CENTRALISMO VERSUS REGIONALIZAÇÃO

Do Folclore regional para uma Regionalização moderna e justa

 

Com a intenção de transferir o IFARMED de Lisboa para o Porto, o primeiro ministro, manifesta uma certa sensibilidade política para a necessidade urgente de uma inteligente reorganização económica do país e que tenha como objectivo o fortalecimento regional.

O Estado não pode dar-se ao luxo de sustentar um país com um rosto tão lindo, mas sem corpo, de maneira a que Lisboa se torne na chama que atrai a mariposa.

É sintomática a expressão usada por muitos, quando se ausentam de Lisboa, ao dizerem, “vou ao Norte” como se o resto do país não tivesse nome!

Porque não trazer para o Porto, Coimbra, etc., tribunais superiores, órgãos centrais do Estado? (Para isso, em vez de seguir servilmente os exemplos franceses, a classe política deveria prestar mais atenção aos modelos de regionalização nos países nórdicos.)

Não se trata de acabar com a expressão de arte popular regional, nem tão-pouco da exigência de espalhar certos ministérios pelo Norte nem pelo Sul! O que está em causa é a distância e o caracter antidemocrático e injusto de um Estado e do Parlamento para com as regiões interiores. Muitos deputados vêm das regiões desfavorecidas, não as podendo ignorar, nem trocar os interesses das regiões pelos do partido ou da classe política; é seu dever preocuparem-se em distribuir, com uma certa equidade, as fontes de riqueza nacional pelo país, de maneira a cada região ter um perfil económico e cultural próprio e digno. Da observação da vida regional se pode verificar as estruturas de um sistema político. Um sistema político moderno preocupa-se com a elaboração de um plano de distribuição dos espaços económicos, de modo a que a distribuição da receita nacional melhore as condições de vida sociais e a consciência ecológica.

As forças económicas do país querem-se planeadas de maneira a contemplar o interior; como se faz nos países nórdicos, onde democracia e responsabilidade pública assumem caracter mais concreto; o planeamento territorial deveria ser feito e discutido por fases com base no consenso partidário e a ser executado a curto, médio e longo prazo (30-50 anos). O problema das florestas é apenas um sintoma da má distribuição da riqueza e da falta de um planeamento económico do território nacional! Esta tragédia poderia ser aproveitada para serem criadas iniciativas cívicas que façam o levantamento das necessidades e das potencialidades dos diferentes concelhos e regiões.

Também muitas das instituições europeias deveriam ser mais descentralizadas dentro da EU. Sem cidades com infraestruturas suficientes, torna-se, naturalmente, difícil atrair empresas internacionais com pessoal estrangeiro para regiões a desenvolver; este tem hábitos de alta exigência e necessita de bons meios de transporte, grande oferta cultural, escolas de línguas, etc. para se poderem instalar com as famílias.

Urge criar uma rede de estruturas do âmbito público e privado onde os institutos e universidades locais viradas para as necessidades regionais sirvam de motores de inovação e de fomento da riqueza da região onde estão inseridas. As empresas particulares orientam-se pela atracção e pelas oportunidades que a política lhes cria. implementação seria conveniente o surgir de associações – tipo fábricas de inteligência – que se preocupam pelo planeamento, execução, evaluação e a contabilidade de projectos que tenham em conta a valorização e interacção dos recursos existentes em cada zona, para conseguirem conexões de iniciativas empenhadas no desenvolvimento da região.

Imagine-se que também pessoas reformadas, fora de interesses próprios e de corporações, disponibilizavam tempo e saberes para o desenvolvimento de ideias e projectos que em ligação com empresas e comarcas poderiam ser aferidos e possivelmente aplicados. Isto poderia ir do enfeite de uma rua com árvores até à criação de algum grande projecto com participação do Estado e da União Europeia.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

GOVERNAÇÃO DA CHANCELER MERKEL EM CRISE – UMA OPORTUNIDADE PARA O PARLAMENTARISMO

Sem Poder não há Influência – Com um Governo de Minoria todos os Partidos teriam Influência

 

António Justo

Merkel, que se distingue por uma forma feminina de governar, vê a sua capacidade dialogal e de compromisso esbarrada num partido de caracter masculino, o FDP; este declarou por fracassadas as negociações para a formação de um governo de coligação CDU/CSU, Verdes e FDP. O partido dos ricos e dos bem situados acaba com as esperanças de um programa político, económico, social e ecológico que tocava no nervo de todos os partidos da impossibilitada coligação. Todos tiveram de ceder, mas à última hora o FDP estragou o arranjo, porque o resultado dos compromissos não era suficientemente masculino.

Os partidos alemães encontram-se no dilema do saber que sem poder não há influência, e que o agrado do povo se forma entre o conflito e o consenso. Um outro medo acompanha sobretudo o SPD e o FDP: o medo de desaparecer debaixo da capa mágica da “Mãezinha Merkel”. Por outro lado, o povo poderia chegar à conclusão que os partidos são cambiáveis numa sociedade de política real e pacifica mas que se deseja com potenciais de conflito e de consenso visíveis a nível popular.

A Alemanha encontra-se, de momento, dividida entre aqueles que querem que os partidos assumam responsabilidade participando numa coligação governamental e aqueles que preferem fortalecer a democracia. Para aqueles, novas eleições corresponderiam à bancarrota dos partidos democráticos e por isso favorecem um governo em minoria ou a grande coligação, (GroKo) como antes; um governo minoritário tolerado teria a difícil vantagem de Merkel ter de arranjar maiorias parlamentares umas vezes com uns partidos e outras vezes com outros. Novas eleições, para já, não corresponderia ao estilo responsável do sistema político alemão. Talvez só passados dois três anos de um governo de minoria tolerado.

Fortalecimento do Parlamentarismo

Um governo de minoria (CDU, CSU e VERDES), ou simplesmente de minoria, corresponderia mais ao estilo escandinavo de governar e revelar-se-ia inovador numa Alemanha sempre habituada a ser regida por governos estáveis. Na Noruega e na Suécia há uma grande tradição de governos minoritários, mas o sistema é mais difícil para a Alemanha dado possuir duas Câmaras (Parlamento e Conselho Federal). Já no passado, Ângela Merkel tinha de ter a aprovação de 40% das leis também no Conselho Federal.

Uma governação minoritária com a mudança de maiorias parlamentares daria mais importância ao Parlamento e traria debates emocionantes, a possibilidade de políticos ganharem perfil e poderia abrir caminho para projetos inovadores, entre os quais o recurso a referendos nacionais sobre os temas mais urgentes e assim reduzir o medo e o potencial do AfD. Além disso, também poderia contribuir para apagar a fronteira clássica entre esquerda e burguesia (em parte conseguida pela Chanceler Merkel na política de refugiados).

A opção por um governo minoritário fortaleceria o parlamentarismo, pondo o legislativo a par do executivo e fortificaria os partidos das margens (Direita e esquerda) dado o governo ter de negociar com eles para impor certas leis; deste modo estes partidos teriam a hipótese de arrecadar bónus para a sua clientela.

Resta, portanto, a opção de formação de um governo minoritário de CDU, CSU e Verdes, um governo minoritário de CDU/CSU tolerado ou novas eleições. Novas eleições metem medo a todos, porque seria uma medida que pressupõe um certo abuso de eleições e a necessidade de todos os partidos apresentarem novas personalidades e novos programas de governo na campanha eleitoral. A hipótese de uma grande coligação CDU, CSU e SPD também continua de pé devido ao apelo do presidente da república. De acordo com uma pesquisa da Emnid encomendada pelo “Funke Mediengruppe”, 28% dos apoiantes da União são por novas eleições, e 36%. do SPD.  No total da população os defensores de novas eleições superam os 38%.

 

Para a França e para a União Europeia só poderia interessar um governo forte e com capacidade para atuar em tempos difíceis para a Europa e que precisariam de governos estáveis.

Quem conhece o realismo político alemão não se admiraria se o SPD, apesar da derrota, continuasse a grande coligação. O SPD teria a oportunidade de reforçar a própria política.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

DIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA

Direito a Creches e Jardins de Infância gratuito

 

As Nações Unidas declararam o 20 de Novembro como Dia dos Direitos da Criança.

A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança pretende padrões universais para que todas as crianças no mundo tenham o direito à saúde, à educação e à codeterminação e que não sejam sujeitas a tortura, discriminação nem pena de morte.

Em algumas nações há movimentos com iniciativas empenhadas que o direito das Crianças seja mencionado na Constituição.

Com esta exigência pretende-se uma protecção básica para a criança e, deste modo o direito a um bom começo na vida e a que os Estados provenham com medidas de apoio para que sejam preservadas da pobreza. Por isso, há muitas iniciativas empenhadas no registo de uma cláusula dos direitos da criança na Constituição.

Uma das consequências benéficas do registo nas Constituições dos países seria facultar o direito à acusação ou denúncia dentro dos trâmites legais. Os governos passariam a ser obrigados a promover mais leis de protecção às crianças.

Entre outras consequências haveria a possibilidade de se organizar maior pressão social para que as crianças tenham o direito a refeições quentes em escolas de dia inteiro; também haveria maior oportunidade do direito a ter Creches e Jardim de infância gratuitos para todos.
O Estado de Brandenburgo na Alemanha apresenta uma iniciativa  no Conselho Federal no sentido de os Direitos das Crianças serem protegidos pela Constituição.

Segunda o ONU o estatuto de criança vale até aos 18 anos de idade. O melhoramento da sociedade futura começa com a preparação do nascimento da criança!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

 

LISBOA FAZ POLÍTICA DE ENRIQUECIMENTO À CUSTA DO INTERIOR

Porquê tantos fogos, porquê tanta gente sempre a abandonar as regiões do Interior?

Urge uma política séria para o fomento da economia no interior. Para a realizar necessita-se de vontade política e esta tem vivido do fomento da cidade contra as aldeias, contra as regiões.

Portugal, é um país de pessoas trabalhadoras e honradas, mas muitas delas vêem-se defaraudadas nos seus intentos devido ao centralismo exorbitante que tudo concentra em Lisboa. Tem-se a impressão que uma classe de políticos envergonhada relativamente à província faz tudo para a esquecer, reduzindo Portugal a Lisboa.

Temos Administração Regional e Local, mas sem programas económicos fortes acompanhantes. Seria urgente criar-se uma comissão nacional de fomento para as regiões com conceitos ligados a universidades e a investidores industriais que usufruíssem de vantagens fiscais para se instalarem em regiões menos ricas. O mesmo se diga da transladação de Entidades administrativas para regiões a fortalecer.

António da Cunha Duarte Justo

ASSÉDIO SEXUAL – O MOVIMENTO #ME TOO

O movimento #Me Too e o Assédio sexual em empresas no lugar de trabalho

#Me Too, são duas palavras e um endereço de internet, que se tornaram num movimento mundial, onde pessoas relatam momentos em que foram vítimas de assédio sexual. A actriz Alyssa Milano estimula outras mulheres a partilhar a sua experiência de vítimas de assédio. A iniciativa contribui, pouco a pouco, para a consciencialização e desbravação da matriz masculinizante da nossa sociedade.

Segundo o jornal “Die Zeit”, o Instituto de investigação Komma fez um estudo sobre a problemática de assédio sexual em 131 empresas alemãs. Delas 24% declararam que são do conhecimento de ter havido uma vez ou mais vezes queixas de assédio no ano. E 37% declaram não ter havido queixas.

69% das empresas consideram como assédio sexual o pendurar Calendários de pin-up (sexuais) na parede; 88% consideram o ir com clientes a um bordel como dignos de correctivo; 81% consideram o colocar a mão no joelho da mulher uma forma de assédio e 44% consideram também as anedotas de caracter sexual como assédio. (Naturalmente se esta investigação fosse feita num país do Sul os resultados seriam diferentes.)

A discussão pública sobre o sexismo e o assédio sexual é útil e oportuna, mas torna-se difícil determinar a fronteira entre um gesto simpático de um homem em relação a uma mulher e a atitude de um caçador sexista. A fronteira também varia de mulher para mulher.

Louvar uma mulher pela sua beleza, pode ter o seu quê de irritante, mas louvar uma mulher pelas suas capacidades de trabalho também pode fazer dela um objecto de propaganda para o trabalho ou para uma certa masculinidade. Por vezes quanto mais se pensa mais complicado se torna o que é simples de apreender.

Uma discussão exagerada também pode levar homens e mulheres a jogarem na defensiva; precisamos de manter uma responsabilidade livre baseada no autodomínio e no respeito, para não chegarmos à mumificação (Chador ou Hijab) de corpos e dos espíritos. O homem tem de aprender a dominar uma certa natureza de caçador, herdada do seu pai primitivo, e virar-se mais para o vegetarismo como se vai ganhando consciência em alguns segmentos da sociedade.

Não se trata de criar uma sociedade regulada pelo medo e pela tesoura na cabeça. Trata-se de evitar extremos ou agressões contra a dignidade da pessoa. Facto é que a mesma sociedade, por outro lado, não tem problemas morais, nem tão-pouco a mulher, de se colocar ao lado de um automóvel mostrando as pernas para que o carro se torne também feminino!

Por outro lado, silenciar o problema real do assédio sexual corresponderia a continuar a vitimar as mulheres e a defender o sistema machista que temos e que teima em manter as mulheres em baixo, ou na posição horizontal.

Torna-se necessário rever e alterar uma imagem de homem baseada no poder e na violência e ao mesmo tempo evitar a masculinização da mulher. Liberdade, dignidade humana e responsabilidade devem poder coexistir sem se criarem novos medos ou tabus.

O que é preciso é começar a mudar-se a matriz do poder. E também os homens têm de começar a criticar os homens quando estes se permitem abusos para com colegas femininas. O respeito é um bem necessário em toda a relação.

António da Cunha Duarte Justo

19.11.2017, Pegadas do Tempo,