D15 – UMA EXPOSIÇÃO PARA ESQUECER!

Há um ano realizou-se a D15 em Kassel
A política intrometeu-se impedindo uma discussão-diálogo entre o mundo do Norte e o mundo do Sul. Independentemente de exageros da arte exposta a crítica do Sul global ao Norte dos ricos mereceria ser tomada mais a sério. Os artistas regressaram aos seus países, certamente com a ideia de que o Norte possui a verdade política. Um diálogo de olhar no olhar não parece caber nos nossos padrões. É triste ter de se observar que a política se apossa cada vez mais da arte para os seus fins! Em vez de arte e das relações Norte-Sul falou-se de antisemitismo!
Pode ser uma imagem de ao ar livre

Há 1 ano: ver mais fotos em https://antonio-justo.eu/?p=7623
DOCUMENTA – A EXPOSIÇÃO MUNDIAL DE ARTE EM KASSEL
Um espaço experimental de liberdade artística durante 100 dias
A D15 abriu a 17.06 e estende-se até 25.11 sob a direcção artística do colectivo indonésio Ruangrupa (1).
A Documenta (2), pretende ser um lugar de liberdade artística, de diálogo aberto, de diferenciação em vez de pensamento a preto e branco, muito embora a sua conotação seja vermelha! A artista Tania Bruguera ao referir-se à D15 diz:” se há um lugar para falar com segurança sobre questões inseguras, é este”. A singularidade da D15 reside em ser um espaço experimental de liberdade durante 100 dias.
Durante estes dias, a arte estará exposta em 30.000 metros quadrados com 1.500 artistas e tem a visita de 3.000 jornalistas de todo o mundo; os organizadores contam com a visita de 750.000 pessoas interessadas em arte que visitem Kassel só por motivo da Documenta…
A documenta tenta ser uma expressão do diálogo mundial com artistas empenhados! Pretende quebrar estruturas. No centro da mensagem da D15 deve estar a solidariedade, a participação e a orientação comunitária em vez da individualidade, a ganância pelo lucro e a luta pelo poder.
A D15 quer quebrar as fronteiras entre arte e vida, entre estética e activismo (pinturas, esculturas e modelos de economia alternativa), como afirmam expertos na HNA…
O Sul global está presente também como elemento de auto-purificação da democracia (nos preparativos para a D15 a direcção artística Ruangrupa provocou uma discussão acesa sobre racismo e antissemitismo ao referir-se à política de Israel e palestinenses). De facto, quando se foca a própria imagem na própria perspectiva, nunca se sai do beco sem saída.
De uma maneira geral, a D15 segue o ritmo próprio de outras Documentas (realizações de cinco em cinco anos) funcionando como amplificadoras do Zeitgeist.
António da Cunha Duarte Justo
Artigo completo e notas em Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=7623
Social:
Pin Share

Social:

Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

9 comentários em “D15 – UMA EXPOSIÇÃO PARA ESQUECER!”

  1. Se pela Arte podem ser transmitidos pensamentos, sentimentos, beleza e o seu contrário, conhecimento, etc. ;
    se este tipo de arte chocante pretende chamar a atenção para os problemas do mundo, então ele, este tipo de arte, pode atingir os seus objectivos. Penso, no entanto, que há outros meios muito mais eficazes de chamar a atenção da sociedade para factos passados ou presentes, sejam eles concretos ou não.

  2. Mafalda Freitas Pereira , também penso assim! Estamos numa sociedade que pretende criar contravalores aos que foram os luzeiros da nossa sociedade: o bom o belo e o verdadeiro. Uma maneira de desmontar a civilização ocidental sem que ela note…

  3. Muitas vezes resta um premeio de resignação e de esperança. Hoje o poder é tão abrangente e sufisticado que tem tudo nas mãos e apenas uma pequena percentagem na sociedade pode notar o que realmente se passa; o caudal é tão forte que leva tudo consigo só ficando um ou outro que se agarra às árvores das margens mas o esforço feito para não ser levado esgota-o. Estamos num tempo em que só a espiritualidade interior vivida pode salvar a pessoa da torrente e uma religião mais mística, purificada e virada para o humano será o oásis libertador.

  4. Obrigada pela sua mensagem muito esclarecedora como sempre.
    Para quem está tão ao corrente dos meandros da situação mundial, não há como não concordar.
    Na verdade é tudo tão complexo, frio e brutal que pouco resta além da solução que preconiza.
    É uma boa âncora para as pessoas de idade avançada, mas é também uma visão muito desmotivadora para os jovens (alguns) que, embora conscientes da realidade, ainda têm alguma esperança no futuro.

  5. É isso mesmo! Tenho observado na geração dos trinta anos um recolhimento no privado. É triste para uma sociedade que se quereria mais social e equilibrada entre o nível privado e o nível público. É porém um reflexo de autodefesa numa sociedade que gerará cada vez mais doenças. Observo que o âmbito privado e relacional se encontra cada vez mais ameaçado num espaço cada vez mais politizado e economizado mas que isso levará as pessoas a fecharem-se mais em si e a encontrar o aspecto de sua expansão social em movimentos de caracter religioso. O problema aqui manifesta-se num desenvolvimento de religiosidade à la carte a que falta cada vez mais uma integração institucional comunitária! A esperança receberá reveses mas nunca acabará porque ela e o sonho são os grandes motores da vida e da História. Penso que os jovens viverão a sua realidade enquadrada sempre à maneira da sociedade que os forma.

  6. Mafalda Freitas Pereira , os da nossa geração europeia ainda se podem considerar uns felizardos porque vivem para além do que as circunstâncias permitiriam. A geração dos nossos netos terá, certamente mais privacidades económicas porque os empenhamos com as dívidas públicas para podermos viver melhor hoje a crédito público. Eles não terão tanta juventude a poder assegurar as suas reformas devido à diminuição da natividade e consequente envelhecimento da sociedade.

  7. Sim. Também penso nisso e preocupo-me com o futuro dos jovens. Se os de hoje já estão a sentir instabilidade e pouca confiança no amanhã, o que acontecerá com as gerações vindouras?
    Óbviamente, daí a baixa taxa de natalidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *