados e controlados. As elites do poder já que não conseguem do cidadão uma fé comum procuram, o que é natural, criar nele uma opinião comum. O pensar diferenciado não ajuda o poder (nem agrada à massa anónima) mas serviria mais a evolução da pessoa humana e da população.

Há o perigo de projecções, mas também há questões que podem ser indigestas e que para serem “engolidas” e o seu conteúdo não provocar “tosse” precisariam mais tempo de ruminação. 

Perguntas perigosas podem tornar-se aquelas que questionam a opinião geral ou as pessoas que se consideram esclarecidas!

As perguntas estão no início de cada discernimento e são muito importantes porque mobilizam a nossa introspecção que leva à intuição! Por vezes, no momento da introspecção chega-se a questionar as próprias perguntas.  Uma pergunta decisiva vai direita ao cerne de um problema e a resposta a ela pode revelar o que se encontra por trás dos bastidores!

Também há perguntas cruciais que podem ter um lado negro porque as correspondentes respostas levariam a uma confissão ou colocam uma questão de consciência ou de algo que nos deixaria despidos!

Há também perguntas simples que querem saber por interesse no simples saber, mas também há perguntas interesseiras e como tal superficiais e manipuladoras!

As perguntas rectóricas, geralmente, não pretendem obter uma resposta mas também podem fazer parte de um jogo de truques retóricos que transformam opiniões em factos e factos em opiniões.

Uma pergunta muitas vezes oportuna seria: Quem beneficia com isto? O que é que está aqui em jogo? O que pretendes com isto? Porque perguntas isto?…

O perguntar tal como o pensar pode fazer doer, por isso muitas pessoas evitam questionar a própria opinião e a própria visão do mundo, o que aumenta o espectro das insinuações; também por isso temos mais ovelhas que pastores!

A pergunta é sempre legítima porque a questionação plural tenta libertar a pessoa do “lado certo” ou do “lado errado” e, deste modo, possibilitar um caminhar humano de todos em frente na procura da Verdade!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

 

DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

Hoje tudo se encontra em competição, todos são condicionados a viverem sob stress; mães, pais, filhos e educadores são os primeiros a senti-lo. Se antes a sociedade vivia mais ao ritmo da natureza hoje passou a viver ao ritmo da opinião publicada que privilegia uma maneira de estar exteriorizada e mais virtual! As necessidades específicas mais elementares e genuínas e as relações humanas familiares são indelevelmente neutralizadas para melhor ser conseguido o esvaziamento da personalidade e das instituições base. Pretendem-se modelos e estilos de vida, meramente funcionais, à margem humana. A sociedade quer-nos ver a viver de exterioridades.

Politicamente exposta às contrariedades dos ventos do Zeitgeist, a família passa a ser cada vez mais estressada.  O movimento 68, a pretexto de liberdades, instrumentalizou a família considerando-a como modelo a ser ultrapassado e “privatizado”! Neste conceito a mulher continua a ser utilizada e explorada na família e em sociedade.

A primeira a ser explorada na família é a mulher; uma sociedade e economia globalistas de matriz masculina em vez de valorizar a feminilidade procura pô-la ao serviço da sua masculinidade, ao âmbito meramente funcional.

Por isso exige-se tudo das mulheres e das mães! Devem estar sempre prontas e à disposição de tudo e de todos e, além do mais, é-lhes exigido fazerem uma carreira perfeita: funcionalidade pura ao serviço da família e ao serviço da economia!

No passado, as pessoas seguiam a ordem da natureza, hoje seguem a lógica dos meios de comunicação de massas. Corta-se o âmbito privado (familiar) para se passar a viver no âmbito público, à custa do tempo passado juntos; da “geração televisiva” que assistia ao mundo sentada, passou-se à geração smartphone que corre por todo o lado e em todo o lado tem de estar presente sob a supervisão do google.

 A família perde muito do seu espaço privado transpondo-o para as empresas globais!  Estas exigem um contínuo estar atento à custa da atenção indisponibilizada aos circunstantes sentados à mesma mesa; estar atento e chamar a atenção coloca as pessoas e as famílias modernas sob considerável pressão dificultando assim a criação de relações directas, de belas experiências humanas, de celebrações partilhadas, de ritos e de momentos vividos em conjunto; assim se evita aquilo que tornaria as nossas vidas mais autênticas e mais ricas.

Na esfera doméstica e na criação dos filhos, a mulher vê a sua condição, muitas vezes, a ser tornada invisível, não obtendo qualquer reconhecimento pelo trabalho familiar, que de facto permanece mais sobre os seus ombros. Por mais que as mulheres trabalhem não recebem qualquer recompensa! Em vez disso a sociedade cria imagens ideais e papéis que as obriga a terem de andarem sempre a correr e a estarem atentas ao que se espera delas! Uma sociedade que explora a Mãe/mulher não liberta o Homem nem serve a família!

Tudo o que se fizer em benefício da mulher e da mãe (pela feminilidade) reverte em benefício de todos, da família, do homem e da sociedade!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O DIA DA LIBERTÇÃO 8 DE MAIO 1945!?!

Paz revelou-se em Sol de pouca dura

A 8 de Maio, foi assinado o documento de capitulação da Alemanha. Com a capitulação da Alemanha, terminou o regime nacional-socialista de violência.

A guerra provocou um total de 65 milhões de mortos, dos quais 27 milhões de russos e cerca de 6 milhões de judeus.

De 1943 a 1945, devido à falta de soldados, eram recrutados jovens de quinze anos. A libertação salvou os perseguidos e tornou possível a paz, a segurança e a prosperidade. Esta libertação deu-se à custa de muito sofrimento. Nunca mais a guerra, era a convicção de então!

Fatidicamente encontramo-nos de novo em guerra e a Alemanha que tinha perdido a guerra declarou agora enviar armas pesadas para a Ucrânia, o que significa entrar de novo na guerra. Isto significará uma guerra entre a NATO e a Rússia.

Temos um campo de batalha diabólico: Belzebu e Lúcifer em plena acção!

Manifesta-se assim a violência da democracia contra a violência da autocracia.

As populações são usadas apenas como parte da decoração do palco militar e a democracia como cenário. O mal vence e os políticos de um lado e do outro da cortina parece agir ao serviço da guerra e não da paz!

Deixemo-nos surpreender sobre o que dirá Putin amanhã, 9.05, dia em que a Rússia comemora a victória sobre o regime de Hitler!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

SERÁ A ALEMANHA EUROPEIA OU AMERICANA?

Disponibilizo aqui a tradução de alemão para português  do meu texto publicado no jornal alemão HNA!

Tornou-se também a União (CDU/CSU) num defensor bélico na Alemanha? (a oposição parlamentar CDU/CSU em Berlin, tornou-se agora apoiante da política governamental de entrega de armas pesadas à Ucrânia!) No ar (social) nota-se um odor a vontade de guerra e um cheiro a quartel. Para limpar o ar, o chanceler deveria declarar o seu apoio à paz e estar preparado para negociar em vez de fornecer armas.

A Alemanha dá a impressão de ter um pensar e agir não europeu, mas americano!

Nesta guerra, a Europa é que está em jogo e está a ser abusada para os interesses dos EUA.

As entregas de armas apenas servem os objectivos dos EUA, que estão interessados em prolongar a guerra com a ajuda do presidente ucraniano.

Não é segredo que os EUA há muito que estão interessados em desligar a Europa da Rússia. Este é o seu objectivo a fim de fazer valer interesses estratégicos e de poder económico. Também a culpabilidade da Rússia não pode ser negada, mas culpar apenas a invasão russa pelo que está a acontecer na Ucrânia é, na minha opinião, seguir os acontecimentos exclusivamente sob a perspectiva dos interesses dos EUA/NATO, sem ter em conta as movimentações dos EUA e o papel dos oligarcas na Ucrânia até à invasão russa.

Na imprensa (mais popular), no máximo, a perspectiva alemã é mencionada de um lado e a francesa do outro (no meio de tudo isto falta a perspectiva europeia e a defesa dos seus interesses).

O que mais me entristece é o facto de a Alemanha, que desempenha um papel tão importante na Europa, correr o risco de abandonar os seus próprios valores, tornando-se um mero fantoche dos EUA, a ponto de negligenciar os interesses da sua própria economia para ir ao encontro dos interesses dos grandes magnatas do dinheiro, cuja vítima o povo ucraniano se tornou; a Ucrânia serve há muito tempo de cavalo de Tróia de potências que abusam dela)!

De um ponto de vista lúcido europeu, estar a empurrar o urso russo para a China, em vez de se dedicar à missão de estabelecer negociações e compromissos realistas, é um grande erro que mostra falta de visão. Porque deveríamos renunciar a uma política de independência europeia, o que pressuporia uma aproximação, a longo prazo, da Europa com a Rússia?

O texto encontra-se em alemão no meu blog alemão sob o título: SERÁ ALEMANHA EUROPEIA OU AMERICANA? https://antoniojusto.wordpress.com/

Se a Alemanha se permitir ser arrastada pelos EUA, toda a Europa só seguirá a filosofia anglo-saxónica!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CÚMULO DA PERVERSIDADE

Já notaram a contradição? Andar-se a pedir armas e ao mesmo tempo pedir-se donativos para as vítimas!

Encontramo-nos numa época dos guerreiros, numa época da desinformação e o que é mais triste é sermos amarrados aos interesses políticos e materialistas não nos restando espaço para a mente e menos ainda para o Espírito!

Porque não dedicamos mais tempo a investigar a razão porque andamos a ser manipulados num programa de encurtamento do nosso pensar em termos polares de opostos e não nos interessamos por ver que entre os opostos há a zona do meio.

É verdade que quando olhamos para uma moeda ou para uma medalha geralmente só olhamos para os polos, para as faces (não considerando o cunho ou metal em que as faces estão estampadas). A realidade da moeda é, porém, sobretudo mantida pelo meio, a parte que sustenta as faces! Quem a ignora limita a realidade.

Quando deixaremos de equacionar a nossa vida e o nosso pensamento em termos apenas binários e não em termos trinitários?

É realmente importante andar no mundo “real” mas com cuidado  para não nos perdermos nele.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo