REFLEXÃO SOBRE A FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

António Justo

A cristandade, a seguir à celebração do Pentecostes, comemora a festa da santíssima Trindade.

“Deus uno e trino”; esta é a fórmula curta que resume a ideia central da teologia cristã: Deus Pai, o Criador de toda a realidade, o Espírito Santo, a energia divina que age em cada ser humano e na natureza e o Filho de Deus, Jesus Cristo no encontro com a pessoa e com a humanidade (1).

Deus, na santíssima Trindade, revela-se como um Deus da relação e em relação. Deus vai-se revelando a cada um e na história dos seus povos e os povos, nesta revelação e descoberta, vão-se descobrindo e definindo a si mesmos.

Deus ganha rosto em Jesus Cristo (2) …

A visão da trindade na sua pluralidade (comunidade) impede-nos de sermos tentados a tornar a “experiência de Deus” individual como absoluta. Deus não se deixa definir no intelecto nem no sentimento!  Deus permanece sempre o mistério acima da nossa imaginação, o mistério que em nós e fora de nós chama a desenvolvermo-nos (a nível individual e de comunidade) e a orientarmo-nos à maneira do que fazem os vegetais e as florestas que crescem e medram por se sentirem chamados pelo sol.

Em termos de Fé, Jesus não se deixa reduzir a uma imagem de uma figura histórica; ele torna-se no rosto de cada pessoa que o encontra; com ele somos irmãos e filhos do mesmo pai.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

 

CARTÃO DE CIDADÃO PORTUGUÊS COM INSUFICIÊNCIA NOS DADOS

Evitar os Meandros da Burocracia e um Estado farejador

O Problema: O Cartão de Cidadão (Identidade) português não é suficiente para identificação da pessoa em muitas instituições.

Há instituições como, Bancos, Correios, fornecedores de serviços, que, na União Europeia e fora dela, não reconhecem a identificação registada no nosso cartão do cidadão. Não chega ser reconhecido como cidadão do país ou da União europeia.

Ao contrário do que é comum em cartões do cidadão (bilhetes de identidade de outros países da União Europeia), as entidades portuguesas não mencionam, no documento, a residência nem o lugar de nascimento da pessoa a identificar! Essa falha provoca a exigência de outros documentos para se identificar, o que requer maior esforço burocrático e custos adicionais. Em vez disso regista o nome dos pais.

Por outro lado, o Cartão do Cidadão não respeita as diretrizes da Constituição portuguesa nem os direitos humanos de privacidade de dados pessoais dos tempos modernos! O número de identificação fiscal, o n° da segurança social e o número de utente de saúde não deveriam figurar no Cartão de Identidade (os registos destes três dados, no mesmo cartão, são inadmissíveis noutros países da EU em que o cidadão exige das autoridades maior atenção à protrecção e ao tráfego de dados).

Isto dá-se devido ao abuso da da política e ao facto de, na opinião pública, a apresentação dos dados NIF e SS juntamente com o número de identidade no cartão não incomodar o cidadão; noutros países os políticos não se atrevem a fazê-lo porque teriam o cidadão à pega.

Também, no tempo de Salazar, o nosso bilhete de identidade mostrava as nossas impressões digitais, o que noutros países europeus só era exigido para prisioneiros! Em Portugal as organizações civis independentes não estatais, defensoras dos direitos do cidadão, ainda têm pouquíssima expressão.

Numa época em que o globalismo ameaça acabar com a privacidade, o Estado deveria respeitar e proteger os seus cidadãos especialmente no que se trata de referência a dados de acesso sobre saúde (1) e identificação fiscal!

A referência da localidade, de residência e do local de nascimento no Cartão do Cidadão evitaria que portadores do Cartão de Cidadão tivessem de tirar também o passaporte (até para países da União Europeia) sempre que se exija identificação mais exata e concreta (2).

De notar que a falha referida obriga muitíssimos portugueses a terem de tirar o passaporte e a suportarem o exagerado custo de 50 euros.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) O número de acesso a dados sobre a saúde não deveria andar ligado a dados de identificação do cidadão. Imagine-se que, num futuro, o patronato tivesse acesso a esses dados; muita gente não seria empregue atendendo ao seu currículo sanitário! Também a menção do número de contribuinte no bilhete de identidade do cidadão favorece um Estado farejador.
  • (2) Já passei por elas quando confiava no meu Cartão de Cidadão para me identificar. Uma vez tentei abrir conta num banco internacional e foi-me negado abrir conta porque os dados do Cartão de Cidadão não ofereciam credibilidade suficiente. Uma outra vez fui pedir uma máquina de aluguer a uma empresa e foi-me negada, pelo facto de o Cartão não registar a residência.

 

 

REFLEXÃO PENTECOSTAL

Pentecostes – O Espírito da Compreensão

António Justo

Pentecostes é a festa do nascimento da Igreja! A palavra Pentecostes vem do grego antigo e significa o quinquagésimo dia (depois da Páscoa).

Nesse dia, os seguidores de Jesus reunidos sentiram o Espírito Santo vir sobre si sob a forma de vento e de fogo, como refere Lucas no seu evangelho.

O vento é a vida que se expressa no ar que respiramos e o fogo traz a luz e o calor que nos sustenta.

Através de sinais e rituais, a consciência humana vai-se mantendo e desenvolvendo na História humana, não nos deixando desintegrar e desaparecer como meros indivíduos (meros elementos) porque não só somos indivíduos mas também pessoas.

O amor que tudo une (Espírito Santo) é tão perfeito que surge da relação entre Pai e Filho como pessoa!  Tudo é relação a florir na pessoa. A relação, o amor, o Paráclito, é a relação que tudo une e conjuga no homem novo e tudo sustenta.

A fórmula da realidade expressa-se na Trindade e especialmente em Jesus Cristo que une Espírito e matéria, a divindade à natureza humana, em cada ser.

Para os cristãos a Trindade, Jesus e Maria são os protótipos da vida plena! Independentemente do seu caracter religioso (mistério da Trindade), o princípio trinitário   poderia tornar-se na fórmula da vida de cada pessoa independentemente do seu caracter religioso ou secular.

Pentecostes implica em si o milagre da compreensão. O espírito que sopra é criador de comunidade e permite uma atitude unificadora mesmo entre posições diferentes; ele proporciona uma atitude de ouvir uns aos outros e de tentar compreender. O Espírito divino liga as pessoas umas às outras e estas a Deus; apesar de todas as divisões o Amor mantém o mundo unido na consciência de que cada é um ser em relação.

O Pentecostes testemunha que o milagre da compreensão é possível apesar de existirem diferentes pontos de vista, diferentes focos, diferentes tradições e diferentes obediências religiosas e políticas.

Ontem como hoje o mesmo Espírito pode possibilitar que cada pessoa de boa vontade oiça e inclua os outros (os estranhos) como irmãos discípulos a falar a sua língua materna.

Se olhamos o mundo, a nós mesmos e os outros, notaremos muitas fendas e divisões, mas em todos repousa o mesmo espírito.

Um só espírito nos une a todos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A PANDEMIA QUE O SOL ENCOBRE!

 

Às vezes vem-me vontade de gritar de desgosto e de desespero; magoa-me a solidão mascarada a caminhar pelas nossas ruas tornadas anónimas.

Hoje, ao fazer a minha caminhada na floresta que envolve a cidade, vi muita gente que caminhava sozinha, vi crianças tristes, adolescentes desiludidos, pais exaustos, pessoas deprimidas; vi tudo a acenar a sua angústia nas tenras folhas das árvores que se inclinavam para o chão em mim.

No meio de tanta vida penalizada que jazia no chão, descortinei um raio de sol numa criança que, nos seus quatro anitos, abraçava, o tronco de uma árvore já caída!

No meio de tanta desolação, queria gritar para as árvores, para o mundo, mas não estava lá ninguém; no meio da floresta só vislumbrei um que ouvia o meu gritar; esse alguém era Deus (1).

Depois de gritar a minha raiva, o meu desespero e a minha tristeza com Deus, notei que no horizonte o sol sorria para todos e a todos (mascarados e desmascarados) como que a dizer: Tu estás procurando o outro (a contraparte, o semelhante) em Deus e Deus está procurando o outro (a contraparte, o semelhante) em ti!

António CD Justo

 

Pegadas do Tempo

 

  • (1) Aquele que se encontra radiante em cada pessoa sem máscara e se encontra triste em cada pessoa mascarada!… Eu procuro o outro em Deus e Deus procura o outro em mim!

DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

Hoje celebra-se o Dia Internacional da Família; ela é  o núcleo base da sociedade.

Torna-se importante dar voz a tantos pais e filhos que, por vezes,  encontram dificuldade na imagem que os Media e certo desenvolvimento político apresentam sobre a família.

Desde os anos 60, a família encontra-se enredada em interesses ideológicos que a querem desvirtuar como modelo social do passado.

Quem aposta politicamente num centralismo e num autoritarismo estatal (vindo de cima) não vê com bons olhos a força e os direitos que a família possa ter como centro de humanidade e humanismo.  

Assim, por vezes, O Estado promove um construto familiar de relações sociais meramente funcionais (em termos utilitáris e operacionais) para mais facilmente poder ser dirigida por tecnocratas globalistas.  Para estes Igreja e Família parecem constituir pedras de tropeço.

 Aspecto religioso comemorativo da Família: https://beiranews.pt/2020/12/28/ponto-de-vista-por-antonio-justo-17/

Casamento…Sexualidade: http://jornalcultura.sapo.ao/dialogo-intercultural/sinodo-sobre-casamento-familia-e-sexualidade

Os meus melhores augúrios de felicidade para todas as famílias.

António CD Justo

Pegads do Tempo