Ainda três anos para preparar o Fim da Era Merkel
Por António Justo
Na primeira volta ao lugar de presidente do partido havia três concorrentes que, dos 999 votantes, obtiveram os seguintes resultados: Annegret Kramp-Karrenbauer recebeu 450 votos, com 45,0% de aprovação; Friedrich Merz ficou com 392 votos a 39,2 %; Jens Spahn obtve 157 votos (15,7%).
Na segunda e decisiva votação, Annegret Kramp-Karrenbauer foi eleita chefe da CDU com 51,7% dos votos (517 dos 500 votos exigidos), tendo Merz recebido 48,2 % (482 votos), o que significa que o partido se encontra dividido.
Merz oferecia ao partido a oportunidade de não deixar eleitores emigrarem para a AfD; por outro lado Annegret Kramp-Karrenbauer pode trazer para a CDU votantes do SPD descontentes com a sua política cultural!
“AKK” com a experiência política e de governos que tem tido, seguirá uma política integrativa das duas alas, chamando, para isso, todos a assumir responsabilidade. A CDU, embora reconhecesse o erro de Merkel de 2015 manifestou-se fiel a Merkel que conseguiu fortalecer a Alemanha e alcançar muito respeito a nível internacional. Atualmente as receitas dos impostos e das contribuições são exuberantes.
No próximo ano haverá muitas eleições estaduais e aí sim é que “AKK se terá de afirmar; daí dependerá certamente a sua candidatura como chanceler em 2021. A Chanceler DR. Merkel servirá como garante de uma transição regular de poderes…
Merkel constitui a diferença na maneira de governar, um pouco feminina, de fazer política e que consistia mais em administrar mas sabendo bem o que queria. Ela é de tal modo inteligente que conseguiu libertar-se do seu fomentador Kohl opondo-se a ele e conseguindo retirar Merz a tempo da esfera política. Conseguiu ocupar muitos dos temas do SPD e dos Verdes e deste modo levar a CDU ainda mais para o centro da sociedade.
Ao apoiar Annegret Kramp-Karrenbauer conseguiu que esta fosse eleita presidente do partido e deste modo arrumar também com Schäuble que tinha apoiado Merz.
Merkel continuará certamente como Chanceler até às Eleições federais de 2021 e deste modo dará tempo a Annegret Kramp-Karrenbauer para conseguir a união das alas do partido e conseguir que a sua predileta AKK seja a próxima candidata para chanceler nas eleições daqui a três anos.
A distância que vai da parte conservadora do partido (Merz) em relação à mais liberal não é grande por isso será mais urgente a colaboração entre Annegret Kramp-Karrenbauer e Merz. Os alemães conseguem isso; em política mantêm a cabeça fresca deixando-se orientar pela razão e pelos resultados a produzir; aprenderam, em momentos decisivos a manter a cabeça fira e não dar asas a demasiadas emoções ideológicas.
Pode-se observar na Chanceler também o animal político forte e inteligente que, como boa administradora (também das misérias) soube ganhar a esquerda para parte da sua política e até comprometer os europeus na sua política problemática de refugiados para a EU, embora, ele mesma tivesse desrespeitado o tratado de Dublin.
O congresso da CDU em Hamburgo traz também ele o carimbo de Ângela Merkel! Os candidatos, durante o período de propaganda eleitoral, conseguiram uma discussão na base de argumentos sem referências pessoais, o que impressionou muito positivamente a opinião pública alemã; a imprensa dava a impressão de preferir Merz, atendendo à sua vertente económica e cultural, mas o congresso deu a sua última palavra, mostrando que prefere seguir a linha humanista e reformista da Chanceler ao eleger AKK como presidente do Partido.
Interessante: na Alemanha as mulheres marcam posição na condução da república e na direcção da CDU e do SPD. Como consequência desta eleição em que ganhou a ala esquerda da CDU, o SPD terá de se mover mais para a esquerda e um dos mais prováveis efeitos será, com o tempo, a despedida de Andrea Nahles do cargo de presidente do partido, para dar lugar a um da ala esquerda do SPD!
A Doutora Ângela Merkel, filha de um pastor protestante, é uma cristã com ideais a que se mantem fiel; isto na medida em que a arena política o proporciona porque, nela, a palavra de ordem é compromisso e, nesse sentido, Merkel recusa polarismos; Merkel (“die Mutti” = “a mãezinha”) usava a arma do silêncio em vez da agressão contra o adversário político, chegava a atirar-lhes com flores em vez de usar pedras. No que respeita à própria pessoa mostra superioridade e autoironia, usando em relação a ela os termos que os adversários usavam contra ela: “Típico Merkel”, “seca como o osso”.
Toda a Alemanha, por qualquer razão, se encontra agradecida a Merkel, independentemente do espaço necessário para a preservação do rosto das diferentes facções políticas.
