LIDE EM PORTUGAL – PORQUE NÃO UMA POLÍTICA DE INTEGRAÇÃO DA CPLP E DO LIDE?
Afirmação da Lusofonia como Grupo cultural e económico
O LIDE (1) – Grupo de Líderes Empresariais realiza a conferência LIDE Brasil em Lisboa dia 3 e 4 de fevereiro. Nela está presente o poder político e empresarial brasileiro (empresários, autoridades, investidores e jornalistas). Têm mais de 250 empresários do Brasil e de Portugal confirmados. Reúnem-se em Lisboa para debaterem valores institucionais, caminhos democráticos e cooperação internacional, além de novos investimentos no Brasil.
Seria de grande importância para o grupo dos países de língua portuguesa se se formassem os diferente LIDE da Lusofonia: O LIDE Brasil, o LIDE Portugal, o LIDE Angola, etc. no sentido de se ir formando uma rede lusófona interactiva também como espaço económico.
O estabelecimento de uma rede que reúna empresários, investidores e gestores de médias e grandes empresas internacionais a atuar no espaço dos membros da lusofonia poderia ser um dos grandes temas a tratarem-se na próxima Cimeira bilateral Luso-Brasileira que se realiza em abril em Portugal.
A Lusofonia para poder dar avanços gigantescos teria de não se limitar ao âmbito cultural (CPLP) dos falantes da língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste) mas também numa rede de empresários desses respectivos membros!
Portugal poderia finalmente tornar-se num espaço privilegiado dos interesses culturais e económicos no meio dos países lusófonos e ao mesmo tempo não se limitar ao papel de membro da periferia da EU. O povo português poderia redescobrir, no intercâmbio com os países irmãos, um novo sentido com novas metas num projecto nacional próprio! O Brasil poderia assumir no espaço lusófono o papel que Portugal assumiu para a Europa na época dos Descobrimentos.
A CPLP (cooperação e promoção da língua portuguesa) teria de ser complementada com uma rede de interligação económica: com uma espécie de LIDE da lusofonia onde surgiriam parcerias económicas e até políticas.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
(1) https://lide.com.br
“Fundado no Brasil, em 2003, o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais é uma organização que reúne executivos dos mais variados setores de atuação em busca de fortalecer a livre iniciativa do desenvolvimento económico e social, assim como a defesa dos princípios éticos de governança nas esferas pública e privada. Presente em cinco continentes e com mais de duas dezenas de frentes de atuação, o grupo conta com unidades regionais e internacionais com o propósito de potencializar a atuação do empresariado na construção de uma sociedade ética, desenvolvida e competitiva globalmente.”
ZELENSKY ANUNCIOU QUE PORTUGAL TAMBÉM ENTRA NA GUERRA COM LEOPARDOS
Responsabilidade anónima compromete os países de forma individual
O primeiro ministro António Costa comprometeu Portugal na guerra com o envio de blindados Leopardo para a Ucrânia como revelou à imprensa, não ele, mas o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky e isto à margem do Parlamento e de uma opinião pública descomprometida. Depois ainda vem o nosso Costa com a indústria de guerra às costas, desculpar-se da carestia da vida e tudo por causa dos outros, por causa da guerra. Temos em plena acção os lobistas da morte!
Não tem dinheiro para impedir a pobreza galopante, nem para a saúde e professores, mas tem dinheiro para quem de fora aposta apenas nas elites comprometidas do sistema português. Colaboramos na destruição da Ucrânia para depois termos de pagar reparações.
Como refere Miguel Sousa Tavares no Expresso: “O envio dos tanques Leopard para a Ucrânia representa uma mudança essencial e a dois níveis no papel dos países neutros, embora amigos ou aliados da Ucrânia… não se trata mais de enviar armas para ajudar Kiev a defender-se da invasão russa e a evitar que, como nos contam para adormecermos, depois da Ucrânia, Moscovo venha por aí fora até à foz do Tejo, mas sim de armas ofensivas que permitam a Kiev assegurar a tal vitória que, segundo o secretário da Defesa norte-americano, é o objectivo final da guerra e garantirá que nunca mais a Rússia se atreva a aventuras semelhantes, ainda que provocada. E, por outro lado, não sendo uma decisão colectiva, tomada no âmbito da NATO (o que implicaria o desencadear da Terceira Guerra Mundial), significa apenas uma decisão unilateral de cada país, tomada por vontade própria.”
