FINLÂNDIA E SUÉCIA SOLICITAM PRECIPITADAMENTE A ADMISSÃO À NATO

50° Aniversário da Política alemã de Mudança através de Aproximação

Com a solicitação da Finlândia e da Suécia de entrada na Nato, alarga esta, legitimamente, as suas fronteiras na direcção da Rússia! Este passo significa que ainda estamos a prosseguir com as rotineiras medidas que nos conduziram à situação atual.

Para a segurança na Europa, precisaríamos de uma comunidade de defesa europeia que representasse o espírito e os interesses europeus, naturalmente também com a Suécia e a Finlândia. Está-se só a reagir e não a agir, a ser impulsionados, sem concepção nem reflexão e, na consequência, a ser motivados apenas por factores de medo e de poder! Na ausência de um conceito e de uma estratégia europeia comum adaptamos os nossos interesses aos dos USA, cuja política é imperialista, tal como tem sido a da Rússia. A política da UE só reage em vez de olhar para o futuro no sentido da Europa! Precisamos de um lugar e de um espaço onde seja possível começar a empreender-se uma política de paz para a Europa e para o mundo!  É tempo de tentar novos passos em vez de continuar a marcar passo na História!

Há precisamente 50 anos, a Alemanha iniciou os tratados de Leste com a Rússia (tratado de Moscovo e Varsóvia ratificado pelo Parlamento em 17.05.1972). A Alemanha iniciou então uma política de “mudança através da aproximação”, que assegurou a paz na Europa durante os últimos 70 anos. A Alemanha aceitou as fronteiras do pós-guerra, declarando também a renúncia aos antigos “territórios orientais”(fez também os acordos com a RDA e a Checoslováquia). Na altura, tudo isto, na opinião pública era apreciada sobretudo como uma traição à pátria.

A política de aproximação de Willi Brandt e a disponibilidade de Helmut Schmidt para negociar, com as costas protegidas pelos americanos, foi uma política que seria hoje muito benéfica para a Europa se esta não estivesse condicionada sobretudo aos interesses do distante  irmão rival do outro lado do Atlântico, que tinha e tem por razões imperialistas de Estado o objectivo de construir barreiras e não pontes entre a Europa e a Rússia!

A política alemã, outrora seguida, de aproximação com a Rússia levaria a Europa a encontrar, de novo, o seu lugar específico e relevante na história (um lugar de sinal pacífico para o mundo, depois dos seus imperialismos nacionais)! Uma Europa, de alma dividida, sem projecto, sempre olhou com desconfiança para a Alemanha, preferindo, em vez de entrar numa convergência europeia, aliar-se aos EUA, ficando na ilusão que se revelando contra a Alemanha defendia interesses próprios e europeus! De facto, na EU impôs-se o espírito anglo-saxónico que depois se expressou de forma cínica no Brexit! Nesta atitude a Europa continuará a ser um gigante com pés de barro! (Pessoas de pensamento apressado não identifiquem logo esta apreciação como tendo algo a ver com identificação a Alemanha!)

É verdade que as potências mundiais jogam na sua perspectiva de potências mundiais, e a Europa está no meio delas sem que os políticos da Europa assumam mais responsabilidade para que, por um lado, a ligação ocidental não se perca, e, por outro, fazer com que a ligação oriental seja impulsionada. Só desta forma a Europa pode chegar à sua própria política e iniciar assim uma nova cultura que sirva a paz mundial. Os laços unilaterais com o imperialismo, sejam eles russos ou americanos, adiam o desenvolvimento da Europa, o que deveria conduzir a uma política de paz real.

De momento, ao identificarmo-nos com os imperialismos russos e americanos, e ao alinharmos apenas pelos interesses da Nato estamos a adiar a Europa a perder o comboio da história europeia e a negligenciar a oportunidade de se iniciar uma política de solidariedade comum com todos os povos numa atitude de paz!

Chegou a hora de uma Europa verdadeira e não ser mera EU anglo-saxónica; essa hora seria tentar novos passos e no atual conflito iniciar conversações e estabelecer laços!

As economias americana e alemã podem pagar a guerra e ganhar dinheiro com ela, mas de que serve esta força ao homem da rua e aos pequenos estados?

De momento a União Europeia encontra-se alienada apostando no adiamento da construcção de uma Europa digna, provocando a entropia social e a dependência desonrante! Europa teria de assumir um papel e missão próprios. Em vez disso, os Os Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE aprovaram em 16.05 mais 500 milhões de euros para a entrega de armas e equipamento às forças armadas ucranianas. Isto eleva o financiamento da UE de ajuda militar para 2 mil milhões de euros. Os fundos são provenientes do “Mecanismo Europeu de Apoio à Paz”(1)!

Para se iniciar uma cultura de paz terá de se ousar mudança através de aproximação e não de confrontação!

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Talvez, neste caso, mais apropriado seria mudar-lhe o nome para “Mecanismo da EU contra a Europa” e para o prolongamento da guerra (na substituição de conversações que salvaguardassem os interesses e valores europeus)!!

DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

Hoje tudo se encontra em competição, todos são condicionados a viverem sob stress; mães, pais, filhos e educadores são os primeiros a senti-lo. Se antes a sociedade vivia mais ao ritmo da natureza hoje passou a viver ao ritmo da opinião publicada que privilegia uma maneira de estar exteriorizada e mais virtual! As necessidades específicas mais elementares e genuínas e as relações humanas familiares são indelevelmente neutralizadas para melhor ser conseguido o esvaziamento da personalidade e das instituições base. Pretendem-se modelos e estilos de vida, meramente funcionais, à margem humana. A sociedade quer-nos ver a viver de exterioridades.

Politicamente exposta às contrariedades dos ventos do Zeitgeist, a família passa a ser cada vez mais estressada.  O movimento 68, a pretexto de liberdades, instrumentalizou a família considerando-a como modelo a ser ultrapassado e “privatizado”! Neste conceito a mulher continua a ser utilizada e explorada na família e em sociedade.

A primeira a ser explorada na família é a mulher; uma sociedade e economia globalistas de matriz masculina em vez de valorizar a feminilidade procura pô-la ao serviço da sua masculinidade, ao âmbito meramente funcional.

Por isso exige-se tudo das mulheres e das mães! Devem estar sempre prontas e à disposição de tudo e de todos e, além do mais, é-lhes exigido fazerem uma carreira perfeita: funcionalidade pura ao serviço da família e ao serviço da economia!

No passado, as pessoas seguiam a ordem da natureza, hoje seguem a lógica dos meios de comunicação de massas. Corta-se o âmbito privado (familiar) para se passar a viver no âmbito público, à custa do tempo passado juntos; da “geração televisiva” que assistia ao mundo sentada, passou-se à geração smartphone que corre por todo o lado e em todo o lado tem de estar presente sob a supervisão do google.

 A família perde muito do seu espaço privado transpondo-o para as empresas globais!  Estas exigem um contínuo estar atento à custa da atenção indisponibilizada aos circunstantes sentados à mesma mesa; estar atento e chamar a atenção coloca as pessoas e as famílias modernas sob considerável pressão dificultando assim a criação de relações directas, de belas experiências humanas, de celebrações partilhadas, de ritos e de momentos vividos em conjunto; assim se evita aquilo que tornaria as nossas vidas mais autênticas e mais ricas.

Na esfera doméstica e na criação dos filhos, a mulher vê a sua condição, muitas vezes, a ser tornada invisível, não obtendo qualquer reconhecimento pelo trabalho familiar, que de facto permanece mais sobre os seus ombros. Por mais que as mulheres trabalhem não recebem qualquer recompensa! Em vez disso a sociedade cria imagens ideais e papéis que as obriga a terem de andarem sempre a correr e a estarem atentas ao que se espera delas! Uma sociedade que explora a Mãe/mulher não liberta o Homem nem serve a família!

Tudo o que se fizer em benefício da mulher e da mãe (pela feminilidade) reverte em benefício de todos, da família, do homem e da sociedade!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

UM EXEMPLO DE MANIPULAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA

Ao referir-se ao conflito que decorre na Ucrânia a imprensa marca posição manipuladora na deturpação e interpretação dos factos como também ao relatar uns acontecimentos e omitir outros! Com o título “Papa marca um sinal com um encontro ” os periódicos ao colocar esta informação e ocultar outras deformam a realidade! De facto, é noticiado que na audiência geral de 11 de Maio, o Papa falou brevemente com duas mulheres ucranianas cujos maridos estão encurralados como combatentes na siderurgia de Mariupol; trata-se de Kateryna Prokopenko, a esposa do comandante da Azov Denys Prokopenko, e Julia Fedosjuk. Segundo elas afirmaram, o Papa prometeu rezar pelas lutas e tentar ajudá-las.

