A GUERRA É UM PROFESSOR VIOLENTO

Tucídides, o primeiro historiador da história ocidental, dizia: “A guerra é um professor violento”!  O filosofo Heraclito adiantava: “A guerra é o pai de todas as coisas!

Os motivos da guerra na Ucrânia são a repetição dos da Guerra do Peloponeso (431 – 404 a.C.) e dos de outras guerras e conflitos pela história fora. A causa estava na rivalidade entre Atenas e Esparta que lutavam pela hegemonia em toda a Grécia!

Tucídides participou na Guerra do Peloponeso como comandante de frota e como não conseguiu impedir a queda da cidade de Anfípolis ao inimigo espartano, foi banido de Atenas por 20 anos. Estava empenhado na expansão da democracia do ático, que garantia a supremacia de Atenas na Liga do Mar Ático.

A democracia ática preparava uma ordem política baseada no princípio da soberania popular. A guerra começou quando as reclamações espartanas foram rejeitadas!

Como se vê a eterna causa da guerra está no facto de cada parte querer expandir o seu território para aí poder ampliar o seu negócio.

Trata-se de poder e não de razão, à margem da humanidade. O povo e a razão são sacrificados aos interesses do poder! A guerra persiste e os seus multiplicadores teimam em não quererem perceber a lição da História, também aqui rejeitada como mestra da vida! Em primeiro e segundo plano estão os seus interesses

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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APROVEITAMENTO DA HORA DOS GUERREIROS

O governo português quer, em nome da segurança e à imitação da Alemanha, elevar no próximo Orçamento os gastos com a defesa militar, como defende o ministro da defesa.  

Na entrevista ao Público, o ministro Gomes Cravinho diz: “O nosso objectivo de 1,68% do PIB até 2024 terá que ser repensado, senão para 2024, para os anos subsequentes” (1).

Na realidade, pelo facto de estarmos na NATO estamos consequentemente envolvidos no conflito, mas já a distância geográfica de Portugal e o facto de as guerras em geral se darem no centro norte da Europa torna questionável que Portugal se empenhe tanto a nível militar, em vez de optar por um papel de mais reserva belicosa e empenhar-se mais em medidas fortalecedoras da paz.

O objectivo dos USA é que os membros da NATO gastem 2% do PIB nacional nos assuntos militares; isto só vem fortalecer uma política no sentido da guerra e com ela a afirmação das maiores potências.  

O dinheiro que se aumenta nas forças militares será cortado noutros sectores de maior necessidade para Portugal!

É triste ver como vultos de clubes políticos (entre eles o nosso ministro da defesa) se querem fazer grandes uns perante os outros, nas grandes instituições, à custa da factura que o povo paga com os seus impostos e consequente renúncia a um aumento da qualidade de vida!

Não estaremos já a pagar um preço demasiado elevado para a geoestratégia quando precisaríamos de investir no aproveitamento das nossas zonas marítimas?

Os guerreiros aproveitam-se desta triste hora de sofrimento e incertezas para assegurarem um futuro construído na confrontação e não no empenho pela boa vizinhança.

Poderio militar e económico serve-se dos mais carentes!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.publico.pt/2022/03/10/politica/entrevista/gomes-cravinho-aumento-despesa-defesa-ja-proximo-programa-governo-cimeira-nato-1998188?utm_content=Manhas&utm_term=Na+Ucrania%2C+ser+uma+Omae+coragemO+e+o+minimo&utm_campaign=55&utm_source=e-goi&utm_medium=email

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BLOQUEIOS FOMENTAM A CRISE ECONÓMICA GLOBAL E CASTIGAM AS POPULAÇÕES

O bloqueio económico à Rússia provocou uma explosão de preços nos combustíveis sem jeito nem explicação, dado a Rússia, apesar da guerra, continuar a exportar a mesma quantidade de combustíveis, para a Europa e para os USA.

Segundo o jornal Houston Chronicle, os EUA importam 700.000 barris de petróleo russo por dia, representando 8% das importações dos EUA e 5% das exportações russas de petróleo bruto.

Quem estará a fazer o negócio com a especulação nos mercados?  Os Estados veem o assunto com binóculos à distância porque quanto mais cara a matéria prima é mais eles ganham, com o encarecimento através dos impostos!

A interrupção do abastecimento tanto estaria nas mãos da Rússia como está nas mãos do Ocidente. Se a Rússia parasse o abastecimento energético teríamos um desastre económico!

Quem paga a factura é o consumidor final (apenas como exemplo concreto, o ano passado paguei 840€ pelo petróleo de aquecimento de minha casa e agora que acabei de fazer encomenda da mesma quantidade pago 2.500€).

Nos mercados à vista (mercado internacional onde quantidades não ligadas por contrato de petróleo bruto ou gás natural são leiloadas e vendidas ao maior arremesso), o gaz natural já é comercializado a um preço dez vezes maior do que a média dos preços a longo prazo. 