© António da Cunha Duarte Justo
In “Pegadas do Tempo”,
O que posso dizer? Vou diversas vezes à Alemanha e a última vez estive em Aachen de Dez2017 a Julho2018 – o que vi? Um aumento incrível de alemães ao lixo, à procura de latas e garrafas para obterem 0,25€ por cada, mas também vi um aumento incrível de “muslims” de aspecto bem nutrido. Em que é que isto pode descambar? Veja-se Chemnitz… E também não é desconhecido que a grande Alemanha obtém empréstimos a juro baixo e depois empresta “solidariamente” a juros bem mais altos aos PIG’s… Se isto é ser cristão, “vou ali e já volto”…
Henrique Miranda
FB
Sim, encontram-se imensas desigualdades apesar da economia ter grande superavit. Quanto ao ser do cristão torna-se um assunto difícil, atendendo que é um assunto da atitude e prática individual, não havendo em política que é feita de compromissos um perfil público que se possa definir de cristão, isso seria próprio para a comissão vaticana que nomeia os santos.
É sempre gratificante ler as analises de alguem que conhece o pais real
Joao Heitor
FB
Sobre Angela Merkel, não concordo com tudo o que escreve, António Cunha Duarte Justo, sobretudo em matéria de imigração mas estou em sintonia com uma boa parte do que refere.
Francisco H. Da Silva
FB
Também estou de acordo com o que o senhor embaixador diz, até porque da discórdia surge aquela grande prática de diálogo através da controvérsia muito próprio dos jesuitas e que aponta sempre para o factor da argumentação como prioridade. De facto também eu não estou de acordo com a política das portas escancaradas de Merkel para os imigrantes porque ao abri-las a uns fecho-as em parte a outros cidaçãos que mais sofrerão a concorrência e que são geralmente os mais desprotegidos da própria sociedade. Na minha opinião, atendendo ao estado populacional deficitário dos países europeus a política de recrutamento de estrangeiros jóvens não seria errada se não fosse o problema islâmico que com eles se importa.
Nao somos obrigados a estar de acordou com tudo
mas que é um bom analista isso é.
Joao Heitor
O Pacto de Migração é necessário e o primeiro passo para gerir os movimentos e a mobilidade a nível global. Não apoiar o pacto seria cruzar os braços e deixar andar.
Nelson Rodrigues
Não se questiona todo o texto do pacto; o que é questionável são algumas passagens que deveria ser revistas e uma ou outra eliminada porque proporciona a legitimação da censura da opinião.
É natural que a EU esteja interessada em que se assine o pacto, sem mais, porque este está ao serviço da imposição da agenda marxista à cultura ocidental; os outros países relevantes como China, tal como a Liga árabe deixam, cada um à sua maneira, a água correr no rio porque esta vai alimentar os seus moinhos.
Agenda marxista? E a China recusa-se a assinar? Valha-nos Deus, António! Não foram países ( leia-se cidadãos, no sentido da tua crítica) que se recusaram a assinar o pacto, mas sim ditadores e populistas que governam esses países! Ou vale para eles a decisão unilateral e pessoal de recusar a assinatura, que negas aos outros que a assinaram depois de uma discussão parlamentar? Que valor têm então os Parlamentos em democracia? Só são bons quando nos agrada?
Manuel Campos
Caro Manuel Campos, compreendo bem a tua argumentação, o que me é difícil entrar na cabeça é que se tomem decisões agenadas sem tempo útil para ser discutidas nos parlamentos e em que a opinião pública não foi alertada a tempo para as discutir e poder manifestar a sua opinião perante os seus deputados! Que discussões houve em Portugal no Parlamento e fora dele? O acto soberano de um país se declarar a favor ou contra é legítimo e não deve ser qualificado de ditador ou de populista por não assinar. A mesma tolerância que se espera para os que assinam deve ter-se para com os que não assinam. Houve parlamentos que assinaram o pacto, outros não e uns e outros não são ópptimos mas são bons independentemente do agrado ou desagrado.(Também houve parlamentos que viram os governos tomar a decisão sem serem consultados). Ou será que os países que não assinam são, para usar o jargon da extrema esquerda, são todos fascistas? Sim contra este tipo de encaminhar as coisas como se observa especialmente ddepois da queda da União Soviética e que qualifico de de discurso marxista anti-ocidente, é que me insurjo; insurjo-me contra um discurso manipularizador do pensar politicamente correcto que por traz de agendas feitas pretende levar as águas do seu povo ao seu moinho. De resto sou sempre por decisões fruto do compromisso (embora possa pontualmente defender uma outra ética) que só devem ser tomadas depois da controvérsia, doutro modo arruma-se com o povo e com este também com a democracia. Como certamente notas eu, embora contra Mao, sou um defensor da revolução cultural que assente no discurso da controvérsia e num humanismo em que primeiramente está a pessoa a ser defendida desde que transformada em objecto e instrumento.
ressalvo: insurjo-me contra um discurso manipularizador do pensar politicamente correcto que por trás de agendas feitas pretende levar as águas do povo ao seu moinho.