A crítica que o Papa fez à NATO a 3.05, foi omitida pela generalidade dos periódicos: o Papa Francisco disse que estava pronto para ir a Moscovo e que quem começou propriamente a guerra foi a NATO: “Penso que antes de ir a Kiev, tenho de ir a Moscovo”. Disse que o encontro não serviria exactamente para condenar Putin, porque o verdadeiro “escândalo” da guerra de Putin era “o ladrar da NATO às portas da Rússia”, fazendo com que o Kremlin “reagisse erradamente e desencadeasse o conflito”(1).

A primeira informação foi noticiada porque vem a favor da NATO interessada em branquear a parte escura e nazista da do batalhão de Azov e da sua acção no exército ucraniano!

A segunda, embora mais importante, não foi publicada porque contrariaria a propaganda até agora feita em favor da NATO. Estas são duas verdades que se complementam, mas a segunda não iria em favor de muita da desinformação em via!

Estamos perante uma maneira indireta de manipulação por omissão ou por filtro das informações que consiste na opção de só se apresentarem assuntos interpretados a favor da afirmação do próprio poder!

Refiro-me aqui ao ocidente porque da informação aqui prestada é que depende a formação das nossas opiniões e assistimos a uma campanha de informação mediática que tem sido unilateral e manipuladora, no sentido de justificar o envio de armas para a Ucrânia e uma intervenção da NATO.

É indigno de uma democracia submeter o povo a uma desinformação tão massiva! As nossas elites políticas têm-se comportado de tal maneira que denegrecem a democracia e desiludem espíritos democráticos honestos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://antonio-justo.eu/?p=7410

 

O DIA DA LIBERTÇÃO 8 DE MAIO 1945!?!

Paz revelou-se em Sol de pouca dura

A 8 de Maio, foi assinado o documento de capitulação da Alemanha. Com a capitulação da Alemanha, terminou o regime nacional-socialista de violência.

A guerra provocou um total de 65 milhões de mortos, dos quais 27 milhões de russos e cerca de 6 milhões de judeus.

De 1943 a 1945, devido à falta de soldados, eram recrutados jovens de quinze anos. A libertação salvou os perseguidos e tornou possível a paz, a segurança e a prosperidade. Esta libertação deu-se à custa de muito sofrimento. Nunca mais a guerra, era a convicção de então!

Fatidicamente encontramo-nos de novo em guerra e a Alemanha que tinha perdido a guerra declarou agora enviar armas pesadas para a Ucrânia, o que significa entrar de novo na guerra. Isto significará uma guerra entre a NATO e a Rússia.

Temos um campo de batalha diabólico: Belzebu e Lúcifer em plena acção!

Manifesta-se assim a violência da democracia contra a violência da autocracia.

As populações são usadas apenas como parte da decoração do palco militar e a democracia como cenário. O mal vence e os políticos de um lado e do outro da cortina parece agir ao serviço da guerra e não da paz!

Deixemo-nos surpreender sobre o que dirá Putin amanhã, 9.05, dia em que a Rússia comemora a victória sobre o regime de Hitler!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A PAZ SOCIAL DEPENDE DA JUSTIÇA

Pregava o Pe. António Vieira: “Abraçaram-se a justiça e a paz, e foi a justiça a primeira que concorreu para este abraço. Porque não é a justiça que depende da paz (como alguns tomam por escusa) senão a paz da justiça” (Sermão ao Enterro dos Ossos dos Enforcados).
Hoje fumega e cheira a guerra por todo o lado! Os poderosos fazem a guerra e a pequenada é levada atrás dela!
De momento ganha-se a impressão que também na guerra da informação, quem lança os foguetes da guerra para o ar, nos quer ver reduzidos a simples catraios a correr atrás das canas! O brilho dos foguetes da guerra é alucinante e impede-nos de desenvolver estratégias e táticas de paz no sentido de se estabelecer uma justiça equitativa.
A paz pressupõe a libertação do desejo de ganhar que se encontra subjacente ao desejo de mandar. A natureza dotou-nos deste instinto, o problema começa quando nos afirmamaos contra os outros. A demonização, seja de Putin seja de Biden, é a expressão dos “demónios” em nós!
Paz é serenidade e empenha-se pela estabilidade física e emocional de todos. A paz interior, hoje em perigo, é como o fundo do mar que suporta as marés e as ondas sem as extinguir!
Um bom dia de paz da justiça para todos
António da Cunha Duarte  Justo
Pegadas do Tempo