Também Portugal não está interessado na paz mantendo-se na ilusão de vir a ganhar a guerra e também por isso não alinha com o Brasil na sua iniciativa de paz. Com a participação dos quatro tanques Portugal envolve-se de forma leviana numa guerra que não é sua, mas que faz para melhor justificar o pedido de ajudas à EU. É o tributo a pagar à EU e aos Estados Unidos. Que a Alemanha ainda o faça é mais compreensível por estar condicionada pelas bases nucleares que os EUA têm dentro do seu território.
Também Von der Leyen, ao mostrar uma certa paixão por Zelensky, atraiçoa genuínos interesses europeus nesta guerra geoestratégica além de isto ficar muito mal numa alemã!
Pena que uma Alemanha que já havia invadido a Rússia possa agora continuar com seus tanques de guerra na mesma linha. Os verdes expuseram-se como belicistas e todos estão agindo sem levar em conta o tratado 2+4! Os EUA, com Zelenskyj como seu representante, estão tentando estender a guerra para a Europa de modo a que cada país fique responsabilizado de forma individual e deste modo querer fazer ver às populações que a guerra não é com a Nato, mas com os seus países individualmente. Os Estados Unidos estão tentando, de forma inteligente e bem-sucedida, envolver a Europa na guerra para que possam depois embolsar o restante de seus lucros. A paz na Europa depende da Alemanha. A Grã-Bretanha está jogando o jogo dos EUA contra a Europa. Na Alemanha, os Verdes estão agora mostrando sua face agressiva e oportunista. “Sem armas e sem armamentos em zonas de guerra” era o lema da paz!
António CD Justo
Pegadas do Tempo
Precisa-se de uma Ética da Biologia e do Legislativo
LEI DA EUTANÁSIA REJEITADA PELO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
O TC reprovou o decreto da eutanásia que o Parlamento tinha aprovado pela terceira vez. A segunda rejeição alega-se ser por falta de precisão em alguns termos.
O TC qualificou de juridicamente não clara a condição, expressa no texto, „intolerável”, “sofrimento, psicológico e espiritual “, pois poderá entender-se de forma “cumulativa” ou “alternativa”, o que daria oportunidade a diversas interpretações e até a abusos legais.
No respeito por todas as opiniões e atitudes, os bispos portugueses mostraram-se satisfeitos com a sentença, deixando embora a ideia de que, dado tratar-se de termos de precisão, o texto da lei parece deixar a porta aberta à essência dele porque “a morte assistida pode ser solicitada”. De facto, quebra-se uma barreira (1)
A maioria socialista no Parlamento não aceitou o referendo proposto pela bancada da direita e insiste na lei da eutanásia, pelo que a saga continuará. Se o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tivesse promulgado o Decreto Lei, não o mandando para exame no Tribunal Constitucional, a lei passaria a concretizar-se mesmo sendo inconstitucional.
A discussão movimenta-se entre o direito de matar e o direito de morrer sob as perspectivas de acto legal. Ficar-se-á assim entre homicídio privado e homicídio público que se poderá expressar de forma passiva (de paliativos) e de forma activa (eutanásia precoce).
Também em questões de biologia se precisa de uma ética. A eutanásia não pode ser reduzida a um direito biológico dado a pessoa humana não se definir apenas pela biologia e ao assumir o caracter cultural e espiritual pressupõe uma atitude ética positiva de defesa da vida e não apenas ser considerada como contra as dores que acompanham a vida. Aqui o soberano é a pessoa humana e não o Estado (não seria humano que as leis fossem concebidas de modo a o Estado poder vir a determinar sobre a vida individual, como aconteceu com as leis da eutanásia de Hitler, baseadas na biologia: Cuidado com os começos). A consciência social é fácil de influenciar!
Neste confronto de argumentos afiados e amargos, o facto de a eutanásia poder vir a ser descriminalizada em Portugal não pode significar que não deixe de ser um mal!
A vida precisa de iniciativas e instituições que a defendam; neste sentido, o CEP manifestou-se contra a lei com uma nota em que os bispos consideraram que a aprovação desta legislação quebra “o princípio ético fundamental que se traduz na proibição de causar intencionalmente a morte.”
António CD Justo
Pegadas do Tempo
(1) EUTANÁSIA ENTRE IDEOLOGIA CONSCIÊNCIA E ÉTICA: https://antonio-justo.eu/?p=3488
Todo o suicídio é uma acusação à sociedade: https://antonio-justo.eu/?p=4814
Morte assistida: https://bomdia.ch/eutanasia-e-morte-organizada-ponderacoes-sobre-o-suicidio-assistido/
Direito à vida: http://www.abdic.org.br/index.php/2346-dignidade-humana-e-direito-a-vida-sao-valores-complementares-inseparaveis
Ética mundial: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/uma-etica-mundial-para-a-cultura-da-paz
RIVALIDADES NA GUERRA DA UCRÂNIA ATRAVÉS DE GOVERNOS E BLOCOS
Divergências no Governo alemão e Condenação dos EUA pela China
No governo federal há divergências entre o chanceler Scholz (SPD) e a sua ministra Baerbock (Verdes): Scholz arrasta-se como moderado e ela acelera como belicista.
Scholz é contra uma guerra entre a Nato e a Rússia. A ministra dos Negócios Estrangeiros contraria-o no Conselho da Europa dizendo: “Estamos travando uma guerra contra a Rússia e não uns contra os outros.”
Como refere a imprensa alemã, a China culpabiliza os Estados Unidos pela guerra na Ucrânia: “Os EUA são os que desencadearam a crise ucraniana”, declarou à imprensa em Pequim a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning. Eles também são “o maior fator que alimenta a crise” e intensificam o conflito: “Se os EUA realmente querem acabar em breve com a crise e se preocupam com a vida das pessoas na Ucrânia, devem parar de fornecer armas e lucrar com os combates”.
Na sua viagem por países da América Latina o chanceler alemão vê-se confrontado com perguntas desagradáveis e no Brasil, vê rejeitado o seu pedido de entrega de munições de tanques para a Ucrânia. Em vez disso Lula propôs o Brasil e a China como mediadores entre a Rússia e a Ucrânia e acrescentou: “Proponho fundar um clube de países que queiram trazer a paz a este planeta.” Lula já se tinha pronunciado anteriormente sobre o presidente ucraniano Volodymyr Selenskyj: “Esse tipo é tão responsável pela guerra como Putin”.
Não se descortina interesse pela paz: a prioridade é o negócio de armas e a aquisição das regiões ricas em matérias primas. Biden está empenhado no crescente conflito a escalar-se nas vizinhanças da China. Por outro lado, a Alemanha com os verdes no Governo, (que são a ponta avançada dos guerreiros como se tivessem saudade de tempos passados!) está a acordar para a guerra exercitando um certo activismo no sentido de envolver a Nato nos próximos conflitos do mundo. Também o secretário geral da Nato anda já a rondar o mar da Ásia para tentar envolver os europeus (como lacaios dos EUA) numa futura guerra que também não seria nossa, mas das geoestratégias da USA, da China e da Federação Russa.
Tal como Scholz é também Biden contra a entrega de aviões caça (F-16-Jets) à Ucrânia. Tal escalada corresponderia a uma guerra aberta da Nato contra a Rússia. Selenskyj sente-se à vontade e interessado na progressão das suas exigências à Nato porque quem incentivou a Ucrânia à guerra e ao não cumprimento dos tratados de Minsk foi a Nato.
De facto, o Tratado de Minsk foi um acordo assinado por representantes da Ucrânia, da Rússia, da República Popular de Donetsk (DNR), e da República Popular de Lugansk (LNR) para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia, em 5 de setembro de 2014. No fracasso deste Tratado surgiu o Minsk II mediado pela França e Alemanha e ratificado pelo Conselho de Segurança da ONU. A Guerra civil começou propriamente em 2013 quando nacionalistas e europeístas se levantaram contra o seu presidente (Viktor Yanukóvisch) por este não querer assinar um acordo de associação da Ucrânia à União Europeia. Na guerra civil morreram 13.000 civis e 4.000 soldados.
António CD Justo
Pegadas do Tempo