ESTADOS APOIAM O CRIME DOS ESPECULADORES DA INDÚSTRIA ALIMENTAR


Ecologia em Perigo – Gasóleo Biológico – Tira-se à Boca para se dar aos Motores

António Justo

Um Estudo de 2008 do Banco Mundial, dado a conhecer aos governos mas não tornado público, estabelecia a relação directa entre o aumento de 75% nos preços de víveres em alguns países e a produção de energia biológica. Segundo decisões da União Europeia (EU), até 2020 o consumo de combustível biológico deve subir pelo menos para 20% nas bombas de gasolina.

Na tentativa de se tornarem independentes dos Estados produtores de petróleo e de resolverem o problema energético do futuro, os Estados ocidentais fomentam o cultivo de soja e de colza para a produção de gasóleo biológico. As monoculturas expandem-se por todo o lado. A importação de pasto para animais diminui, por sua vez, as áreas antes reservadas à alimentação humana.

O mesmo acontece na cultura de cana-de-açúcar no Brasil para a produção de etanol que conduzirá ao arroteamento da floresta virgem do Amazonas, como receia um Estudo da UNO.

Nos USA e na EU as áreas de produção de cereais, dão lugar ao cultivo de plantas para a produção de combustível.

Também o negócio especulativo, a nível financeiro, cada vez atinge mais ao sector agrário. Esta praga especulativa atinge principalmente a África e a América Latina que se espalha como a praga dos gafanhotos dos tempos bíblicos. O povo pobre encontra-se à disposição de exploradores anónimos. A política sofre, mas sente-se impotente perante os lobbies do capital e da classe política. Adoptam o capitalismo mas não estão preparados para curar as suas doenças, tomando mesmo medidas que impedem a mobilização das forças purificadoras interinas ao sistema. Veja-se a última crise onde foram premiados todos os bancos independentemente do seu bom ou mau comportamento.

Aves de Rapina do Capital sentem-se bem na putrefacção

Os abutres da sociedade vivem em zonas altas e esterilizadas mas o negócio vão fazê-lo nas zonas baixas, degradadas. Devem o seu bem-estar ao seu instinto dos odores da decomposição. Os Estados encontram-se asfixiados pelas dívidas, as novas gerações têm o futuro empenhado e o mercado de trabalho, cada vez mais precário.


A  indústria agrária com os seus vendedores e a indústria financeira com os seus compradores unem-se contra o comprador final, que se encontra entregue à bicharada especuladora. O dinheiro barato das Bancas centrais não é usado para investimentos mas para especulações com produtos alimentares e outros produtos bancários. Os especuladores da opressão utilizam o dinheiro que os Estados lhes deram para impedir a catástrofe da crise.


A especulação criminosa com bens de consumo é apoiada com subvenções dos contribuintes que, por sua vez, impedem que os países do terceiro mundo possam concorrer com os europeus e americanos.

Por outro lado os especuladores mundiais compram, com anos de antecedência, as produções agrárias nos países do terceiro mundo, ditando os preços aos agricultores locais, impedidos assim de ajustar os preços à inflação. (A política parece ser cínica tendo assim em conta a redução da população mundial através da fome.)


O povo, dos países desenvolvidos não se levanta porque ainda vive bem da destruição da natureza e da exploração dos mais fracos.

Deixam andar à vontade as aves de rapina organizadas em bandos concentrados em torno das necessidades básicas humanas e cuja satisfação se encontra controlada por especuladores multinacionais da indústria alimentar, pelas multinacionais produtoras de medicamentos, pelos abutres controladores dos vários ramos de energias. Verdadeiros Estados nos Estados, já se preparam para obter o controlo sobre as águas potáveis para dominarem mais um sector vital.


A caravana dos especuladores encontra-se em marcha, acolitada pela turba da classe política que com conversas e decisões banais adia a realização do Homem, da sociedade e da natureza.

É escandalosa a intenção e previsão dum banco, como o Banco Alemão, que espera, dentro dum ano, ter um lucro de 10.000 milhões de €. Todos os bancos mundiais se encontram de vento em popa devido à especulação na Bolsa com os preços de gás, óleo, gasolina, electricidade, alimentos, medicamentos, etc. A sabedoria popular constata baixinho: ”As superfluidades dos ricos são as necessidades dos pobres.”


Na Europa, encontramo-nos numa era fomentadora do oportunismo. A política, apoiada pelos Media destrói os valores transmitidos pela cultura para poder substituir a lei moral cultural pela lei da selva. Encontramo-nos num processo de substituição da inteligência e da razão pela imaginação. Entretanto os nossos “zés pereiras” vão distraindo o povo com conversas de sexo, consumo, socialismo, comunismo, criminalidade, propostas partidárias; assim desviam as atenções do verdadeiro problema e dos que provocam os problemas. Resolvem um problema com outro problema maior.


O povo sofrerá cada vez mais e a natureza com ele. Tal como a juventude no mundo árabe se levanta e protesta, assim a natureza se revolta com ciclones e “ tsunamis”. Tudo se sensibiliza, e com razão, contra os colonialismos e imperialismos dos povos e poucos se levantam contra a opressão e humilhação da natureza e dos pobres. O seu rosto ecológico é desfigurado em nome dum individualismo e duma liberdade feroz anónima à custa duma consciência integral e contra uma cultura do nós e da ecologia. Urge integrar o direito privado do mais forte no direito da natureza e da humanidade, subjugando-o ao princípio da colaboração dum crescimento na complementaridade.

Na África o povo sai para a rua protestando contra a fome e contra a opressão. Quando saltará o povo europeu para a rua na defesa da dignidade humana e da dignidade da natureza humilhadas e oprimidas?


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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