MODO DE CRISE

A palavra do ano 2023 na Alemanha é “modo crise” porque a política não consegue sair da crise e a coligação dos semáforos em Berlim está ela própria a criar crise na sua forma de governar. O governo quis burlar o orçamento de 2024 para contornar o travão constitucional da dívida, mas o Tribunal Constitucional impediu-o e deste modo o governo já não pôde utilizar os 60 mil milhões de dívidas da pandemia de Corona para a transformação ecológica e outros planos do governo.

O conflito político, económico e geoestratégico na Ucrânia e em Gaza e um amontoado de novas emergências estão a causar crises em todo o mundo. Esperemos que o modus de crise não passe a stand bei nos desafios da futura coexistência global.

Por estas e por outras, embora doloroso teremos todos, no futuro, de aprender a viver em “modo de crise”.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

NOVAS ELEIÇÕES EM PORTUGAL A 10 DE MARÇO 2014

Uma Oportunidade para Portugal passar da Cepa torta?

No meu entender esta foi uma boa decisão do Presidente para não deixar margens para mais manobras partidárias.

Costa permanecerá como chefe de governo interino até ser substituído após as eleições. O Parlamento permanece operacional apenas até ao decreto formal do presidente de dissolução, que acontecerá depois de aprovar o orçamento de Estado e alguma outra lei importante.

Segundo informou a imprensa, Costa apresentou a sua demissão ao Presidente depois de a polícia ter revistado a sua residência e a de outros políticos e empresários do governo.

O Presidente Rebelo de Sousa ordenou novas eleições para 10 de março. Só seria de esperar que esta não fosse mais uma estratégia de forças detentoras do Estado para tentarem fugir ao julgamento do cidadão; esta suposição é legítima num país onde a esquerda (PS) tem ocupado todos os lugares relevantes do Estado com a comparticipação de partidos da oposição, pertencentes ao arco do poder também eles mais ou menos comprometidos ou coniventes com a corrupção  por interesses pessoais.

Passo a citar um documento que me chegou às mãos sem que reconhecesse a fonte, mas pela evidência e sobriedade da apresentação oferece dados que obrigariam a repensarmos em termos de Estado: “António Costa demite-se do Governo e deixa: – A maior carga fiscal de sempre: 36,4% do PIB – A maior dívida pública de sempre: 276 mil milhões de euros – O maior número de portugueses sem médico de família de sempre: 1,7 milhões de portugueses – 42,5% dos portugueses em risco de pobreza antes de transferências sociais – O menor número de processos findos nos tribunais portugueses desde 1985: 524 mil (com exceção de 2020, ano de maior impacto da pandemia) – O ano de menor acesso dos cidadãos à justiça desde 1979: 484 mil processos entrados nos tribunais portugueses – O pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde, nas palavras do próprio Governo – 583 mil utentes em lista de espera para consultas – 235 mil inscritos em lista de espera para cirurgias – 32% dos utentes a serem atendidos para lá do tempo recomendado´ – Médicos e enfermeiros em guerra – Professores e auxiliares em guerra – Forças Armadas em processo de falência e com níveis operacionais em risco – Crise total na habitação, impossibilidade de os portugueses conseguirem casa para morar´ – A própria Economia a começar a definhar, o último trimestre já foi de contração. Esta é uma fotografia real, com dados oficiais, de alguns dos mais importantes indicadores da sociedade que somos. É neste quadro que António Costa se demite.”

Agora os portugueses têm a oportunidade de durante os próximos quatro meses repensarem a maneira de estar do Estado português e em especial sobre a promiscuidade político-económica de muitos dos seus governantes e outras forças em que se apoiam.

A promiscuidade e o compadrio institucional é tanto – também na imprensa e TV – que já brada aos céus, mas seria necessária uma força sobre-humana do povo para poder remover do Estado e do país a gangrena que o tolhe.

Um regime político que transforma o seu povo em rebanho prescinde até de pastores porque a sua elite pode viver melhor na anonimidade, bastando-lhe, para isso, alimentar bem os seus cães de guarda.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

GUERRA POR TODA A PARTE – A GUERRA É A NEGAÇÃO DO HOMEM E DA HUMANIDADE

“Perdi toda a coragem. Meu coração está desolado e vazio dentro de mim” (Salmo 143).

Deus está presente. Ele está apenas a uma oração de distância.

Nele podemos encontrar a confiança e a coragem que outros nos tentam roubar para nos controlarem e amarrarem à soga do medo.

A guerra é a ausência do bem, ela sacrifica vidas humanas em troca de interesses de domínio.

Na guerra de Gaza em tão pouco tempo já houve 10.000 mortos.  A mesma tragédia acontece na Ucrânia. Tanta gente morta em guerras que não poderão ser ganhas porque nelas está envolvido quase todo o mundo!

Uma semana mais soalheira e cheia de esperança apesar de tudo!

