A REVOLUÇÃO FEMININA ESTÁ POR FAZER

HUMANIZAR – FEMINIZAR O MUNDO

António Justo

A revolução está por fazer. Até ao presente a história tem dado oportunidade à afirmação das forças da vertente masculina da pessoa humana numa reacção em cadeia. A história é o testemunho das revoluções masculinas. A revolução feminina está por fazer. Para mais facilmente notarmos a dicotomia do nosso mundo basta observarmos a dicotomia da realidade do mundo árabe, que é a nossa, embora um pouco mais acentuada.

A identificação, individual e institucional, tem-se afirmado na concorrência e manifesta-se numa constante assimetria nas relações homem-mulher, senhor-súbdito, razão e intuição.

A divisão de tarefas com a autoafirmação consequente com base a elas provoca a divisão em vez duma missão conjunta. Assim se faz a divisão artificial de espírito e matéria contrariando-os em vez de os coordenar e unir.

O espírito, o esperma, o homem tem-se afirmado contra a natureza, contra a terra geradora, contra a mulher, dando lugar apenas à dimensão vertical (cima – baixo, bem – mal) sem ter em conta a horizontal.

A terra reflecte naturalmente o brilho do sol, a força da chuva que nela cai numa relação íntima profunda fertilizada na união e missão comum: céu – terra. Um sem o outro não tem sentido nem identidade. Sem a gestação feita pela terra, sem a gravidez da mulher não haveria a fecundidade, o filho, o futuro. Assim não se pode dizer que espírito e matéria são desiguais no valor. Um ser está condicionado ao outro e deve o seu ser ao outro. Incarnação não tem sentido sem ressurreição, nem esta sem aquela; fazem parte dum ciclo trinitário em que o carácter polar da vida se supera.

Nos Estados e formas de governo, nos sistemas económicos e administrativos, nas próprias religiões e no comportamento individual prevalece, exageradamente, o carácter polar, o pólo masculino do estar humano. O actuar individual e institucional, a linguagem usada no discurso público, tudo testemunha a polarização masculina da vida social e suas estruturas. Uma visão dialéctica da vida e correspondentes mecanismos antagónicos de gerir e dominar a vida têm prevalecido contra uma visão mais integral e aperspectiva trinitária. Daí a dissonância do ser individual e social, o governo do partido e não do inteiro.

Sem que o homem deixe de ser masculino nem que a mulher deixe de ser feminina, necessita-se duma nova forma de viver individual e social em que a recíproca influência e interferência do masculino e do feminino estejam mais presentes e equilibradas, se tornem realmente complementares uma da outra. Uma sociedade, mais equilibrada e mais justa, pressupõem mais autoridade e menos poder: uma troca das armas da luta pelas duma moral onde o senhor é o que mais serve.

A luta de emancipação da mulher, embora necessária, tem seguido a estratégia masculina, afirmando, inconscientemente, a masculinidade do mundo. Até Simone de Beauvoir confirmou a perspectiva masculina da vida afirmando a contraposição da transcendência masculina à imanência feminina. Confirma assim a prática dualista grega ignorando a visão aperspectiva mística que supera o dualismo, já na fórmula trinitária da realidade, escondida no ideário cristão também ele reprimido.

O culto individualista da masculinidade tem conduzido a humanidade a um “progresso” cimentado com grandes tragédias. O futuro da humanidade tem sido conseguido à custa da violência, da violação, do masculino contra o feminino, da instituição contra o membro, de povos e culturas uns contra os outros, tal como podemos verificar nas lutas das tribos, das invasões muçulmanas, cruzadas, revolução francesa, guerras mundiais, nas guerras actuais e nas desavenças familiares.

Em nome do progresso dá-se continuidade a um processo perene de guerrilha. A parte afirma-se contra a parte sem considerar o todo. Ao fim e ao cabo, a cultura ainda acentua mais os processos de selecção e adaptação da natureza, em vez de os gerir. Por isso acompanhamos a natureza em vez de a sublimarmos.

Na época moderna, devido ao desenvolvimento tecnológico, a barbaridade ainda aumentou, o que torna muito premente a questão do sentido da humanidade e o sentido da vida. Este problema torna-se também visível na tragédia Fausto de Goethe que termina na utopia duma maternidade da natureza, com o eterno feminino. Facto é que a incarnação só é realidade através da terra, de Maria.

O presente que se manifesta na dualidade dos contrários deixa a dúvida se não será necessário acreditar no Diabo. Entre o bem e o mal se movimenta a esperança, e o medo de desaparecer do presente no redemoinho da polaridade. Na visão trinitária e não dual deixamos de ser prisioneiros do tempo e do factual, da matéria e do espírito. Assim no passado podemos reconhecer o presente e o futuro no jogo das escondidas com o tempo. Para salvarmos o homem em nós, temos de descobrir a mulher em nós. Só ela pode dar à luz o novo. Nela se realiza a criação no sentido da consumação. Seria redutor continuar a egomania do ser que encobre o matar. Já é tempo de mudar. A consciência humana já atingiu, nalguns biótopos, o estádio próprio para a metanóia global.

Atendendo aos resultados até hoje adquiridos, no processo de humanização do mundo, humanizar o Mundo, no futuro presente, significa torná-lo mais feminino, mais equilibrado e menos sexuado. Racionalismo, materialismo e espiritualismo são demasiadamente sexuados (dualistas) para poderem dar resposta à necessidade premente dum salto qualitativo no desenvolvimento humano. Trata-se de viver em parusia. Mandar é servir e servir é mandar.

Para se humanizar o Mundo será necessário um agir neutro e não sexuado: uma consciência mais intuitiva e mística, menos racionalista e materialista, um existir na reconciliação do saber dedutivo e indutivo, da imanência e da transcendência, do gerador e do gerado. A paridade do sexo e o respeito pela lei da simetria original que através de rupturas ganha novas formas terá de ser integrada. Para isso é necessária a “emancipação” interior do homem e da mulher, uma “emancipação” para dentro, no sentido do todo.

Nas sociedades democráticas, seguindo o determinismo dualista, as mulheres encontram-se em processo de aquisição duma emancipação exterior, não sendo tão facilmente manipuláveis como outrora. Continuam porém a estratégia masculina da luta da individuação contra o todo. Foi assim que os homens dominaram o mundo e que criaram a situação que hoje vigora: cultura contra natura! Seria um equívoco, numa fase do desenvolvimento da consciência integral, continuar a apostar na consciência dualista, e entrar agora na luta de dividir equitativamente o ser humano e o mundo entre o homem e a mulher. O que é preciso agora é humanizá-lo e esta missão é eminentemente feminina. Agora o mundo precisa da força e do espírito da mulher para o transformar, não já numa estratégia antagónica mas integrativa, global.

O equívoco da cultura contra a natura

A concepção puramente marxista e capitalista do mundo bem como as formas de governo até hoje praticadas sobrevalorizam a masculinidade e o status quo.

Necessita-se duma nova consciência e de uma prática do respeito pelas diferenças biológicas e psicológicas que integre a contradição, tal com prevêem no cristianismo a fórmula trinitária, e na ciência a teoria da relatividade e a física quântica.

A mundivisão masculina, o mundo da concorrência premeia o ser que produz mais Testerona, dando assim, previamente, a vitória às qualidades masculinas sobre as femininas dado o homem ter mais Testerona. É preciso criar-se uma nova consciência social e uma sociedade em que a quantidade de adrenalina não seja determinante para determinar e formar a sociedade, onde a autorealização integrada constitua prioridade, onde a concorrência determinada por um mercado de trabalho desumano e por expectativas irrealistas e desequilibradas não continuem a ditar o estar humano.

A política tem falhado e continuará a falhar no seu esforço de conseguir a igualdade entre homem e mulher, baseada na mesma atitude de sucesso no mundo do trabalho. Assim impõe à mulher um mercado de trabalho e uma estrutura social baseada no modelo de sociedade machista (masculina). As mulheres têm outras prioridades necessitando dum mundo mais humano e familiar. Elas não arriscam tão gratuitamente a sua vida pois possuem um pensar mais integral e menos selectivo que o homem.

O pior que poderia acontecer à sociedade seria que as mulheres se deixassem utilizar na concorrência desta sociedade anti-feminina, na ilusão de estarem a defender os interesses femininos, quando na realidade se estão a tornar masculinas. Naturalmente que enquanto continuar em vigor o modelo de sociedade masculina, as mulheres conscientes terão de se lançar à conquista na ocupação dos bastiões relevantes da sociedade e da economia, estudando biologia, informática, engenharia, fundando firmas, etc. Em tempo de guerra não se limpam armas… Só depois de destruírem as desigualdades exteriores poderão então permitir-se dar expressão às diferenças. Este foi porém o equívoco da sociedade masculina com o seu imperar até hoje, afirmando-se uns à custa dos outros. O que é preciso é uma nova mentalidade, uma nova maneira de estar. A sociedade masculina é uma sociedade de burgos e de castelos a conquistar, de Don Quixotes e Sancho Panças. Com a inclusão da feminidade, só então as muralhas se poderão tornar em lugares de jogo e transformar-se os campos de batalha em campos de futebol, como centros de higiene social.

Capitalismo e socialismo são masculinos interessados apenas em se apoderar da terra e do povo. É a força do macho no tempo do cio. Não resta tempo para o choco, para a vida. O apoderar-se da terra e do povo corresponde à repetição dos mecanismos da natureza biológica através do princípio (força) selectivo e do princípio da adaptação.

A revolução está por fazer. Foi começada por Cristo mas logo interrompida, porque era demasiado feminina. Não chega continuar o olhar monocolar masculino; a era futura pressupõe dois olhos bem abertos na mesma pessoa: o masculino e o feminino.

António da Cunha Duarte Justo

© “A Fórmula Trinitária do Mundo e da Vida”, Kassel 2008

A MULHER DESPERDIÇA AS SUAS FORÇAS EM FAVOR

DO MUNDO MASCULINO

Equilíbrio das forças da extroversão e da introversão

António Justo

A mulher de hoje corre o perigo de se esgotar ainda mais do que ontem. Corre mesmo o perigo de desperdiçar a sua feminidade para aceder e dar resposta às necessidades dum mundo masculino e masculinizador que, em nome da igualdade e da técnica, se serve do Direito contra a Natureza para a dominar sem a respeitar. Tal como os agricultores se faziam proletários industriais na revolução industrial submetendo-se à disciplina da escola, também a mulher é hoje aquartelada e arregimentada para os campos de batalha, imprescindíveis às conquistas masculinas.

Sem a luta de competição os galos não teriam direito ao poleiro, a um lugar de relevo masculino, no galinheiro. Mobilidade, honra, violência, coragem, espírito de luta, gosto do risco, potência e corporalidade, concorrência, trabalho, auto-controlo, sucesso, pensar dedutivo e linear, são características mais masculinas, enquanto que a mulher tem mais compreensão, criatividade, intuição, realismo, dedicação, sentido de família, espírito protector, abertura, pensar indutivo e global. Se a mulher tem a vantagem de ser mais ligada ao ciclo da lua o homem está mais condicionado ao ciclo do sol. Naturalmente que as qualidades dum pólo condicionam também as do outro.

A mulher vê melhor ao perto do que ao longe e o homem vê melhor ao longe do que ao perto. Ele foi habituado à caça e ela à recolecção e ao cuidado dos filhos. A sociedade moderna exige dela cada vez mais actividades profissionais estranhas ou não adaptadas ao seu ser.

Continuamente interrompida e com milhentas coisas para fazer, a mulher não tem tempo disponível para si. A diversidade de afazeres leva a mãe à desconcentração e dispersão. Os deveres são de tal ordem que não lhe resta tempo para si. Também por isso, na velhice, com uma reforma mínima, tem de continuar a lutar pela sobrevivência. A dispersão de interesses, de obrigações e a quantidade de ocupações não deixam ser a mulher o que ela poderia ser. Ela é um espaço desprotegido com actividades de carácter operário fac totum. A sua força criativa dispersa-se. A sociedade exige dela uma vida distraída, uma vida de entremeio. Interlocutora e agenda de tudo e todos. Um sistema económico esfalfante, exige do empregado a concentração total na profissão e na actividade. Neste mundo masculino a mulher encontra-se muitas vezes dividida entre os dois lugares de trabalho: casa e emprego. O homem ignora, muitas vezes, o trabalho de casa, ou considera-o como esquisitice da mulher, de que se desobriga. Ele, pelo facto de tanto olhar para a floresta, não chega a notar as árvores mais próximas. Trata-se portanto de homem e mulher, para evitarem cair na parcialidade da visão da presbitia ou da miopia, integrarem, em si mesmos, os dois olhares.

Quanto menos necessidades temos, mais livres somos. Por isso o segredo da libertação começa aqui pela redução, nos vestidos, nos trabalhos, nas visitas, nas obrigações. Marta, Marta, Maria escolheu a melhor parte! Quantas vezes nos sacrificamos, para alimentar convenções ou hábitos frustrantes ou para agradar a alguém que também anda no mundo por ver andar os outros. A vida deixará de ser talvez tão cómoda para o homem mas passará a ter maior qualidade para os dois.

O equilíbrio está entre actividade e repouso, entre extroversão e introversão, entre força centrífuga e centrípeta. Alienação é a negação do próprio centro. Para amamentar é preciso primeiro alimentar-se a si mesma, encher os vazios da própria fome. Para isso precisa de criar um espaço em si, dum quarto só para si, dum tempo só para si, duma meditação para, imperturbada, se reencontrar e olhar para dentro de si e para aquilo que a determina à sua volta. Doutro modo a gritaria da vida, dos filhos, do marido, do dever e dos hábitos tornam-se tão fortes que não deixam espaço para a própria pessoa. Uma pessoa é vivida sem viver!

António da Cunha Duarte Justo

© “A Fórmula Trinitária do Mundo e da Vida”, Kassel 2008

antoniocunhajusto@googlemail.com

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Bilinguismo – A Vantagem de Ser Diferente


De crianças binacionais a crianças biculturais / inter-culturais

António Justo

Muitas vezes, as crianças filhas de imigrantes são intituladas e definidas na subcategoria de “Estrangeiros”. São, assim, colocadas numa situação discriminatória e coerciva entre os outros, a maioria.

Esta situação pode fomentar sintomas de fobia e irregularidades na vivência do dia a dia. Na minha actividade profissional com crianças bilingues conheço casos de recusa e até de mutismo. Referir-me-ei mais a casos relativos ao Português e Alemão, dado ser este o meu campo de acção (professor de crianças bilingues de origem portuguesa, brasileira ou angolana).

A heterogeneidade demográfica da Alemanha, onde aproximadamente 9% da população é estrangeira, deve ser tida mais em conta no processo educativo.

É muito importante a criação de espaços, de lugares naturais da língua portuguesa.

Casamentos mistos

A frequência do Ensino do Português é essencial para o alargamento e complementação cultural especialmente para filhos de casamentos mistos. Os dois pólos culturais deverão ser apreendidos pela criança numa atmosfera do respeito da relação bicultural entre os parceiros. As duas culturas devem tornar-se nas duas traves mestras, nas duas colunas que suportam o projecto educativo bicultural. Uma cultura tem características específicas (valores) que a outra não tem.

Se uma cultura não for bem tratada e bem considerada, a criança poderá mancar pela vida fora e envergonhar-se duma parte do seu ser de cidadã. Por isso se encontram cientistas que problematizam a biculturalidade como um conflito a acrescentar no desenvolvimento da criança. Estes defendem que a criança deve ser iniciada apenas numa língua materna base para poder adquirir um desenvolvimento máximo da sua personalidade e das suas capacidades linguísticas e cognitivas. Estes adversários afirmam que a aprendizagem de duas línguas constitui uma exigência demasiada para a criança e conduz a um atraso no desenvolvimento de cada uma das línguas. Na realidade o desenvolvimento da língua é individualmente muito variável. Facto é que os bilingues se movimentam dentro do âmbito da norma. Esta visão está já ultrapassada e refutada por uma investigação mais séria, a não ser que as duas línguas faladas em casa o sejam sem nível nem estrutura.

Na literatura sobre bilinguismo domina a opinião de que a aprendizagem simultânea de duas línguas não prejudica a aprendizagem nem a socialização da criança, pelo contrário. As pesquisas mostram que há vários ritmos de aprendizagem dependendo eles de criança para criança, independentemente do bilingue ou monolingue. As deficiências linguísticas inerentes à aprendizagem recuperam-se no ensino Básico.

Experiência e Estratégias

Em casa a minha esposa fala sempre alemão com os filhos e eu falo português… Assim a criança já se orienta automaticamente: uma pessoa uma língua. Até à entrada no jardim-de-infância a criança responde automaticamente em português ao pai e em alemão à mãe.

A partir da entrada da criança para o Jardim-de-infância são necessárias estratégias especiais para que a fala não sofra porque a língua dominante tende a excluir a outra. Neste caso pode recorrer-se à funcionalidade, escolhendo a frequência de determinados meios onde ela se fale e estratégias específicas em casa. No caso de pais estrangeiros, seria normal que, em casa, se falasse a própria língua ou planear encontros regulares gratificantes onde se fale a língua paterna. É relevante falar-se uma língua com bom nível e com vocabulário rico. O nível do ambiente frequentado também é relevante para a consciência da importância da língua.

O areal cerebral da língua materna e paterna

É importantíssimo que a criança oiça e fale as duas línguas até aos três anos porque até aí o cérebro elabora um espaço específico onde localiza a língua materna, possibilitando uma diferenciação e a não interferência das línguas. Este sector cerebral da(s) língua(s) materna(s) começa-se a fechar a partir dos três anos.

A Kernspintomographie funcional mostra que a partir dos três anos já entram outras partes do cérebro para gravar e gerar língua. A confrontação das crianças com as duas línguas constitui um treino fisiológico do cérebro: capacidade da identificação da diferenciada fonética, etc. No primeiro ano de vida o bebé é muito sensível à melodia e muito receptivo à variedade de sons registando-os na malha cerebral onde os sons se registam. A dificuldade que muitas pessoas têm na exactidão da fonética deve-se a ter ouvido esses sons mais tarde.

Também é possível a aprendizagem duma terceira língua, importante é que o falante seja original que fale língua materna, ou a língua do coração.

As crianças bilingues são mais inteligentes

O problema da opção por uma língua materna, como ponto de partida desvantajoso para a aprendizagem, carece de base científica atendendo a que há muitos outros factores que fogem às investigações científicas ou melhor, que não são integrados nelas. Muitas crianças crescem em meios deficitários a nível de língua e cultura: emigração muitas vezes falando dialecto…Isto condiciona o resultado das investigações.

Em comparação com monolingues, os bilingues chegam a apresentar maior nível de competência social e emocional-cognitiva. As capacidades empáticas e a abertura ao novo tornam-se normalidade.

A actividade cerebral da criança bilingue foi já cedo confrontada com processos mais complexos na sua aprendizagem.

A aprendizagem das duas línguas traz muitas vantagens. Até aos três anos de idade o cérebro da criança é como uma esponja, muitíssimo receptivo. A aprendizagem da língua transmite não só informações, mas sentimentos, cultura e outros conteúdos não verbais. Importante é que quem fala a língua não fale uma língua estrangeira mas uma língua do coração.

A ciência regista uma relação positiva entre inteligência e bilinguismo. Bilingues misturam por vezes os idiomas mas logo que se encontram num ambiente monolingue já não misturam. Eu mesmo pude observar esse fenómeno na escola. Problemática é a situação daquelas crianças que crescem num meio onde se fala uma mistura espontânea de duas línguas. As crianças correm então o perigo de semilinguismo, não falando nenhuma língua bem, passando a interferência linguística a ser regra durante bastante tempo.

Investigadores provaram que bilingues aprendem mais facilmente o inglês. Na parte cerebral que elabora a língua também se encontra o areal cerebral para a memória do trabalho e o areal para a solução de problemas. Com o treino das línguas estes areais também são treinados. Uma outra vantagem, segundo investigações científicas, é o facto de bilingues reagirem em menos tempo. É muito importante que as crianças aprendam as línguas brincando e com afectividade positiva.

Necessita-se por isso da criação de espaços protegidos para a criança onde esta possa experimentar a mais valia da sua situação. Não se trata de aprendermos a ser portugueses, brasileiros ou alemães, mas de aprendermos a tornar-nos seres humanos abertos.

A criança e as suas culturas precisam de ser defendidas e positivamente apreciadas pelo ambiente, pormenor a que os educadores deverão prestar atenção especial.

É também relevante a posição dos pais no que respeita às vantagens ou desvantagens da educação bicultural. Se um parceiro é do parecer que a aprendizagem de duas línguas é prejudicial à criança, esse facto torna-se por ele mesmo um factor negativo da aprendizagem.

O processo educativo é um processo de integração da criança a vários níveis e perspectivas.

Na Alemanha, uma grande percentagem das crianças estrangeiras, depois do 9° e 10° ano, não se encontram preparadas para ingressar numa formação profissional, segundo os resultados PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Principalmente as crianças turcas que vivem em Gueto são as vítimas da vida familiar, cultural e política vivendo num isolamento, em grande parte querido, o que fomenta a existência de sociedades paralelas. O fanatismo religioso e nacionalista cria muita criança vítima e deadaptada.

Com os portugueses observa-se o fenómeno contrário. Assimilam-se sem deixar rasto, o que também não é bom.

O Português embora consciente de si tem uma tendência a considerar o que é estrangeiro melhor que o nacional. Isto tem a ver com a experiência inter-cultural e com a tradição migratória de povo sempre obrigado a emigrar. Nesse sentido seria interessante fazer-se um estudo relativamente a maneiras de dizer portuguesas que manifestam um certo antagonismo entre admiração e menosprezo pelo nacional, e uma consciência internacional, como se pode ver em: “Ver-se grego”, “isto é chinês”, “trabalhar como um mouro”, “isso é uma americanice”, “é como o espanhol” mexe no que não deve, “é para inglês ver”, “vive à grande e à francesa”, no regatear “é pior que os marroquinos”…E se a coisa corre mal, então “é à portuguesa”.

Na Alemanha observa-se contudo grande interesse pela frequência da língua materna portuguesa, ao contrário do que acontece na França. As próprias crianças portuguesas comentam a triste figura que as crianças filhas de portugueses residentes na França fazem nas férias em Portugal não podendo comunicar na língua de seus pais.

Na observação da minha actividade com os meus alunos posso dizer que aqueles em cujo meio os pais falam o alemão em casa ou uma mistura espontânea sem método, esses alunos têm muita dificuldade em aprender o português e exprimem-se como se tratasse duma língua estrangeira. Alguns têm dificuldades também na disciplina de alemão.

Observei uma constante. Geralmente os pais falam consequentemente o português em casa enquanto que muitas mães, a partir do momento em que o filho entra no jardim infantil ou na escola procuram falar alemão com os filhos ou mistura. Talvez na tentativa de aperfeiçoarem o seu alemão ou até de serem corrigidas. Isto é muito problemático. É natural que a criança que entra na escola ofereça resistência e queira falar o alemão em casa porque não nota a sua relevância no meio em que vive.

Há crianças que se negam a falar a língua materna, até ao mutismo. Se a criança recusa falar o português não a devemos forçar. Pai e mãe deveriam falar com ela só português.

A sociedade deveria fomentar os recursos que os bilingues trazem.

A existência de associações portuguesas como pontos de referência, onde se proporcione o encontro de crianças e jovens portugueses é uma riqueza a promover. Também a promoção de associações bilingues e grupos pré-escolares onde se promova o intercâmbio intercultural. A precariedade financeira de iniciativas e projectos deveria ser compensada também pelo estado português e pelos departamentos de cultura, conselhos de estrangeiros, etc. Neste sentido deveriam os ministérios elaborar um projecto de política cooperativa com as associações, também no sentido do ensino de português.

A melhor altura para a aprendizagem automática da língua e cultura é o período de vida que vai até ao sexto ano de escolaridade. Deve para isso criar-se espaços onde se aprenda a língua portuguesa por imersão.

Problema de motivação da criança. Neste caso os grupos conscientes consumidores de cultura deveriam iniciar esforços no sentido de criarem espaços da língua portuguesa integrados por participantes dos países de língua portuguesa. Importante porém é a possibilitação da criança se tornar ela mesma. O incentivo terá que ter em conta a vontade da criança. Se o ambiente é natural não haverá problemas.

Em Berlim e em Frankfurt Munique há iniciativas (associações de brasileiros, portugueses e alemães) no sentido de fomentarem uma educação bilingue a nível pré-escolar. Entre mães mais novas e conscientes – nas zonas onde lecciono – observo que estas criam iniciativas onde se joga, canta e dança à portuguesa. Isto é muito importante…

Resumido

Uma educação adaptada às crianças em situação bicultural terá que ter em conta uma preocupação especial dos progenitores já antes do nascimento da crianca.

Assim, no caso de casamentos mistos:

Pai e mãe devem falar, desde o primeiro momento, os dois idiomas segundo o princípio: “Uma pessoa – uma língua”.

É importante não obrigar a criança a falar mas recorrer a processos indirectos de a interessar, não desistindo de falar a língua mesmo que a criança se negue a usá-la.

Importantíssimo o aspecto emocional dos representantes das línguas no seu dia a dia entre si e com a criança.

A língua falada, diferente da língua ambiental geral deve ter espaços próprios onde a língua falada seja também experimentada em ambiente de maioria com as características culturais próprias com o jogo, danças, músicas, futebol, filmes, e outras referências culturais.

O prestígio da língua, da cultura é determinante para o processo da sua aprendizagem. Aqui tornam-se muito importantes os testemunhos da mesma: o papel dos pais e dos educadores. O carácter e relação dos multiplicadores ir-se-á projectar na maneira como a criança valorizará ou desvalorizará inconscientemente a determinada língua ou cultura. Uma criança que só visite pessoas e situações carentes não poderá receber nem boa impressão da sua cultura nem motivação para a seguir.

A reacção apropriada à renúncia duma criança por um determinado idioma deve ser uma atitude compreensiva e uma maior dedicação afectiva à criança.

Mesmo no caso de divórcio a criança não deve ser privada dos seus vínculos culturais e afectivos.

A oferta de duas línguas à criança desde o princípio são factores muito positivos parta o desenvolvimento psicológico e escolar como têm provado as investigações científicas dos últimos anos.

Deve evitar-se um falar mistura das duas línguas. Isto conduz ao semilinguismo.

©António da Cunha Duarte Justo

“Pegadas do Tempo”

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BILINGUALIDADE – UM CAPITAL CULTURAL

Que língua falar em casa?

António Justo

Numa Europa cada vez mais inter-cultural, por razões económicas, políticas e demográficas, habituámo-nos a viver nas mais diversas situações de comunicação. Os grupos étnicos de menor relevância numérica encontram-se, muitas vezes, sujeitos às leis da inércia ou abandonados à lei do mais forte, deixando-se assimilar totalmente pela cultura dominante, enquanto que outros (turcos), por razões históricas, de religião e de cultura, reagem alergicamente a uma integração mesmo comedida, fechando-se por vezes em guetos impermeáveis.

Esta problemática é bastante crassa na Alemanha pelo facto da questão migrante não ser objecto da discussão intelectual e política sendo apenas mencionada à margem, no âmbito da assistência social ou nas cervejarias. Uma relação descomplexada e consciente, entre a cultura da maioria e as culturas minoritárias, traria mais proveito para todos.

Os portugueses terão que fazer esforços no sentido duma acção coordenada a nível de instituições, de associações e de multiplicadores para se afirmarem, sem se imporem, conscientes dum património cultural e vivencial rico que, a perder-se, constituiria um empobrecimento geral da sociedade de que fazem parte.

Seria de desejar que as crianças com raízes portuguesas continuassem a crescer num ambiente bilingue e, portanto, aprendessem a língua portuguesa e a língua alemã, francesa etc, conforme o país em que se encontrem. O mesmo se diga para o caso dos casamentos mistos. Destes é de esperar maior consciência da importância da transmissão de duas culturas, isto é, de uma maneira diferente de estar no mundo. A formação bilingue deve ser introduzida a partir do nascimento da criança, pelo facto da capacidade de aprendizagem duma língua ser inversa à idade.

É verdade que a criança, até aos dois anos reproduz palavras, misturando as duas línguas; com o tempo porém surge a diferenciação e a partir dos dois anos já separa os dois códigos e a partir dos três anos e meio passa a distinguir os dois mundos.

A aquisição das línguas acontece em diferentes situações, seja ela movida pela necessidade de comunicar com os companheiros de jogo ou com as famílias, obedecendo sempre a diferentes regras e pressupostos. Esta aprendizagem situacional variada é muito proveitosa para a aquisição de outras línguas.

A aprendizagem posterior duma língua (na escola) dá-se segundo o filtro inicial das primeiras línguas. O bebé aprende já no primeiro ano de vida a variedade de sons que facilitará a expressão futura. Facto é que quanto mais complexa for a língua mais possibilidades abre, mesmo até cerebralmente.

Personalidade enriquecida, aberta e reflectida: uma outra forma de ser e de estar

Para nos darmos conta da importância do assunto torna-se necessário reconhecer a dependência e a correlação que há entre pensamento, linguagem e estrutura social.

A personalidade do bilingue é diferente da do monolingue. Enquanto que as referências e estruturação do monolingue se processam duma forma mais estática e modelar, no bilingue é mais processual, mais dinâmica e diferenciada. O bilingue, mais que ter ou estar, ele acontece em relação.

Ser bilingue é ser-se processo, processo na mudança, não é ter duas línguas mas viver em duas línguas, em dois mundos, navegar noutros espaços; é ter vistas mais rasgadas, outras perspectivas do mundo, é participação mais livre, conhecimentos dinâmicos; é viver amando, aceitando o outro como ele é, aberto para comunicar, dar e receber… comunicar-se como forma de vida; é uma nova mundivisão onde não há modelos fixos em que instituições e valores passam a ser referenciados e portanto relativizados para mais se poder ser; é viver em mais que uma existência. Numa palavra, o bilingue tem uma personalidade multi-dialogal cuja forma de ver e sentir é multi-referencial, referencial, processual – dinâmica, já não é tão estática e “subordinada”como a do monolingue mais local.

O bilingue encontra-se, mais cedo que o monolingue, na necessidade duma relação de se tornar mais sujeito e menos objecto das tradições e sistemas que o vão forjando. De facto tem de superar a tensão sociedade da sociedade de envio e da sociedade de acolhimento. Uma sociedade de acolhimento que já é capaz de integrar e aceitar lésbicas e homossexuais tem que ser capaz de integrar o diferente, o estranho… Para isso, temos de nos tornar conscientes que a diferença é a lei mais verificada na natureza.

Problematização

Os cientistas têm escrito muito sobre a questão do bilinguismo, chegando por vezes a resultados contraditórios. Há cientistas que recomendam que se fale com a criança a língua que se domina; significando isto que nos casos de casamentos mistos (português – alemão) um cônjuge fale o português e o outro o alemão. Outros chegam mais além desproblematizando o processo de aprendizagem, defendendo mesmo a mistura segundo as situações.

Ao contrário os puristas/nacionalistas, principalmente no passado, apontavam para o problema de se originar uma língua mistura, chegando mesmo a falar de analfabetismo nas duas línguas ou da falta duma identidade étnica ou mesmo do perigo duma dupla personalidade da criança. Facto é que esta opinião nunca foi comprovada científicamente. Muitas vezes esta visão tem um carácter ideológico e remonta aos constructos nacionalistas do século dezanove.

Importância da aprendizagem da língua dos pais/avós nos primeiros anos

Nas famílias em que a língua falada é puramente portuguesa ou mesmo de mistura, a criança terá esta língua como materna e falá-la-á em casa até aos três anos. Com a entrada no Jardim Infantil o alemão passará a dominar e a acentuar-se cada vez mais socialmente, mesmo que os pais falem só português em casa.

Nos primeiros anos da infância a criança tem grande capacidade de absorção das duas ou mais línguas sem dificuldade.Com o desenvolver dos anos a dificuldade aumenta. Dadas as capacidades das crianças na primeira infância para aquisição de várias línguas (até aos 6 anos), seria um roubo à criança se esta fosse privada duma das línguas. É natural que a vida nem sempre permite fazer o que seria melhor; se pessoalmente nem sempre se tem a disposição para falar o português, as duas línguas, podemos socorrer-nos de estratégias supletivas, ligando mais os avós nas relações com a criança, criando mais encontros com famílias portuguesas, frequentando mais os centos portugueses, interferindo mais na programação das suas actividades e planeando mais férias em Portugal.

No caso de casamentos mistos penso ser de muita importância que cada um dos pais fale a sua língua materna deixando a oportunidade e liberdade à criança de se expressar na língua que quiser. O facto de um cônjuge falar sempre o português leva a criança a interiorizar o português, embora o não use no dia a dia como língua de expressão.

O português transmitido nos primeiros anos de vida, embora limitado a relações gregárias, tem imensa importância no desenvolvimento; é muito relevante para o desenvolvimento psicológico, intelectual e social da mesma. Constitui um capital cultural e uma herança muito rica com imensas consequências gratificantes para o futuro e para a personalidade da criança.

Ensino da Língua “materna”

A inscrição das crianças nos cursos de Língua e Cultura Portuguesas é essencial para o alargamento da competência comunicativa. Esta deve ser aprofundada e reflectida nos seus aspectos de competência sociolinguística, sócio-cultural, de competência estratégica, discursiva e de competência empática.

Conscientes da importância da língua e da cultura dos pais para as crianças, os Estados federados alemães instituíram, desde 1968, o Ensino da Língua Materna no seu currículo escolar com uma componente lectiva de 3 – 5 horas lectivas semanais. É reconhecida grande importância à aquisição da língua dos antepassados, por razões socio-pedagógicas, psicológicas e económicas.

Todos os bilingues deveriam ter a oportunidade de ter uma formação bilingue. Uma educação inter-cultural deveria ser possível em todas as escolas e para todos os alunos. Os bilingues serão os mais preparados para manter a relação e estabelecer pontes entre gerações e culturas. É preciso incentivar-se a motivação. É compreensível a relutância que muitas crianças apresentam perante a aprendizagem do português, atendendo à sobrecarga que significa e a concorrer com actividades imediatamente gratificantes.

A língua portuguesa, tal como outras línguas de culturas minoritárias em diáspora, está sujeita a preconceitos criados pela cultura dominante sendo, além disso, uma língua falada reduzida ao ambiente familiar o que contribui para preconceitos que poderiam ser desfeitos através da frequência da língua materna.

Por vezes os pais deixam-se impressionar pela pressão de professores alemães, que, em alguns casos, aconselham os alunos a não frequentarem o Ensino da Língua “Materna”, ou porque os pais não querem sobrecarregar os filhos com as aulas de português, ou ainda porque os filhos preferem ter a tarde livre tal como os colegas alemães.

Se é verdade que, muitas vezes, a criança não tem a mesma competência linguística nas duas línguas, apresentando problemas numa delas, isso não quer dizer que deva abandonar o português seja este a língua forte ou a língua fraca.

Pais desinformados não inscrevem os filhos na escola logo na primeira ou segunda classe tornando-se depois cada vez mais difícil inscrevê-los. Se é verdade que a criança no primeiro ano deve ser alfabetizada no alemão, também é verdade que ela, ao frequentar, simultaneamente, a escola portuguesa, começa logo a ter a experiência duma aprendizagem estruturada da língua, se bem que a princípio, apenas oralmente e através de jogos, imagens e de desenhos. Possibilita-se-lhe assim a experiência duma diferente forma de estar no mundo, ao comunicar e brincar com os companheiros da “escola portuguesa”, sendo isto muito importante para a socialização e aquisição de hábitos nos verdes anos.

Enquanto as elites estrangeiras, conscientes da importância da formação inter-cultural, (por exemplo: os japoneses) criam escolas privadas pagando bem para que a sua língua e cultura sejam transmitidas aos seus filhos, observam-se pais distraídos que, embora com ensino gratuito, não se preocupam com a escolarização dos filhos no português.

Para todos aqueles que podendo, sem grande esforço, usufruir do ensino do português gratuito não recorrem a ele, a não inscrição dos filhos na escola constitui um atestado de pobreza de espírito. Não se trata de elevar o português aos cornos da lua pelo facto dele ocupar o quinto lugar das línguas mais faladas do mundo mas de se cultivar, organizar e planear indirectamente o futuro proporcionando perspectivas à vida dos filhos.

Devo dizer que, nas zonas onde ensino o português, tenho deparado com grande interesse. Quase a totalidade dos pais portugueses envia os seus filhos às aulas de Língua Materna, ficando embora a escola, para muitos a 20 quilómetros de distância. Isto prova o interesse e consciência dos encarregados de educação em perfeito contraste com políticas de ensino tendentes a acabar com o ensino da Língua materna para o tornarem apenas acessível a alunos liceais (do Gymnasium) onde a concentração populacional escolar e a procura no respectivo liceu o permitir. (Esta é uma política ilusória desconhecedora da realidade alemã, tendente a acabar com o português pela raiz e abandonando infra estruturas que precisariam sim de revitalização).

Situação a evitar

É fatal adiar a inscrição das crianças nos Cursos de Português. A inscrição deve ser feita o mais cedo possível.

Há crianças cujo contacto com o português se processa pela negativa. Isto dá-se nos casos em que alguns pais, falando habitualmente o alemão em casa com os filhos, em casos conflituosos usam o português apenas para ralhar ou castigar. A criança passa assim a ter uma experiência muito parcial do português, associando-o à negatividade além de o não experimentar como veículo normal de comunicação. Nestas condições a criança não pode ter nenhuma motivação para aprender o português.

Há encarregados de educação que para aprenderem o alemão deixam de falar o português optando por um alemão macarrónico, habituando a criança a estruturas de língua não correctas.

Vantagens do bilinguismo

Uma plurilingualidade viva constitui um enriquecimento para a personalidade aos mais diversos níveis. De facto dá-se uma relação enriquecedora e mútua entre funções da língua e funções cerebrais. Uma pessoa, que desde a primeira infância fale várias línguas, activa, de maneira particular, os centros da língua no cérebro e interliga várias funções cerebrais, dado as acções da língua se armazenarem nos dois globos do cérebro.

O domínio de línguas facilita também a aquisição dos outros idiomas; além de alargar a riqueza fonética específica e a melodia das línguas, capacita a pessoa para novas visões da realidade, para a diferenciação e reconhecimento da diferença. Também se potencializa o aproveitamento escolar da criança.

Crianças bilingues orientam-se de maneira diferente das crianças monolingues. As bilingues aprendem cedo a diferenciar situações e a posicionar-se situacionalmente. Elas têm de desenvolver mais estratégias de expressão adquirindo assim competências contextuais, de conexão bem como competências meta-línguísticas (que vão mais longe do que a língua, como aspectos neuro-psicológicos etc.). A bilingualidade promove, além do mais, o desenvolvimento de competências de interacção cultural

Os pais não podem abdicar da sua missão caindo num laissez faire irreflectido. Para o desenvolvimento posterior da língua é responsável a escola. A semente tem porém de ser lançada pelos pais/avós. É urgente capacitar os jovens a poderem viver e expressar-se nos dois mundos. Deste modo capacitamos os nossos educandos a maior reflexão e o refúgio em vários mundos. O bilinguismo, o trilinguismo serão realidade numa Europa do futuro. Numa Europa multi-étnica, o domínio de línguas abre muitas chances culturais e económicas.

É preciso criar-se o espaço da Língua Portuguesa como o espaço de existência de formas e experiências vitais diferentes com muito espaço para a liberdade e criatividade onde se aprende o afecto na relação autêntica e verdadeira. Neste sentido têm que se empenhar pais, associações, estado, multiplicadores, RTPi etc. A RTPi tem que repensar os seus programas que normalmente “espantam” a criança bem como pessoas de espírito jovem ao serem confrontadas com programas de conversa ou melo-saudosistas /futebolísticos voltados apenas para um tipo especial de emigrantes.

António Justo

(Professor de Língua e Cultura Portuguesas na zona de Kassel e docente de Português na Universidade de Kassel), Maio de 2001

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BILINGUALITÄT

Bilingualität (Bilingualismus), Vortrag von António Justo im Düsseldorf am 4.11.06

Liebe Anwesende

Liebe Vertreter von Erziehung, Kirchen, Gewerkschaft und Politik

Ich freue mich bei euch zu sein und als Gast bei der Deutsch-brasilianischen Gesellschaft zu sein.

Geehrte Frau Dr. Stella-Maris und Frau Dr. Andrea Dahme-Zachos, vielen Dank für Ihr Engagement und Ihre Bemühungen.

Einleitung:

In meinem Vortrag stütze ich mich auf die eigene Erfahrung und auf wissenschaftliche Ergebnisse über Bilingualität. Ich konzipierte ihn als Handlungsanleitung und Anregung für ein gemischtes Publikum.

Die Bedeutung der Bilingualität in einer zunehmend interkulturellen Gesellschaft wird besonders den Schulen sowie Migranten und kulturell gemischten Ehepaaren immer bewusster.

„Meine Heimat ist meine Sprache“ sagte der Dichter Fernando Pessoa, der selbst bilingual war. Man könnte dies noch konkretisieren: meine Heimat sind meine Familie, meine Freunde, auch wenn man ein Dissident bleibt mitten in der Welt…

Persönliches: Ich bin monolingual als Portugiesisch-Sprechender aufgewachsen. Danach lernte ich 7 Sprachen dazu. Ich erwarb die Diplome der Philosophie in Lissabon, der Theologie in Deutschland und der Erziehungswissenschaft in Portugal. Ich begegnete mehreren Kulturen und tauchte in verschiedene Welten ein (Familie, in mehreren Gegenden Portugals, Frankreich, Deutschland, Jugendliche, Politik, Religion, Ausländer, Frau und Kinder). Seit fast 27 Jahren bin ich Lehrer für muttersprachlichen Unterricht in Portugiesisch und unterrichte zurzeit portugiesisch an de Uni.

Meine Frau Carola und ich haben uns von Anfang an bemüht, eine Grundlage für Bilingualität zu schaffen. Zu Hause sprachen wir Deutsch miteinander, ich aber mit den Kindern Portugiesisch. Sie antworteten in den ersten Jahren auch auf Portugiesisch und später antworteten sie auf Deutsch. Dann gingen sie auch zum muttersprachlichen Unterricht. Heute beherrschen sie die portugiesische Sprache in Wort und Schrift. In den Ferien in Portugal wird die Schwachsprache für sie von einer Minderheitensprache zur Mehrheitsprache. Der Wechsel erfolgt problemlos. Wir alle sind zufrieden damit. Vielleicht würde unser jüngster Sohn David lieber vom muttersprachlichen Unterricht in Portugiesisch befreit werden, aber, weil das Leben auch Pflichten und Disziplin beinhaltet, macht er kein Aufstand, wenn er in die „Portugiesische Schule“ geht.

Liebe Anwesende, die Bilingualen sind in einer privilegierten Lage und haben eine große Verantwortung. Die Aufgabe ist nicht nur, unterzutauchen in einer anderen Sprache, sondern in ein Bewusstsein, in einen Ozean der Kulturen, der die andere Kultur erschließt und dabei zu einer neuen Dimension des Bewusstseins hinführt, d. h. von einem perspektivischen zu einem aperspektivischen Weltbild. In diesem Sinn empfehle ich Ihnen, sich mit Fernando Pessoa zu beschäftigen, der ein typisches Beispiel eines bilingualen Talents ist. (Beckett, Ionesco, Canetti, Chamisso, Conrad). Fernando Pessoa: (Zweisprachig: Portugiesisch-Deutsch): „Alberto Caeiro Dichtungen, Ricardo Reis Oden“ bei Fischer. Fernando Pessdoa,(Zweisprschig: Portugiesisch-Deutsch, Englisch-Deutsch): „Esoterische Gedichte, Mensagem, Englische Gedichte“, Fischer. Fernando Pessoa, / Álvaro Campos, Poesias*Gedichte, Ammann Verlag

Motivation: Für Kinder, die in unserer immer stärker globalisierten Welt mehrsprachig aufwachsen, bietet z. B. die EU ein enormes Potential, besonders auf dem Gebiet der Kultur und der Wirtschaft. Ihre Förderung durch Staat und Gesellschaft sollte selbstverständlich sein. Die riesige Nation Brasilien bietet unendliche Möglichkeiten, auch für diejenigen, die die portugiesische Sprache lernen, besonders für Bilinguale. Dabei nicht zu vergessen die Gemeinschaft der portugiesisch sprechenden Geschwisterländer. Alle diese Gebiete sind menschlich, wirtschaftlich und kulturell eine Fundgrube. Wie damals die Portugiesen, so brauchen wir auch heute neue Entdecker, Entdecker und Förderer des Geistes. Damals sagten die Portugiesen: Wir haben neue Welten der Welt gegeben. Heute wäre es sinnvoll für uns bilinguale Familien zu sagen „ wir geben neue Menschen der Welt“. Machen wir von der Bilingualität eine Berufung. Ja, wir brauchen eine neue Welt mit einem neuen Bewusstsein und damit eine neue Ausdrucksform von Sprache… Die Kinder sind noch nicht verdorben.

Ein Medium und ein Instrument zu einem neuen Bewusstsein ist die Sprache.

Die zweisprachige Erziehung ist nicht einfach, wenn man bedenkt, dass sie ein Entgegenwirken gegen die Entropie, d. h. die Trägheitskraft bedeutet; das Kind fällt dann der Bequemlichkeit der Eltern zum Opfer. Die Bilingualität ist nicht selbstverständlich in einem einsprachigen Milieu, das Resistenz und Vorbehalte hat gegenüber den Mehrsprachigen.

Die Bilingualität in der Wissenschaft:

In der Fachliteratur benutzen unterschiedliche Forschungsansätze verschiedene Kriterien, um zu definieren, was Bilingualität ist, daher gibt es keine verbindliche Definition von Bilingualität. Einige unterscheiden zwischen “natürlichem Bilingualismus” (von Anfang an), dem “Additiven Bilingualismus ” (späterer Erwerb) und dem “Subtraktiven Bilingualismus “(Mischform der Zweisprachigkeit).

Man spricht auch von simultanem Bilingualismus (Frühe Zweisprachigkeit: 2 Muttersprachen, vgl. Wilhelm Grießhaber, 1996) wenn der Erwerb von zwei Sprachen vor dem 3. Lebensjahr stattfindet. Sukzessiver Bilingualismus ist der Erwerb einer zweiten Sprache nach dem 3. Lebensjahr (Oft bei türkischen Kindern, die dann im Kindergarten besondere Strategien brauchen). Verteidiger dieser Praxis führen das Argument des negativen Einflusses auf die kognitive und sprachliche Entwicklung an, die zu Semilingualismus führen würde. Der getrennte Spracherwerb, also erst nach dem 3. Lebensjahr hat aber nicht die Früchte getragen, die die sukzessiven Bilingualisten sich erhofft haben.

Die Wissenschaft kann nicht auf alle Probleme eine einhellige Antwort geben und lässt viele Wege offen, manchmal ist sie sogar widersprüchlich. Und das ist gut so. Das Leben ist Problemlösung. Das Gelingen von bilingualem Spracherwerb hängt von vielen Faktoren ab: Nach Klein (1985) hängt dies vom Sprachvermögen ab (Artikulation, Gedächtnis, Kontext Wissen), vom Zugang (Fähigkeit zur Rezeption von Sprache, und Möglichkeit zum Sprachkontakt) und vom Antrieb (Bedürfnis nach Kommunikation und sozialer Integration, Einstellung zur Sprache und ihrem Sprechen). Natürlich sind dazu wichtige Faktoren auch die Einstellung, Motivation, und das Sozialprestige beider Sprachen.

Es wird erkannt, dass die kognitive und sensomotorische sowie soziale Entwicklung des Kindes zu einem bestimmten Grad und Zeitpunkt Schrittmacher der Sprachentwicklung ist (Katharina Meng 1994). William P.Preyer sagt dass die erste feste Verknüpfung einer Vorstellung mit einer Silbe oder einem wortartigen Silbenkomplex ausschließlich durch Nachahmung zustande kommt. Der Säugling versteht Gesprochenes viel früher als er selbst die gehörten Laute, Silben nachahmend hervorbringen kann.

K. Bühlers Sprachtheorie ist ein wichtiger Wegweiser für die Handlungstheoretische Linguistik (Psycholinguistik) bezüglich des Verhältnisses von Sprache und Denken. Nach Piaget ist die kindliche Sprache bis 7 Jahre überwiegend egozentrisch. (Wiederholung, Monolog und kollektiver Monolog); die Entwicklung verläuft von der autistischen über die egozentrische zur sozialisierten Sprache und entsprechend vom Autistischen über das Egozentrische zum logischen Denken. Leontjew, Levina, Declacroix erheben Widerspruch dagegen.

Die behavioristische Theorie sieht Spracherwerb als Konditionierung des Kindes durch die Außenwelt nach dem “Stymulus-Response-Reinforcement-Schema (Pavlov). Das Kind hat nur eine passive Rolle (Hans Hörmann1991). Dagegen spricht: das Kind wird unsystematisch und unregelmässig für die richtige Äußerung belohnt.

Trotz umfangreicher Literatur über Erstspracherwerb und Bilingualismus im wissenschaftlichen Kontext gibt es auf diesem Gebiet keine anerkannte Erstspracherwerbtheorie weder in monolingualem noch in bilingualem Bereich, meint auch Edgardis Garlin. Der Forschungsgegenstand setzt Interdisziplinarität in Linguistik, Psychologie, Biologie, Anthropologie, Ethnologie, Soziologie… voraus und eine neue Disziplin: Interkulturelle Kommunikation. Es gibt positive und negative (Vor) Urteile über Bilingualität. Die Fachliteratur von Kanada, Amerika und Belgien beurteilen bilinguale Erziehung positiv. In der deutschen Fachliteratur bis 1950 war das Urteil eher negativ (Edgardis Garlin, Bilingualer Erstspracherwerb, 2000)

Die Psycholinguistik aber erkennt die menschliche Sprachfähigkeit als Anlage zur Mehrsprachigkeit, d.h. die Befähigung Sprachen simultan zu erwerben. Man geht davon aus, dass es im menschlichen Gehirn einen verankerten angeborenen Spracherwerbmechanismus (LDA) gibt. In Kontakt mit der Sprache wird dieser automatisch aktiviert, so dass das Kind automatisch sprechen lernt. Schon 1935 sprach Bloomfeld von Bilingualität im Fall, dass beide Sprachen wie eine Muttersprache beherrscht werden, und, dass das Kind von Geburt an mit beiden Sprachen aufwächst. Man geht davon aus, dass bis zum Alter von 7 Jahren das kindliche Gehirn sämtliche Sprachinformationen – auch alle fremdsprachlichen – einfach und leicht in der Region abspeichert, in der auch die Muttersprache liegt. Erst danach “schaltet” das Gehirn um, und man muss Sprachen wie alle anderen Dinge erlernen, besonders durch “pauken”. Das Alter des Kindes beeinflusst die Art, wie die Sprache erlernt wird, nicht aber die Leichtigkeit, mit der sie erworben wird, meinen einige wie Jochen Rehbein, (1987,“Sprachloyalität in BRD“). Andere sagen: “Wenn der natürliche Zweitspracherwerb vor dem 11. Lebensjahr abgeschlossen ist, verläuft er besonders erfolgreich“. Die Phonetik wird am besten internalisiert bis zum 6. Lebensjahr.

Gegen diese Auffassung sind die, die eine nativistisch-rationalistische Konzeption zugrunde legen, die mit „Sätzen“ über Einzelbeispiele begründen versuchen (Chomsky 1986, Clahsen 1988).

Einige stellen die Mehrsprachigkeit als Problemursache für:

Unvollständiges Erlernen: Mangel bei Schulerfolg bei bilingualen Kindern, Semilingualität ohne Muttersprache

Überforderung und psychische Folgen: Auffälligkeiten in der Entwicklung (Stottern verzögerte Sprachentwicklung, neigen zur Schizophrenie, Entwurzelung…

Oft wird die Bilingualität verantwortlich gemacht für Tatbestände (positive wie negative), die damit nichts zu tun haben. Oft steht auf der einen Seite hinter einer negativen Bewertung eine völkisch-nationalistische Ideologie (eine Sprache, eine Kultur, eine Nation) und auf der andere Seite, bei den Anhängern einer multikulturellen Gesellschaft, eine positive Einschätzung, die die positiven Aspekte (Vorteile) hervorhebt. Es gibt handfeste Interessen für die eine wie für die andere Theorie (Vgl. Sprachenstreit in Belgien, Südtirol, Elsass…).

Was man kontert gegen diese Forscher, ist, dass sie ökonomische und soziale Rahmenbedingungen und Zusammenhänge nicht berücksichtigen. Die ausländischen Haushalte gehören zu 78% der Arbeiterschicht an (im Vergleich: 38% Deutsche sind Arbeiter!) Sie machen ein Drittel aller Kinder aus, die in Deutschland staatliche Hilfe zum Lebensunterhalt (Sozialhilfe) bekommen.

Die differenziertere Forschung kommt zu anderen Ergebnissen:

Die neue Forschung widerlegt die These, dass Zweisprachigkeit eine Quelle kognitiver Retardierung sei. Sie kommt zu dem Ergebnis, dass die Bilingualität kognitive und sprachliche Entwicklung positiv beeinflusst (Susanne Mahlstedt , „ Zweispracherziehung in gemischsprachigen Familien “ , 1996).

Die Beeinflussung der Bilingualität auf die Entwicklung hängt natürlich von verschiedenen Rahmenbedingungen ab. Nach Cummins treten positive Begleiterscheinungen auf, wenn beide Sprachen sehr gut entwickelt sind.

Kinder, die frühzeitig bilingual aufwachsen, können die Sprachen gut trennen und parallel Sprachkenntnisse entwickeln. Entscheidend ist die erworbene grammatische Kompetenz in jeder Sprache. Die Fähigkeiten drücken sich vielfältig aus und verändern sich im Lauf des Lebens. Die bilinguale Erziehung eröffnet Möglichkeiten nicht nur in der Entwicklung, sondern auch für Befähigungen, die später sehr schwer zu erreichen wären.

Der Alltag der Sprache:

Wir alle benutzen die Sprache mehr oder weniger bewusst… Sie sagt auch viel über uns (Einige nuscheln leise, als ob sie damit um Aufmerksamkeiten betteln wollten, andern tönen in die Welt wie Glocken auf einem hohen Turm). Durch die Sprache wurden wir Menschen. Das sollte uns aber von spontanem Reden nicht abbringen. Wir verändern uns mit der Sprache. Da werden Gefühle und Gedanken bearbeitet.

Wann ist jemand bilingual?

Wie dargelegt, gibt es ein Problem der Definition. Man kann sich einigen auf Bilingualität als die Fähigkeit, sich in allen Lebenssituationen mündlich oder schriftlich fließend in zwei Sprachen ausdrücken und verständigen zu können. (Für Diebold, A.R 1964 und Pohl, J. 1965 ist bilingual derjenige, der die andere Sprache versteht).

Selten kommt es vor, dass man zwei Sprachen in allen Bereichen gleich stark in Wort und Schrift beherrscht. Wichtig ist das Bewusstsein der Bilingualität, und das unabhängig von der Definition von Bilingualität und wie man den Alltag organisiert. Eine lockere und ungezwungene Sprachloyalität führt nicht zu Zwangsvorstellungen wie Nationalismus.

Normalerweise gibt es bei Bilingualen eine starke und eine schwache Sprache.

Auf dem Lebensweg hat jeder sein Tempo und sein Fahrzeug, einige gehen, andere rennen, andere fahren, andere fliegen… Beachtenswerter als das Ziel ist der Weg und die Umstände beim Spracherwerb wie z. B. die familiäre Atmosphäre (Resonanz des Gesprochenen in der Familie, Freundeskreis… Ferien in dem Land zu verbringen in Kontakt mit Gleichaltrigen und Spaß haben… Familiäre Kontakte wo beide was davon haben. Dann gewinnt auch die Sprache an Sinn und Bedeutung), Umfeld (das Prestige der Englischen Musik kann ein wenig kontrabalanciert werden durch Bücher, CDs in der Sprache, deren Land weit weg ist), Bewusstsein (Einstellungen und Bewunderung für Bilingualität, nicht sich auf den Akzent festnageln, wichtig sind die Erlebnisse in der Sprache).

Rolle der Familie:

In Afrika wird gesagt: “Man braucht ein ganzes Dorf, um ein Kind zu erziehen”.

Bikulturelle Familien müssten sich rechtzeitig Gedanken machen über den Erwerb der Sprache im frühen Kindesalter…

Bilingualität entwickelt sich umso natürlicher, je früher die entsprechende Erziehung beginnt: Sie wird sofort als Kommunikationsmittel erlebt und nicht als Lerninhalt (Jean Petit). Die beiden Sprachen sollten systematisch von zwei verschiedenen Erziehern oder Lehrern angeboten werden. Zur Orientierung gilt das Partnerprinzip: jeder Partner spricht in seiner Muttersprache mit dem Kind. Die Untersuchungen zeigen, dass das Prinzip eine Sprache eine Person bzw. Familiensprache – Umgebungssprache am besten die Bilingualität fördert.

Im Moment höchster Aufregung dominiert natürlich die starke Sprache als Sprache des Gefühls.

Jede Familie hat einen anderen Lebensrhythmus mit mehr oder weniger Kontakt und Aussprache: je nach Berufsleben und Charakter… Am Abend kann man aber vieles nachholen (sprechen, lesen, beten) sowie in der gemeinsamen Planung des Wochenendes. Wichtig ist die Liebe des Zusammenseins, die Nähe des Kontakts. Ohne emotionale und sprachliche Zuwendung wird der Spracherwerb erschwert.

Voraussetzung ist auch die Wertschätzung beider Partner für die jeweils andere Kultur. Das setzt einen Austausch- und Lernprozess auf der Basis von Toleranz und Pluralität voraus. Das Schwierigste dabei sind die Vorurteile: unpraktisch, unmittelbares Nützlichkeitsdenken, wir leben hier, später, usw.….

Bei den Partnern ist zu beachten, dass kulturelle Widersprüche angenommen werden, damit die Sprachbremse nicht immer wieder einsetzt. Die Bewunderung und die Begeisterung für die Sprachen hängen sehr zusammen mit der Persönlichkeit der Ehepartner und dem Zusammenhalt. Eine Sprache zum Lieben und die andere zum Schimpfen wären fatal.

Natürlich kann man die Sprache später lernen. Man nimmt das Auto des Sprachkurses und kommt auch zum Ziel. Sicher aber ohne die Landschaft, die kulturelle Seele, erfahren zu haben…

Spracherziehungsmethode beim Bilingualitätserwerb und Typen:

Ein methodisches Prinzip des Bilingualitätserwerbs, nach Kielhofer und Jonekeit (1983) ist die Funktionale Sprachtrennung d.h. je eine Sprache ist an eine Person gebunden, oder aber an Familie einerseits und Schule andererseits…

  • Eine Person – eine Sprache (Eine davon Deutsch). Jeder spricht mit dem Kind seine Muttersprache. Das fördert die Strukturierung der phonetischen Sensibilität des Kindes. Wichtig ist aber, dass gern miteinander gesprochen wird ohne Schranken, die jemanden ausschließen. Hier liegen auch die Chance der Bewahrung der eigenen Identität und die Möglichkeit für den Partner zum Wiedereintauchen und zur Belebung der eigenen Kindheit (Kinderlieder, Spiele). Mutter- und Vatersprachen werden zur Muttersprache, besonders wichtig für bikulturelle Ehen. Muttersprache ist dann der Ort, wo man fühlt, wo man träumt, denkt, lebt. Die Muttersprache ist Sprache des Herzens.

Der Funktionale Sprachgebrauch und Sprachtrennung sind direkt, brauchen keine Übersetzung und vermeiden die Interferenz.

*Ein Elternteil ist deutschsprachig, einer nicht. Familiensprache ist Nichtumgebungssprache. Diese macht Druck.

*Zu Hause kein Deutsch

*Zwei Sprachen zu Hause, Deutsch draußen

*Fremdsprache

*Mix

*Zweisprachen in Kita oder Schule

*Andere

Wie benutzen die Menschen ihre Sprache?

Familiensprache – Umgebungssprache:

Wichtig ist die Sprache zu benutzen, die man fehlerfrei spricht, damit die Unsicherheit nicht weiter gegeben wird. Wo zu Hause nur eine Sprache gesprochen wird, wäre es dann besonders angebracht, Freunde der Umgebung regelmäßig einzubeziehen. Die Kinder kommen dann in Kontakt mit beiden Sprachen in unterschiedlichen Funktionen und Rollen.

Familiensprache und Schulsprache sind oft in Konkurrenz. Die familiäre Sprache bleibt beschränkt, weil sie die Anregung der Schule nicht bekommt. Wichtig wäre es, Familiensprache zu Hause und Umgebungssprache draußen zu sprechen.

In einer Fremdsprache erziehen?

Das Problem liegt in der genauen Beherrschung der Fremdsprache. Ein Kriterium kann sein, ob man in der Sprache denkt (Herzenssprache)? Andernfalls würden die Kinder die Fehler modellhaft internalisieren, was ein Hindernis für später darstellen würde….

Drei Sprachen: Jeder der Eltern spricht seine Sprache und draußen wird Deutsch gesprochen. 3 Sprachen sprechen ist keine Überforderung. Überfordert sind die Einsprachigen. Zu beachten wäre, dass eine einsprachige Unterhaltung geführt werden kann.

Strategien:

Rollenspiele oder Handpuppen als Freunde, die eine andere Sprache sprechen. Prinzip: eine Person eine Sprache (nach der Theorie von Grammont). Das kann angebracht werden bei Trennung und längeren Abwesenheit eines Partners. Eine Puppe kann für eine Person stehen. Räume für eine Kultur kann die tägliche Gute-Nacht-Geschichte sein; Mahlzeiten; Spiele.

Die „Wie bitte“ Strategie:

Papa will, dass sein Sohn mit ihm Portugiesisch spricht:

David: Papa, Kann ich mit meinen Freud spielen gehen?

– Como?

– Darf ich mit meinen Freud draußen spielen?

-Que queres?

-Quero ir brincar com o meu amigo.

-. Sim, claro que podes.

Como?, wie, bitte? passt für beides. Oder „Ich verstehe nicht“. Ein anderer Ausweg ist das Übersetzen, wenn die Kinder etwas von uns wollen! Wie wenn man das Zauberwort Bitte verlangt. Klare Aufforderungen und nicht Spielchen oder ein zu starkes Entgegenkommens, das mehr Schwachheit ausdrückt als einen bewussten Wunsch zu vermitteln. Wichtig ist, dass die Kinder nicht schüchtern oder unsicher werden.

Schwierige Situationen:

Wo Dritte anwesend sind, ist es ungewöhnlich, dass man mit jemandem in einer anderen Sprache spricht, weil der Dritte das als Unhöflichkeit begreift. Das wird den Dritten vorher erklärt und Ausnahmen werden zugelassen.

Entwicklung beim Spracherwerb -Lernprozess des Kindes:

Kinder lernen mit den Sinnen. Jedes Kind hat sein Schritttempo. Verstehen und Reden sind ziemlich versetzte Vorgänge. Mit zwei Jahren können sie schon viel verstehen.

Sie fangen mit Lauten an, dann mit Silben „da-da“ „ma-ma“. Im 2. Lebensjahr kann das Kind schon Wörter sagen und unterscheidet, dass Mutter und Vater verschiedene Sprachen sprechen. Sie sagen oft das Ende der Wörter. Die Kinder vergessen so schnell wie sie lernen.

Zwischen 18 und 24 Monaten werden schon zwei Wörter, die interpretationsbedürftig sind gesagt “Mama Katze“. Mit zweieinhalb Jahre werden einfache Sätze gebildet. Eine Entwicklung in den Etappen beim Erwerb der Sprache bemerkt man oft, wenn das Kind eine Sprachregel anwendet in dem Moment, wo eine grammatikalische Ausnahme gibt. Z. B.: (fazi/fiz), Gemesst für gemessen, getrinkt für getrunken. In dieser Phase sind die Kinder selbst aktiv schöpferisch: wagen den Sprung vom „nachsprechen“ zum „selbstformen“. Das Schöpferische braucht nicht gleich korrigiert werden.

Mit 3 funktioniert das Umschalten von einer Sprache zur anderen perfekt, und es kommt zum Bilden komplexer Sätze.

Die Bildung von Fragen hat eine bestimmte Ordnung gemäß der Entwicklung des Denkens. Die Reihenfolge der Fragesätze ist: Wo? Was? Wer? Wie? Warum?

Die Denkstrukturen werden je nach Alter gebildet (7, 8, 12 Jahre).

Es gibt zwei Lerntypen von Kindern: Der Analytische beginnt betont mit Bausteinen d.h. Namen. Der Ganzheitliche, d.h.. der sich am Ganzen orientiert, fängt an mit Wörtern wie „auf“, „ab“, „hoch“, „mehr“; mit zwei drückt er Gefühle aus wie: „Lili böse“.

Wissenschaftliche Studien belegen, dass bilinguale Kinder nicht später als monolinguale Kinder sprechen lernen. In der Forschung macht bei Bilingualen häufig den Fehler, nur eine Sprache zu berücksichtigen bei der Beurteilung der Sprachfähigkeit des Kindes. Damit das Ergebnis jedoch aussagekräftig werden, müssten beide Sprachen in die Beurteilung einbezogen werden.

Notwendigkeit von Einbeziehung von Fachleuten:

Einige Kinder haben Probleme beim Hören. Kinderärzte und Ohrenärzte können helfen. Logopäden / innen lösen Sprachknoten auf bzw. helfen, die Buchstabenlaute genau zu differenzieren und auszusprechen…

Im Internet unter www.tpsls.on.ca oder Anregungen des Buches „Mit 2 Sprachen groß werden“ von Elke Montanari. (Verteilung von Photokopien) Das stellt ein Hilfe zur Orientierung ob einen Kind zum Hals-Nasen-Ohrenarzt gehen soll oder nicht.

Wie sprechen wir mit den Babys?

Unbewusst machen wir es richtig, wenn wir mit Babys anders sprechen. Wir reden höher und langsam, mit Kurzsätzen und mit übertriebener Mimik und Sprachmelodie. Die Wörter kauen (mit Zunge und Lippen verdeutlichen). So werden die Laute klarer. Das Gefühl leitet uns richtig. Das ist in der ganzen Welt so. Die Babys nehmen hohe Stimmen wahr. Mit vier – fünf Jahren hören Kinder automatisch damit auf.

Ermutigung für die Sprache – Lernmotivation:

In der Spracherziehung sind eine bewusste Beziehung und der Sprachumgang wichtig für die Lernmotivation:

– Zuhören und ausreden lassen: Gefühl, Blickkontakt

– Ermutigen und Raum geben

– Hinwendung und Anschauen: den Mund bewegen.

– Sich zurücknehmen

– Loben

– Den Worten Taten folgen lassen: die Anstrengung belohnen

Anstatt zu korrigieren die Technik des verbessernden Wiederholens benutzen.

Eine andere Technik ist die Anwendung von W-Fragen: Wohin gehst Du? (Pause) nach….oder…. Oder-Fragen geben dem Kind mehr Stütze.

Anstatt etwas (Wasser) dem Kind ohne Wörter zu reichen, gibt man es ihm und sagt dabei: Möchtest du das Wasser?

Die Gefühle beteiligen: Freude, Beeindruckt werden, Spaß haben. Mit den Sinnen bei der Sache sein und sich fragen: „was tut er am liebsten?“ und das mit ihm mitmachen.

Ungünstig ist es, wenn die Sprache zum Selbstzweck wird. Hier hilft auch sehr das Vorhandensein von Vorbildern in den Sprachen: ein Lehrer, Spielgefährten, ein Popstar, usw. Das Kind muss am Spracherwerb einen Sinn sehen.

Spielen und gemeinsam Bücher anschauen fördert sehr die Sprachkompetenz der Kinder. Bücher füllen auch Wissenslücken und fördern den Wortschatz.

Spiele: Handpuppen, Lieder, Kim-Spiele: Erraten was sie nicht sehen durch Riechen, Fühlen, Schmecken; Rollenspiele: Markt, Post, Arzt…; Kochen, Bucher; Theater spielen: Kasper, Puppentheater.

Lesen und Schreiben können gleichzeitig oder nacheinander erfolgen. Zuerst müssen die Unterschiede klar bewusst gemacht werden. Ähnlichkeiten zwischen zwei Sprachen erschweren oft den Spracherwerb. Meiner Erfahrung nach ist es besser, lesen und schreiben in der Umgebungsprache (Schulsprache) zu lernen. Simultan lesen und schreiben lernen in der starken und in der Schwachsprache, stören sich gegenseitig wegen der noch instabilen orthografischen Systeme beider Sprachen. Daher sollte die Alphabetisierung zunächst in Deutsch stattfinden und nur mit der Verzögerung von einem oder eineinhalb Jahren sollte man mit der Zweitsprache anfangen. Ich habe das System gleichzeitiger und verzögerter Alphabetisierung in Portugiesisch während 30 Jahren probiert und fand die zweite Vorgehensweise effizienter.

Wörter werden auch als Bild wahrgenommen wie die Lernforschung feststellte. Vorsicht mit dem verbessern!

Wie lernt das Kind gut Deutsch?

Die Sprache ist die Grundvoraussetzung, um aktiv am Leben teilzunehmen. Was man in einer Sprache lernt, kann der anderen nützlich sein. Wichtig ist schon zu Hause kein schlechtes Deutsch bzw. schlecht gesprochene Herkunftssprache zu lernen.

Wenn kein Deutsch zu Hause gesprochen wird, dann sind Spielkameraden unersetzlich. Die Kinderkrippe wird für diese Gruppe von Kindern besonders wichtig und dann der Kindergarten. Es gibt viele Modelle von Kindergärten, was es nötig macht, sich frühzeitig mit diesen Modellen zu beschäftigen. Das gilt auch für Tagesmütter. In Gruppen mit weniger Kindern wird mehr gesprochen. Als Ersatz oder Zusatz könnte ab dem dritten Lebensjahr eine Spielstunde pro Woche mit einem Kind, das mindestens 14 Jahre alt ist, einzuplanen…Es muss Hochdeutsch gesprochen werden. Auch eine Leihoma kann eine Fundgrube sein. Das Kind muss ganze Sätze auf Deutsch sagen.

Die Eltern sollen bei der Sprache, die sie beherrschen bleiben.

Hausaufgaben:

In der Unterrichtssprache. Es wäre doppelt gelernt, wenn man die Kinder dazu gewinnen könnte, die Hausaufgaben zweisprachig zu machen, wobei sie begleitet werden.

Zu Hause eine zweisprachige Umgebung schaffen mit portugiesischen Büchern, Fernsehen, Freunde…ein Lexikon

Starke und schwache Sprache: Die Kinder lernen, was sie benutzen, was sie brauchen und was sie berühren. Zwischen dem 6. und 12. Lebensjahr hat die Schwachsprache einen sehr schweren Stand, weil die Freunde wichtiger als die Mutter werden (oft Sprachverweigerung); hier hilft die Wahl einer bilingualen Schule, der Muttersprachliche Unterricht und die Möglichkeit, oft Urlaub im Land der Schwachsprache zu machen. Ein anderes Kapitel wäre das Problem der Gettogruppen.

Bei Bilingualen gibt es unterschiedliche Stärken und Schwächen in beiden Sprachen. Zählen und Rechnen bis 10 in beiden Sprachen stellt kein Problem dar. Ab dem Kindergarten wird das Deutsche die Zählsprache. Dann entstehen Schwierigkeiten in der Schwachsprache, ab der Zahl 10, weil bestimmte Mentaloperationen an die Schul- und Zählsprache Deutsch gebunden bleiben. Deswegen empfehlen viele Wissenschaftler (Bernd Kielhöfer / Sylvie Jonekei) Rechnen und Mathematik vom Sprachwechsel auszunehmen. Auch in bilingualen Schulen soll dieses Fach in einer Sprache von Anfang bis zu Ende unterrichtet werden und nicht epochal abwechseln.

Es gibt Zweisprachige, die zu der Kategorie „Produktive Mehrsprachige“ gehören, sie sprechen in beiden Sprachen fließend. Die „Rezeptiven Mehrsprachigen“ aber drücken sich vielleicht nur in einer Sprache aus. Das bedeutet nicht, dass sie die andere Sprache nicht können. Sie sprechen und antworten nicht, aber oft handeln sie nach dem Gesprochenen, und dadurch zeigen sie, dass sie verstehen. Diese Gruppe braucht besonders das Lob. Die Eltern sollten auch wenn sie keine Resonanz bekommen, weiter in der Sprache sprechen: Es ist nicht wichtig, was die Kinder mit 4 Jahren in beiden Sprachen äußern. Es hat Zeit. Manche bringen eben angenehme Überraschungen später.

Die Verweigerung zu sprechen bzw. zu agieren ist ein reales Problem. Eine Sprache als minderwertig zu halten kann zur Sprachverweigerung führen (Konformismus). Der Sozialstatus überträgt sich auf das Prestige der Sprache. Es gibt unter anderem auch emotionale Gründe durch ein gestörtes Verhältnis zu einem Partner. Konfliktstoff in bikulturellen Ehen drückt sich oft in interkulturellen Spannungen aus und führt oft zur Sprachverweigerung bei den Kindern. Auch die Einstellung der Familie gegenüber dem Umfeld kann zur Sprachverweigerung führen. Bedingtheiten: Prestige, Einstellung der Umwelt, Freundschaften, Reisen, Lebenssituationen und Zugänglichkeiten von Bücher, Kassetten, TV…

Die Verweigerung kann eine Frage von Kompetenz und Performanz (d. h. von Können und Ausführen) sein. Man kennt das Phänomen, dass man etwas sagen will, es „liegt auf der Zunge“ und kommt nicht raus.

Was tun bei Ablehnung bzw. Verweigerung? Das soll nicht als Zurückweisung aufgenommen werden. Die Kinder orientieren sich an einer Norm. Zur Entwicklung der Persönlichkeit gehört auch sich von Eltern abzugrenzen. Die Mechanismen zur Förderung des eigenen seelischen Haushaltes bei den Kindern sind variabel und eigen. Nicht aufgeben. Wir sind alle in einem kontinuierlichen Veränderungsprozess. Manchmal reicht es die Ferien allein mit Gleichaltrigen zu verbringen um eine Gewohnheit zu unterbrechen.

Sprachmischungen:

Die Sprachen im Kontakt miteinander beeinflussen sich gegenseitig. Dabei entstehen oft Sprachmischungen und Interferenzen. Nirgendwo gibt es aber einen Nachweis von pathologischen Erscheinungen. Bei Sprachmischungen von Bilingualen tauchen folgende Techniken beim Sprechen auf: das Einfügen einzelner Elemente, das Umschalten auf die andere Sprache zwischen zwei Sätzen und mitten im Satz. Es gibt Wissenschaftler, die das gut finden und meinen, dass „nur die Zweisprachigen, die beide Sprachen sehr gut beherrschen, den Mut haben zu solch wagemutigen Konstruktionen“(Prof. Poplack), während andere wie Prof. Weinreich das Gegenteil meinen: „Der beste Zweisprachige wechselt nicht“. Mischungen werden normalerweise in einer einsprachigen Gesellschaft als Fehler, als Reparatur angesehen. Bilinguale leihen sich Wörter oder richten die Sprachwechsel nach den Personen, nach Themen oder Situationen. Manchmal findet der Code-Wechsel aus Bequemlichkeit statt… aus Genauigkeit… manchmal als Stilmittel, manchmal unbewusst. „Unter zwei konkurrierenden Prinzipien ( Partnerprinzip und Ökonomieprinzip) setzt sich die Ausdrucksökonomie besser durch(Bernd Kielhöfer/Sylvie Jonekei, „Zweisprachige Kindererziehung“)

Sprachmischungen sind zu beheben durch konsequente funktionale Sprachtrennung der Eltern. Sprachmischungen sollen nicht zur Mischsprache werden. (Semilingualität = Halbsprachigkeit). Migranten haben oft zwei Schwachsprachen mit fatalen Konsequenzen für die Schulentwicklung und den Lebenslauf.

Obwohl die Fähigkeit, zwei Sprachen zu mischen die Ausdrucksmöglichkeiten und den Stil bereichern kann, wird die Sprachmischung von der Gesellschaft oft als Fehler oder Wissenslücke gewertet, vor allem in der Schule.

Interferenz:

Interferenz ist üblich in der Rede des Zweisprachigen. Der Zweisprachige greift „spontan in Sprachnot“ auf Strukturmuster der anderen Sprache zurück, um Lücken zu füllen. Faktoren von Interferenz sind: Konzentrationsmangel, Müdigkeit, Stress, Vorbilder… Beispiel: Sou 4 anos anstatt tenho 4 anos. P“haspiriert“-p/b, a/e, fh/v/w. Die deutsche Syntaxordnung anstatt der portugiesischen Subjekt +Dativ Objekt.+ Akkusativ Objekt. Hier findet „Überlagerung der unterschiedlichen Regeln beider Sprachen“ statt. (Leist, Anja,1996 ) Z. B.: „ich gebe Birnen der Mutter“ anstatt: „ich gebe der Mutter Birnen.“

Bei Sprachkontakt und Interferenz, „findet der Kontakt nicht in Sprachspeicher statt, sondern in eine Folge von Abrufstrategien. Der Kontakt würde dann auf dem Weg von Sprachspeicher zur Sprachrealisoerung stattfinden.(Kielhöfer).

Wer von Geburt an mit einer zweiten oder dritten Sprache aufwächst, hat auch die Grammatik mit internalisiert. Die Eltern sollten sich dessen bewusst werden und gleich von Anfang an bei der gewählten Sprache bleiben. Druck im Umgang beim Sprechen ist wie Sand in Getriebe.

Bilanz:

Hauptmerkmale zur Prognostizierbarkeit von Erfolg oder Misserfolg in der bilingualen Erziehung sind die ethnische Identität und das Sprachprestige. Wenn man die kulturelle Identität in der Familie positiv bewertet, trägt das wesentlich zum Gelingen der Zweisprachigkeit bei.

Sprachprestige kommt von draußen, d. h. von der Gesellschaft und wirkt auf die Einstellung von Eltern und Kindern und interagiert besonders mit der ethnischen Identität und dem Selbstbewusstsein. Das Gelingen von Bilingualität hängt wesentlich von der Einstellung zur Bilingualität ab. Auch die positive oder negative Einstellung der Eltern und Erzieher bezüglich Sprachentwicklung bestimmt über Erfolg oder Misserfolg ihrer Spracherziehung. Erziehungsmethoden, Persönlichkeitsmerkmale der Eltern und ihr Bewusstsein sowie das emotionale Verhältnis zum Kind sind bestimmend für die bilinguale Erziehung und ihr Ergebnis. Bilingualität ermöglicht den Erwerb der beiden Sprachen ohne Mühe. Oft tauchen Probleme bei perfektionistischen Ansprüchen bezüglich des Erlernens der Schwachsprache auf. Auf keinen Fall soll der Erwerb der Zweitsprache auf Kosten der ersten geschehen. Tolerierung von Interferenzen und Sprachmischungen schaffen eine bessere Atmosphäre beim Erwerb der Sprache. Je stärker die beiden Sprachen sind, desto besser für die kognitiven Fähigkeiten der Bilingualen. Es ist noch nicht klar untersucht worden, welchen Anteil die Sprache am Wahrnehmungs- und Denkprozess hat und wie stark unsere Welt- und Wirklichkeitsanschauung durch die Mutersprache bestimmt wird. Es gibt konträre Auffassungen: – Die Idealistisch-romantisch Sprachauffassung (mit Namen wie Herder und Humboldt, Weisberger, Trier…) vertritt eine Enhheitssprachenideologie. Sie spricht von Orientierungslosigkeit und von fehlender Verbindlichkeit bei Bilingualen.

Die rationalistische Sprachauffassung (Descartes, Leibnitz, Chomsky…). Für sie bildet die Sprache nicht die Welt ab, sondern sie denkt und vermittelt sie in „geistigen Zwischenwelten“(Weisgerber). Das Weltbild der Muttersprache fixiert demnach Wirklichkeitsbilder und prägt unsere Wahrnehmung und unser Denken. Mutersprache lernen heißt immer auch deren Weltbild und Kulturnormen zu übernehmen, was für sie Schizophrenie bedeutet. Ein Beispiel dagegen: beim Lernen des Begriffs Brot, Pain, pão gibt es keine Desorientierung, aber verschiedene Erfahrungen mit der Realität Brot in den drei Ländern, was nicht zur Doppelzüngigkeit führt. „Im Gegenteil, eine solche Erfahrung emanzipiert von der Sprache, sie vermittelt die wichtige Einsicht, dass Wörter und Dinge der Wirklichkeit nicht identisch sind“. Zweisprachige lernen früher die Relativität der Wörter. Dadurch werden sie bikulturell. Es gibt nicht das Weltbild der Muttersprach,e sondern konkurrierende Weltbilder. Auch andere nicht sprachliche Kategorien bestimmen unsere Wirklichkeit und Kultur. Die Sprache wird als Instrument des Denkens und des Wahrnehmens gesehen. Zweisprachige verfügen über 2 Instrumente und a priori nicht über 2 Weltanschauungen, 2 Identitäten und 2 Denkweisen, wie Bernd Kielhöfer / Sylvie Jonekei fesselt. Wir sind nicht in der Sprache „eingesperrt“, weil wir über die Sprache sprechen können. Bestimmte Dinge können in bestimmten Sprachen nicht gesagt werden, eben weil die Dinge hier nicht existieren. Zweisprachige haben den Zugang zur Bikulturallität.

Kindergarten:

Es gibt viele Modelle von Kindergärten und viele Schulen, die sich um die Umsetzung von pädagogischen Konzepten kümmern, die die Bilingualität berücksichtigen. Im Kindergarten wird dem Kind die Chance gegeben, neue Eindrücke auf Deutsch auf der Reise der Weltentdeckung zu bekommen. Neue Anregungen, neue Strukturen, neue Begriffe, neue Aktivitäten, neue Menschen prägen sich ein. Die Kinder wollen dann oft nur die Umgebungssprache sprechen. Die Herkunftssprache ruht dann, aber wird erweitert durch das systematische Lernen der anderen Umgebungssprache. Als Kompensation ist eine Reise in das Herkunftsland der Eltern, bzw. der Schwachsprache fällig.

Es gibt Kindergärten, die die Kinder in Sprachgruppen unterteilen. Die Kinder sprechen in der Gruppe aber Deutsch mit der Möglichkeit, ihre Erstsprache zu verwenden. In diesem Fall soll die Subgruppe nicht zu groß sein und keine Cliquenbildung ermöglichen. Dabei taucht das Problem der Isolation einzelner Kinder auf. Wichtig sind die Aktivitäten der Gesamtgruppe in deutscher Sprache. Auflösungen von Cliquen sollen spätestens in den Aktivitäten der Gesamtgruppe erfolgen.

Bei der pädagogischen Umsetzung gibt es Kindergärten, die 13 Stunden Französisch / 13 Stunden Deutsch in der Woche praktizieren. Damit die Kinder die Sprache in verschiedenen Situationen “erleben”, gibt es 2 Lehrer zur klaren Identifizierung der beiden Sprachen.

Unterricht – Wo und Wann?

Der Unterricht findet normalerweise statt als Fremdsprachenunterricht und muttersprachlicher Unterricht.

Als Fremdsprachen werden in Deutschland normalerweise Englisch, Französisch, Latein, manchmal Russisch gelehrt. In den höheren Klassen begegnen wir auch Spanisch, Italienisch, Türkisch und Neugriechisch. In der vertikalen kurrikularen Organisation der Schule nach Fächern wird immer mehr ein sprachenübergreifender Unterricht verlangt, der wegkommen soll von der Zielsprachendidaktik hin zur Didaktik der Mehrsprachigkeit. Stichwörter: Europäische Dimension und das Spracherwerbstheoretische Argument der Unteilbarkeit des Sprachenlernens in der Kognition des Individuums (Erziehung zur Mehrsprachigkeit: integriert die vorhandenen Sprachen und Wissensbestände in der Schule). Das setzt eine interkulturelle Pädagogik voraus, die ressourcenorientiert ist. Sie sieht nicht vorrangig die Probleme, die sich durch die Zugehörigkeit zu unterschiedlichen Kulturen ergeben, sondern die Potentiale, die darin liegen.

Herkunftssprache / Muttersprachlicher Unterricht:

In Deutschland ist der MU kurrikular mit dem Regelunterricht abgestimmt. Es wird in 19 Sprachen unterrichtet. Normalerweise findet er am Nachmittag in einer Zentralschule statt. Kinder sprechen manchmal von einer Zusatzbelastung. Meiner Erfahrung nach, gehen sie gerne zum MU, weil sie dort auch Freundschaften schließen. Ab der 6. Klasse konnte ich weniger Begeisterung beobachten, die dann ab der 9. wieder kommt. Die meisten Kinder empfinden ihre Zweisprachigkeit als eine Bereicherung, die für Beruf und Lebensplanung neue Perspektiven eröffnet. Motivation und das Selbstbewusstsein, in der Sprache zu kommunizieren, wird gefördert durch Fehlertoleranz in einer angstfreien Atmosphäre. Europäische Richtlinien…

Fremdsprachlicher Fachunterricht nach Epochen in einigen Gymnasien: Erdkunde auf Spanisch dann wieder auf Deutsch. Andere Modelle bevorzugen durchgängig ein Fach. Die Fremdsprache wird zur Normsprache.

Samstagsschulen: Privat organisierter Unterricht: Norwegisch, Chinesisch, Russisch, Japanisch und Koreanisch.

Schulformen besonders geeignet für Bilinguale:

Das deutsche Schulsystem ist monolingual ausgerichtet. Eine migrationssensible Erziehung setzt eine interkulturelle Kompetenz der Mitarbeiter und Mitarbeiterinnen voraus.

Auf der Handlungsebene sind vor allem Fähigkeiten der Empathie, der Rollendistanz, der Ambiguitätstoleranz sowie besondere kommunikative Deutungs- und Aushandlungskompetenzen erforderlich. Eine solche interkulturelle Kompetenz zu erwerben, muss künftig immer mehr Anstrengung in der Aus- und Fortbildung und mehr Einbeziehung der Bilingualen erfordern (: vielfältige Sprachkenntnisse sichert schulischen und beruflichen Erfolg).

Mehrsprachige Schulen bieten viele Vorteile. Problem: Längere Schulwege.

Ähnliche Schulbezeichnungen verbergen unterschiedliche Inhalte.

1. Internationale Schulen (International School): Ermöglichen Abschlusse, die weltweit anerkannt sind (für Diplomaten…die von Land zu Land ziehen). Sehr gute pädagogische Angebote und viele Sprachen. Sind aber sehr teuer.

2. Europäische Schulen (www.eurs.org.): Für die Kinder von EU-Behördenangestellten (Für sie sind sie kostenfrei). Alle Kinder werden vom Kindergartenalter an zusammen unterrichtet. Hier erlangen die Schüler das Europa-Abitur. Die Zweitsprache ist Französisch, Englisch und Deutsch. Später kommen noch 2 Sprachen dazu. (in Karlsruhe, München und Frankfurt/M.)

3. Europaschulen und Schulversuche an staatlichen Schulen:

In Zusammenarbeit mit Konsulaten und oft auch mit Vereinen wird in staatlichen Schulen ein Klassenzug bilingual ausgerichtet: deutsch-portugiesisch; D-Sp, D-T; D-I.

Dabei gibt es in der Regel 2 Klassenlehrer: einer deutschsprachig und der andere portugiesisch… Die Klassenzusammensetzung und die Zweisprachigkeit des Unterrichts ermöglichen einen interkulturellen Dialog und das von einander lernen.

In Berlin werden diese Schulen (17) „Staatliche Europaschule Berlin“ genant. In diesem Konzept werden zwei Partnersprachen als Arbeitssprachen genutzt, wo der Unterricht nach dem Modell der Immersion, d. h. dem Eintauchen in die Sprache und Kultur (Zydatiß 1997) stattfindet. Durch 2 verschiedensprachige Lerngruppen in der Klasse geschieht ein gegenseitiges Eintauchen in die Partnersprache. Diese Modelle sind besonders geeignet für die bildungsnäheren Schichten.

Nicht alle Europaschulen sind zweisprachig, aber wenigstens setzen sie sich besonders ein für interkulturelles Lernen. Vgl.: www.dipf.de/dipf/bildungsinformation_iud_eudok_schul_list.htm.

Informationen bei Schulämter, Konsulate und Botschaften.

Über Unterricht, Schulen, usw. auf deutsch, Englisch und Französisch unter: www.bildungsserwer.de

Schulen mit bilingualem Angebot: http://lernen.bildung.hessen.de/bilingual/schul-verveise/schulen

In NRW gibt es 140 Schulen mit bilingualen Klassen, in denen die Fremdsprache als Arbeitssprache in anderen Fächern und Lernbereichen eingesetzt wird.

Es gibt Kritik an den Versuchen, Mehrsprachigkeitskonzepte vertikal und additiv allein von einzelnen Schulfremdsprachen her zu denken. Für die Kritiker wird die Realität der Mehrsprachigkeit nicht wahrgenommen, weil nur bi-nationale und bi-kulturelle Paradigmen des Lernens unterstützt werden. Grosjean hat 1989 die Fachwelt aufmerksam gemacht auf ein neues Verständnis von Mehrsprachigkeit. Bis seiner Arbeit von 1989 wurde Bilingualität nicht als etwas Eigenständiges wahrgenommen. Es wird die Forderung gestellt, Bilinguale nicht als zwei Monolinguale in einer Person mißzuverstehen. Bis jetzt wurde aber noch kein ausgereiftes diagnostisches Verfahren vorgelegt, das Bilingualität in seiner Eigenständigkeit erfasst und nicht auf den Vergleich mit Monolingualität reduziert.

Interkulturelles Lernen ist kein bloßes Schlagwort, sondern ein integraler Bestandteil der Bildung und nicht zuletzt eine Forderung Europas.

In der EU gibt es für die Schulen das „Europäische Portfolio der Sprachen“, das Lernschritte in allen Sprachen dokumentiert und die Entwicklung von Mehrsprachigkeit belegt.

Fazit:

Ab 1960 wurde gezeigt, dass Zweisprachige intelligenter sind als Einsprachige (Lambert 1962, Balkan 1970 und SAUNDERS, George. „Bilingual children: From birth to teens“ 1988). Zweisprachige lernen besser Sprachen und sollen toleranter, offener, flexibler, anpassungsfähiger und intelligenter sein als Einsprachige. Sie sind optimale Dolmetscher mit automatischer Umschaltung. Ihre Übersetzungen sind situationsangemessen und idiomatisch treffend; selten übersetzen sie wortwörtlich. Kinder mit zweisprachiger Erziehung nach der Grundschule können allgemein bessere Schulergebnisse erzielen; sie sind bessere Leser, weil sie sich beim Lesen mehr auf den Sinn als auf den Klang konzentrieren, sie erlernen leichter weitere Fremdsprachen, sind kulturell interessiert und offen für Begegnungen die Toleranz fördern, sie entwickeln früh die Fähigkeit zur Abstraktion, sind intellektuell wendig und entwickeln viele verschiedene Lernstrategien.

Kinder werden später kein Verständnis haben, dass wir ihnen eine Sprache vorenthalten haben. Mehrsprachige Erziehung bedeutet Mühe für Eltern und andere Angehörige, aber auch große Freude und angenehme Überraschungen. Fangen wir frühzeitig damit an. Es ist wichtig, das latente sprachliche Potential spielerisch zu fördern.

Bilinguale haben ein Zuhause und dieses ist die Welt. Sie haben eine erweiterte Ausgangssituation und eine emanzipatorische Erfahrung.

Hier möchte ich an den Anfang anknüpfen: Wir brauchen eine neue Welt! Sie sind von den „unerwünschten Nebeneffekten“ der postindustriellen Modernisierung überdurchschnittlich stark betroffen. Wir hoffen mit unserem bilingualen Beitrag zur Gesellschaft und zur Welt mehr „pragmatische Idealisten“ zu fördern. Bilinguale bringen Voraussetzungen wie Interkulturalität, Toleranz, Festigkeit und Flexibilität (etwa Entscheidungsfreude, Fehlerfreundlichkeit, Beziehungs- und Kontaktfähigkeit). Unsere Aufgabe als Eltern, Erzieher und Politiker ist es, präventiv zu handeln, so dass sie nicht Lebensbewältigungsmuster entwickeln, die jenseits gesellschaftlicher Integrationsnormen liegen können. Heute spürt man, dass viel der heutige Jugend schon außerhalb leben. “ Die Folge davon ist, dass sie äußerst gegenwartsorientiert leben – also keinen langen Atem haben, dass sie Maßnahmen unregelmäßig besuchen, diese unerwartet abbrechen, übermäßig konsumieren, sich verschulden oder gar delinquent werden, ein hohes Bedürfnis nach Selbstdarstellung und nach Anerkennung haben. Aber: Gerade „mit diesen Bewältigungsmustern (sind sie) auf der Suche nach einem normalen Leben in Gesellschaftlichvorgegebenen Jugendbildern.“ (Marx, 2002, 33).

Bildung und Bewusstmachung sind die geeigneten Mittel um die Bildungschance von der sozialen Herkunft zu entkoppeln.


Ich wollte gern beenden mit den Hinweis auf ein neues und aperspektivisches Weltbild in der Freiheit und Einheit des Erkennens, des Fühlens, des Wollens und des Schaffens.

Vielen Dank für das Zuhören und mitmachen.

© António da Cunha Duarte Justo

In Enzyklopädie des Lebens

4.11.06

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BILINGUALIDADE – UMA NOVA MANEIRA DARE ESTAR

Razões económicas, políticas e demográficas, aliadas ao desejo de uma nova Europa em processo, pressupõem o interculturalismo e o bilinguismo como forma normal de ser e de relacionamento. O emaranhado de situações e interesses dificultam a concretização e realização da interculturalidade no mosaico cada vez mais polifacetado das nações modernas.

Por um lado assiste-se à interdisciplinaridade e a um enriquecimento mútuo dos vários sectores da sociedade, ciência e cultura, por outro lado a relação a nível de grupos étnicos deixa muito a desejar.

Podemos apontar os turcos e os portugueses como dois exemplos protótipos de atitudes antagónicas na maneira de estar numa sociedade de acolhimento (na França são os portugueses maioria, na Alemanha os turcos). Se por sua vez os portugueses se integram ou se deixam assimilar, os turcos por razões religiosas e culturais reagem alergicamente a uma integração mesmo comedida, fechando-se por vezes em guetos impermeáveis com consequências quase irreparáveis atendendo a que a aquisição e domínio da língua alemã é um pressuposto para uma participação eficaz no sistema. Neste caso assiste-se ao facto da existência de sociedades paralelas. Esta problemática é bastante crassa na Alemanha pelo facto da questão migrante não ser objecto da discussão intelectual e política encontrando-se relegada para o âmbito da assistência ou dos moralistas dos vários quadrantes. Medo, absentismo e oportunismo impedem um discurso e uma relação descomplexada e consciente entre a cultura da maioria e as culturas minoritárias.

Processo de desenvolvimento do bilinguismo

As crianças portuguesas, tal como as doutras nacionalidades, seriam mutiladas na sua personalidade se fossem alheadas e desenraizadas do meio-ambiente em que crescem. Se as crianças crescem num ambiente bilingue é óbvio que devam aprender a língua dos pais e a língua do país em que vivem. No caso dos casamentos mistos seria natural uma maior consciência da importância da transmissão de duas culturas, preparando a criança para uma maneira diferente de estar no mundo. A formação bilingue deve dar-se a partir do nascimento da criança, até porque a capacidade de aprendizagem duma língua é inversa à idade.

É verdade que a criança, até aos dois anos reproduz palavras, misturando as duas línguas; com o tempo porém surge a diferenciação e a partir dos dois anos já separa os dois códigos e a partir dos três anos e meio passa a distinguir os dois mundos.

A aquisição das línguas acontece em diferentes situações, seja ela movida pela necessidade de comunicar com os companheiros de jogo ou com as famílias obedecendo sempre a diferentes regras e pressupostos. Esta aprendizagem situacional variada é muito proveitosa para a aquisição bilingue. A aprendizagem posterior duma língua já se dá através do filtro inicial da primeira língua. O bebé bilingue aprende, já no primeiro ano de vida, a variedade de sons que facilitará a expressão futura. Facto é que quanto mais complexa for a língua mais possibilidades abre, mesmo até cerebralmente.

Uma outra maneira de ser e de estar

Personalidade enriquecida, aberta e reflectida

O Homem tornou-se homem/mulher através da língua. Para nos darmos conta da importância do assunto torna-se necessário reconhecer a dependência e a correlação mútua que há entre pensamento, linguagem e estrutura social.

A investigação científica mostra-nos que a personalidade do bilingue é diferente da do monolingue. Enquanto que as referências de estruturação do monolingue se processam duma forma mais estática e modelar, no bilingue a formação da personalidade é mais processual, mais dinâmica e diferenciada. O bilingue, mais que ter ou estar, ele acontece em relação, é. Ser bilingue é ser-se processo, processo na mudança, não é ter duas línguas mas viver em duas línguas, em dois mundos, navegar noutros espaços; é ter vistas mais rasgadas, outras perspectivas do mundo, é participação mais livre, conhecimentos dinámicos; é viver amando, aceitando o outro como ele é, aberto para comunicar, dar e receber… comunicar-se como forma de vida; é uma nova mundivisão onde não há modelos fixos em que instituições e valores passam a ser referenciados e portanto relativizados para mais se poder ser; é viver em mais que uma existência. Numa palavra, o bilingue tem uma personalidade multidialogal cuja forma de ver e sentir já não é tão estática e “subordinada”como a do monolingue mas sim situacional, multirreferencial, processual-dinámica.

O bilingue encontra-se mais cedo que o monolingue na necessidade dum relação de passar a ser mais sujeito e menos objecto, no confronto das tradições e sistemas, sendo por vezes forjado na tensão de sociedades fechadas em que a sociedade de acolhimento puxa para um lado e a sociedade mandatária para o outro. As famílias que conseguiram desprender-se destas amarras dialécticas possibilitam aos filhos uma consciência em que as fronteiras já não constituem limites mas sim, quando muito, apenas pontos de referência. Uma sociedade que já é capaz de integrar e aceitar lésbicas e homossexuais tem que ser capaz de integrar o diferente, o estranho… A diferença é a lei mais verificada na natureza e, nela, está implícito todo o desenvolvimento.

Questionação científica

Os cientistas têm escrito muito sobre a questão da bilingualidade, chegando por vezes a resultados contraditórios. Há cientistas que recomendam que se fale, com a criança, a língua que se domina; significando isto que nos casos de casamentos mistos (português – alemão) um cônjuge fale o português e o outro o alemão. Outros chegam mais além desproblematizando a situação defendendo mesmo a mistura segundo as situações.

Ao contrário os puristas/nacionalistas principalmente no passado apontavam para o problema de se originar uma língua mistura chegando a falar mesmo do analfabetismo nas duas línguas ou da falta duma identidade étnica ou mesmo do perigo duma dupla personalidade da criança. Facto é que esta opinião nunca foi comprovada científicamente. Muitas vezes esta visão tem um carácter ideológico e remonta aos constructos nacionalistas do século dezanove.

Papel dos pais/avós na infância

Até aos três anos, a criança reflectirá o ambiente familiar quer nele se fale só uma língua, quer as duas. Com a entrada no Jardim Infantil passará o alemão a dominar e a acentuar-se cada vez mais socialmente, mesmo que os pais falem só uma língua em casa. Nos primeiros anos da infância a criança tem grande capacidade de absorção das duas ou mais línguas sem dificuldade. Com o desenvolver dos anos a dificuldade aumenta. Atendendo ao enriquecimento inter-cultural e às capacidades da criança na primeira infância seria um roubo à criança se esta fosse privada duma das línguas ou do convívio com elementos das duas sociedades.

Na falta de exercitação do português em casa os pais, em questão deveriam socorrer-nos de estratégias supletivas ligando mais os avós nas relações com a criança, criando mais encontros com famílias portuguesas, frequentando mais os centos portugueses, interferindo mais na programação das suas actividades e planeando mais férias em Portugal. Na situação inversa seria consequente a criação de laços individuais e institucionais com a sociedade de acolhimento.

No caso de casamentos mistos penso ser de muita importância que cada um dos pais fale a sua língua materna deixando a oportunidade e liberdade à criança de se expressar na língua que quiser. O facto de um cônjuge falar sempre o português leva a criança a internalizar o português, embora o não use no dia a dia como língua de expressão. Mais tarde, nas aulas de “língua da origem” recuperam rapidamente défices específicos.

O português transmitido nos primeiros anos de vida da criança, embora limitado a relações gregárias, tem imensa importância no desenvolvimento; é muito relevante para o desenvolvimento psicológico intelectual e social da mesma. Constitui um capital cultural e uma herança muito rica com imensas consequências gratificantes para o futuro e para a personalidade da criança.

Ensino da Língua “materna”

A inscrição das crianças nos cursos de Língua e Cultura Portuguesas é essencial para o alargamento da competência comunicativa que deve ser aprofundada e reflectida nos seus aspectos de competência sociolinguística, sociocultural, de competência estratégica, discursiva e de competência empática.

Conscientes da importância da língua e da cultura dos pais para as crianças, os Estados federados alemães instituíram desde 1968 o Ensino da Língua Materna no seu currículo escolar com 3 – 5 horas lectivas semanais. É reconhecida grande importância à aquisição da língua dos antepassados, por razões socio-pedagógicas, psicológicas e económicas.

Todos os bilingues deveriam ter a oportunidade de se formarem bilingues. Uma educação inter-cultural deveria ser possível em todas as escolas e para todos os alunos. Os bilingues serão os mais preparados para manter a relação e estabelecer pontes entre gerações e culturas. É preciso incentivar-se a motivação e não tolerar a intolerância dos guetos. É compreensível a relutância que muitas crianças apresentam perante a aprendizagem do português, atendendo à sobrecarga que significa e a concorrer com actividades imediatamente gratificantes.

A língua portuguesa, tal como outras línguas de culturas minoritárias em diáspora, está sujeita a preconceitos criados pela cultura dominante sendo. Uma língua falada só em casa contribui para preconceitos que poderiam ser desfeitos através da frequência das aulas de língua materna.

Por vezes os pais deixam-se impressionar pela pressão de pessoas, que em alguns casos aconselham os alunos a não frequentarem o Ensino da Língua “Materna”, ou porque, não querem sobrecarregar os filhos com as aulas de português, ou, ainda, porque os filhos preferem ter a tarde livre como os colegas alemães.

Se é verdade que muitas vezes a criança não tem a mesma competência linguística nas duas línguas, apresentando problemas numa delas, isso não quer dizer que deva abandonar o português seja este a língua forte ou a língua fraca. Pais desinformados não inscrevem os filhos na escola logo na primeira ou segunda classe tornando-se depois cada vez mais difícil inscrevê-los. Se é verdade que a criança, no primeiro ano, deve ser alfabetizada no alemão também é verdade que, ao frequentar, simultaneamente, a escola portuguesa, ela começa logo a ter a experiência duma aprendizagem estruturada da língua, se bem que a princípio, apenas oralmente e através de jogos, imagens e de desenhos. Possibilita-se-lhe assim a experiência duma diferente forma de estar no mundo, ao comunicar e brincar com os companheiros da “escola portuguesa”, sendo isto muito importante para a socialização e aquisição de hábitos nos verdes anos.

Enquanto as elites estrangeiras, conscientes da importância da formação inter-cultural, (p.e. os japoneses) criam escolas privadas pagando bem para que a sua língua e cultura seja transmitida aos seus filhos, observam-se alguns pais distraídos, em cidades grandes, que não se preocupam com a escolarização dos filhos no português. A não inscrição dos filhos na escola constituiria um atestado de pobreza de espírito para todos aqueles que, podendo usufruir do ensino do português gratuito, não recorressem a ele. Não se trata de elevar o português aos cornos da lua pelo facto de ocupar o 5°. lugar nas línguas do mundo mas sim de com espírito frio saber ver, organizar e planear indirectamente o futuro abrindo perspectivas à vida.

Nas zonas onde ensino o português tenho deparado com o interesse exemplar da quase totalidade dos pais que chegam a enviar os seus filhos a 20 quilómetros de distância, para poderem frequentar o ensino da Língua Materna. Isto é prova do interesse e consciência dos encarregados de educação em perfeito contraste com políticas de ensino, apregoadas desde 1998, tendentes a acabar com o ensino da Língua materna para o tornarem apenas acessível a alunos liceais (do Gymnasium) onde a concentração populacional escolar e a procura no respectivo liceu o permitir. (Esta é uma política ilusória desconhecedora da realidade alemã, tendente a acabar com o português pela raiz e abandonando infra-estruturas que precisariam sim de revitalização).

Situação a evitar

É fatal adiar a inscrição das crianças nos Cursos de Português. Há crianças cujo contacto com o português se processa apenas pela negativa como se dá nos casos em que alguns pais falando habitualmente o alemão em casa, com os filhos, em casos conflituosos, usam o português como veículo de agressão, apenas para ralhar ou castigar. A criança passa assim a ter uma experiência muito parcial do português, associando-o à negatividade além de o não experimentar como veículo normal de comunicação. Nestas condições a criança não pode ter nenhuma motivação para aprender o português. Há encarregados de educação que para aprenderem o alemão deixam de falar o português optando por um alemão macarrónico, habituando a criança a estruturas de língua não correctas.

Vantagens da bilingualidade

Uma plurilingualidade viva constitui um enriquecimento para a personalidade aos mais diversos níveis. De facto há uma relação entre funções da língua e funções cerebrais. Uma pessoa que desde a primeira infância fale mais que uma língua activa de maneira particular os centros da língua no cérebro e interliga as funções cerebrais dado as acções da língua se armazenarem nos dois globos do cérebro.

O domínio de línguas facilita a aquisição de outros idiomas, além de alargar a riqueza fonética específica capacita a pessoa para novas visões da realidade: capacitação para a diferenciação e reconhecimento da diferença. Deste modo o aproveitamento e o desenvolvimento da criança potenciam-se. Crianças bilingues orientam-se de maneira diferente das crianças monolingues. As bilingues aprendem cedo a diferenciar situações e a posicionar-se situacionalmente. Elas têm de desenvolver mais estratégias de expressão adquirindo assim competências contextuais, de conexão bem como competências metalínguísticas (que vão mais longe do que a língua, como aspectos neuro-psicológicos etc.). A bilingualidade promove, além do mais, o desenvolvimento de competências de interacção cultural e um maior desenvolvimento do cérebro.

Os pais não podem abdicar da sua missão caindo num laissez faire irreflectido. Para o desenvolvimento posterior da língua é responsável a escola. A semente tem porém de ser lançada pelos pais/avós. É urgente capacitar os jovens a poderem viver e expressar-se nos dois mundos. Deste modo capacitamos os nossos educandos a maior flexibilidade e a estar em casa em vários mundos, espaços e épocas. A bilingualidade, trilingualidade serão realidade decisiva numa Europa do futuro. Numa Europa multiétnica, o domínio de línguas abre também chances culturais e económicas.

É preciso criar-se o espaço da Língua Portuguesa como o espaço de existência de formas e experiências vitais diferentes com muito espaço para a liberdade e criatividade onde se aprende o afecto na relação autêntica e verdadeira. Neste sentido têm que se empenhar pais, associações, estado, multiplicadores, RTPi etc. A RTPi tem que repensar os seus programas que normalmente “espantam” a criança bem como pessoas de espírito jovem ao serem confrontadas com programas de conversa ou melo-saudosistas voltados apenas para um tipo ultrapassado de emigrantes.

A língua é a minha terra, e para o bilingue a sua terra é o mundo.

António da Cunha Duarte Justo

(Professor de Língua e Cultura Portuguesas em Kassel e docente de Português na Universidade de Kassel, membro de direcção devárias associações, Conselheiro eleito durante 12 anos pela lista franco-portuguesa na Câmara de Kassel). O que aqui apresento é fruto de estudo acurado e de muita análise directa na minha relação diária com os alunos e encarregados de educação. Tenho feito conferências sobre o assunto desde 1987.

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