OCIDENTE EM RETIRADA DA REPÚBLICA DO MALI COMO ACONTECEU NO AFEGANISTÃO?

 

A República de Mali, ex-colónia francesa com uma população de 20 milhões de habitantes (2021) dos quais 80% muçulmanos sunitas e 10 % cristãos encontra-se em situação de segurança muito tensa devido a islamistas militantes realizam repetidamente ataques e fazem reféns desde 2013 principalmente no Norte, mas donde foram repelidos devido à ajuda das tropas francesas. A agricultura, a exploração mineira e a exportação de matérias-primas como ouro e o algodão são as pedras angulares da economia maliense. O Mali é um país de trânsito para os refugiados africanos a caminho da Europa. Os grupos terroristas Estado Islâmico e Al-Qaeda e diferentes ramificações estão muito activos também no Mali.

O Ocidente quer defender regiões geopoliticamente importantes para si próprio e desalojar os inimigos da democracia. No Mali, encontra-se, por um lado, o terrorismo islâmico em acção e, por outro, a Junta militar está aliada com o grupo de mercenários russos “Wagner”. Isto já faz lembrar a accão paralela dos bandeiristas ucranianos contra a Rússia.

O Ocidente já começou a retirar-se do Mali; os franceses, depois de nove anos, retiraram os soldados da sua operação antiterrorista no Mali, mas pretende permanecer envolvido na região do Sahel. Na passada sexta-feira, também as Forças Armadas alemãs suspenderam o seu destacamento no Mali até nova ordem porque o governo maliense proibiu os direitos de sobrevoo no território. O Ocidente carece de forças aliadas no país. Por outro lado, o terrorismo islâmico revela-se como uma das mais eficientes estratégias de expansão. O argumento que a estabilidade no Norte de África contribui para a segurança da Europa é a razão da participação das Forças Armadas alemãs na missão das Nações Unidas no Mali, tal como defende a doutrina da OTAN.

O Ocidente enfrenta agora o início de uma derrota no Mali, que se assemelha ao que aconteceu com os Talibãs no Afeganistão.

Com a evacuação das forças ocidentais, avista-se um cenário semelhante ao do Afeganistão, para as forças locais, tal como aconteceu com as forças afegãs colaboradoras da OTAN.

Para lá da luta islâmica, a China e a Rússia já estão prontas para exercer a sua influência. Também na África a polarização mundial se afirma até que ganhe a devida expressão também a força islâmica. A Europa está a pagar a factura do seu imperialismo e dos erros iniciados pelos EUA quando militarizaram o terrorismo islâmico para combater o comunismo no Afeganistão.  Em 1979, Jimmy Carter, com a “Operação Ciclone” enviou jihadistas árabes, membros da confraria dos Irmãos Muçulmanos para o Afeganistão(1). Entretanto militarizaram-se e encontram-se a operar em toda a África e não só!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://geopol.pt/2022/04/13/a-alianca-do-mi6-cia-e-os-banderistas/?amp=1&fbclid=IwAR3LOigsF93ayGrq1PjPmmcWRalXJa6i4K35UjWm0E2fnXdCFqfCUXIt-8o

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

4 comentários em “OCIDENTE EM RETIRADA DA REPÚBLICA DO MALI COMO ACONTECEU NO AFEGANISTÃO?”

  1. No que diz respeito ao Afeganistão, julgo saber que mesmo depois da retirada dos EUA, permanece um contingente militar USA para defesa do povo contra a traiçoeira investida dos Talibã.

  2. Mafalda Freitas Pereira; a missão ocidental terminou; por isso os Talibã estão em pleno poder no Afeganistão porque os EUA perderam a guerra contra eles; a sua saída e dos aliados foi uma verdadeira desertação que deixou muitos dos afegãos colaboradores do ocidente entregues às mãos dos talibã . Coisa semelhante poderá acontecer no Mali onde os colaboradores poder┼o depois ser perseguidos pelos grupos islâmicos e até pela Junta militar. O que os EUA agora têm feito no Afeganistão são apenas acções isoladas com drones contra terroristas. A missão dos aliados terminou embora de maneira vergonhosa que a História mais tarde poderá julgar! Segundo a Universidade de Brown, 241.000 pessoas morreram em zonas de guerra nas últimas duas décadas, 71.000 das quais eram civis afegãos e paquistaneses. Mais de 2300 militares americanos morreram no Afeganistão. A guerra custou aos americanos um total de dois triliões de dólares.

  3. José Luís Caldeira Fernandes , eles lá sabem; cada grupo defende os seus interesses e os africanos sentem-se em casa deles. O maior problema é que também devido a erros cometidos eles se sentem melhor com outros potentados!

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