ANTÓNIO GUTERRES NO CUME DA MONTANHA (ONU) COMO SECRETÁRIO-GERAL

Será que os melhores que Portugal produz emigram!

António Justo

Da realidade que se observa da presença de personalidades portuguesas a actuar no palco internacional, fica-se, por vezes, com a impressão que “Portugal” é bom para governar o mundo e mau para governar o país. Parece fatídico que Portugueses desenvolvam a sua categoria de grandes personalidades fora de Portugal, quando o ambiente político português só lhes possibilitaria o papel de personagens unilaterais de mérito nacional a nível de partido ou de ideologia.

Portugal dá tudo, dá os melhores emigrantes e as melhores personalidades para um mundo que ainda se preocupa em colocar personalidades de países menos relevantes em posições onde os seus interesses são jogados. Ao contrário, a Alemanha manda para as instituições internacionais o seu pessoal de reserva, mantendo para as internas o melhor.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) nomeou, de forma definitiva e oficial, António Guterres como seu escolhido para Secretário-geral.

A partir do dia da comemoração da República (5 de Outubro) ficamos a saber que António Guterres ocupará o cargo de cimeira das Nações Unidas a partir de 1.01.2017 por cinco anos, sucedendo a Ban Ki-moon. Foi proposto, pelo CSNU, à Assembleia Geral da ONU, onde será eleito seu Secretário-geral. Depois de lhe ter sido aplanado o caminho pelo decisivo Conselho de Segurança com 13 a favor dos 15 votos (todos os estados membros permanentes do Conselho de Segurança, China, EUA, França, Reino Unido e Rússia votaram a favor), será certa a sua eleição onde precisa de uma maioria simples de 193 votos.

Sem medo de se opor aos poderosos como demonstrou no cargo de Alto-comissário para os Refugiados, de 2005 até 2015, a ONU escolhe agora para seu chefe, um homem que se encontra mais perto do mundo porque anda com o povo, com os pobres. Aprendeu a humildade e a ajuda nas favelas de Lisboa quando aí trabalhava no movimento estudantil Católico. Manteve a humildade que evita populismos e reúne em si o idealismo e o pragmatismo numa vida guiada pela utopia.

Compreende o seu papel de Secretário-geral no sentido de “Aparecer com humildade sem arrogância, sem dar lições a ninguém, mas atuar como um facilitador, como um catalisador. Como um mediador honesto, um construtor de pontes e como uma voz para a paz.”

Com a escolha do engenheiro Guterres afirma-se a competência e o empenho pessoal, além do bom trabalho da diplomacia portuguesa. Com a derrota da candidata concorrente Kristalina Georgieva, apoiada por Merkel e a vitória da personalidade de Guterres, temos bons sinais de que a ONU, no futuro, será menos instrumentalizada. Com Guterres a ONU ganha o campeonato da conciliação. Como candidato prometeu ocupar metade de todas as posições de topo com mulheres.

O perfil de Guterres, socialista católico, é um exemplo prático e apelativo para as elites portuguesas em geral e para os socialistas em particular. É uma personalidade rara na esquerda portuguesa devido à sua capacidade de integrar a tradição católica e o progressismo socialista e deste modo dar o bom exemplo de mais que um personagem do partido ser uma personalidade patriota. Consegue unir exemplarmente na mesma pessoa a tradição e o progresso, o povo e o mundo, consegue o que os partidos lusos não conseguem numa sociedade extremamente dividida pelos fossos da república mais interessada em dividir para reinar do que em unir para progredir (1). Guterres é o exemplo de um homem fazedor, moderado e conciliador para Portugal e para o PS, numa comunidade ainda por construir.

