O FENÓMENO DE JOGADORES MAIS VELHOS NO DESPORTO PROFISSIONAL

Pepe e Ronaldo são um milagre biológico do futebol assistido por uma Vontade forte

 O ortopedista e médico desportivo Dr. Gerd Rauch, em entrevista à HNA, descreveu o fenómeno Pepe e Ronaldo como um “milagre biológico do futebol”. Pepe com 41 anos e Ronaldo com 39, estão entre os jogadores mais velhos da história do Europeu.

Segundo o especialista, o que sobressai nos dois jogadores é “disciplina de ferro…treino extra, regeneração adequada com sono e sem álcool…  e corpos robustos, com muito músculo. É claramente o caso de Ronaldo e Pepe. São atletas excepcionais”.

As exigências físicas são importantes porque lesões complexas nos joelhos podem levar a osteoartrite prematura e, muitas vezes, levar ao fim precoce da carreira. Pepe e Ronaldo também tiveram lesões, mas a sua condição física aliada à sua arte, disciplina e vontades férreas fizeram deles grandes luzeiros no firmamento do futebol.

Naturalmente, a idade torna-se percetível e a dada altura o declínio no desempenho só pode ser interrompido pelo treino intenso e também pela vontade de suportar a dor, o que pode ser ajudado com um pouco de vaidade.

A velocidade no jogo, geralmente, diminui com a idade, e é por isso que as equipas optam cada vez mais por jogadores mais jovens dado o jogo se ter tornado incrivelmente rápido. “A bola já não está parada, mas é apanhada e retirada imediatamente.”

Os jogadores também recebem cuidados médicos ideais com cuidados ortopédicos, cardiológicos e médicos gerais; existe fisioterapia direcionada e treino atlético que atua na fáscia e nos tendões e alonga os músculos.

O futebol está também a tornar-se um negócio industrial. Até a cor dos sapatos de Ronaldo determina a vontade de comprar.

Ronaldo ainda é muito importante para Portugal pelo seu jogo de cabeça e pelo seu papel dentro da equipa agindo como estímulo  e  padrão de líder, como se nota na maneira como se dirige a colegas caídos em campo onde uma palavra dele parece fazer milagres; porém essas qualidades humanas não se notam na TV. 

Também é natural que no mundo das estrelas se torne difícil avistar o céu estrelado devido às cataratas dos problemas terrenos e ao fenómeno real das estrelas candentes!

O exercício da vontade ajuda a viver com sabedoria se não se quer passar ao grupo de uma reserva abandonada ao sobreviver: a vontade ajuda a sair do dilema do ganhar ou perder para se seguir a estratégia do perder para se ir ganhando! Trata-se de se optar por uma forma de vida simplificada ou mais complexa e exigente.

Ronaldo e Pepe são o exemplo do resumo ideal de tradição e inovação num mundo em apressada transformação.

A vontade só pode desabrochar da nossa consciência quando se tem um objectivo em mente e uma estratégia para o alcançar. Geralmente vive-se entre o querer da mente e o desejar instintivo do corpo faltando o estímulo da liberdade com a alavanca da esperança que dá lugar ao momento disciplinador da mente sobre o corpo para conseguir modelar as sensações num processo de emancipação.

A vontade, como impulso natural de dominar e se autoafirmar expressa-se legitimamente em Ronaldo começando pelo autodomínio adquirido através de autodisciplina, primeiro pressuposto para se chegar à victória; essa qualidade de caracter é hoje contrariada pelo espírito do tempo (Zeitgeist) interessado em fazer das pessoas meras consumidoras numa sociedade que se quer comerciável (tanto a nível capitalista como socialista) e para isso faz uso da ideologia do igualitarismo qualificando de arrivistas  pessoas e grupos que querem sair da cepa torta. Aquela atitude simplicista, embora parecendo progressista, torna-se de facto no maior inimigo das classes sociais menos privilegiadas porque mais apeadas à rotina e ao hábito.

Talvez por isso se levantem tantas vozes contra Ronaldo não entendendo que a pessoa humana é um projecto em continuo processo de habituação e tentativa de inovação, que implica a aceitação do erro como momento metódico. Um mundo em contínuo desafio aceitar a própria fragilidade como algo natural, mas sem que esta se torne objecto de virtude nem de fixação.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PARA ONDE VAI A EUROPA

População a viver cada vez mais sozinha

O Serviço Federal de Estatística anunciou, em 02.07.2024, que 20,3% da população da Alemanha vivia sozinha em 2023. Na média da UE 16,1% vivem sozinhos. Na Finlândia 25,8% , na Estónia 31,5%,  Portugal 9,8 % ,  Croácia 9,9 %,  Irlanda 8,3%, Polónia 8,7 %, Chipre 8,0%, Eslováquia 3,8%.

A proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas é o dobro da média da população. Na UE 31,8% têm 65 anos ou mais e na Alemanha 34,6%. No contingente das pessoas que vivem sozinhas não estão incluídas as que vivem em alojamentos partilhados ou em lares de idosos ou de terceira idade.

Embora Portugal registe 9,8 % da população a viver sozinha, é o país que envelhece mais depressa na União Europeia. O Brasil está a tornar-se um grande recurso para a compensar o envelhecimento da população.

Uma Europa velha e exausta, que ainda por cima nos esgota com guerras económicas e militares, empobrece cada vez mais as suas populações e está a levar as pessoas à solidão e ao desespero. Uma elite farta e cheia, que se mostra tão aberta e misericordiosa com os refugiados que fogem da pobreza e das guerras que ajudámos a instigar, deveria criar meio de ser também misericordiosa com a sua população precária.

No final, continuamos a beneficiar da sua ânsia de vida, que há muito perdemos. A nossa cultura despede-se de si mesma e fica um vasto território para povoar e cultivar.

Uma esperança: o mundo e a natureza continuam.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

DIOGO COSTA FOI O HOMEM DO EMOCIONANTE ESPECTÁCULO

Portugal 3 – Eslovénia 0

Três – Zero para a equipa portuguesa por especial obra e graça do guarda-redes e dos marcadores no prolongamento do jogo no estádio de Frankfurt (01.07.2024).

Diogo Costa deu ao jogo o brilho que merecia e levou a equipa nacional aos quartos-de-final do euro 2024, jogo que será disputado contra a França na próxima sexta-feira, dia 5.

Foi uma noite de resultado escuro para a equipa eslovena, que ficará marcado na lembrança eslovena com a imagem do fato negro do guarda-redes Diogo Costa.

As lágrimas do Ronaldo, expressão de um jogo emocional, intrincado e surpreendente que colou os espectadores aos écrans de televisão, transformaram-se em lágrimas de surpresa e alegria. Apesar dos momentos perigosos resultantes dos arranques inesperadas dos poucos jogadores que restavam da defesa eslovena, a equipa portuguesa persistia em atirar bolas com valentia contra o muro da defesa adversária.

Naturalmente além da qualidade dos jogadores portugueses com o seu guarda-redes ficarão na memória deste jogo não só os marcadores, mas sobretudo Pepe, Leão e Ronaldo.

O guarda-redes esloveno também se mostrou ótimo guardião e os outros jogadores companheiros conseguiram sobretudo com a sua tática de jogo mortificar o brilho da equipa nacional.

Uma coisa ficou clara: O mais relevante não se mostrou o tamanho e a força dos jogadores, mas sim a arte mais feminina dos jogadores.

Estão todos de parabéns, portugueses e eslovenos, pelo jogo emocionante e de qualidade que deram de maneira a envolver tudo e todos até ao fim!

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo