MULTA PARA IMAMES QUE EFECTUEM CASAMENTOS COM CRIANÇAS

O jornal ZEIT informou que, uma iniciativa do Ministério do Interior dirigida ao governo federal alemão e ao Grupo de Trabalho dos estados federados, prevê uma multa a pregadores islâmicos (imames) que realizem casamentos de menores de idade.

Imames não poderão efectuar rituais de casamento de menores de idade, nas mesquitas. A proposta de lei a discutir prevê multas até mil euros.

Na sociedade ainda se encontram muitos costumes de povos e culturas que são colocados acima dos direitos humanos consignados na Constituição. O casamento com menores é um abuso da personalidade humana e dos seus direitos. É estranho que uma sociedade se preocupe tanto com a não discriminação e menosprezo através de palavras, insurgindo-se contra expressões como Zigeunerschnitzel (costeleta cigana) e por outro lado não elabore leis que proíbam em princípio a exploração sexual de crianças tolerando o casamento antes dos 18 anos.

 

O problema agudiza-se pelo facto de nas mesquitas se realizarem casamentos à margem da lei. Muitos realizam o casamento religioso islâmico mas não efectuam o casamento civil alemão para deste modo poderem usufruir de apoios aos estudos ou sociais que veriam reduzidos se vivessem num agregado familiar e não tivessem domicílio independente.

 

António da Cunha Duarte Justo

A IDADE DIGITAL INICIA A ERA PÓS-FÁTICA – O SENTIMENTO É QUEM MAIS ORDENA

Coisas da Democracia: Trump ganha e Democratas queixam-se da Democracia

António Justo

O dia das eleições é aquele em que todos os cidadãos são iguais. No dia seguinte volta-se à divisão dos grupos de interesses do costume, na disputa do terreno público: os que ganharam e os que se sentem com direito a ganhar. Por vezes é custoso aceitar que em democracia quem ganha tem razão, embora nela a verdade seja sistémica, encontrando-se repartida e disseminada por diferentes grupos de interesse.

Uma sociedade de franco-atiradores abandonada a si mesma

O estado da nossa democracia é cada vez mais amedrontador, numa sociedade provocada que provoca também; as pessoas cada vez se sentem mais desamparadas e sem fala, não se sentindo em casa na própria terra. A desilusão é tanta que, como na América, as pessoas, sem alternativas válidas, já chegam a agir segundo o mote: “mal por mal Marquês de Pombal”. Nos EUA o povo elegeu Donald Trump, não por causa das suas expressões sexistas e xenófobas mas porque o sofrimento e a falta de esperança que sente é tal que os levou a elegê-lo apesar disso..

Não chega rejeitar o discurso do medo, do ódio, da intolerância e da cisão; é preciso iniciar-se uma cultura que não se fique pelo discutir das causas que deram razão a Trump mas que provoque a mudança de atitude e de agir da classe política dominante.

Elites arrogantes incapazes de notar os sinais dos tempos

Os comentadores do mundo já não entendem o que se passa; por isso preferem ficar-se pela coutada que os favorece. No discurso público é comum a arrogância dos que, na falta de argumentos, explicam os fenómenos declarando de estúpidos e populistas quem representa interesses que não os seus. Os eleitores de Trump são declarados bobos e parvos como se não soubessem o que fazem e o que querem nem tivessem direito a defender os seus interesses e a Democracia também não lhes pertencesse. Trump mobilizou os sentimentos dos que geralmente se calam porque não têm oportunidade perante os grupos de interesses da arena política; os Mídias usaram a mesma técnica de Trump ao apelarem aos sentimentos negativos das populações contra Trump em vez de analisarem o que estava por trás da sua posição em relação ao globalismo e à responsabilidade mundial a assumir pela Europa. Não souberam ver que Trump é o símbolo de uma nova época que se anuncia e como tal trará consequências positivas e negativas decisivas para a Europa e para um mundo mais complicado e difícil. Assistimos à sabotagem da opinião pública e, de repente, o povo espectador sente-se desenganado por uma realidade não propagada e como tal não esperada.

Chega-se a ter a impressão que os usuários do sistema político e económico europeu, habituados a viver reconfortados, sem grandes perturbações sob o mandato do pensar politicamente correcto da esquerda, se aproveitam de Trump para fomentar os seus preconceitos contra os americanos ou para indirectamente atacarem uma democracia não forjada à sua imagem e semelhança. O mesmo já se viu na discussão sobre o Brexit! Em vez de analisarem as causas do terremoto americano de que enfermam também, as elites europeias, optam por criticar e difamar o eleito e quem o elegeu e com a sua falta de discernimento serrotam o próprio galho em que se encontram. A própria presunção leva-os a difamar, como inimigos da democracia, outros grupos de interesse surgentes que se organizam, como eles, democraticamente. Preferem falar da maléfica atitude de demagogos do que da própria má vida e da corrupção que é o húmus da demagogia. Esquecem que quando apontam um dedo para os outros têm pelo menos três a apontar para si.

Na era digital o sentimento popular é quem mais ordena

O maculado Trump inicia a derrocada do sistema estabelecido e é um aviso à corrupção das elites dos países da União Europeia que nadam em ideologias e em dinheiro e cada vez deixam mais população a nadar no charco.

Trump é realmente um fenómeno, até qui inédito em democracias consideradas adultas, dado ele ser expressão da nova idade digital que inicia a era pós-fática. Nesta era, como podemos verificar nos resultados das eleições e na opinião pública europeia, o sentimento é quem mais ordena! O sinal de que há uma desfasamento e até contradição entre os interesses ideológicos e económicos  estabelecidos e os do sentir do tempo popular, deduz-se também do facto das empresas das novas tecnologias terem apoiado a campanha de Clinton com 35 milhões de Dólares e a de Trump com 300 mil Dólares!… A mesma contradição parece haver numa política até aqui considerada racional afirmada contra as razões de uma política também sentimental..

A discussão pública parece querer ignorar que vivemos numa sociedade em luta e repartida entre os diferentes grupos de interesses, vivemos numa sociedade formada de grupos de interesse a viver uns dos outros e de uns contra os outros; até agora temos vivido em democracias de pensamento bem penteado mas bem divididas entre os que vivem ao sol e os que vivem na sombra: os lá de cima e os cá de baixo. No meio de tanta poeira no ar os beneficiados do sistema nem notam que a democracia já legitima as barbaridades (ordenados horrendos de banqueiros, futebolistas, benefícios vitalícios de políticos, etc., se comparados com os salários mínimos e depois vêm falar ao povo de moral, de justiça e de decência) que condena em regimes autocráticos e antidemocráticos. Desta vez o povo perdedor do sistema, ao ir às urnas, demonstrou que o que se sente também faz parte da realidade. Os sentimentos criaram um facto: Trump como presidente, um homem que pensa através do corpo e da nação e como tal não tão puro como o quereriam formatadores elitistas que só conhecem a realidade filtrada pelos interesses do seu pensamento, que não parece comportar o conhecimento da dinâmica de causas e efeitos; querem tudo menos reformar o próprio sistema; tocar nele significaria autenticidade e a própria renúncia a privilégios, que se tornaram em verdadeiros atentados à democracia e ao bem-comum (em nada inferiores aos das elites do passado e que têm a descaramento de criticar).

Actores sem remorsos produzidos por uma elite sem vergonha

Trump ergueu-se, da parte sombria, num horizonte dominado por raios e coriscos, e confessou querer defender os interesses dos USA, os interesses dos conservadores, os interesses individuais, os interesses de grupos a viver na precaridade. Usou de uma retórica agressiva e discriminadora, mostrou, sobretudo a sua face narcisista imprevisível e deste modo dividiu emocionalmente uma nação politicamente já dividida. Trump não sentia remorsos de consciência ao revelar-se como discriminador de grupos porque se sabe num regime que discrimina mas se branqueia e legitima atrás da maioria. Como pessoa entendida em questões de poder afirmou querer defender os interesses da América e nesse sentido querer domar a globalização e analisar os acordos internacionais para ver em que medida servem a América. Conseguiu juntar a si o grupo dos perdedores de uma globalização que não respeita a pessoa, a cultura nem a nação. Tocou o nervo da maioria da população insatisfeita do mundo ocidental. Tem duas coisas que o não ajudarão: o seu caracter impetuoso e o partido republicano dividido em dois. (Se não se acautela ainda o matam antes de tomar posse como presidente. Tanto é o medo de ideologias e economias que se sentem ameaçadas com o pouco que disse de relevância política).