O antigo Primeiro-ministro de Portugal de 1995 a 2002, continuou sempre fiel ao seu dizer: “não quero ser árbitro, quero jogar à bola, quero estar no campo, ter acção, intervir constantemente”. Até parece paradoxal o facto de um homem inteligente e simples conseguir colocar Portugal nos cornos da lua. Guterres honra Portugal a nível internacional!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

  • Tive o prazer de conhecer António Guterres e de ser tradutor dele numa reunião realizada em Dortmund. Apoiei-o no início dos anos 90 nas eleições do congresso para secretário-geral do PS por ver, representada nele, aquela parte de Portugal que a ala mais esquerda desprezava e despreza. Depois do Congresso voltei desiludido à Alemanha por ver o espírito jacobino de grande parte do PS; decepcionado, por considerar o PS incapaz de unir um povo estruturalmente fraco porque demasiadamente dividido, coloquei o partido ad acta. Tive na altura a impressão que também radicais da esquerda portuguesa se aproveitavam do ingresso no PS porque lhe oferecia mais oportunidade de postos do que partidos sem coligações governamentais; observei como representantes do partido se aproveitavam do estatuto para as suas excursões de interesse privado.

ÉTICA ENTRE CONVICÇÃO E RESPONSABILIDADE – DO COMPROMISSO ÉTICO ENTRE IDEALISMO E REALISMO

Civilização ocidental em implosão e Civilização islâmica em explosão

Por António Justo

A chanceler alemã, na sua política de refugiados, é acusada de seguir uma ética de convicção (cristã) em prejuízo da ética de responsabilidade na qualidade de pessoa pública que deveria representar os interesses da sociedade alemã e da civilização ocidental.

Numa humanidade em desenvolvimento deparamo-nos, individual e socialmente, em confronto com duas forças e interesses complementares: o humano e o divino, o material e o espiritual, o individual e o político. Os evangelhos resolvem o dilema entre empenho subjectivo individual e empenho social, entre religião e política recomendando: «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» (Mateus 22:21). Daqui surge um certo conflito entre uma atitude baseada na consciência e uma atitude baseada nos interesses da polis.

A ética da responsabilidade é uma ética de grupo, aquela parte que corresponde ao ensinamento “a César o que é de César”- adequada à acção política, ao circunstancial e relativo, ao útil para a comunidade; a ética da convicção corresponde à segunda parte da frase “a Deus o que é de Deus”- é o reino dos absolutos, do útil para o desenvolvimento da alma humana.

A ética de responsabilidade “tem em conta a fraqueza”, não a preocupa a humanidade nem a perfeição, o que importa é o interesse do grupo, o útil numa perspectiva do circunstancial imediato. O motivo do agir não se fundamenta em nome da moral mas do interesse. As boas intenções de Merkel não justificam os problemas que criam porque embora humanas poem em perigo gerações futuras. Numa tal ética transportada para a polis, o crime e o fracasso tornar-se-iam desculpáveis. Assim uma atitude moral para Merkel pode tornar-se numa atitude imoral se prejudica os interesses do país e da civilização.

Não chega a boa intenção, como orientação moral, é preciso sabê-la situada na psicologia humana e na comunidade. O idealismo humanitário orientador da ética de convicção tem de ser aferido à realidade social que pressupõe uma atitude ética de responsabilidade que necessariamente condiciona o idealismo que possa estar por trás de uma moral de convicção. A confusão de ética de convicção com ética de responsabilidade é a causa de parte da moralitis do discurso político e social.

Ao contrário de Maquiavel que defendia que a missão da salvação da cidade era superior à da salvação da alma (fins justificam os meios), Max Weber procurou conciliar as duas posições distinguindo entre ética de convicção (na qualidade de sujeito – consciência individual orientada por valores absolutos e que obedece aos sentimentos sem ter em conta as consequências) e ética de responsabilidade (na qualidade de objecto de funções públicas avalia a decisão pelas consequências que provoca); Weber reconhece o dilema entre os determinantes consciência e interesses. Assim, o político encontra-se dividido entre uma ética livre pessoal de convicção e a ética de responsabilidade determinada pela ponderação no balance de interesses condicionantes; a decisão política a tomar impossibilita, muitas vezes, um juízo de valor pessoal, dado a política ser normalmente determinada por circunstâncias. Isto não deveria porém isentar a decisão política do reconhecimento de valores universais fundamentais como a defesa do valor da vida e da dignidade humana (inerentes à ética de consciência individual).

Ética contra a moral?

A política alemã na sequência de uma ética de convicção, que justifica a entrada descontrolada de refugiados de uma cultura rival e antagónica, pode ser contrariada pela moral de responsabilidade social que implica a defesa da própria identidade e cultura a longo prazo. Não chega a boa intenção, é necessário fazer uma boa balance das consequências sociais que tal atitude acarreta. Vários parceiros europeus, cientes da sua responsabilidade para com os seus cidadãos (ética de responsabilidade) obrigaram a Chanceler a arrepiar caminho. A realidade dos factos do fenómeno muçulmano, que se revela sem vontade e incapacidade de integração, põe em perigo os interesses de uma sociedade maioritária aberta (civilização ocidental) através de uma imigração descontrolada, de uma cultura hermética e encerrada em si mesma (civilização árabe caracterizada por não se integrar e só assimilar).

Uma sociedade aberta, como a europeia, para não ser posta em perigo por uma sociedade fechada terá de estar atenta às forças sociológicas de integração e assimilação para poder possibilitar nela um crescimento orgânico. Um crescimento orgânico pressupõe a abertura e a permeabilidade das duas partes. Realiza-se numa tensão saudável de uma dinâmica de complementaridade e inclusão da ética de convicção e de ética de responsabilidade: os dois polos da mesma realidade na polis.

Ética de afirmação dos interesses minoritários contra os maioritários?

Uma ética da responsabilidade  tem sempre em conta a defesa dos interesses das minorias numa sociedade coerente e consonante.

Dado, nas relações multiculturais e entre Estados, dominar uma ética de interesses, num processo de luta entre grupos orientados pelo princípio selectivo da afirmação do mais forte, não se pode aqui confundir uma ética pessoal de consciência moral relacional com a ética subjacente a grupos de interesses em que o determinante é a força do grupo ou do interesse e não o humanismo.

Uma atitude política movida apenas pela ética de convicção (consciência) ao pretender tornar-se critério de orientação para regular as interacções interculturais (politica) torna-se inadequada e infringe a ética de responsabilidade. O diálogo, a luta torna-se desigual porque confunde o objectivo (circunstancial) com o subjectivo (de caracter pessoal mas de valores universais), confunde o âmbito pessoal com o público. O palco em que se realiza é objectivo e como tal de relação de interesses já não entre sujeitos humanos mas entre objectos, de meros interesses de grupos (daqui surgiria a premissa da necessidade de uma negociação de interesses em termos bilaterais).

 Neste sentido, uma atitude baseada na consciência (que Ângela Merkel parece seguir) implementaria o grupo que segue a ética dos interesses e na realidade seria instrumentalizada (inconscientemente) para servir os interesses dos mais fortes (a lei da selva) neste caso os interesses minoritários à custa dos maioritários (de legitimação imprópria porque não aferida).

Dado a cultura islâmica ter em si um rescrito motivador da autoafirmação pela força e pela assimilação, sem o movimento de integração (não permite o processo orgânico de aculturação-inculturação só possibilitando o movimento unilateral assimilativo de auto afirmação na desconsideração do outro). Neste contexto, a sociedade ocidental tornar-se-ia fraca, a longo prazo, e vítima da própria ilusão humanitária e deixaria de ser um factor de promoção do humanismo no mundo. A sociedade ocidental encontra-se num momento muito problemático da história do seu desenvolvimento dado não estar consciente dos elementos constitutivos de identidade que lhe deram sustentabilidade e desenvolvimento; coloca-os à disposição em troca da afirmação económica que não pode, por sua vez, ser sustentável sem uma política de natalidade responsável e sem uma reflexão profunda do que lhe deu o ser, do que é, e do que pretende (precisa de orientação e sentido).

Sem a consciência da necessidade de afirmação dos factores de identidade, a Europa atraiçoa-se a si mesma ao pretender tapar o buraco demográfico abrindo incondicionalmente as portas à imigração islâmica que na prática se afirma, de uma maneira geral, contra a integração e beneficia também do factor da proliferação demográfica (Tenha-se em conta o exemplo europeu do Kosovo, Albânia, etc., que antigamente eram regiões de cultura heterogénea e transformadas, com o evoluir dos tempos, em monoculturas islâmicas; na Europa, as mulheres muçulmanas são motivadas a manterem os seus papéis patriarcais e a não se integrarem no mercado de trabalho, continuando, em grande parte, a exercer só a profissão de mães (abono de família na Alemanha 200 € por filho). Uma visão rápida sobre a história do desenvolvimento muçulmano testemunha o facto de as regiões onde este se implanta e se torna maioritário, com o tempo, essas regiões são transformadas em monoculturas islâmicas.

Onde falta a luz o caminho torna-se difícil e a meta impossível

Não apadrinho posições que defendem a enclaustração dos povos e culturas em si mesmas; é mais que claro que o desenvolvimento humano se deve à interligação e interacção orgânica entre indivíduos, espécies e culturas (factores osmose-integração-assimilação); o gueto pode tornar-se em cancro num corpo orgânico. O que está em via na Europa é porém um movimento de autodestruição da própria cultura (trauma do nazismo e do estalinismo fortalece o niilismo e as forças que fomentam a queda da civilização ocidental numa atitude mórbida de tanatofilia).

A civilização islâmica, ao seguir uma ética de interesses não orgânicos mas sistémicos e estratégicos está mais perto da lei natural da selecção e como tal mais preparada para ganhar a luta dentro de uma sociedade em processo de implosão.

A civilização ocidental não se encontra adaptada aos desafios do mundo de hoje e os princípios éticos que a engrandeceram deixaram de ser categorias políticas; segue apenas estratégias ditadas pela macroeconomia liberalista (subvenciona Estados para comprar as suas elites, com o dinheiro que volta a ela); a Europa encontra-se consequentemente em processo de implosão enquanto a civilização islâmica, centrada em si mesma, se encontra em processo de explosão. Nesta situação, uma e outra não podem assegurar garantias de futuro para a humanidade. A civilização islâmica definhará por julgar que a fronteira do mundo é a sua cultura (o desenvolvimento do mundo fruto da variedade e da diferença é reduzido à igualdade e monotonia do biótopo muçulmano) e a civilização ocidental deixará de ser ela por viver da ilusão que pode haver abertura sem limites num mundo que de facto é feito todo ele de biótopos culturais que para o serem têm de reconhecer as leis e forças que constituíram o seu habitat sem negar os princípios e forças da definição e identificação dos diferentes biótopos culturais no todo.

A cultura ocidental, que no passado foi o grande motor da história da humanidade, corre o perigo de atraiçoar definitivamente os ideais da sua filosofia de cunho cristão e com eles a sua identidade e a sua alma.

A Europa, ao seguir, a nível político e social o materialismo e o racionalismo niilista abdica de qualquer missão e de qualquer factor de esperança. Sem noção do sentido e sem uma meta teleológica não tem ideia do caminho a fazer e que só é possível à luz reflectida sob um tecto metafísico. Ao pôr-do-sol já falta a energia e o humor necessário e passa-se a procurar o agasalho no luar da noite!… Sem a construção de um solo comum não se pode andar em conjunto…

Deste modo a Europa, transformada em estrela em estado de implosão e que é ainda vista como modelo de desenvolvimento de outras sociedades, transforma-se em perigo também para estas, ao perder o que lhe dava a liderança espiritual. (Além disso, em política perdeu a visão global e em vez de colaborar com a Rússia na crise dos refugiados muçulmanos, fecha-se na sua arrogância e presunção colaborando só com a Turquia rival).

Encontra-se numa situação paradoxa: em política de imigração segue uma ética da convicção individual abrindo o flanco aos outros e pecando contra uma ética de interesses culturais próprios que se vêem reduzidos aos interesses económicos liberais e a uma liberdade abstracta já fora do contexto cultural. A irresponsabilidade política no que respeita à defesa dos interesses culturais do povo fomenta a agressão e a xenofobia no mesmo.

A civilização ocidental não pode, para defender os interesses dos países ricos, em nome da consciência que a fundamenta, pôr em causa os valores da própria identidade, para solucionar uma situação de interesses económicos em perigo por uma diminuta natalidade que se pretende compensada pela imigração de refugiados. O relativismo ético ocidental revela-se como o melhor instrumento de legitimação da política neoliberal e anti cultural em curso e, por outro lado, dá razão às forças hegemónicas que não toleram nada a seu lado (Neste contexto o relativismo cultural europeu serve as forças dogmáticas e hegemónicas que ameaçam a nossa sociedade). O relativismo contradiz-se a si mesmo porque, ao afirmar que tudo é relativo, transforma-se num absoluto. Sem verdade (ideal) não há ética sustentável porque então a matéria (materialismo) seria o único factor de validade.

