UCRANIANOS E RUSSOS JUNTOS NA VIA SACRA NO COLISEU DE ROMA

A Ucrânia tem 45 milhões de habitantes sendo 77,8% ucranianos e 17,3% russos

O Vaticano quer enviar um sinal de paz na Ucrânia na procissão tradicional na Sexta-feira Santa (às 21h15).

Durante uma parte da Via Sacra, uma família ucraniana e uma russa devem carregar a cruz juntas na penúltima das 14 estações.

A embaixada da Ucrânia na Santa Sede manifestou a sua preocupação pelo facto de uma mulher ucraniana e outra russa carregarem a cruz em comum durante a Vía Crucis, presidida pelo Papa Francisco. A Santa Sé não reagiu!

Com esta  reacção da Embaixada da Ucrânia mostra-se que o governo não está interessado na paz dentro da Ucrânia.

De acordo com o censo oficial de 2001, 77,8% da população é constituída por ucranianos, 17,3% russos e mais de 100 outros grupos étnicos que vivem na Ucrânia. Na Ucrânia 11,36 milhões são russos (cf. Nota1).

Existem grandes minorias russas nas regiões ucranianas de Luhansk (Lugansk russo; 39,0%), Donetsk (38,2%), Kharkiv (25,6%), Zaporizhzhya (24,7%), Odessa (20,7%), Dnipropetrovsk (Dnepropetrovsk 17,6%), Mykolaiv e Kherson (14,1% cada).

Na a Crimeia vivem 2,35 milhões de pessoas: cerca de 60 % são russos, os ucranianos constituem 25 % da população.

Uma tristeza, quando um Estado não reconhece os próprios cidadãos! E pior ainda quando o ocidente age como se não conhecesse a situação na Ucrânia desde 2008.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.goruma.de/laender/europa/ukraine/bevoelkerung-staedte

DOMINGO DE RAMOS

Hoje Domingo de Ramos é comemorada a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém. É o início da Semana Santa, o domingo antes da Páscoa.
O Novo Testamento registra que Jesus entrou em Jerusalém naquele dia montado em um jumento (Jo 12:13-15, Mt 21:1-11, Mc 11:1-11).
O motivo do rei montado em um burro representa o governante não violento. O burro era a montaria dos pobres e contrasta com os carros de outros reis. Assim, Jesus é retratado como um rei pobre cujo poder não é estabelecido por meio de política, militar ou violência, mas por meio de paz e humildade.
Isto no sentido do que o evangelista Lucas narra: “O Senhor enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a sarar os corações feridos, a libertar os oprimidos” (Lc 4, 18).
O Domingo de Ramos não é sempre celebrado na mesma data porque esta é baseada nas fases da lua.
Esperemos que nesta semana do silêncio se silenciem as armas e possivelmente para sempre!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

A IDENTIDADE DE GÉNERO NÃO É ASSUNTO PRÓPRIO PARA CRIANÇAS

Primeiro está a Dignidade e a Singularidade de cada Pessoa

A Florida nos EUA proibiu, por lei, o ensino da orientação sexual e da identidade de género nos jardins-de-infância e nas escolas primárias.

A lei pretende proteger as crianças e os direitos parentais. Para os estudantes mais velhos, o currículo deve ser mais restrito.

A legislação adverte que as escolas não devem ser usadas para “sexualizar crianças”. Os pais devem poder processar por danos se suspeitarem violações da lei.

Os direitos da comunidade LGBTQJ (gays, bissexuais, trans, queer e pessoas intersex) são assim restringidos.

O exagero do LGBTQJ, com o seu lóbi influenciador da legislação identitária, em todo o mundo, corre o perigo de contribuir, pelas suas actividades, para estigmatizar os homossexuais em vez de os livrar de preconceitos sociais! Querer confundir a regra da heterossexualidade com a excepção da homossexualidade, não ajuda os homossexuais, pelo contrário, porque a razão do respeito e tolerância (quer pelos da regra quer pelos da excepção a ela) vem da dignidade e singularidade de cada ser humano e não se baseia num princípio de igualitarização; a igualitarização (formatação) social indiferenciada só poderá ter sentido e ser válida perante a lei, que deve tratar democraticamente todos igualmente. A dignidade e singularidade de cada pessoa (independentemente das diferenças individuais) é anterior a cada ideologia ou sistema.

Muitos pais confiam totalmente na Escola, não sabendo sequer, que seus filhos, por vezes, se tornam vítimas de ideologias!

Independentemente da altura em que uma criança experimente a sua primeira paixão, importante é que os sentimentos das crianças sejam respeitados e por isso nem professores, nem os colegas, nem mesmo os pais têm o direito de desrespeitar, os seus sentimentos, a intimidade e desenvolvimento da criança!  A intimidade pressupõe confiança que a criança experimenta e provém da segurança e aceitação sentida na própria casa dos pais. Este ambiente familiar fomenta uma base emocional estável que a criança adquire quando sente que é amada e aceite como é.

Cada criança, cada ser humano é um ser especial independentemente do seu sexo biológico e da sua inclinação psicológica.

Atendendo a uma vida social cada vez mais diferenciada, é tarefa da escola impedir qualquer exclusão ou discriminação que ocorra entre os alunos e ensiná-los a lidar com a diversidade individual e social, sem que ela como escola, se torne em portadora de ideologias sociais que vão surgindo com o tempo ou possivelmente inerentes a cada governo.

Há ministérios da educação e escolas que, muitas vezes, levados pelo espírito da ideologia/tempo, confundem humanismo com expressões modernistas ou educação integral com formatação intencional da personalidade.

A educação escolar tem uma função complementar e não de substituir ou ir contra a educação ministrada pelos pais. Doutra maneira surge a luta rival pelas competências entre o Estado e a família, o que não seria próprio de um Estado livre e isento.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

 

HOLODOMOR – O HOLOCAUSTO UCRANIANO ESQUECIDO

Publico, de novo, este artigo que difundi a 2 de março de 2019 para recordar o martírio do povo ucraniano. Ontem como hoje os interesses disputados na Ucrânia são de caracter económico e geoestratégico e não uma simples guerra entre Rússia e Ucr´ânia, como se quer fazer crer.

“Os Comunistas comem Criancinhas?”

A expressão “Comunistas comem criancinhas” (1) deve-se ao facto das políticas criminosas comunistas de Lenine e de Estaline terem, (com a sua reforma agrária e fomento da industrialização), provocado em alturas diferentes (1919-1921) e (1932-1933) fomes que originaram muitos milhões de ucranianos mortos e levaram as pessoas a comer carne de cadáveres humanos e em especial carne de crianças. Mussolini usou-se do facto para fazer propaganda contra os comunistas. De facto, não eram os comunistas, mas a política comunista que conduzia à “fome genocida”.

Política no Sentido do Plano

Lenine (2), a partir de 1919, iniciou uma política de confisco de terras, animais e cereais dos camponeses, que gradualmente levaria a uma crise de fome em massa na população. No desespero, famílias para matar a fome, cozinhavam pernas e braços dos cadáveres; chegavam a alimentar-se dos próprios parentes, com frequência, bebés, menos resistentes à fome e às doenças e cuja carne era mais tenra e como tal preferida. O historiador Orlando Figes descreve tais situações no seu livro “A Tragédia de um Povo” onde avalia as consequências da Revolução Russa para o povo da ex-União Soviética.

De facto, também na Ucrânia, o ditador Estaline seguiu a política da reforma agrária do revolucionário Lenine e fez uso do terror para impor a coletivização mediante a qual, o Estado se apropriou das terras e do gado dos camponeses, agrupando-as em latifúndios colectivos. Para impor tal, fez uso de tropas regulares e da polícia secreta. Os comunistas de Moscovo tinham decidido colectivizar a Ucrânia para que a União Soviética pudesse acelerar a sua industrialização à custa dos camponeses expropriados; na Ucrânia, porém, foi proibida a saída dos camponeses para as cidades.

O holocausto da fome (3) de 1932-33 (“Holodomor”) provocado por Estaline também ele obrigou as pessoas na Ucrânia a tornarem-se canibais; a fome era tanta que depois de terem comido cães e gatos muitos passaram a ter de comer carne humana; Devido à fome provocada pelo plano de Estaline, milhões morriam e os cadáveres eram transportados às pilhas em carros (até 7 milhões de mortos). Também na revolução cultural da China entre 1958 e 1961 houve cerca de 30 milhões de mortos à fome e também se relata ter havido canibalismo.

Até hoje o horror do “holocausto da fome” tem sido silenciado, não entrando na consciência do povo europeu. O historiador Kun relata que “o Holodomor (holocausto da fome) tem sido mantido em silêncio, enquanto a perseguição de judeus sob o domínio nazista é conhecida em todo o mundo, muito poucas pessoas sabem disso”.

A História do comunismo (soviético, chinês, etc.) em comparação com o nazismo tem sido branqueada de tal modo que, não sendo embora melhor do que o nazismo nacional-socialista, não são lembradas as suas barbaridades na consciência social recorrendo-se à tática do seu silenciamento. Um marxismo inteligente sabe usar dos seus multiplicadores em posições estratégicas relevantes para uma formação eficiente da mentalidade pública.

Um fenómeno que observo (e para que não encontro explicação suficiente) é o facto de constatar um trato semelhante usado em relação ao islamismo onde o pensar politicamente correcto procura ignorar as suas obras para assim compreendê-lo e deste modo aceitá-lo. Os meios de comunicação social deveriam, por honestidade e amor à causa, tratar os factos com os mesmos critérios, não os deixando apenas ao sabor de maiores ou menores boas vontades, interesses ou influências.

Quanto ao nazismo e ao marxismo é óbvio lembrar-se na opinião pública o terror nazi, mas constitui hipocrisia e silenciamento da História não se tratar de igual modo o terror comunista marxista como se trata o nazista. Os holocaustos aos judeus, aos ucranianos e aos arménios são genocídios contra a humanidade independentemente da nação, raça ou ideologia. Tudo isto mostra a fragilidade humana independentemente dos sistemas; a praga maior será a de uma ideologia materialista que não conceda ao Homem o estatuto da sua dignidade humana soberana. É indigno e desumano um Estado, uma ideologia ou um sistema que usurpe ou abuse da soberania da dignidade humana de uma pessoa.

A influência da esquerda na formação da consciência social tem impedido até hoje uma apresentação objectiva dos factos para não mostrar as barbaridades do comunismo. A violência venha ela de esquerda ou da direita é violência e como tal a condenar-se independentemente da sua proveniência.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/sera-que-comunistas-comem-criancinhas

(1)   Muitas vezes ouvi a acusação da razão do medo dos comunistas vir da ideia de que eles comiam criancinhas e não sabia explicar tal dito. Finalmente encontrei uma explicação para o uso da expressão. Responsável pelo canibalismo foi a política criminosa de Lenine e de Estaline na URSS. De resto, comunistas como capitalistas e outros istas, todos são seres humanos e como tais em situações extremas capazes de usar recursos extremos. Mais que olharmos para o próximo como rival ou adversário será preciso criar uma cultura da humanidade e da boa vizinhança na amizade.

(2) Lenine fundou a sua própria facção no Partido Social Democrata dos Trabalhadores da Rússia em 1903, os bolcheviques, mais tarde o Partido Comunista Russo. Após a morte de Lenine, a 21 de Janeiro de 1924, Josef Stalin sucedeu-lhe. Ele forçou a colectivização e industrialização do país e garantiu o seu poder através do terror dirigido contra os adversários. Uma das várias fases de pico do terror durou desde o Outono de 1936 até ao final de 1938.

(3)    Michael Ellman da Universidade de Amsterdão diz que barbaridade de 1932-1933 pode ser considerada genocídio dado Estaline ter permitido a exportação de 1.8 milhões de toneladas de grão no tempo da fome e proibido a emigração das zonas mais afectadas e não organizar a chegada de grão de fora também porque o regime estalinista os considerava como “contrarrevolucionários” e “ladrões”. Tratava-se também de um ataque contra a cultura nacional ucraniana

DIÁLOGO ENTRE A MENTIRA E A VERDADE

Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
– Bom dia, dona Verdade.
E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a mentira:
– Bom dia, dona mentira.
– Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse:
-Venha dona Verdade, a água está uma delícia.
E assim que a verdade sem duvidar da mentira tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
A verdade por sua vez recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua.
E aos olhos de outras pessoas era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.
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