OS NOSSOS DESCENDENTES IRÃO RIR-SE DE NÓS!

O negócio vai bem e as pessoas vão morrendo

A guerra na Ucrânia não é uma guerra como qualquer outra; nela estão também directamente envolvidos civis na qualidade de combatentes de rua.

A guerra começou por causa de negócios e de influências e continua por causa do comércio e de interesses de domínio.

O armamento é um negócio lucrativo; os países fortes investem nele para manterem o seu domínio; no final da guerra, a Ucrânia e nós é que recebemos a factura.

A Alemanha já entregou 500 mísseis antitanques, 500 mísseis antiaéreos Stinger e 2.000 mísseis Strela e outro equipamento a Kiev (HNA 05.04.2020). É assim que o conflito vai continuar a escalar! A Alemanha tornou-se assim também uma parceira da guerra. A Alemanha não aprendeu com o seu envolvimento na Sérvia, Afeganistão, Mali, etc. Quando começará o ponto de viragem para uma política da paz?

A imprensa alemã relatou que foram entregues aos civis ucranianos em Kiev Kalashnikovs e outras armas. Isto mostra que esta não é uma guerra como as outras; além dos interesses nacionais em defesa joga-se também com o fanatismo, o que torna tudo mais complicado. E depois o que podemos espera de um soldado russo quando é alvejado por civis?

Não se trata aqui apenas de tomar uma posição numa guerra supérflua, mas também de perceber o que está realmente a acontecer.   Ainda é muito cedo para se interpretar o que aconteceu em Butsha de forma precipitada e unilateral. Na guerra a verdade é a que mais sofre e a imprensa está geralmente do lado do seu próprio sistema.

Tentar convencer a Rússia a deixar a guerra como nação derrotada e com sanções é uma ilusão. O facto de só o caracter narcisista de Putin ser atacado nos meios de comunicação social esconde que existem os interesses de uma nação por detrás do presidente!

Como as coisas se estão a desenvolver, Putin fica com Donbass (território pró-russo), verá confirmada a aquisição da Crimeia e poderá jogar com o trunfo de Mariupol. Como compromisso, a nova Ucrânia poderia entrar na UE, mas não na NATO. Assim, a Ucrânia que hoje se tornou num obstáculo ao diálogo tornar-se-ia numa ponte entre a União Europeia e a Rússia. Doutro modo, a Europa renunciará por muito tempo a um baldado sonho de voltar a ser ela mesma e os que apostam em repartir o mundo é que ganharão, também apenas por algum tempo. Esperemos pelo dia em que a Europa e a Rússia se comportem como irmãos!

Assiste-se a uma emocionalização geral da nossa interacção social e isto empurra a argumentação para segundo plano. O interesse por uma política da paz  parece diminui também nas populações!

Tudo leva a crer que como resultado deste imbróglio irão surgir duas ordens mundiais: uma de caracter mais autoritário de economia socialista (asiática) e outra de caracter mais liberal a economia capitalista (ocidental)!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

NESTA GUERRA, COMO NAS OUTRAS, A VERDADE É PARTIDA E REPARIDA

Voltaire dizia: “A história é uma mentira com a qual as pessoas concordaram”

Se não fosse a mentira não haveria soldados em combate! O problema é que a mentira de um lado se torna na verdade do outro lado e vice-versa. E a acrescentar a esse mal, ainda se torna mais fatal o facto de o povo querer certezas!

A grande mentira ocidental é querer fazer crer ao povo que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre a Rússia e os EUA/NATO na defesa de meros interesses económicos e estratégicos das duas potências. Ao declararem a invasão russa como uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia estão a fazer do seu público pessoas ingénuas que importa alinhar no sentido das suas fileiras! O mesmo faz a Rússia do seu lado.

A falta de critério encontra-se numa União Europeia que se depara entre a Rússia e os EUA e não se dá conta nem do que é, do que quer, nem da sua posição. Em vez disso tem servido os interesses americanos não interessados em findar a guerra. A UE perdeu a sua ocasião histórica de, numa fase intermédia, fomentar uma política no sentido de uma Ucrânia neutra e independente! Entretanto, devido ao acirrar guerreiro, Putin já se encontra no direito de integrar parte do território da Ucrânia na Rússia, o que irá acontecer.

Putin manifestou sempre a exigência do cumprimento do compromisso assumido pela NATO de não ampliar o seu território em direcção à Rússia. Quando Gorbatchov em 1990 permitiu que a RDA (Alemanha de Leste) se unisse à Alemanha ocidental (RFA) foi dada garantia nos protocolos de 1990 de que a OTAN não se expandiria para Leste.

Há um ditado atribuído a Gorbatchov que admoesta: “Aquele que se atrasa é punido pela vida”.

E a Europa distraiu-se, esquecendo-se de ela mesma, para andar a fazer o jogo dos outros!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

COM A ESCUSA DA UCRÂNIA OS EUA GANHARAM A GUERRA DO GÁS E CONSEGUIRAM DESNORTEAR A EUROPA

A maior victória dos EUA foi criar a separação entre a Alemanha /Europa e a Rússia

Os USA fizeram tudo por tudo por bloqueara o projecto Nord Stream 2 (o grande negócio do gás entre a Alemanha e a Rússia), um dos maiores investimentos privados em infraestruturas europeias. Os EUA já tinham imposto sanções às empresas envolvidas na construção do gasoduto Nord Stream2 que passando através do Mar Báltico liga directamente a Rússia à Alemanha! Finalmente a guerra veio pôr fim ao projecto que já se encontra concluído desde 10 de setembro de 2021 (1). Por razões políticas, não chegou a ser posto em funcionamento, embora tenha custado 11 mil milhões de euros!

