AS ELITES EUROPEIAS PERDERAM A CABEÇA AO QUALIFICAREM A RÚSSIA COMO “ESTADO TERRORISTA”

Até o cidadão simples se admira pelo facto de o Parlamento Europeu (PE) não saber o significado de Estado ao qualificar a Rússia de “Estado Terrorista”.

Seria impensável que um Parlamento descesse a uma atitude de qualidade intelectual e moral tão baixas. Isto vem demonstrar mais uma vez a incapacidade atual da política para encontrar soluções para os problemas que os desenvolvimentos da nova ordem mundial em processo exigem.

Estado é o país e as pessoas que nele vivem ligadas pela mesma nacionalidade. Isso também inclui suas regras comuns e as pessoas que criam as regras e garantem que elas sejam seguidas. Estes oferecem segurança, ordem e uma função de segurança social.

O não saber distinguir entre sistemas políticos, governos e Estados conduziu o PE a uma posição enganadora! O PE falhou às suas funções de instituição estatal, deixando-se reduzir aqui a um grupo de guerra, como se a ideia política de amigo e inimigo fossem suficientes para se autodefinir ou definir alguém!!

É lastimosa a situação de uma política europeia encurralada (entre USA e Rússia) que se vê na necessidade de reduzir Estados a grupos de guerra em que exércitos armados se opõem-se entre si; tal atitude desconhece a realidade do Estado que representa povos inteiros ou grupos étnicos em torno de uma Constituição e das instituições constitutivas do mesmo. Esta declaração infeliz equivale a criminalizar um povo para se justificar uma guerra exterminante.

Qualquer cidadão até sem formação política conseguiria notar a fraude em que a política o quer envolver, mas por outro lado o leva a constatar a decadência da classe política europeia: reduzida a mera sacristã dos EUA não revela um saber para além de estudos secundários malfeitos! Declarar um Estado terrorista corresponde a coloca-lo na situação de animal selvagem digno de ser caçado.

Sob o pano de fundo do conflito da organização de uma nova ordem mundial geoestratégica (expressa no conflito Estados Unidos-Rússia na Ucrânia), a declaração do Parlamento Europeu revela o estado populista em que se encontra a política e meios de comunicação social do sistema que tal permitem e que preanunciam grandes problemas especialmente para a Europa.

É claro que nos encontramos num momento histórico problemático, mas muito produtivo em que também o Sul Global quererá participar com mais justiça dos bens da terra; para isso urge uma reorganização da macroeconomia e Putin, apesar da brutalidade que usa na Ucrânia tem iniciativas para essa reorganização que vêm de encontro às necessidades do Sul.  De futuro o acento da economia e da política terá que ter como ponto central o bem do cidadão também a nível mundial e não tanto o proveito de instituições e seus funcionários.

O facto de nações ou blocos se encontrarem em concorrência rival a nível geopolítico não justifica tais declarações mais próprias de um estado despótico. As elites europeias terão de se ir convencendo que não é só a Europa que tem os trunfos no jogo geopolítico em via.

A atitude maniqueia do Parlamento Europeu tem de ser contradita pelo povo europeu que ainda mantem equilíbrio mental e um resto do humanismo judaico-cristão.

António da Cunha Duarte Justo

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

7 comentários em “AS ELITES EUROPEIAS PERDERAM A CABEÇA AO QUALIFICAREM A RÚSSIA COMO “ESTADO TERRORISTA””

  1. Luís Moreira, é vergonhoso constatar-se que políticos que dizem representar o povo não façam uso da capacidade lógica que o povo pressupõe neles quando os elege. Um Parlamento não deve comportar-se como se se encontrasse num jardim infantil. Salve-se o respeito pelas crianças mas os parlamentares representam pessoas adultas.

  2. A Alemanha e a França juntamente com a Rússia tinham de fazer cumprir a resolução 2202 da ONU sobre o acordo de MINSK. A NATO e o Reino Unido não deixaram que isso acontecesse e envolveram a União Europeia. Em caso de dúvida investigue.
    FB

  3. Filipe Fiuza, infelizmente disso não se fala porque iria complicar a narrativa oficial distorcida que quer encobrir o que a OTAN fez a partir de 2014. O povo tem de ser abandonado a especulações e puxado para a visão sentimental que no caso serve também para impedir uma análise fria de uma história mal contada e em que a opinião pública foi levada a tomar a posição de interesses guerreiros

  4. Mafalda Freitas Pereira, é verdade! Infelizmente somos conduzidos de conflito em conflito para não podermos pensar por nós mesmos em termos de se construir uma sociedade baseada numa cultura da paz. Assim vamos sendo distraídos pelos telejornais e noticiários na sua missão de perpetuarem uma cultura do conflito e de posse da verdade que só beneficia os mais fortes! Embora isto faça doer é bom estarmos atentos para melhor estarmos vacinados contra o vírus geral da propaganda e na certeza que mesmo esta vacina não é verdadeiramente vacina mas um simples medicamento!

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