O MUNDO REORGANIZA-SE COM UM BRICS PLUS À MARGEM DO CONFLITO SISTÉMICO SOCIALISMO-CAPITALISMO

 

BRICS PLUS significa mais “Cooperação Sul-Sul” e “Desdolarização” do Comércio mundial

A guerra substituta a decorrer na Ucrânia e a guerra económica apressam o alinhamento do mundo em torno do grupo G7 e dos países emergentes no grupo BRICS PLUS. O conflito sistémico entre estados socialistas e estados capitalistas que se expressa na Ucrânia não impressionou as ações do G BRICS que viu o BRICS (5) aumentado para o BRIKS PLUS (11). Com o erguer-se do grupo BRIKS PLUS, o sonho globalista de um mundo monopolar sob a égide da NATO esvai-se no sentido de um mundo multipolar, de caracter mais pragmático e menos ideológico, facto este que obrigará as nações a novas estratégias de comércio internacional; a hegemonia ocidental será, porém, um osso duro de roer; o grupo surgente pode contribuir para se ir criando um mundo mais humano em termos de relações internacionais.

O “Brics plus”, em termos geopolíticos, é um sinal positivo que irá proporcionar uma reorganização da ordem mundial já fora do tradicional conflito sistémico socialismo-capitalismo. Nele se nota a marca mais própria do Sul (África negra + Ásia) que é organizar-se em termos utilitários pragmáticos e não tanto em termos de doutrina ou ideologia (valores) como é mais próprio da nossa região nórdica e da arábica.

Para nós, ocidentais, a nova situação político-económica revelar-se-á como desagradável porque teremos de abandonar a posição de determinar as nossas condições e padrões ao resto do globo. Com a afirmação do G Brics plus os parceiros internacionais serão levados mais a sério e ver-se-ão de cara a cara num mundo em que o que mais conta é o poder económico e militar. Espera-se que as relações internacionais sejam mais determinadas pelos interesses e encontros de povos do que pelos interesses ainda vigentes e trocados entre as elites dos diversos povos.

A15.ª Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia; Índia, China e África do Sul) realizada em Joanesburgo de 22 a 24 de agosto expressou a aspiração dos países emergentes a tornarem-se num contrapeso do domínio unipolar americano e manifesta a vontade de emancipação num momento histórico, em que no jogo geopolítico em curso, passarão  a valer como trunfos não só os azes mas também as biscas, reis, valetes e damas, e em certo sentido também passa a contar um pouco a arraia miúda.

O BRICS Business Forum tenta ser a contrapartida do G7 que domina a economia mundial expressa no Dólar americano como moeda de transações. Manifesta-se a nível económico e político a vontade de uma geopolítica bipartida (bipolar) num primeiro estádio para um dia se chegara uma política multipolar que evite o globalismo unipolar. Neste sentido o G Brics por iniciativa da Rússia pretende a possibilidade de transações comerciais internacionais na moeda nacional de cada país, o que se revelará muito difícil atendendo à instabilidade das diferentes moedas! O presidente brasileiro Lula perguntava-se:” Por que é que o Brasil precisa de Dólares americanos para fazer comércio com a China… com a Argentina?”

O Ocidente que esperava manter alguns trunfos divisionistas no grupo, devido à concorrência de interesses da Índia-África do Sul dentro dos países do G BRIKS, viu-se desiludido ao constatar que de uma só vez o grupo se viu duplicado ao anunciar a adição de 6 novos membros ao grupo em 1º de janeiro de 2024. Os novos membros serão Arábia Saudita, Irão, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito e Etiópia. Os Emirados Árabes Unidos já faziam parte do banco dos BRICS. Como resultado, o grupo dos 11 ganha peso geopolítico e representa um forte contrapeso do grupo G7.  Porém o Banco  de Desenvolvimento do G Brics com sede em Xangai terá muita dificuldade em afirmar-se devido às moedas locais que não oferecem estabilidade;  a hegemonia ocidental ver-se-á obrigada a fazer aferimentos contratuais mas perdurará atendendo às suas redes estáveis nos seu sistema bancário, produção e redes de distribuição económica e de presença militar estratégica.