Os EUA defendiam, dessa maneira, a exportação do seu gás líquido de xisto para a Europa (esse gás polui imensamente o ambiente na sua aquisição) a um preço muito mais elevado que o gás natural da Rússia! A construção do gasoduto Nord Stream 2 projecto teve sempre os EUA contra ele por razões políticas e económicas! Agora, com a invasão russa na Ucrânia os EUA ganharam mais esta guerra para eles. A Alemanha recebe 55 por cento do seu gás da Rússia! O gás natural forneceu quase 26,7% da energia consumida na Alemanha em 2021 (2). Em janeiro de 2022, foi vendido na Alemanha gás natural no valor de cerca de 6,7 mil milhões de euros.

O gasoduto em funcionamento é o Nord Stream 1 inaugurado em 2011; ele passa pela Ucrânia que recebe também contrapartidas económicas da Rússia pelo facto da conduta de gás passar por lá.

Os EUA estão já a colher os frutos da sua guerra com a Rússia na Ucrânia.

A irracionalidade desta guerra e dos políticos europeus (3) estão à vista na tragédia ucraniana e manifesta-se também nos acordos imensamente desfavoráveis para a Europa e no facto de agora os europeus já iniciarem negociações de compra de gás com os Emirados Árabes Unidos (Qatar), que anda envolvido com a Arábia Saudita numa guerra de agressão contra o Iémen. Enfim, um país que faz o mesmo que a Rússia faz na Ucrânia!… E o povo, de cabeça perdida bate palmas engolindo cobras e lagartos! No Qatar, uma mulher que é violada chega a ir para a prisão por ter sexo extraconjugal. O Ocidente tornou-se mais liberal indo agora para a cama com todos depois de cortar relações com a prostituta Rússia!

Nada serve a paz na Ucrânia se as causas da invasão russa da Ucrânia não puderem ser nomeadas; sem as ter em conta, é difícil encontrar uma solução e, portanto, um fim para a guerra. A principal causa da guerra foi o conflito de segurança geoestratégica e de interesses político-económicos de poder entre a NATO e a Rússia. O conflito só pode ser terminado entre estes dois parceiros, muito embora Selenskyj que deixaria de fazer má figura e o sangue deixaria de correr na Ucrânia.  A Ucrânia, transformada em cavalo de Troia de interesses de terceiros, será a que perderá tudo.

A grande vantagem económica e militar para os EUA foi criar a separação entre a Alemanha /Europa e a Rússia e disciplinar a Europa de maneira a submete-la totalmente aos interesses da NATO, sua ponta de lança.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7277

(1) Tem um comprimento total de 2460 quilómetros (duas cordas de 1230 quilómetros cada).  No entanto, metade do projecto de onze mil milhões de dólares foi financiado pelos gigantes da energia e do petróleo Shell, OMV, Engie, Uniper e Wintershall DEA.

(2) O consumo de energia na Alemanha: https://gas.info/energie-gas/erdgas/entstehung-erdgas/import-und-herkunft-erdgas

(3) Precedentes da Guerra: https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm

 

A RÚSSIA E A CHINA APROXIMAM-SE E REJEITAM UM MUNDO UNIPOLAR!

A Rússia e a China concordam em ampliar a cooperação, após reuniões entre os ministros dos negócios estrangeiros Lavrov e Wang Yi.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Wang YI deu apoio político à Rússia, dizendo que a questão ucraniana é o resultado não só de um antigo conflito de segurança mas também “a mentalidade da guerra fria e do confronto”. A China retratou os EUA e a OTAN como os principais culpados da crise.
“A cooperação entre a Rússia e a China não tem limites”, disse o porta-voz dos negócios estrangeiros da China, Wang Wenbin: “Trabalhamos pela paz sem fronteiras, mantemos a segurança sem fronteiras, rejeitamos a hegemonia”.
Como era de prever ( https://www.triplov.com/…/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm) nos inícios do conflito armado em 2014, os blocos juntam-se e deste modo a globalização é fundamentalmente questionada.
Uma Europa, nas últimas dezenas de anos, só interessada na sua economia ao não assumir responsablidade global neu pela Europa, vai fazer pagar caro aos cidadãos a sua falta de visão!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

OUSA PENSAR!

Selenskyj tem assumido neste conflito (entre Rússia e OTAN) o papel que Fidel Castro assumiu na crise cubana entre USA e União Soviética. Fidel Castro quis convencer Khrushchev a fazer um ataque nuclear surpresa.

Afortunadamente prevaleceu a razão entre Khrushchev e John F. Kennedy, que concordaram num compromisso que evitou uma guerra mundial e uma guerra atómica!

Na crise dos mísseis cubanos, a Rússia e os EUA acordaram secretamente que os navios da URSS seriam recuperados, e após meio ano os EUA removeram os seus mísseis da Turquia, aparentemente argumentando que estavam “tecnicamente obsoletos”.

Felizmente a OTAN ,  Alemanha e França têm manifestado uma certa contenção neste conflito, o que tem impedido uma tragédia para toda a Europa.

O presidente Francês Macron e em parte a Alemanha têm tido uma política razoável em favor da paz preferindo dialogar com Putin do que recorrer a uma intervenção ou maior armamento da Ucrânia, o que Selenskyj tem pretendido, sem consideração por perdas nem se importando com um consequente incêndio atomar em toda a Europa. Macron considera que o envio de mais armas para a Ucrânia tornaria um cessar-fogo ainda mais difícil e só criaria mais alvos para o exército russo.

Os latinos diziam: “Sapere aude”, atreve-te a pensar!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo