Informação pública na Alemanha provadamente partidária
Um estudo recente da Universidade de Mainz chega à conclusão que os formatos de informação de serviço público (TV e radiodifusão pública) “se posicionam do lado da sociedade que, para simplificar, pode ser descrito como politicamente de centro-esquerda”. O estudo está disponível na página inicial da Universidade de Mainz.
Isto observa-se, de uma maneira geral nos países membros da União Europeia e é um dos motivos que na Alemanha proporciona um progressivo aumento de movimentos de direita apesar das campanhas oficiais contra.
Parte-se do princípio que, a nível público, se deve renunciar ao emprego da razão factual na informação porque a sua aplicação poderia promover os conservadores ou radicalismos que poriam em perigo órgãos do Estado.
A informação dos meios de comunicação são de tendência à esquerda e como a maior parte do público está formatada nesse sentido, não nota; entretanto há imensa gente que cada vez dispensa mais as informações oficiais do ritual diário. Lamentavelmente, em desabono dos media privilegiados pelo sistema, cada vez se tornam mais necessários canais de informação alternativos e redes sociais, naturalmente com o correspondente perigo do extremo oposto da possível tribalização da informação e da sociedade; os media e a política reagem apontando apenas para as deficiências deles e não se esforçam por ganhar credibilidade. Como resultado, de uma maneira geral os sistemas públicos de comunicação transferem voluntariamente a responsabilidade para as redes sociais (1).
No discurso público alemão observa-se – de maneira exemplar para os membros da União Europeia – a vontade de se querer posicionar fora do discurso da razão e do diálogo. Domina uma forma de pensar autoritária, em que um lado é o bode expiatório e o outro é aquele que faz justiça. Neste sentido, exige-se uma politização da sociedade criando nela o dever de se posicionar. O impulso social de se posicionar também vai contra a liberdade, mas até a liberdade é também ela categorizada, tornando-se a sua linha de demarcação (fronteira da verdade) a opinião própria ou a opinião do mainstream. A pobreza de espírito chega a ser tanta que até a manifestação da exigência de prudência, moderação e reflexão no discurso público chega a ser apostrofada como reação medrosa.
A desconfiança crescente em relação aos meios de comunicação social e à política deve-se também a uma política governamental errada e ao facto de também os meios de comunicação social fecharem os olhos à ideologia islâmica.
Os media devem tratar os islamistas com a mesma severidade com que tratam a AfD. O objetivo deve ser tornar visível o invisível, mesmo que isso ponha em causa a política de estrangeiros. Em todo o caso, o discurso é injusto para com os estrangeiros em geral, porque os agrupa a todos, apesar de os problemas que os estrangeiros e os alemães enfrentam diariamente serem sobretudo causados por imigrantes islâmicos, que se sentem acarinhados e tratados pelas autoridades alemãs, que não levam a sério as suas agressões.
O povo não está disposto a aceitar a ética de atitude governamental em desfavor da ética de responsabilidade para com todo o povo.
Em geral descreve-se a história dos outros. Por isso sobre estes assuntos não se escreve!…
E muitos dos jornalistas, condicionados ao seu salário e ao insuficiente tempo disponível, cedem à premissa:” Quem dá o pão dá a criação”!
Também por isso, em todos os países, os partidos do arco do poder se defendem agressivamente contra partidos alternativos de esquerda e de direita, porque no caso de participarem nos governos, terão direito a ter quotas de emprego proporcional na administração publica e em outras instituições, o que proporciona maior perspetiva e sustentabilidade, para os partidos de coligação.
Na Europa, apesar de críticas dispersas aos sistemas públicos de comunicação, o seu papel continua indiscutível. Em toda a Europa se observa porém a necessidade de maior descentralização do sistema público no sentido de se criarem mais órgãos de controlo e de representação democrática, muito embora quando se fala de povo ainda se trate de um abstrato. De facto, pelo que me foi dado observar, o comportamento dos sistemas públicos de comunicação na União Europeia, no que respeita sobretudo à informação sobre a epidemia Corona-19 e ao conflito geopolítico a desenrolar-se na Ucrânia, revelou a abdicação da sua responsabilidade de informação factual e racional crítica; de facto transformou-se em mero altifalante dos governos, da OMS e da NATO. (Na Alemanha, nesta legislatura, tem sido evidente o encosto ao governo).
Esta experiência de disciplinação e controlo popular criou mal-estar físico e psíquico crónico irreparável, no meio das populações europeias. Grande parte da crise que hoje domina a Europa deve-se ao facto de os sistemas públicos de comunicação se terem tornado incapazes de possibilitar um diálogo e uma relação entre Estado e sociedade por se terem identificado com os governos em prejuízo da sociedade civil.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) SISTEMAS PÚBLICOS DE COMUNICAÇÃO NO MUNDO: https://www.intervozes.org.br/arquivos/interliv004spcmepb.pdf
Não é isso que se vê em Portugal. Toda a comunicação social influencia a opinião pública a favor dos partidos e movimentos chamados de direita, liberais, sejam públicos , sejam privados. O estudo que refere não tem credibilidade!
Nuno Moreno , pelos vistos o estudo da universidade é menos objectivo que a sua opinião. O estudo refere-se aos sistemas públicos de comunicação não aos privados. Mas nestas coisas o que vale sempre é o respeito da opinião. Em nota apresento um estudo sobre a complexidade dos sistemas públicos de comnicação e em que se apresenta também o português e os aspectos desejáveis de melhoramento!
Estudos da universidade há muitos. Não são neutros. Fazem-se para atingir objetivos. Desconfio de todos. A comunicação social pública nunca é neutra, é manipulada , cada vez mais pelo poder económico , financeiro e político, como na privada . Só não vê quem não quer ver ou avalia mal. Esse estudo que refere não assente em pressupostos verídicos.
Nuno Moreno, exatamente; é precisamente para esse aspeto que procuro chamar a atenção no artigo para que cada pessoa se esforce por ter várias fontes de informação para ter maior capacidade de avaliação! De facto, num histórico da sociedade em que a sociologia parece politicamente querer ganhar a precedência sobre outras disciplinas tem que se olhar também criticamente para os dados estatísticos, sujeitos também eles a mandatários; hoje dados estatísticos são usados como argumento e tornados dogmas para convencer povo! No caso desta investigação da universidade dei-lhe relevância porque geralmente as universidades têm grande respeito pelo sistema que as sustenta e não são muito pródigas em críticas ao sistema. Por esse facto, a posição crítica dos resultados da investigação torna-se mais credível.
Não precisariamos desse estudo, para ter essa certeza.