Com o desenvolvimento de um liberalismo acervado, a ética da polis tenta emancipar-se da religião e, deste modo, do povo. A ética tende assim a abandonar o foro privado para ser reduzida a uma moral de interesses no campo económico (liberalismo) e político (democracia partidária) com a consequente atitude política alienada do povo subordinado à económica (capital); consequentemente, o produto do trabalho humano deixa de ter relação com o que o produz para se justificar em si mesmo no lucro tornando-se assim desumano e anti ético. O capital emancipou-se dos mecanismos de produção para se tornar senhor absoluto sem relacionamento; perdeu a alma e deste modo a capacidade de dar resposta. Em nome da economia e da tecnologia que paulatinamente substituem o Homem, o Ocidente vai-se tornando substituível e supérfluo.

O político cínico não se responsabiliza porque, ao arquivar a própria consciência em nome dos interesses do grupo que serve, não reconhece a culpa e deste modo não assume pessoalmente a responsabilidade; e isto porque baseia o seu juízo de valor apenas em termos de informações recebidas tomando assim decisões que considera objectivas e como tal intangíveis a nível de ética pessoal; o que lhe interessa é apenas a análise dos factos no momento e o acto de decisão não pode ser avaliado porque fruto da circunstância furtuita e coberta pelo povo anónimo. Num tal pragmatismo, onde o idealismo não tem lugar, a culpa, o arrependimento e o perdão são considerados fraquezas (veja-se a situação do Estado em Portugal!). Uma tal ética cultural tem os dias contados e só lhe resta abdicar.

Política do Postfacto

A Chanceler alemã responde aos ataques que a acusam de não considerar suficientemente a ética política (ética de responsabilidade baseada em interesses) dizendo: “Vivemos em tempos do post facto. As pessoas já não se interessam pelos factos mas seguem apenas os sentimentos”.

A questão é ambivalente: precisamos de uma política de atitude ética que responda não só aos factos mas também aos sentimentos. De facto os sentimentos também são reais e os factos podem ter um fundamento irracional. Para isso precisamos de Homens retos e com coluna dorsal, precisamos de pessoas dispostas a repensar a sociedade em termos do que dizia Paulo aos Gálatas: “Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. E o JC encontra-se mais ou menos escondido em cada pessoa humana.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo (História e Português)

Pegadas do Espírito no Tempo

 

UM ACTO DE CIDADANIA ACTIVA NUMA SOCIEDADE QUE TEIMA EM NÃO ACORDAR

Coloco aqui o link do Livro que recomendo “EU E OS POLÍTICOS” (O livro proibido) de José António Saraiva.

 

Não leiam porque para muitos poderia tornar-se doloroso acordar; é um livro só para quem tem a coragem de se querer tornar consciente da situação que criamos e confirmamos. Certamente já conhecem a sensação que se tem ao regressar-se de um arraial; não leiam o livro para não terem essa sensação e poderem continuar a aplaudir o bailado dos dançarinos da política e a ter a consolação de sentirem o ritmo de uma política que se repete e até parece proveitosa na medida em que proporciona queixumes esporádicos que se tornam no tubo de escape das frustrações pessoais.

“EU E OS POLÍTICOS”  é um livro que mostra o lamaçal da política portuguesa.

Numa dança de Fantoches e Zés Pereiras, de anjos com coração de lobo, para este jardim infantil social que persiste em caminhar sem ver, tudo corre, tudo se repete e tudo passa ao ritmo da hipocrisia ateada que leva a esquecer e a condenar quem é crítico e se encontra mais perto da verdade e da população. Por isso há muitos interessados em fazer calar Saraiva.

 

José António Saraiva é um exemplo de cidadão a tentar contrariar a cidadania passiva que se tornou democraticamente cúmplice com a corrupção instalada no Estado e é tecida e cuidada por grande parte das nossas elites da bancarrota económica e cultural da nossa república.

Seria desejar demais, num país de “brandos costumes”, considerar este livro mais que uma pedrada no “charco da política nacional”. Desmascarar a fantochada feriria o cerne da República portuguesa e arranharia o próprio rosto, numa população que teima em viver só da imagem que tem dele. De certo modo Saraiva torna-se incómodo também para aqueles que defende porque, de cérebro bem lavado, não quer que se desmanchem prazeres numa vida para inglês ver.

Digite ou clique aqui:

file:///C:/Users/Antonio/AppData/Local/Microsoft/Windows/INetCache/Content.Outlook/RKW633O7/Eu_Politicos_Final.pdf

Mais uma onda que passará sem fazer mover a nau de uma certa pseudoelite? Quem vive no Olimpo ri-se de algum Prometeu que será castigado por defender o humano!

Boa leitura

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

 

O MALTRATO DOS TOUROS E DOS CÃES

As Touradas são Espelhos e Modelos de Vida individual-política-social

António Justo

Num mundo em que a crueldade entre os humanos faz parte da ordem do dia, até parece cinismo erguer-se a voz contra a barbaridade com que se tratam animais em touradas ou contra a bestialidade com que se tratam outros animais.

É triste e de mau gosto a tradição de se terem cães acorrentados junto a casas de pessoas sem vergonha pelo trato indigno que lhes dão.

Também muitas pessoas passam ao lado sem atenderem ao pedido de um carinho ou ao grito de uma oração canina que apenas incomoda quem a ouve ou se torna desapercebida a quem já se habituou ao seu queixar:  http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/oracao-de-cao-1333096

Seria de registar, como indicativo do desenvolvimento de uma sociedade, o grau de sofrimento e na sua maneira como trata os animais.

De facto a maneira de tratar um animal pode dizer muito sobre o caracter de uma pessoa ou sobre a realidade da sua consciência. Seria cinismo condenar-se certas atitudes de violência contra a vida em casa e na escola e ritualizá-las como divertimento e como exemplo em festas sociais.

As Touradas legitimam a guerra contra a inocência da vida

O Vaticano embora respeite as tradições dos povos e as festas populares em torno das suas igrejas e capelas, sempre condenou as corridas de touros apesar de elas oferecerem possibilidades de lucros a nível local.

O primeiro espetáculo de touros registado terá sido no séc. IX na Espanha.

Em Portugal, o padre Manuel Bernardes (1644-1710) condenava as corridas de touros, dizendo: “O jogo de feras foi introdução do demónio, como todas as mais do gentilismo, para que o coração humano perdesse o horror à morte e ao derramamento de sangue humano, e aprendesse a ferocidade de costumes e indómito das paixões”.

O Papa Pio V, em 1567 publicou a Bula “Salute Gregis Dominici” proibindo as corridas de touros e decretando pena de excomunhão imediata a qualquer católico que as permitisse ou participasse nelas. Ordenou igualmente que não fosse dada sepultura eclesiástica aos católicos que pudessem morrer vítimas de qualquer espetáculo taurino. Pio V, considerava estes espectáculos alheios de caridade cristã Cf. http://basta.pt/igreja-catolica-e-touradas/

A igreja na sua perspectiva de inculturação cedeu muitas vezes às necessidades do povo, tendo havido também párocos interessados nestas e noutras festas populares.

Não deveria ser legítimo, em nome da arte, permitir a agressão física e moral contra animais, pessoas ou grupos sociais, nem tão-pouco qualquer interesse político ou económico deveria legitimar ou negligenciar tais atitudes. O facto de um “socialismo” institucional estar interessado em apagar usos e costumes de culturas no sentido do estabelecimento de um igualitarismo universal, não pode constituir argumento para não se obstar à brutalidade expressa nas touradas.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no tempo

REPUBLICANISMO JACOBINO: O CARUNCHO DO ESTADO PORTUGUÊS

Governo Geringonça quer EMI de espaços culturais e de casas de pobres

Por António Justo

O Governo de Costa, com os seus cotas do parlamento a ele encostados, tem produzido sobretudo medidas de satisfação de clientela; entre elas: a oferta das 35 horas semanais para os empregados do Estado, o ataque aos contratos do Estado com as escolas privadas com o argumento de poupança, a hipoteca do Sol dos portugueses com o argumento de que brilha mais para ricos e agora segue-se a penhora de cultura social e religiosa para satisfazer a sua clientela anticatólica.