António CD Justo

Pegadas do Tempo

PROTEÇÃO POLICIAL DE INSTITUIÇÕES DE VIDA JUDAICA NA ALEMANHA

 

Na Alemanha a vida político-social parece fervilhar. Vive-se um clima de insegurança a vários níveis (social, económico e político) e o discurso público chega a ser contraditório.

Em grande parte, devido ao acréscimo de antissemitismo importado, os judeus não se sentem seguros na Alemanha, por outro lado cresce em partes da população ta ideia que não se deve confundir antissemitismo com qualquer crítica à política de Israel e que a atitude tomada pelo governo alemão leva à confusão de uma posição com a outra.

Com o conflito Judeia/Palestina as autoridades estão ainda mais atentas prestando assistência policial onde ocorra vida judaica (sinagogas, jardins infantis, etc.).

Na Alemanha, já há hábito de proteger instituições  judaicas. O mesmo confirmam o ministro da Justiça e o ministro do Interior de Hesse, dizendo:  “Em Hesse, a presença policial foi assegurada durante anos em frente a todas as instalações onde a vida judaica ocorre”.

A efervescência social contribuirá para um melhor desenvolvimento na Alemanha e na Europa porque obrigará a política a ter de resolver problemas acumulados de que o povo se queixa porque directamente com eles confrontado.

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

JUDEIA/PALESTINA UMA SITUAÇÃO DRAMÁTICA E POLÉMICA

Conflito israelo-palestiniano importado para a Europa

O acto terrorista e vil do Hamas de 7.10 no festival em Israel (com 1.400 barbaramente executados, crianças decapitadas e 199 sequestradas para a Faixa de Gaza), vem mostrar a impossibilidade de resolução do conflito na Judeia/palestina. O Hamas encontra-se na linha do daesh/isis.

Simplificando: na Judeia/Palestina decorre uma guerra por procuração onde se encontram representadas duas civilizações em luta: de um lado o islão e o socialismo e do outro Israel e o capitalismo liberal; daí o seu significado mundial geoestratégico e daí o perpetuar-se de uma situação desumana e fatídica. Todo mundo está lá envolvido, atuando pela calada da noite e à margem do povo, sob o manto de uma mixórdia de interesses onde se procura agradar a Deus e ao Diabo. Por outro lado, na discussão do drama da Judeia/Palestina resume-se a manifestações de tendências geralmente tidas como objectivas. O fatal, numa sociedade de tendências (e esta é a única que temos) é que o tendencioso evidencia a tendência que já se tem: afirmando-a ou questionando-a, mas sem efeito, o que no final de contas vem justificar a acção violenta e a razão de interesses desumanos.

Interesses representados em núcleos (potências aliadas a ideologias) expressam-se de maneira especialmente cruel nos conflitos da Judeia/Palestina e na Ucrânia. Os interesses dos EUA (Nato), muçulmanos, russos e chineses são os mais evidentes nos conflitos atuais. Conflitos de interesses hegemónicos não têm resolução militar e menos ainda nos povos de cultura árabe onde política, religião e comércio fazem parte do espírito do povo.

Agora que Israel se mostra decidido a bloquear Gaza, a Arábia Saudita, a Rússia e a China apelam para o cessar-fogo e o fim do bloqueio de Gaza. Por seu lado Israel sabe do inimigo cruel que tem pela frente e dos erros que cometeu no passado contra o povo palestiniano e está certo que, se não desalojar os terroristas de Gaza, o contencioso Israel-Palestina continuará como dantes (e para mais na fase de tentativa de nova ordenação do mundo entre Brics… e G7…). Facto é que o Hamas está a ganhar a guerra ideológica ao conseguir unir o mundo árabe e parte do não árabe em torno de si conseguindo a liderança na abertura dos telejornais mundiais.

Um efeito colateral grave das lutas económico-culturais vem-se acentuando mais e mais depois da segunda guerra mundial. Os interesses político-económicos que abateram a cultura judia em Auschwitz são os mesmos que deram a entrada a 20 milhões de muçulmanos seus figadais inimigos. O conflito israelo-árabe já há muito que chegou à europa especialmente através da emigração muçulmana e cada vez se faz sentir mais nas escolas alemãs e na sociedade em geral. Também a Europa está vocacionada a tornar-se cada vez mais uma zona de conflitos atendendo à sua política de migração, importando de maneira sustentável os conflitos inerentes ao islão (nação islâmica”, Ummah).

No ponto de encontro ou de eclosão de interesses contraditórios torna-se difícil determinar quem está no lugar certo e no lugar errado. Esta incerteza fomenta as certezas de um e do outro lado; estas são, porém, certezas que se excluem e criam escravos de um lado e do outro, como é próprio da lógica do poder. Grupos hegemónicos só conhecem o caminho para a victória final e este é assinalado por intransigência, povo morto e sacrificado.

Há que considerar que onde há escolha há interesse que se quer ver legitimado pela liberdade. A questão permanece, porém, nas certezas que por sua vez pretendem legitimar interesses. O cum quibus da questão é que conjecturas são apresentadas pelos formadores de opinião e media como dados certos.