O descontentamento brada aos céus num firmamento nublado

Os mantedores do sistema dominante encontram-se desapontados. Parecem ignorar que na luta não se limpam armas e menos ainda na era digital e que depois da luta tudo vai ao duche e se apresenta asseado. Trump usou na sua retórica os princípio que parecem orientar grande parte da política estabelecida: os fins justificam os meios; na luta vale tudo, só depois vêm os argumentos! Desta vez a maioria silenciosa teve uma efusão de alegria perturbadora das minorias detentoras do sistema. No dicionário da classe estabelecida só parece haver lugar para a linguagem erudita, sem lugar para a linguagem sentimental do calão ou da linguagem considerada populista. Trump, soube verbalizar o descontentamento de muitos que com a globalização se sentem expropriados embora na América só haja cinco milhões de desempregados, o que não é nada em comparação com o desemprego na Europa.

Independentemente dos defeitos de Trump, ele tornou-se no contestador da corrupção do regime político que nos governa. Depois de uma campanha dolorosa fez-se sentir a voz da maioria silenciosa e daquela parte da população que também na Europa não se atreve a manifestar a opinião para não se expor e não ser tachada de populista ou para não ser prejudicada na carreira. A arrogância do pensamento das elites europeias parece não deixar espaço para poderem compreender o aviso americano ao quererem reduzi-lo a uma questão de populismo, a uma onda de emoções que passam e se expressam num homem desvairado. Esta arrogância cega de representantes do sistema não deixa sentir os novos ventos que correm e, por isso, persistem em querer manter o espírito na sua garrafa, e também o monopólio da interpretação que não ouve o clamor interno nem o medo dos pequenos cidadãos; estão mais preocupados nos deslizes de Trump do que nos motivos dos suspensos do sistema que o elegeram. Corrijam-se os erros do sistema para pessoas como Trump se tornarem supérfluas. Em Trump, um homem que vem das elites, assistimos a uma verdadeira revolução contra o rígido Estabelecimento das elites e as ideologias que representam. O desespero ganhou largas: todos falam dele mas dizem que não o conhecem. Depois das eleições Trump já disse: “Agiremos de forma justa com todos”; a justiça depende porém da mão dos mais fortes.

Porque é que a Europa tem medo de Donald Trump

A europa encontra-se preocupada com a Eleição de Trump porque este não é fruto dos quadros da política; porque terá fraquezas de caracter usando palavras sexistas, xenófobas e reage à crítica com agressividade; porque quer travar o globalismo no sentido do nacionalismo, quer permitir métodos de tortura contra terroristas e querer expulsar 11 milhões de imigrantes ilegais, e não reconhecer os problemas das mudanças do clima. O anunciado proteccionismo da economia americana é uma questionação radical ao globalismo. A sua intenção de rever no sentido dos EUA os acordos de livre comércio implica para já um não às negociações TTIP. Não quer continuar a exportar democracia. Não quer pagar os soldados americanos que defendem a Europa. Quer apoiar o presidente Sírio como o legítimo detentor do poder; é contra o aborto. A China confia na nova administração apesar de Trump ter dito que quer uma política comercial menos liberal. O melhorar as relações com Putin embaraça a política da EU que tinha adoptado alguns caminhos impróprios. Com Trump a Nato será reestruturada e a EU obrigada a organizar e assumir a defesa dos próprios interesses estratégicos o que implicará para a EU o assumir de relações amistosas com a Rússia e responsabilizar-se pela organização caríssima do aparelho militar. A maior regulamentação e intervenção nacional no processo da globalização terá consequências muito graves para a economia alemã. Numa altura em que a EU se preocupa por unir e responsabilizar mais os seus membros, o facto de Trump e com ele a América querer mais patriotismo e menos globalismo obriga a um novo baralhar das cartas da política. Com a nova América Putin ganhou e a esquerda perdeu.

Quando a América espirra a Europa adoece

Tudo isto não será tão mau como parece. Os USA têm sistemas constitucionais que se controlam mutuamente e o Congresso tem muitos representantes republicanos que não seguem a linha de Trump (partido dividido em duas facções) e o aparelho do governo tem milhares de cargos e estes têm muito a dizer. A Europa já ridicularizou Ronald Reagan, por ser um actor e ele conseguiu um acordo de desarmamento com a União Soviética, exultou Obama como um messias e na sua administração houve mais guerras no mundo do que noutras anteriores. Trump provoca uma mudança no ideário internacional mas terá de seguir a perícia e a inteligência da administração.

Ângela Merkel já puxou as orelhas a Trump dizendo que quer colaborar com quem respeite os tradicionais valores ocidentais. A europa quer ver na Nato uma comunidade de valores mas isso não é tão lineal como parece porque, em política e economia, na base dos valores estão os interesses. Na Europa há muitos Estados que têm uma relação estreita com os USA e isso implicará um contrapeso a Bruxelas: Trump está para o mundo como o Reino Unido para a EU. A Europa terá de organizar uma estratégica própria em colaboração com a Rússia e não na confrontação se não se quiser esgotar economicamente na militarização da sociedade, além do mais tem de reconhecer os erros que obrigaram o Reino Unido ao Brexit.

Moral da história: a classe política europeia deveria reconhecer a base dos seus valores na sua cultura e não ir vivendo do improviso de valores abstractos fabricados ao sabor de ideologias ou dos tempos. Quem quer a globalização deve ter os pés na terra e reconhecer os interesses da própria cultura, aquela que lhe dará sustentabilidade. O progresso e a inovação são muito necessários mas não poderá ir além do comprimento das pernas que temos.

O povo é que paga as favas: paga-as quando alimenta as classes privilegiadas demasiado gordas e paga-as quando estas se queixam de que ele é estúpido. A democracia não se adequa a ter donos, sejam eles partidos ou autocratas. Com a tecnologia digital iniciou-se a era pós-fática em que o sentimento é quem mais ordena!

Resta-nos ficar com a atitude de esperança do Vaticano em relação a Trump: a promessa de rezar por ele e a jaculatória “Que Deus o ilumine” !

António da Cunha Duarte Justo

Reflexão incómoda

DONALD TRUMP SIMBOLIZA A HÍPER- REACÇÃO DE UM SISTEMA EM RETIRADA

 

Trump abana o sistema político de uma sociedade em transformação

Por António Justo

Numa população em franca transformação demográfica e cada vez mais multifacetada, a tonalidade branca dominante cada vez marcará menos a sua presença.

Nos USA, muito provavelmente assumirá o poder, pela primeira vez, uma mulher. Segundo sondagens americanas 90% dos “Afro-Americanos” e 75% dos hispânicos (67 milhões) tencionam votar em Clinton. A vitória poderá depender também da maior ou menor afluência destes às urnas.

Obama ganhou as eleições devido à abstenção de 47 milhões de brancos nas últimas eleições. Se Donald Trump conseguisse movimentar parte destes para as urnas então a vitória de Clinton estaria mais em perigo. Na realidade a última declaração do FBI, de que Clinton não terá cometido crime com os emails, virá ajudá-la. Numa sondagem o „Washington Post” prevê 48% dos votos para Clinton e 43 para Trump.

Assistimos a um sofrimento passageiro onde o fenómeno Trump simboliza a híper-reacção de um sistema cultural, e de uma classe política, homogéneo, agora em retirada, numa sociedade em transformação. Trump abanou o sistema mas não irá além do sofrimento de uma classe política que se recusa a aceitar a mudança que se tem verificado nos USA étnica e ideologicamente. A taxa de natalidade dos imigrantes e dos hispânicos cada vez influenciará mais a política americana.

Os USA dão a impressão de estarem um pouco adoentados mas é uma sociedade viva com imensas potencialidades. Não haverá nada a recear; os americanos têm, apesar de tudo, mostrado responsabilidade em relação ao mundo.

Na Alemanha, nem Clinton nem Trump teriam oportunidade de serem eleitos.

Trump também não teria hipótese de vencer na EU. Mas a maneira como Bruxelas configura a política fomenta o processo de concretização do fenómeno Trump. Nos USA como na UE um globalismo extremo fomenta o nacionalismo como contraponto.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS – PONTO DE VISTA

A nova forma do discurso político

Por António Justo

Na Alemanha dá-se muita importância ao que se passa politicamente nos USA. A posição de Trump com o apoio do Brexit, uma mudança de política mais complacente com a Rússia, bem como a anunciada política de restrição aos imigrantes e maior controlo dos muçulmanos assusta uma Europa que segue uma política da cultura das portas abertas.

A Europa social-democrata receia que com Trump, se intensifique na opinião pública europeia o processo de fortalecimento dos conservadores e dos países membros da EU que advogam uma política restritiva em relação aos refugiados recebam ventos favoráveis.