Uma boa parte dos grandes grupos económicos internacionais está interessada na proibição da importação de energia russa. Deste modo podem enriquecer mais facilmente com a especulação e falta de concorrência no mercado, o que provoca subidas mastodônticas irracionais. Só os grandes grupos estão empenhados em impedir a comercialização porque ganham com a opção pelo boicote, na política e nos meios de comunicação. A histeria em que a Europa se encontra conduz ao medo e o medo justifica tudo! Naturalmente também não é fácil criar condições que defendam os interesses da Ucrânia.

Por outro lado, com medidas draconianas solidificam-se as posições que impedem o estabelecimento de contratos razoáveis após a guerra! No meio da confusão só os especuladores ganham e o povo, seja ele da Ucrânia, da Rússia ou da Europa é que acarretará com os custos e com o consequente atraso de vida e da História. No fim terá perdido a Ucrânia, o povo europeu, o povo russo e ganhado a Rússia e os USA.

As nossas posições populares, por um lado ou pelo outro, aparentemente ao lado da paz pouco resolvem e fomentam a sustentabilidade da guerra e deste modo a paz é levada pelo vento!

Não há que compreender os guerreiros de um lado nem os do outro, há que cortar-lhes as asas desautorizando todas as lutas sejam elas em terra ou nos Media (Toda a guerra não serve o povo, serve apenas os poderosos: estes não morrem, quem morre são os filhos do povo como soldados!

Urge domar a vontade guerreira e optar-se por conversações e acordos em que cada parte perde algo mas em que o todo ganha!

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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UNIÃO EUROPEIA ESTIMULA O CONFLITO EM VEZ DE INICIAR PROPOSTAS DE NEGOCIAÇÕES E MEDIDAS DE RECONCILIAÇÃO

A Comissão examina a candidatura ucraniana à adesão à União Europeia, numa altura muito impropícia para tal! 
Os embaixadores dos países da UE concordaram em Bruxelas em obter um parecer inicial da Comissão da UE sobre o estatuto de candidato da Ucrânia.
As candidaturas da Geórgia e da Moldávia também serão examinadas.
A guerra civil na Ucrânia começou em 2013/14 devido às diferentes posições no país entre os pró-rússia e os pró-União Europeia!
O caminho da paz só será garantido com uma Ucrânia livre e independente dos blocos. Este poderia ser o compromisso de maneira a conseguir-se paz na Europa.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
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NO DIA DA MULHER

Falta da Face feminina na Matriz cultural

A matriz cultural (talvez mais adequado dizer “patriz” cultural!) em que vivemos é masculina e como tal discrimina de maneira sistemática a mulher ao não evidenciar o rosto da feminilidade nela! Nesta matriz ainda se aceita como natural ver os homens a explicar o mundo, partindo do princípio que eles é que sabem como o mundo funciona. A não integração da feminidade de maneira sistémica na matriz provoca discriminação e lutas correspondentes à forma de estar desse modelo cultural; não se tem tido em devida conta o aspecto da complementaridade do feminino e do masculino numa inter-relação  de diferenças, chamadas a ser inclusivas e não exclusivas.

O que se mantém em silêncio é que esta atitude é a consequência da matriz masculina que nos orienta e por isso estamos a lidar principalmente com um problema sistemático que se expressa em papéis e evita o talento feminino na qualidade de perito. Seria trágico para a sociedade se homens e mulheres entrassem numa luta de uns contra os outros na sequência sistémica orientada para o poder e para a dominação (atitude própria de um modelo cultural mais masculino que se poderia apaziguar através da inclusão nele do princípio da feminilidade). Seria absurdo e desonesto entrar-se numa discussão de experiências puramente pessoais numa espécie de luta corpo a corpo. O importante será ter um espaço em que se questione tudo para que os estereótipos sejam quebrados e se possibilite o surgir de uma nova cultura de relações a um nível básico interior e exterior. Isto não evitará a questão de homens se fixarem mais no mental e de mulheres no experimental (o método dedutivo e indutivo são formas necessárias complementares de explicar o mundo).

As mulheres não são melhores nem piores que os homens; umas e outros são diferentes, mas ambos portadores dos princípios da masculinidade e da feminilidade com diferentes predominâncias (pode até haver homens com predominância das características femininas e mulheres com a predominância de particularidades masculinas). Uns e outros são seres feitos deles mesmos e das suas circunstâncias e como tal sempre em processo de desenvolvimento! A injustiça feita às mulheres assenta no paradigma masculino que dá forma a todas as culturas e sociedades mundiais, obstruindo, basicamente, o surgir de uma igualdade dos dois rostos na sociedade. Para evitarmos muitas guerrilhas entre homens e mulheres será de começar por articular o lugar mais eficiente, a nível de princípios, afinidades e valores, que resolva de maneira inclusiva os problemas conflituais que se expressam em papéis demasiadamente definidos.

Numa fase intermédia, é lógico que muitas mulheres se organizem e lutem pela emancipação fazendo uso de métodos e estruturas que assentam no modelo cultural masculino. Como a estrutura masculina se afirma pela luta, também elas usam como estratégia essa forma de afirmação, ainda condicionada mais ao ter e adquirir do que ao ser!   É demasiado evidente a falta da face feminina na matriz cultural: uma nova matriz em que masculinidade e feminilidade fluem poderia ser simbolizada e expressa numa mesma moeda composta da face feminina e masculina!

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski pretende concretizar a obrigatoriedade do alistamento de mulheres no serviço militar (1).

Tal intento, há anos legalizado, é, no meu entender, uma medida contra a feminilidade! Embora o movimento feminista (Femen (2), siga uma estratégia masculina de afirmação, neste ponto parece ter tido um vislumbre feminino ao declarar-se contra a inclusão de mulheres em zonas de combate!

Independentemente do respeito que se deve à decisão livre das mulheres, penso que as mulheres, que se manifestam contra o alistamento delas nas guerras, são as verdadeiras femininas que defendem a feminilidade (energia da paz), abstendo-se de entrar, num mundo de masculinidade exacerbada expressa no exército; para já urge o surgir na sociedade o rosto feminino  que questione a nossa matriz cultural mundial que se manifesta ridiculamente no que acontece em torno da Ucrânia/USA/Rússia.

Neste paradigma, a feminilidade não está presente, apenas se instrumentaliza a mulher! Talvez esta situação concorra para que os movimentos de emancipação das mulheres tomem consciência delas para não se deixarem tornar agentes do “patriarcado opressor” que julgam combater! A luta que fazem, usando a metodologia masculina de resolver os problemas, é compreensível se considerada apenas como passo provisório (Os lutadores são soldados em campo de batalha e como tal só podem ser tolerados por pouco tempo!), até que se esteja em situação de se criar uma matriz cultural em termos humanos justos e inclusivos dos princípios da feminilidade e da masculinidade, sem que haja hegemonia de um sobre o outro; isto, muito embora a questão se encontre radicada também em termos de funcionamento e organização do pensamento. A inclusão do princípio da feminilidade na base do paradigma iniciaria uma nova cultura mais humana e pacífica: outros valores e prioridades surgiriam sem que o papel social assumisse carater tão relevante!

Salvaguardada a liberdade de decisão da mulher, não é justo o argumento de que a mulher, para assumir responsabilidade pelo seu Estado, tenha de absolver o serviço militar e tenha de participar directamente na guerra (mesmo com o argumento da igualdade!), dado ela, também nesse esquema, poder assumir diferentes formas de serviço. Além disso é um facto que grande parte das mulheres já contribuem significativamente para a sociedade ao terem e criarem filhos (facto que numa sociedade de modelo não tão masculino deveria recompensar a mãe, monetariamente, como se fosse, durante um certo período, um soldado militar).  No meu ponto de vista, também não é sexismo defender-se que a mulher não seja convocada a fazer o serviço militar nem ser incluída em combates directos dado encontrarmo-nos numa matriz cultural em que a masculinidade se expressa e impõe sem contemplar a perspectiva da feminidade de de caracter pacífico.

É preciso apostar no poder renovador que a mulher tem (3).

 

António da Cunha Duarte Justo

©Pegadas do Tempo

(1) As mulheres devem ser recrutadas em caso de guerra. O escândalo é grande. Desde a Primavera de 2021, as mulheres de 100 grupos profissionais estão legalmente obrigadas a submeter-se ao serviço militar. Na altura, o regulamento mal foi notado pelo público. Para as mulheres, o serviço nas forças armadas é voluntário. Cerca de 32.000 mulheres estão actualmente a servir como soldados temporários no exército ucraniano, tendo cerca de 16.000 delas participado em operações de combate. O recrutamento de mulheres existe na Bolívia, Costa do Marfim, Eritreia, Israel, Coreia do Norte, Noruega, Suécia, Sudão e Chade. https://www.mdr.de/nachrichten/welt/osteuropa/politik/frauen-musterung-ukraine-militaer-100.html

(2) O grupo radical feminista Femen, nascido na Ucrânia, lançou uma nota pública em que exige que, se revogue o decreto que tornou obrigatório o alistamento de mulheres no serviço militar. Alguns intitulam tal exigência do movimento feminista Femen como hipócrita alegando que pretendem os mesmos direitos mas não as mesmas obrigações e que não foi o “patriarcado opressor”, mas a mentalidade feminista que colocou as mulheres na guerra. 

(3) PODER RENOVADOR DA MULHER: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2009/mulher.htm, A História repete-se: https://antonio-justo.eu/?paged=99&author=1Aquivos ; Debate sobre o género: https://bomdia.eu/debate-sobre-o-genero-ciencia-ou-ideologia/ ; Matriz política… https://bomdia.fr/matriz-politica-masculina-nao-pode-ser-norma-para-a-instituicao-eclesial/ Sobre o tema mais artigos meus no google.

 

 

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