A defesa de um valor ou direito abstracto não pode servir para justificar a existência da violência concreta. Nem a violência do movimento terrorista do Hamas nem acções terroristas nem acções de retaliação vitimadoras de inocentes dos povos israelita e palestiniano são legítimas. Por outro lado, há que aceitar a história, doutro modo continuaremos num dilema justificador da violência de parte a parte que se resume na opinião pessoal de Benjamin Netanyahu: “Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem as suas armas não haveria mais Israel”. 

O fatal no meio de tudo isto é viver-se de correlações fora de qualquer causalidade.

A situação de injustiça criada em que estão envolvidas as duas partes não pode justificar o agir delas: nem a violência dos palestinianos nem a política israelita de colonização. Os meios de comunicação social e os políticos comportam-se como têm feito no conflito da Ucrânia: em vez de fornecerem informações factuais e justas, criam informações de campanha militar mais apelativas ao sentimento do que à razão. Só uma atitude que conduza à compreensão das duas partes poderá ajudar a resolver o problema à margem da ocupação e do terror.

A Faixa de Gaza com o Hamas é a ponta de lança do islão e a Liga Árabe tem mais de 360 milhões de cidadãos…

Como têm mostrado as guerras com o islão (Iraque, Líbia, Afeganistão) este não perde. Ele tem uma dinâmica de poder resiliente e de sustentabilidade garantida pela religião/povo.

Em termos de civilização o Alcorão está para os árabes, como a Mensagem bíblica está para os europeus. O Corãoé político e  privilegia os direitos culturais árabes em detrimento dos direitos individuais e o Cristianismo favorece os direitos humanos individuais, de uma maneira geral, o que, no contexto social em que vivemos e em termos políticos o enfraquece. É por isso que o Islão é uma religião sobretudo política e o estado islâmico defende  o derrame de sangue inocente como se prega em muitas mesquitas; segundo os livros sagrados do islão, o muçulmano recebe a sua dignidade através da pertença à religião (Ummah) e não conhece o amor ao próximo nem a ideia de uma humanidade toda ela feita de filhos de Deus (a solidariedade é limitada ao grupo crente); assim,  a vida e o cidadão são concebidos em termos de função institucional  e daí a indiferença perante a vida e o indivíduo. Os radicais matam sem medo nem dores de consciência porque ao fazê-lo servem o islão e são premiados com o paraíso como promete o Corão.

A estratégia e finalidade do Hamas é espalhar o islão e destruir Israel. Apesar dos intrincados interesses geopolíticos na região quem apoia o Hamas apoia o terrorismo de um grupo que não representa o povo palestiniano. O extremismo despreza os próprios membros de religião usando-os como escudo pois tudo o que serve o avanço do islão é legítimo (até a mentira) o que impede a maioria dos muçulmanos de tomar partido ou de se manifestarem. Naturalmente que aqui falo do islão e não dos muçulmanos em geral porque na generalidade são muito mais humanos do que muitas das premissas da sua religião e no seu dia-a-dia têm as mesmas preocupações que todos os outros. O problema vem das mesquitas e de associações que se aproveitam da sociedade europeia aberta para afirmar a sua sociedade fechada (Gueto) e assim, com o tempo, criam problemas étnicos como vimos documentado no processo de fragmentação da antiga Jugoslávia.

Em 629 um exército árabe islâmico tentou invadir a Palestina, mas foi derrotado pelas tropas romanas. O Corão da fase de Meca reconheceu a Palestina como terra dos judeus! Como a Palestina estava então fora da sua esfera de influência, o Corão reconheceu aquela terra aos judeus dizendo na Sura 17: “E dissemos aos Filhos de Israel: ‘Habitem a terra!… Tome esta cidade para sua habitação.” E uma das últimas suras de Meca (parte do Corão escrito na época pacífica) diz: “E demos ao povo oprimido as partes oriental e ocidental da terra (isto é, toda a terra) como uma herança que abençoamos. E a boa palavra (promessa) do teu Senhor veio a ser transmitida aos filhos de Israel (como recompensa) pela sua paciência.” A veneração de Jerusalém pelos muçulmanos é um fenómeno forçado após a fundação do Estado de Israel.

A contradição que se encontra na geopolítica Judeia/Palestina encontra-se, importada nas ruas da Alemanha e nas declarações do governo! Enquanto os políticos na Alemanha fazem declarações políticas afirmando que a defesa de Israel faz parte da razão de Estado alemão, nas ruas é festejado o ataque vil do Hamas contra o festival da juventude e nas escolas aumentam as expressões de ódio contra os judeus. Na Alemanha, as instituições judaicas devem ser protegidas pela polícia. Karl Lagerfeld dizia: “Não podemos matar milhões de judeus e permitir que milhões dos seus piores inimigos entrem no país”. Uma sociedade que pretende ser multicultural desresponsabiliza-se ao não exigir responsabilidade aos imigrantes árabes que se afirmam contra ela.

António CD Justo

Pegadas do Tempo