Clinton é vista como a garante do sistema democrático e Trump com a sua intenção de diminuir os impostos favorece uma economia capitalista liberal pura e deste modo a USA distanciar-se-ia mais da EU porque tal política implicaria o favorecimento das empresas, distorções de concorrência e mais dessolidarização com os desprotegidos do sistema. Há muitos medos porque está muito em jogo, no aspecto económico, social e estratégico.

A política externa, independentemente de quem assuma o poder como presidente, continuará a servir orientada sobretudo pelos interesses estratégicos americanos. A política interna continuará a ser mitigada. Quer Clinton quer Trump são patriotas.

Em política tornam-se difíceis previsões. Muitos viam em Obama o salvador do mundo e na realidade, sob a sua administração, a paz no mundo ainda piorou.

O menor empenho dos USA na Europa, como quer Trump, significaria maiores sobrecargas económicas da EU em benefício da NATO. Na qualidade de potência europeia a Alemanha teria de apressar o seu papel de braço forte de uma Europa mais militarizada.

Já na regência de Obama, a Alemanha e com ela a EU começaram a impulsionar o orçamento militar para irem assumindo mais “responsabilidade” nos conflitos mundiais através da NATO e assim aliviar os USA no assumir de novas tarefas para que os USA se ocupem mais da Ásia. Daqui é que soprarão os ventos e ventanias que determinarão o futuro e não da Europa. A Europa independentemente do inquilino da Casa Branca assumirá mais responsabilidade militar na NATO e no mundo.

Tacitamente, sem que a opinião pública note, os governos já aumentam os orçamentos militares. Para se preparar o povo para a militarização da Europa, já se fala da necessidade de introduzir o serviço militar obrigatório.

A campanha eleitoral americana revela a introdução de uma nova forma do discurso político (saber secreto e Internet) como se vê na intervenção do FBI na campanha eleitoral. O discurso americano revela a era Facebook, de expressão mais popular. As intervenções do FBi, do WikiLeaks (Assange) e o novo estilo da retórica de Trump obrigam a estratégias mais populares das controvérsias que questionam fundamentalmente os poderes estabelecidos e a sua correspondente estratégia do politicamente correcto que tem levado os fazedores da opinião pública a trazer uma tesoura na cabeça que sanciona já na origem a produção do texto gerando no público uma consequente censura automática que leva as pessoas, por decência do oportuno, a não poderem dizer o que pensam (isto cria raiva na barriga!…). Até agora só os chicos espertos da política se afirmavam, agora parece que qualquer chico esperto pode ter chance de ser ouvido e de intervir na sociedade.

Na opinião pública foi muito criticada a maneira privada sexista de Trump em relação a mulheres mas não foi discutida com a mesma intensidade a gravidade de Clinton como pessoa pública no seu ‘emailgate’.

Em política uma coisa é a conversa e outra é a prática!

O republicanismo americano é estável podendo permitir-se mesmo derrapagens graves como as do seu candidato.

António da Cunha Duarte Justo

XI CIMEIRA DA CPLP EM BRASÍLIA – COMUNIDADE DE POVOS E CIDADÃOS

Uma boa Ideia de António Costa que se desejaria ver Programa

Tornou-se público que no encontro da Cimeira da CPLP o chefe do governo português defende a ideia da liberalização da residência dos cidadãos dos países de língua lusófona.

A ideia de que a CPLP é “uma comunidade de povos mais que uma comunidade de países” numa altura em que se elaboram contratos CEPA com o Canadá e TTIP com os USA, seria oportuno que Portugal também fizesse valer os seus interesses estratégicos, como membro da CPLP na União Europeia. Vai sendo tempo de se colocarem os laços dos cidadãos acima dos laços comerciais. Os moinhos da política são vagarosos mas as ideias vão transformando o mundo.

A Este respeito veja-se, entre outros: “Universidade da Lusofonia para a Integração do Espaço lusófono – Antecipar o Futuro”  (LUSOFONIA A CHANCE DE FUTURO DOS PAÍSES LUSÓFONOS

Nestes e outros artigos defendi sempre a Ideia que agora o Primeiro-Ministro tão bem expressa: A comunidade lusófona é “uma comunidade de povos mais que uma comunidade de países”, uma comunidade de povos e pessoas.

António da Cunha Duarte Justo