Desalinho da Concorrência entre os Países e entre os Partidos na EU
Por António Justo
Von der Leyen nasceu em Bruxelas, desde 2013 Ministra da Defesa Federal, médica e mãe de sete filhos, desde 1990 membro da CDU, foi nomeada, pelos Chefes de Estado e de Governo, para o cargo de Presidente da Comissão “por unanimidade, com a abstenção da Alemanha (pelo facto do parceiro de coligação SPD ser contra).”Macron que se tinha oposto ao cabeça de lista alemão Manfred Weber (CSU) terá proposto Von der Leyen para o cargo, indicando assim não ter nada contra a Alemanha. Von der Leyen defende a criação de uma união de defesa da EU, o que agrada a Macron.
A eleição de von der Leyen terá lugar em meados de Julho, na melhor das hipóteses. Para se tornar sucessora do Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker terá de passar no Parlamento Europeu.
A Esquerda europeia bloqueia-a porque preferia uma solução à la Geringonça e por isso se encontra muito desconcertada, preferia Frans Timmerman.
Manfred Weber (não aceite por Macron como Presidente da Comissão, será por dois anos presidente do parlamento da EU) e Frans Timmerman (Vice-Presidente da Comissão Europeia). A francesa Christine Lagarde, antiga diretora do FMI, deverá dirigir o Banco Central Europeu (Com Lagarde a politização do dinheiro continuará a servir de instrumento equilibrador entre as economias efectivas do Norte e as crentes do Sul!) e o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Josep Borrell, será o Comissário dos Negócios Estrangeiros da UE. O Primeiro-Ministro belga, Charles Michel, será o Presidente do Conselho Europeu; tudo isto se for seguida a proposta dos Chefes de Estado e de Governo. Pelo pessoal proposto nota-se também uma preocupação de equilíbrio entre conservadores e socialistas.
Também o modelo do candidato mais votado não agrada ao parlamento que favoreceria um chefe de governo à la Geringonça.
Von der Leyen terá que se defrontar perante os deputados do PE (representantes do povo); o grande problema é que lhe falta a legitimação democrática.
Manfred Weber seria o mais legitimado para o cargo como representante da fracção conservadora que teve melhores resultados nas eleições, mas ele não conseguiu o apoio dos países da Europa Oriental que embora também conservadores não esqueceram algumas críticas que Weber lhes tinha feito. Estes países conservadores que por questões de princípio não queriam apoiar o sociademocrata holandês Frans Timmermans, viram em von der Layen uma boa representante da família política.
Até à sua eleição pelo Parlamento ainda terá de ser feito muito trabalho por trás dos bastidores das organizações políticas; penso que, no fim, tudo estará de acordo com o pacote proposto!
A divisão da Europa encontra-se expressa no governo de coligação CDU/CSU/SPD em Berlim. A esquerda e a direita estão cada vez menos inclinadas a compromissos. A esquerda não teme fazer coligações com partidos radicais da esquerda enquanto que a direita, por enquanto, evita o contacto com a extrema direita. O SPD alemão encontra-se também ele dividido entre a defesa de princípios democráticos europeus e a defesa de interesses alemães. Nos tempos que correm, em questões partidárias a dianteira pertence geralmente à ideologia, mas as pessoas, uma vez eleitas, passam a fazer política europeia.
Von der Layen tem experiência na resolução de situações conflituosas e como candidata do compromisso teria competência para negociar com todas as facções políticas.
O jogo entre as instituições da EU e o Parlamento, em questões de princípios, conduz a democratização da EU, determinada em 2014, ad absurdum. De facto, a concorrência deveria acontecer entre os partidos europeus e não entre os estados europeus.
A culpa de tal embrulho não se pode atribuir porém aos chefes dos governos; a sua atuação deve-se à incapacidade das fracções políticas europeias para alcançarem um compromisso; doutro modo tê-lo-iam atingido no Parlamento Europeu e apresentado o seu favorito à Comissão.
Von der Leyen, com a personalidade que tem, não terá dificuldade em ganhar a confiança do parlamento europeu. Ela tem a capacidade de diminuir o antagonismo partidário e de aproximar uns dos outros os interesses partidários, os interesses democráticos populares e os interesses das elites. Com ela não se afirma nem uma época dos derrotados (geringonças) nem uma época dos vencedores, com ela prevalecerá a mudança para o compromisso responsável. De facto, a incapacidade para o compromisso é a maior ameaça das democracias.
Macron (França) é o vencedor na nomeação do pessoal a ocupar os cargos da EU.
Com a sua proposta de colocar Christine Lagarde como Presidente do Banco Central Europeu impediu a nomeação de Jens Weidmann, Presidente do Bundesbank e enfraqoueceu a posição da Alemanha na EU. Deste modo assegura a política do dinheiro barato (propriamente sem juros) o que beneficia especialmente a França e os países do Sul em parte à custa do capital alemão e evita assim aos paísess do sul as reformas que de outro modo seriam necessárias. De facto, a experiência mostra que a política segue a economia, o resto é música de acompanhamento!
António da Cunha Duarte Justo
In “Pegadas do Tempo”
Um pensamento desviado por considerar a extrema esquerda como parte da não solução…a direita afastasse da extrema direita e a esquerda incorpora a extrema esquerda…o que é isso!..da extrema esquerda o BE!
Vítor Lopes
FB
Em democracia todos os partidos fazem parte das soluções independentemente da sua marcha à esquerda ou à direita. O problema das pegadas escarrapachadas mais à direita ou à esquerda só se porá quando os extremos se escarrancham de tal modo para um lado ou para o outro que impedem o caminhar.
Von der Leyen foi escolhida por ser o menor denominador comum. Todavia tem muitas, muitíssimas debilidades. É preciso ler o que aqui se diz.https://www.politico.eu/article/ursula-von-der-leyen-biography-career-inconvenient-truth/?fbclid=IwAR0Vq6SkB_kxZbkNpwgUqCqBRMB1my8QCteRHuYarnyoKX_IH293LtaZUvg
The inconvenient truth about Ursula von der Leyen
Caro embaixador, foi o resultado do possível no meio de um PE politicamente desentendido e incpaz de propor uma personalidade para o cargo e de de países demasiadamente agarrados a interesses nacionais. Naturalmente agora é a hora dos críticos, mas penso que por questões pragmáticas ela será eleita pelo PE.
Penso que von der Leyen será a mulher dos compromissos e por isso apresentará as melhores qualidades para levar a democratização da EU à frente. Sempre gostei dela. Acho-a uma pessoa íntegra, independentemente do parido a que pertence. Vem de uma família que se empenhou muito no sentido da democratização europeia.
Os DDT ainda há uns dias atrás estiveram na reunião de Biderberguer a cosinhar a plotica dos próximos anos…
João Moita
FB
Não são insignificantes embora passem um pouco desapercebidos.
Náo estou de acordo. Esta senhora é uma personagem que encorpora a obediencia à dominacáo americana no continente europeu com todas as suas consequencias nefastas para o mesmo.
Mário Lds Botas
É verdade, mas o facto é que os governos europeus seguem a doutrina oficial da NATO, nesse sentido ela está a cumprir o seu dever!
A situação não parece risonha para von der Layen, a ver pela reacção que se levanta e que também o SPD aumenta. O candidato mais votado foi Manfred Weber mas Macron bloqueou-o e países do leste que não estavam contentes com as críticas que ele lhes tinha feito devido ao estilo de governo. No caso de von der Layen não ser eleita então vai ser o “saralho do carilho” na Comissão e no PE. A Alemanha sentir-se-ia totalmente enganada dado o posto economicamente mais relevante não ir para o presidente da Deutsche Bank mas para a francesa Lagarde. A não ser que encontrassem nova equipa. A esquerda perdeu mas saberá jogar de tal modo a conseguir ficar benefeciada. A França que conseguiu a dianteira nestas jogadas a vencer ainda mais humilharia a Alemanha