EMIGRAÇÃO PORTUGUESA
Em 2021 emigraram 60.000 portugueses o que indica que em Portugal está a haver um certo equilíbrio entre emigração e imigração. Em 2022 entraram 58. 757 imigrantes em Portugal passando o número de residentes estrangeiros para 757.252.
Grande parte da emigração portuguesa, ontem como hoje, foi considerada pela política como ajuda ao desenvolvimento de Portugal e, por conseguinte, os partidos e sindicatos concordam em ignorar os emigrantes e suas reivindicações na sua política e na opinião pública porque, de facto, a emigração é vista como uma vergonha para os que estão no poder (atestado de incompetência por não criarem qualidade de vida suficiente em Portugal!) e é inconveniente para a população.
A imigração de estrangeiros tem vindo a compensar um pouco a imagem dos nossos políticos e de Portugal, dado os imigrantes procurarem, geralmente economias mais fortes e sociedades abertas.
Apesar de tudo viva Portugal!
Bom fim de semana
António Justo
Pegadas do Tempo
“APROPRIAÇÃO CULTURAL” ENTRE APRECIAÇÃO-DEPRECIAÇÃO-HIPOCRISIA-MANIPULAÇÃO
Por que só se fala de “Apropriação Cultural” e não de Apropriação Económica?
Matéria: Instituições e organizações europeias proíbem apresentações ou disfarces com trajes de índios americanos ou de gueixas, etc.; uma europeia não pode entrançar o cabelo emaranhado (dreadlocks) como africanas, crianças nos jardins infantis são proibidas de maquilharem o rosto à africano; um não mexicano não deve usar sombrero; etc., etc.
Objectivos desta e doutras campanhas em voga: Romper com os padrões de pensamento e desmontagem e culpabilização da cultura ocidental através da transversalização de temas em torno do género, da sexualidade, da linguagem, e do colonialismo nos diferentes órgãos do Estado, media, organizações sociais, etc.; em conformidade com a política do género pretende-se que a Europa das culturas e dos pensadores se transforme num território decadente de não-pensadores e de seguidores de uma geocultura e pensamento a preto e branco. Pretende-se que a sociedade europeia seja ocupada com contínuas iniciativas para se criar nas populações insegurança e medo de não seguirem opiniões predeterminadas. Por outro lado, estas iniciativas que têm como alvo criar confusão e defraudar a cultura ocidental, correm também o risco de hipocritamente lavarem o rosto ocidental quando o problema dos problemas é a Apropriação Económica em vigor (especialmente em zonas carentes sem que se faça reverter a riqueza nessas zonas). O infantilismo e o oportunismo tornaram-se de tal maneira dominante que já brada aos céus!
“Apropriação cultural”, como muitos outros temas forjados nos bastidores e a actuar no palco social, não é propriamente assunto de debate público sério nem tão-pouco encomendado pela sociedade. São temas impostos por forças anónimas obscuras que se aproveitam de alguns defeitos ou deficiências civilizacionais para uma crítica radical negativa apenas com a finalidade do bota abaixo, sendo irreflectidamente seguidas pela política com medidas proibitivas inadequadas! Dado as elites da nossa sociedade, muitas vezes, manifestarem falta de bom senso e de critério, seria chegada a hora de o povo (pessoas atentas) as levarem ao rego e não se deixarem levar por uma oligarquia sociopata supranacional que cada vez tem mais influência nos media, na politica e nas sociedades; se se observarem os vários movimentos activistas (ONGs) e os seus campos de combate, torna-se cada vez mais visível (até pelos efeitos observáveis e que facturam para si na sociedade) que pretendem desestabilizar as sociedades para poderem desmontar as democracias e as constituições nacionais; a sociedade tem-se transformado em laboratório dos mais diversos movimentos ideológicos todos eles com um denominador comum observável: implementar social e institucionalmente o materialismo mecanicista com o objectivo de se chegar a instalar uma troica global (1) e para isso criar-se nas populações uma mentalidade-cultural marxista! A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) têm implementado a própria ideologia no sentido de se tornarem nos controladores da medicina e do ensino e em influenciadores directos da sexualização prematura e viciada das crianças nas escolas.
Por definição da Wikipédia, apropriação cultural ocorre quando uma cultura adopta elementos específicos de outra. Estes elementos podem ser ideias, símbolos, artefactos, imagens, sons, objetos, formas ou aspectos comportamentais que, uma vez removidos dos seus contextos culturais originais, podem assumir significados muito divergentes.
O problema não está na definição, mas no abuso intencional que se faz da apropriação cultural em si e também a maneira desonesta e ilícita como como o tema é instrumentalizado para fins de abuso de poder.
O facto de haver muitos grupos marginalizados tratados injustamente por causa da sua “aparência ou costumes culturais” torna-se preocupante devendo fazer-se todos os esforços para se pôr cobro a tal situação, mas não de maneira destrutiva, doutro modo seguir-se-ia (nos métodos e intenções manipuladoras) a mesma lógica das causas que criaram a situação a dever ser reparada.
Se ao longo da história não tivesse havido apropriação transcultural numa dinâmica de aculturação e inculturação que permitem uma “fertilização cruzada”, ainda hoje nos encontraríamos na Idade da Pedra. Que seria das nossas capacidades intelectuais e sociais sem metáforas, analogias, representações e signos? Que seria da literatura, música, teatro, filosofia sem apropriação cultural?
O problema é a falta de contexto e a perspectiva de interpretação. Colocar a questão só no relacionamento entre pretos e brancos, entre uma “cultura dominante” e uma “cultura minoritária “é instrumentalizar uma realidade complexa para fins imperscrutáveis que dão origem a cepticismos, pela arbitrariedade e desestabilização que muitas vezes pretendem e pelo atentado que são à liberdade de expressão. Neste assunto está a dar-se um processo de apropriação das maiorias pelas minorias ideológicas (a metodologia da luta e do poder que uma parte critica na outra igualam-se e deste modo justifica-se a situação injusta criada pelo mais forte: a questão só poderia ser viabilizada se baseada numa nova matriz cultural, doutro modo teremos de viver numa cultura feita sobretudo de remendos). É importante o estabelecimento da justiça, mas não seguindo a mesma matriz patriarcal que nos guia e cuja estratégia e metodologia está na fonte dos problemas que é preciso remediar.
O argumento de as medidas de proibição se destinarem a proteger a propriedade intelectual coletiva de povos indígenas e de se a lutar contra as relações de poder desiguais, não legitima um combate generalizado como se observa na Alemanha.
Considerar o estatuto de diferentes culturas como argumento contra a apropriação cultural por culturas dominantes também é problemático porque nem a cultura se deixa reduzir a uma só característica (trajo, etc.) nem a natureza da pessoa humana se deixa reduzir à própria cultura.
De facto, como descreve Ursula Renz (2), “a cultura é sempre uma transferência cultural”. Na consequência, o próprio conceito apropriação cultural induz em erro.
A “apropriação cultural” também pode significar solidariedade e sinal de culturas que apesar de terem uma certa identificação cultural estão abertas a outras e deste modo a um desenvolvimento em simbiose dinâmica. O assumir uma característica de uma comunidade identitária não implica a sua destruição; pelo contrário, o seu alongamento.
Parece estranho que quem reclama não são os grupos retratados! Quem se queixa são mais os grupos americanos e europeus como se fossem advogados comissionados para falarem em nome dos referidos grupos. Esta posição é indício grave de uma afirmação de superioridade em relação às referidas culturas, quando estas até poderão ter interesse em tais representações. O exagero de forças empenhadas na luta contra a “apropriação cultural” esconde o objectivo de se abolir a propriedade privada que então só será permitida para os grandes “latifundiários” de interesse relevante para o sistema.
Quer-se preparar uma sociedade de pensar a preto e branco – sem cores, o que corresponde a uma regressão antidesenvolvimento. Como se observa, inteligência e estupidez são constantes da humanidade.
Em breve ninguém ousará opor-se a uma determinada opinião por causa da conformidade de género e da pressão cultural do espírito do tempo.
Por que se fala tanto de Apropriação Cultural e não se fala de Apropriação Económica através da importação (apropriação) de especialistas, mão de obra, de culturas diferentes e de monopólios de exploração mineral, matérias primas, agrícola, etc.? Assim se engana e manipula o povo e os povos com temas que distraem do problema padrão que é a economia exploradora do homem e da natureza e que, ontem como hoje, provoca o luxo de uns através da apropriação dos bens dos outros! Hipocrisia das hipocrisias, tudo é hipocrisia!
O grande escândalo é a profanação do humano e a “sacralização” das economias fortes em relação às pequenas.
As elites encontram-se em processo de banalização e perdem o critério ao levarem a sociedade a viver em estado de luta e a ocupar-se com extremismos que não deixam espaço para uma consciência privada; deste modo o povo vagueia, desespera e perde a inocência! A vida acontece entre os polos e não nos extremos polares; os extremismos só fomentam a luta e apagam as perspectivas de esperança num dia de amanhã!
António CD Justo
Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8475
(1) O marxismo baseia-se em um entendimento materialista do desenvolvimento da sociedade, tendo como ponto de partida as atividades económicas necessárias para satisfazer as necessidades materiais da sociedade humana. No setor da política, o objetivo principal das teorias marxistas é promover a queda total do capitalismo por meio de um Estado socialista forte e opressor contra a burguesia.
(2) Ursula Renz: „Was denn bitte ist kulturelle Identität? Eine Orientierung in Zeiten des Populismus“, Schwabe Verlag Basel, 2019
DIRECTIVA EUROPEIA SOBRE CARTA DE CONDUÇÃO CRIA MAIS CONTROLO E DEPENDÊNCIA
O Polvo alonga os seus Braços ao reduzir Direitos
Está em via de entrar em vigor a 4ª diretiva da UE para a carta de condução a fim de padronizar os requisitos da carta de condução em toda a União Europeia. Só precisa de ser aprovada pelo Conselho da UE e pelo Parlamento da EU. Os países membros terão dois anos para incorporarem a directiva na lei nacional.
A primeira carta terá validade por 15 anos sendo depois renovada em espaços iguais. No futuro, os idosos com mais de 70 anos terão de ser submetidos a exames de aptidão cada cinco anos. (Os detalhes de tal teste físico e mental ainda não foram esclarecidos).
A troca da carta é obrigatória: Quem continuar a conduzir com a carta de automóvel ou moto antiga e deixar expirar o prazo corre o risco de ser multado no valor de 10 euros, não sendo registado com falta crime; quanto às carteiras de motorista de caminhão e autocarros há clausulas agravantes!
Os alunos de condução devem ter a oportunidade, independentemente do seu local de residência, de fazer o exame de condução em qualquer dos estados membros da UE.
Segundo o relatório “ADAC”, este projeto de lei encontra resistência em Baden-Vurtemberga. De facto: “Uma proibição de conduzir imposta na Itália também se aplicaria na Alemanha, etc.”.
O polvo alonga os seus braços ao reduzir direitos dos cidadãos; o Estado limita cada vez mais a liberdade do cidadão e torna-o directamente controlável centralmente. A China está a entrar-nos em casa sem que notemos; o irmão grande cada vez nos tem mais debaixo do olho, seja com medidas internacionais como estas, através do controlo dos bancos, das finanças, da saúde, dos órgãos de aplicação da lei na Europa, etc.!
António CD Justo
Pegadas do Tempo
A EUROPA AUTODESTRÓI-SE SE CONDUZIDA POR UMA VISÃO UNILATERAL AMERICANO-ALEMÃ
Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã fez má Figura na China
As últimas visitas da França (Emmanuel Macron) e da Alemanha (Annalena Baerbock) à China são sintomáticas e expressão de dois polos europeus (nórdico e latino) que, no fundo, se contradizem, quando seria da sua natureza complementarem-se. De um lado Mácron e do outro lado a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros (1): o francês representando mais a diplomacia europeia foi recebido na China em festa e despedido honrosamente e a alemã mais representante dos anglo-americanos, foi recebida com distância e despedida sem sequer um aperto de mão, como se pode ver na conferência final de imprensa comum. A política alemã ao identificar-se com a política militar americana já não tem muito a dizer numa política mundial a delinear-se na multipolaridade. O fatal na questão não é tanto o problema alemão, mas o facto de com ele ser também arrastada a política europeia. Um vislumbre de esperança oferece a posição do presidente francês para a Europa que poderia levar os governantes europeus a deixarem de ser meros atrelados da visão anglo-saxónica.
A sobranceria do comportamento germânico repetidamente manifestada nas “aparições” da sua ministra Baerbock é descabida porque de facto, a Alemanha não tem força nem peso militar, perdeu a energia barata da Rússia e com isso a força económica, não tem conceito político próprio, tem uma cultura cada vez mais enfraquecida com o paulatino abandono do idealismo alemão em benefício da anglo-saxónica (2); na pessoa de Baerbock a Europa arvorou-se em juiz da China sem atender sequer aos bons costumes da diplomacia seguindo as pegadas da arrogância provinciana e teatral de Zilenskyl! Baerbock e com ela a Alemanha pouco tem a dizer aos chineses e menos ainda quando reduzida (pelo menos exteriormente) a mera embaixadora da atitude militar americana. A China sabe que a administração americana não respeita ninguém e por isso pode permitir-se não tomar a sério a representante da Alemanha.
No que toca à guerra entre os EUA/OTAN e a Federação Russa na Ucrânia, a China sabe também que a opinião pública europeia se encontra equivocada devido a uma comunicação social europeia profundamente comprometida com os interesses americanos e por isso mais interessada em induzir em erro do que interessada numa discussão pública objecctiva.
Em nome de uma crise que nós mesmos provocamos com o boicote económico sacudimos do próprio capote os males que encomendamos ao, desavergonhadamente, explicar-se o encarecimento da vida com a culpa de outros! Vamos esperando que esta loucura passe.
No meu entender, a China ao contrário dos EUA tem apostado na economia e numa relaç1bo económica interesseira mas séria com outros países e não na força militar como cuidam os EUA; por isso a China que se transformou em primeira potência económica mundial tem a melhor posição para se tornar numa verdadeira medianeira da paz! Na Ucrânia os sinos já tocam a finados para a despedida do século americano no mundo! A má informação europeia relativamente à guerra da OTAN e da Federação russa na Ucrânia não tem em consideração o desenvolvimento das nações a nível de blocos no mundo nem a geopolítica a jogar-se na Ucrânia que não considera os interesses vitais da Rússia na passagem para o Mar Negro, contencioso semelhante ao que se está a preparar no estreito de Taiwan (Formosa) devido aos interesses do Ocidente no estreito, como estrada comercial importantíssima onde passa 50% das mercadorias mundiais. Só uma política de paz poderá resolver de modo a respeitar os interesses da Federação russa numa região e os interesses ocidentais na outra. Doutro modo a seguir à guerra na Ucrânia teremos a guerra na Formosa.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
(1) Com a passagem do poder da Chanceler Angela Merkel para Olaf Scholz a Alemanha consumou a traição do idealismo alemão iniciada em 9.11.1989 com a absorção da DDR na BRD (a). Em vez de se completar fazendo a síntese de socialismo e capitalismo a Alemanha unida adoptou o capitalismo liberal e a ideologia anglo-americana, contrariando o ideal da União Soviética que via na casa europeia a sua chance. Com a viragem militarista de Olaf Scholz em 2022 a Europa iniciou um capítulo que não promete futuro para a Europa. Brilha uma luz no fim do túnel ao pensarmos que a Europa do Sul com o presidente da França, Mácron, poderá ajudar a corrigir e a dar volta à roda da história.
(2) Cfr. meu Artigo „Wohin Deutschland? Der Verrat am deutschen Idealismus“ na revista „Gemeinsam“ Heft 6, März 1990.
Notas em: Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8462