Depois da clientela satisfeita abandonará a arena da governação, seguindo o mote, “atrás de mim que venha o dilúvio”! Segundo informa o Jornal de Notícias “em Paço de Sousa, Penafiel, até as casas mandadas construir pelo padre Américo, fundador da Casa do Gaiato,” são solicitadas pelas Finanças a pagarem o imposto IMI.

Nas pegadas do movimento socialista radical aliado da maçonaria, que na instituição da república se apoderou de grande parte dos bens da Igreja e dos pontos nevrálgicos do Estado, os jacobinos camuflados pretendem desta vez o levantamento do IMI em prédios sem fins lucrativos (adros de Igrejas, casas e salas paroquiais, lares, creches e conventos), não respeitando acordos de direito internacional assumidos (Concordata) nem tendo em conta que as propriedades em mira são de utilidade pública.

Será que irão levantar IMI por instalações de partidos, museus, fundações, edifícios do estado e outras instituições de utilidade pública? Das ajudas custo, um subsídio para a segunda residência de políticos não falam!

A Igreja assume um papel subsidiário do Estado no serviço que presta à sociedade. Entidades que ajudam gratuitamente a população não devem ser taxadas.

Em inúmeras instituições e iniciativas, a Igreja, de maneira económica,  presta serviços de qualidade que, de outro modo, teriam de ser mantidas pelos impostos que o Estado iria buscar ao povo contribuinte. Estudos da Universidade de Navarra provaram que se a igreja deixasse toda a ação social e educacional, o Estado ficava a perder imenso! 

Parece cada vez tornar-se regra geral aceite de que quem serve directamente o povo e os pobres é desfavorecido. Uma ideologia que não reconhece o património nem o valor do trabalho cultural e social do Catolicismo e os considera como luxos e privilégios dispensáveis, sofre de pobreza de espírito.

A Elite política portuguesa aproveita-se do Descontentamento social

O polvo da ideologia jacobina republicana serve-se do Governo Geringonça para, pela porta traseira, institucionalizar, no Ministério das Finanças, práticas da ideologia marxista já conseguida em parte no Ministério da Educação. O Governo sente-se à vontade, consciente de que ninguém lhes vai pedir contas, nem argumentação! Sabe quem tem: um povo num Estado burilado à sua imagem e e semelhança e uma oposição conservadora demasiadamente comprometida no sistema para poder pensar em termos de filosofia conservadora e afirmar-se como alternativa (mitigada) para a construção de um Estado tolerante e dignificador de todos os seus cidadãos, independentemente de serem de esquerda ou de direita, religiosos ou ateus. A fraqueza conceptual da direita é a força da esquerda. Esta abusa de um Catolicismo, que, ao contrário do Islão, se limita à formação espiritual dos fiéis não os motivando a interferir na política.

A Esquerda nos países do Sul anda de braço dado com o radicalismo, pelo que se aproveitará sempre do Estado e do amealhado pelos cidadãos; é contra a inclusão das energias do país e considera o Estado como sua propriedade e o privado como rival. Tornou-se nos novos-ricos (nomenclatura) que vivem da inveja propagada contra os patrões e contra a propriedade privada já açamada por demasiados impostos que em vez de reverterem em investimentos produtivos para a população se destinam a manter um Estado pobre mas que brilha na gordura dos seus barões que se fazem passear por corredores de ministérios e parlamentos de Lisboa e da EU.

O capital da esquerda radical são os pobres, por isso fomenta a pobreza económica e de pensamento: uma maneira esperta de assegurar a sua sustentabilidade no sistema corporativista. Vive bem protegida e afirmada pelo ditado popular: “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”; como sabem que se vive bem da censura, cortar-se-iam na própria carne se implementassem soluções que impedissem as causas do ralhar. A má economia é o húmus das cigarras do sistema!

Na sociedade portuguesa parece ser suficiente preocupar-se com amplificadores da ralha. Por isso a nossa feira não se preocupa em elaborar programas e estratégias para transformar a realidade, chega-lhe o teatro de alguns fantoches, chega-lhe produzir altifalantes e fomentar alguns camaradas que peguem neles; o nosso parlamento é especialista na produção de espectáculos fantoche (para um povo também ele faz-de-conta) e dos tais altifalantes da ideologia gritada, que se alimenta da pobreza popular e se justifica com a crítica ao adversário.