Segundo informações do Governo sul-africano, o G BRICS representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta e 18% do comércio global. Segundo o presidente brasileiro Lula da Silva, o grupo dos 11 produzirá até 37 % do produto interno bruto global (PIB) em paridade de poder de compra e representará 46 % da população mundial.

Dos 40 estados pretendentes a entrar no G Brics, 23 tinham manifestado firme interesse na adesão reconhecendo no G Brics o centro de poder do sul global.  Na lista encontram-se países como Indonésia, Turquia, Kuwait, Nigéria, Uruguai e Bangladesh.

 

A Rússia, a China e o Brasil empenhados na ampliação do grupo Brics conseguiram assim ver a sua iniciativa premiada no seu alargamento para o “Brics plus”. Quanto mais estados tiverem, mais poder terão para se afastarem do dólar, que consideram instrumento de lutas políticas pelo poder. Putin também apoia a entrada da Bielorrússia como membro do grupo.

A China afirmou que defendia a expansão do grupo Brics, no sentido de se estabelecer uma “ordem económica mundial mais justa”. A China quer passar para o centro da ordem mundial.

De destacar no fórum foi o facto da Índia aceitar o “Brics plus” porque o seu alargamento corresponde ao aumento da influência da China na região o que poderá tornar-se desfavorável para a Índia num espaço asiático onde China e Índia são concorrentes. A Índia estaria mais interessada na cooperação entre países em desenvolvimento e emergentes e em manter boas relações com os EUA e a Europa que recebem 30% das suas exportações.

A África do Sul queria ver no grupo Brics um jogo de caracter mais diplomático não considerando o G Brics como pró-rússia nem como antiocidental. Interessante foi o facto de a África do Sul ter apoiado o BRICS PLUS que considerava mais como “cooperação Sul-Sul”.

O Irão considera a sua inclusão no grupo Brics como uma “vitória estratégica para a política externa iraniana” e a Argentina vê nele uma “nova oportunidade”.

O Brasil defendeu sempre o “Brics plus” como contrapeso ao grupo G7. Lula criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) por muitas vezes ajudar a “afundar países”. A Argentina deve US$ 44 bilhões ao FMI. Criar uma moeda comum independente de dólares, como o Brasil deseja, será difícil devido às diferentes economias dos membros do G Brics..

O Ocidente considera que os estados do Brics plus não têm orientações políticas, o que dificulta o seu agir futuro; como o conflito oeste-leste se está a transformar em conflito norte-sul, tudo justifica a necessidade da autoafirmação do G Brics plus. Com o G Brics plus, a comunidade ocidental passa a ter um sério concorrente. Por isso o Ocidente tenta não perder parceiros comerciais como o Brasil, a Índia e a África do Sul.

A fusão dos estados Brics, apesar das diferentes situações, ao centrar-se na defesa de interesses pragmáticos aumenta a esperança de que a via ideológica possa ser ultrapassada de modo a que o que é bom ou mau no capitalismo já não tenha de ser ditado pelo marxismo e por outro lado surja a possibilidade de o capitalismo receber um rosto mais humano.

O grupo das economias emergentes BRICS PLUS reunir-se-á em outubro de 2024, na cidade de Kazan, Rússia. Neste contexto será interessante observar o desenrolar da reunião do G 20 (um grupo de importantes países industriais e emergentes) na Índia, nos dias 9 e 10 de setembro. Sem sonho não há vida!

António CD Justo

Pegadas do tempo

 

 

VIOLÊNCIA CONTRA CRISTÃOS NO PAQUISTÃO

 

Pelo menos 19 igrejas queimadas, 150 casas reduzidas a escombros, moradores desesperados e perplexidade nas comunidades cristãs é o que resta da violência contra comunidades cristãs no leste do Paquistão a 16 de agosto e isto é perpetrado por uma sociedade islâmica que ergue mesquitas por toda a Europa. Especialmente atingido foi o bairro cristão da cidade Faisalabad (Vídeo: https://www.facebook.com/ZDFheute/videos/826255899209558?locale=pl_PL ).

Na cidade Faisalabad, pregadores islâmicos radicais mobilizaram multidões de seguidores depois que dois jovens cristãos foram envolvidos numa discussão de mira islâmica com as habituais acusações comuns de blasfêmia que justificam retaliação popular.

Em pânico, os moradores abandonaram as suas casas e refugiaram-se em campos onde pernoitaram. No Paquistão vivem 240 milhões de habitantes, dos quais 96% são muçulmanos. Nos países muçulmanos, o povo funciona como guardião eficiente do Islão e as mesquitas, no dizer de políticos muçulmanos, como pontos avançados do islão.

Segundo a ADF Internacional, no norte da Nigéria, onde a blasfémia também é punível com a morte, um jovem muçulmano sufi chamado Yahaya Sharif-Aminu foi condenado à morte por enviar mensagens de WhatsApp que foram consideradas “blasfemas”.

As leis sobre a blasfémia ameaçam as vidas das minorias religiosas em todo o mundo.

Hoje 22 de agosto é o Dia Internacional das Nações Unidas em Memória das Vítimas de Atos de Violência Baseados na Religião ou Crença.

Os cristãos são hoje o grupo religioso mais vítima de perseguição mundialmente..

António CD Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=8725

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

EM LISBOA O PAPA ASSINA A CARTA AO CLERO DE ROMA

O Papa Francisco na sua função de bispo de Roma e no contexto da JMJ 2023 assinou, (07/08/2023) em Lisboa, uma carta ao clero da sua diocese alertando contra o “clericalismo” e a tentação de se sentir “superior” aos outros.

Francisco começa por agradecer aos 3.700 padres da diocese de Roma o empenho num serviço que nem sempre é “reconhecido”.

E continua: “Do fundo do coração, sinto vontade de dizer que me preocupa quando voltamos a cair nas formas do clericalismo; quando, talvez sem nos apercebermos, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados ‘no topo’ e, portanto, separados do resto do povo santo de Deus”.  O Pontífice fala do clericalismo como uma “doença” da Igreja, que pode afetar também “os leigos e os agentes pastorais”.

O espírito sacerdotal é “fazer de nós servos do povo de Deus e não senhores…” Com a busca do ganho pessoal, o cultivo da própria imagem e o aumento do próprio sucesso, perde-se o espírito sacerdotal, o zelo pelo serviço, a apetência de preocupação com o povo. “Quando é assim, deixamo-nos absorver pelo clima de crítica e raiva que reina à nossa volta, em vez de sermos aqueles que, com simplicidade e mansidão evangélica, com bondade e respeito, ajudam os nossos irmãos e irmãs a sair das areias movediças da intolerância”. O antídoto diário será “olhar para Jesus crucificado…”

O Papa deixa outro alerta, sobre a “mundanidade espiritual”, que pode levar os padres a seguir as “modas do mundo”. “Isso acontece quando nos deixamos fascinar pelas seduções do efémero, pela mediocridade e pela rotina, pelas tentações do poder e da influência social. E, ainda, da vanglória e do narcisismo, da intransigência doutrinal e do esteticismo litúrgico”.

Francisco termina a carta em espírito de oração dizendo “Obrigado pelo que fazem e pelo que são”.

A carta revela o teor do discurso do Papa Francisco ao seu clero de Roma de 02 de março de 2017 (1)

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/march/documents/papa-francesco_20170302_parroci-roma.html

 

DE LISBOA O SORRISO DA JUVENTUDE BRILHOU PARA O MUNDO

Portugal está de parabéns e agradecido ao Papa e à juventude (JMJ) por evento tão significativo e marcante.

No domingo (06.08.2023) participaram na liturgia da despedida da JMJ 1,5 milhão de pessoas e concelebraram com o Pontífice 700 bispos e 10.000 sacerdotes.  Nunca houve em Portugal um evento com tanta gente (1).

Como mostrou a JMJ (Jornada Mundial da Juventude) a Igreja Católica entusiasma a juventude. E o Santo Padre apelou à juventude presente dizendo “não tenham medo”, porque os sonhos e desejos de um futuro melhor, elevam o mundo com sociedades cheias de problemas que precisam da ajuda da juventude.Quero dizer-vos: continuai assim, continuai a cavalgar as” ondas da caridade”, sede ‘surfistas do amor'”.

Portugal deve à JMJ a graça de tão grande evento testemunho de presença da fé que transporta montanhas, a presença invisível do espírito que move os corações na alegria de ser cristão. Um apelo a Portugal a tornar-se mais jovem (Portugal com 2,5 milhões de idosos, segundo a R. Renascença tem 184 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 jovens). A juventude e o Santo Padre deixaram um sorriso alegre espalhado por todo o Portugal; apesar das vozes críticas, provocadoras e negativas, a fé entusiástica da população juvenil mundial e de todos mostrou que a positividade vence e que a juventude portuguesa se encontrava irmanada com a juventude do mundo.

O Presidente Marcelo congratulou-se dizendo: um “grande sucesso para Portugal cá dentro e lá fora”

O cardeal-Patriarca de Lisboa agradeceu também a “generosidade” dos 25 mil voluntários (dois terços do sexo feminino e vindos de mais de 150 países) que fizeram com “que tudo acontecesse da melhor forma” e com os “melhores resultados”.

O Santo Padre despediu-se: “No meu regresso a Roma, no final da minha viagem apostólica, quero, uma vez mais, expressar a minha profunda gratidão a sua excelência [Presidente da República] e ao povo de Portugal, pela receção calorosa e hospitalidade que recebi durante a minha visita” e invocou cordialmente “sobre a nação as bênçãos de Deus, da fraternidade, da alegria e da paz”. “Peço que rezem por mim”.

O primeiro ministro, António Costa constatou: “Acho que temos boas razões para estarmos todos satisfeitos e orgulhosos porque, mais numa vez, o país mostrou que, polémicas à parte, somos capazes… as polémicas, mais uma vez, foram absurdas… Como foram absurdas há 25 anos as polémicas sobre a Expo, como foram absurdas as polémicas sobre o Euro2004… como se viu, o país tem capacidade para organizar e organizar bem, e colher os frutos daqui que semeia, e esses frutos muitas vezes não são frutos imediatos, são frutos que vêm mais tarde”.

É digno de registo que S. Tomé e Príncipe teve um grande número de participantes na JMJ. Na TV, uma Jovem disse que para nós a despesa foi enorme pois cerca de 2000 € para a viagem e estadia em Lisboa significa um grande esforço. Quando soube que ia ser em Portugal, animei-me e comecei a poupar dinheiro e os meus parentes e amigos! Assim juntei o necessário!

O Papa anunciou que a próxima JMJ 2027 será em Seul e o Jubileu dos Jovens 2025 em Roma. Na Coreia do Sul (onde apenas 10% são católicos) a despesa será muito maior. A esperança dá forças para começar já a poupar até lá! A Coreia é o 10° país donde vêm mais peregrinos a Fátima! A missionação desse país foi feita inicialmente pelos Portugueses.

EM 1995, a JMJ tinha-se realizado nas Filipinas (2).

Junto aqui o Discurso do Papa no Parque Eduardo VII:

“Queridos jovens, boa tarde! Sede bem-vindos e obrigado por estardes aqui. Fico feliz por vos ver e também por escutar o simpático barulho que fazeis, contagiando-me com a vossa alegria. É bom estarmos juntos em Lisboa: para aqui fostes chamados por mim, pelo Patriarca, a quem agradeço as suas palavras, pelos vossos Bispos, sacerdotes, catequistas e animadores. Agradeçamos-lhes por isso com uma grande salva de palmas!

Mas foi sobretudo Jesus quem vos chamou: agradeçamos-Lhe! Amigos, não estais aqui por acaso. O Senhor chamou-vos, não só nestes dias, mas desde o início dos vossos dias. Sim, Ele chamou-vos pelo nome. Chamados pelo nome: tentai imaginar estas três palavras escritas em letras grandes e, em seguida, pensai que estão escritas dentro de vós, nos vossos corações, como que formando o título da vossa vida, o sentido do que sois: tu és chamado pelo nome, tu és chamada pelo nome, eu sou chamado pelo nome.

Ao princípio da teia da vida, ainda antes dos talentos que possuímos, das sombras e feridas que carregamos dentro de nós, recebemos um chamamento. Chamados, porque amados.

Aos olhos de Deus somos filhos preciosos, que Ele cada dia chama para abraçar e encorajar; para fazer de cada um de nós uma obra-prima única e original, cuja beleza mal conseguimos vislumbrar. Nesta Jornada Mundial da Juventude, ajudemo-nos a reconhecer esta realidade essencial: sejam estes dias ecos vibrantes da chamada amorosa de Deus, porque somos preciosos a seus olhos, apesar do que às vezes os nossos olhos veem, enevoados pela negatividade e ofuscados por tantas distrações.

Sejam dias em que o teu nome, através de irmãos e irmãs de muitas línguas e nações que o pronunciam com amizade, ressoe como uma notícia única na história, porque único é o pulsar do coração de Deus por ti. Sejam dias para fixar no coração que somos amados tal como somos. Este é o ponto de partida da JMJ, mas sobretudo da vida.

Chamados pelo nome: não é um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9). Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome significa que, para Ele, não és um número, mas um rosto.

Quero fazer-te notar uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome. Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado.

Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. São as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que nos atraem e prometem felicidade mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, supérfluas, substitutos que deixam o vazio interior.

Jesus, não! Ele tem confiança em ti, para Ele tu contas. E assim nós, sua Igreja, somos a comunidade dos chamados: não dos melhores – não, absolutamente não -, mas dos convocados, de quantos acolhem, juntamente com outros, o dom de ser chamados. Somos a comunidade dos irmãos e irmãs de Jesus, filhos e filhas do mesmo Pai.

Nas cartas que me enviastes (são SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ 5/2 lindas, obrigado!), dissestes: «Assusta-me porque sei que há pessoas que não me aceitam e que acham que não há um lugar para mim (…), eu própria chego a questionar-me se há um lugar para mim ou não». E ainda: «sinto que na minha paróquia não há espaço para errar».

“ Só devemos olhar alguém de cima para baixo quando estivermos ajudar a levantar-se….”
Papa Francisco.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) O Evento realizou-se de 2 a 6 de agosto e na Vigília e Missa de Envio (dia 6) teve a presença de 1,5 milhão de üparticipantes, segundo as autoridades de Lisboa.

“Maria levantou-se e foi depressa” (Lc 1,39) é a citação bíblica escolhida pelo Papa Francisco como lema da Jornada Mundial da Juventude que será realizada pela primeira vez na capital, Lisboa, Portugal.

O logótipo da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, tem a Cruz como elemento central. Esta é atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo.

“A próxima JMJ terá lugar na Ásia em 2027, será na Coreia do Sul, em Seul.

A participação dos peregrinos na JMJ é gratuita, o que significa que cada pessoa pode participar livremente nos eventos centrais (Missa de Abertura, Acolhimento, Via Sacra, Vigília e Missa de Envio).

Programa: https://www.lisboa2023.org/pt/programa-oficial-da-visita-do-papa

(2) O recorde absoluto pertence à capital das Filipinas, Manila, onde, em 1995, cerca de cinco milhões de pessoas se juntaram, no Parque Luneta, para a missa de encerramento da JMJ desse mesmo ano, presidida pelo Papa João Paulo II.

JOVENS CRISTÃOS VINDOS DO MUNDO FESTEJAM A VIDA EM PORTUGAL

“QUE ROTA SEGUES, OCIDENTE, SE INVESTES EM ARMAS E NÃO NO FUTURO DOS FILHOS?”

 

A 37ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) começou na terça-feira (01/08/23) em Lisboa com mais de 250 mil peregrinos de todo o mundo na cessão de abertura pelo cardeal-patriarca. Esta festa da fé dura até sábado e conta-se que congregará 1,5 milhão de peregrinos jovens.

A celebração de abertura feita pelo cardeal-patriarca teve a presença de 7.120 padres, 500 bispos e 20 cardeais. Na celebração de abertura participaram também 200 artistas. Na distribuição da comunhão estiveram 1.800 pessoas e 7.000 voluntários apoiantes e havia 150 confessionários disponíveis.

A cidade tem mais de 100 espaços para 480 eventos de 55 países. Os jovens também têm oportunidade de se encontrarem com os seus bispos.  Há mais de 90 palcos com 600 eventos e 2.500 artistas. Há também 16.000 agentes e 2.500 bombeiros a garantir a segurança.

Como é natural num mundo dividido, as forças agressivas aproveitam-se de tais eventos para mostrarem a sua presença destrutiva que, doutro modo, estaria destinada a morrer na privacidade do seu dia-a-dia. Para muitos, numa Europa envelhecida e materializada constitui afronta o facto de uma Igreja que desejariam ultrapassada encontre tanta ressonância no mundo. Grupos interessados em explorar o homem pelo homem revelam-se contra a espiritualidade, porque esta é o âmbito privado que dá força aos muitos que são desprovidos dela. Havia iniciativas do estrangeiro em vir perturbar os eventos da JMJ com cenas de colagem de corpos e corpos nus em certos lugares onde o Pontífice passaria; serviços secretos internacionais colaboram com os serviços portugueses que pensam ter tudo sob controle.

O Papa ao chegar a Portugal (02.08.2023) pediu à Europa envelhecida que se mostre capaz de acabar com “o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios”.

Uma “boa política” deve “corrigir os desequilíbrios económicos dum mercado que produz riqueza, mas não a distribui empobrecendo os recursos e os ânimos”.

Lisboa que nas descobertas levou o cristianismo ao mundo, hoje bastante envelhecida e esquecida, recebe de volta o cristianismo de brilho nos olhos vindo de todo o mundo. Uma brisa de sonho e de eterna juventude. Citações do SUMO Pontífice no discurso ao corpo diplomático em nota (1).

António CD Justo

Nota em Pegadas do Tempo

(1) “Que rota segues, Ocidente, se investes em armas e não no futuro dos filhos?”

“Para onde navegam se não oferecem caminhos de Paz?”

Estou “feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas e que, nestes dias, se mostra ainda mais universal; torna-se, de certo modo, a capital do mundo”, “condiz bem com o seu caráter multiétnico e multicultural (penso, por exemplo, no bairro da Mouraria, onde convivem pessoas provenientes de mais de sessenta países) e revela os traços cosmopolitas de Portugal, que afunda as suas raízes no desejo de se abrir ao mundo e explorá-lo, navegando rumo a novos e amplos horizontes”.

“Olhando com grande afeto para a Europa, no espírito de diálogo que a carateriza, apetece perguntar-lhe: Para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?… Que rota segues, Ocidente? A tua tecnologia, que marcou o progresso e globalizou o mundo, sozinha não basta; e muito menos bastam as armas mais sofisticadas, que não representam investimentos para o futuro, mas empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o estado social. Fica-se preocupado ao ler que, em muitos lugares, se investem continuamente os recursos em armas e não no futuro dos filhos…. Para onde navegais, Europa e Ocidente, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar e os berços vazios? Para onde ides se, perante o tormento de viver, vos limitais a oferecer remédios rápidos e errados como o fácil acesso à morte, solução cômoda que parece doce, mas na realidade é mais amarga que as águas do mar?”

Cita ainda Fernando Pessoa: «Navegar é preciso; viver não é preciso (…); o que é necessário é criar» (Navegar é preciso). Trabalhemos, pois, com criatividade para construirmos juntos!

Cfr:

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-08/papa-francisco-portugal-jmj-encontro-autoridades-sociedade-civil.html