O nosso republicanismo também ele azedo não produz pão com crusta. Está interessado na produção de povo-massa mal levedada (realizada na ralha) e num Estado que produza fungos egomânicos, bolores e cogumelos, uma massa informe por lhe faltarem fungos (levedura) sociais que a levedem bem*.

Temos assim uma sociedade a jogar aos clubes e aos partidos e um governo a agir de ânimo leve, sem contemplar a verdadeira razão de povo nem de Estado. Um Estado assim encontra-se em estado demissionário do seu povo e é ilibado de eleição em eleição pela massa que não é consciencializada acerca do princípio da entropia inerente à nossa república e ao jogo de ideologias e oportunismos das clientelas partidárias. Querem um povo nem morto nem vivo, uma sociedade morna que vá dando para alguns se aquecerem sem se escaldarem.

O Governo de Costa aposta, também desta vez, numa discussão pública para alimentar os beneficiados das bancadas e para entreter cidadãos distraídos; conta com a ignorância cega e os meios de comunicação para provocar e assim manipular e desviar a raiva popular, daquilo que está verdadeiramente em jogo; desvia a conversa para lugares de espectáculo secundário, onde o arrazoar é substituído pelo insulto ao adversário ou pela sua premissa equacionandora da sua realidade: o teu erro é a minha certeza e a minha mentira é a tua verdade numa sociedade concebida de trabalho para aquecer. Assim temos um Estado difícil de manter mas fácil de governar, um país com elite mas sem povo.

Neste caso agem como se a religião não fizesse parte da sociedade e esquecem que a democracia é como a árvore em que cada macaco se coloca no seu galho não sendo legítimo  que um ou outro gorila se apodere da árvore toda.

Na Alemanha, uma sociedade menos rica em comunismo mas mais rica em cultura cívica e económica, a Igreja é o maior empregador de pessoas nos serviços sociais. Uma sociedade que pensa limpar-se à toalha de um socialismo de fazer vénias à Galp, de andar à caça do pobre vendedor das bolas de Berlim nas praias como se este fosse Pokémon, é cínica e não tem ética. Por isso se tornou tão fácil apoderar-se dela por todos aqueles esquerdos e direitos com assento no parlamento que no conluio da corrupção se unem para financiar o grande capital e manter os seus gordos privilégios à custa do parlamento financiado pelo magro povo.

Vamos todos construir um povo não massa mas pão

Volto à imagem do povo que ralha sem pão, porque penso que o povo português poderia tornar-se pão para todos onde não se ralhasse mas se discutisse no sentido de se dar energia positiva aos fungos positivos da nação. As nossas elites têm amassado a massa popular de modo a tirar-lhe as proteínas, impedindo deste modo a transformação adequada da massa (ligações químicas) e assim impossibilitam a formação da rede do glúten, aquilo que permitiria maior elasticidade e coesão à massa povo. Porque não se tem uma elite “sal da massa” tem-se uma massa sem côdea. Temos um país com um povo cozido mas sem crosta que lhe dê sabor!

O leitor paciente e amigo terá razão para dizer que também eu sou a voz do povo ralhador. A causa do meu ralhar não é a fome da elite mas a fome do povo, aquela fome que ela não tem, a fome de justiça, de solidariedade e de humanidade, porque se consideram levedura que prescinde da massa e por isso temos um povo massa estragada pela sua elite levedura que vivendo demasiado em função dela estraga a massa não a deixando ganhar formato.

A esquerda radical não gosta das paróquias por estas estarem mais próximas das populações; até inveja tem de o padre reunir mais fiéis do que ela nos seus comícios. O republicanismo iluminista jacobino tornou-se no caruncho do Estado. Os revolucionários ideológicos arrebanham quase tudo para eles e mesmo assim vivem da inveja do que é nosso, numa intentona contra a Igreja e contra Deus, esquecendo que, no sentido cristão, Deus é povo (comunidade) e quem é contra Deus é contra o povo (independentemente da crença ou descrença nEle). Precisamos de construir uma sociedade com lugar para todos mas capaz de controlar os necessários vírus (fungos!) e que tenha lugar para todos. Não aos monopolistas latifundiários da economia e não aos monopolistas latifundiários da ideologia.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo