VIKTOR ORBÁN FEZ UMA VISITA A MOSCOVO PARA DESCONSOLO DE BRUXELAS E DA NATO

Mais um Contributo político para Conversas fiadasnos Media

A União Europeia não está contente com Orban, chefe de governo da Hungria e Presidente rotativo do Conselho da UE por seis meses, que fez uma visita a Moscovo (5.07.2024) encontrando-se com Vladimir Putin.

Orban opôs-se sempre a sanções económicas da UE contra a Rússia porque, segundo ele, quem seria prejudicado eram os cidadãos europeus; também várias vezes se opôs a ajuda da EU à Ucrânia. Principalmente os EUA, Alemanha e a França, que investem muito na indústria da guerra e no armamento militar criticaram a visita de Orban a Moscovo e que a visita de Orban a Moscovo não tem mandato da EU.

Orban afirmou que a Hungria é o único país da União Europeia capaz de dialogar com Moscovo e com o Ocidente. A Hungria teria potencialidades para assumir o papel de intermediária.

Orban argumenta que “a Europa precisa de paz” e a paz não vem por ela mesma e deve ser desenvolvida por todos os lados porque a “a paz não será alcançada sem diplomacia “.

O problema desta guerra geopolítica parece sem solução porque a NATO, a UE e a Ucrânia querem a vitória absoluta sobre Moscovo e Putin exige a “retirada completa de todos os soldados ucranianos das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk e das regiões de Zaporizhzhia e Cheron”.

No palco da política os diferentes discursos completam-se!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O CULTO DO FUTEBOL E O CULTO RELIGIOSO

No Desafio da Vida os diferentes Rituais completam-se

Nos campos verdejantes de futebol e nos magníficos templos, a humanidade encontra as suas almas num espetáculo divino e secular. O torneio de futebol e o culto religioso compartilham mais semelhanças do que se pode imaginar à primeira vista nos rituais religiosos e nos rituais seculares ou em eventos culturais. São arenas sagradas onde corações pulsantes e fervorosos de diferentes devotos se reúnem, não só para celebrar a vida, mas para expressarem em comunidade, de maneira aberta e digna, as suas esperanças, receios e alegrias.

Imagine-se os estádios lotados como templos modernos, onde os fiéis se vestem com seus trajes rituais, não de túnicas e mantos, mas de vestimentas e cachecóis vibrantes, cada cor representando sua devoção inabalável a uma equipa, a um santo secular. Estes devotos fazem peregrinações de longas distâncias, enfrentando jornadas de fé, com o coração pulsante de expectativa, na esperança de testemunhar milagres de chuteiras. Eles ostentam não rosários, mas bandeiras, e em vez de velas, acendem as suas paixões com gritos e cânticos que ressoam como trovões, elevando-se aos céus num clamor que busca a graça da vitória.

Os cantores iniciadores de coros, os líderes dos adeptos, orientam os adeptos fiéis em hinos de louvor e devoção, transformando o estádio em um coro celestial. A multidão responde com interjeições de alegria e também gritos de arrependimento, num rito tão antigo como a própria civilização.

Os jovens acólitos (crianças), com olhares cheios de sonhos, acompanham, de mãos dadas, os seus ídolos até ao centro do altar verde onde, de alma e coração se apregoa o hino nacional. Assim, jogadores com “camisas” próprias, adeptos e crianças acompanhantes, expressam de maneira simbólica que em campo e em jogo se encontra toda a comunidade de vida.  Ali, sob os olhos atentos do árbitro-sacerdote, o ritual começa. Cada passe, cada finta, é uma oferenda; cada golo expressa uma epifania: aquele acto tão esperado de consumação e exaltação libertadora como se de teofania se tratasse onde ecoam os sons de trombetas de anjos e arcanjos arqueados em torno da baliza a dar ao golo um sentido superior.

Nos cultos religiosos, um Deus omnipresente recebe a adoração. No campo sagrado do futebol, os ídolos de carne e osso encarnam as esperanças de milhares. Mas em ambos os casos, há um elemento comum: a busca por sentido, a necessidade de um lar emocional-mental onde as almas possam expressar seus desejos e medos, onde possam mostrar sua veneração de forma palpável e, assim, libertar as diferentes energias que se acumulam nas vidas do seu dia-a-dia.

A beleza desses rituais, sejam eles em igrejas ou estádios, está na celebração da comunidade e na experiência coletiva da alegria. Há algo de profundamente humano que nos junta a todos para celebrar a festa da vida, numa de superar as intrigas mesquinhas, e nos reunir para cantar, rezar, gritar e apoiar juntos. Também a fé no pequeno David que desafia o grande Golias se manifesta em cada jogo onde a pequena equipe pode, contra todas as probabilidades, revelar-se vitoriosa. É a esperança que mantém os fiéis em ambos os domínios – a esperança de que, mesmo perante desafios gigantescos, o espírito humano pode triunfar. A esperança de que o humano deixe de ser mero rival e mesquinho para se tornar verdadeiramente humano.

O melhor rito é aquele que celebra toda a vida, no reconhecimento que cada acto e momento, seja religioso ou secular, contribui para o grande mosaico da existência. A vida é, afinal, um jogo, e a soma dos seus momentos é o que dá sentido à nossa jornada. Cada um de nós é o catalisador da sua própria vida, e nenhum momento deve desviar-nos do campo onde se joga a verdadeira partida: esse campo encontra-se dentro de cada um de nós e expressa-se numa vivência de comunidade.

Vamos todos celebrar, nos templos e nos estádios, nos cantos sagrados e nos gritos dos adeptos, a maravilhosa tapeçaria da vida. Ideal seria que cada um de nós encontrasse, na sua própria arena, a alegria e o sentido que buscamos e nos transcende numa de pensarmos e agirmos a partir do nós descoberto na nossa singularidade, o centro onde se realiza encarnação e ressurreição no mistério do encontro do divino com toda a humanidade.

Moral da narrativa e ideias inovativas: Qualquer pessoa que oponha os rituais naturais das pessoas uns contra os outros compreende mal o mundo, a humanidade e as pessoas e ainda não chegou a abranger os moventes mais profundos de todas as agremiações e instituições. Enquanto não superarmos o ciclo vicioso de afirmação e contra-afirmação, continuaremos a afirmar uma cultura da guerra sem notarmos que seria possível iniciar uma cultura da paz na complementaridade e na aceitação do erro como momento de superação; para isso haveria que sublimar a guerra e a agressividade humana em jogos, tal com acontece modelarmente no futebol (1). O futebol espelha a nossa vida natural.

A pressão do desempenho, o medo do fracasso, as imagens de masculinidade e, por outro lado, a paixão e a devoção absolutas são moventes bem presentes na arte do trabalho em campo. Tudo isto eleva os jogos a um lugar de ação e de culto. O futebol torna-se num catalisador onde se dissolve a tensão de energias positivas e negativas. Na esfera olímpica, porém, o deus futebol ameaça tornar-se demasiadamente absorvente, exigindo-se, por isso, cada vez mais capacidades de discernimento na maneira de determinar as prioridades orientadoras da própria vida.

O Campeonato Futebol (UEFA – FIFA) é também o exemplo de desfile e a expressão cultivada de uma sociedade dominada pelos homens que, com este tipo de ritual, exalta a matriz masculina que ordena o mundo segundo as características masculinas e ao mesmo tempo enfatiza os objectivos internos e os métodos de afirmação da natureza.

Não chega criar campeonatos de Futebol para mulheres no intuito de mitigar a matriz masculina do nosso modelo de sociedade.

Se nos rituais de futebol se sobrevaloriza a masculinidade secular nos rituais religiosos valoriza-se a feminidade em geral. Para se criar uma cultura humana de paz haverá que conceber pontes entre os polos das energias femininas e das energias masculinas, de maneira a que umas e outras entrem num diálogo de olhos nos olhos; isto para paulatinamente  se ir elaborando uma nova matriz de  equivalência entre características femininas e masculinas sem se cair  no erro de um igualitarismo superficial e masculino hoje dominante – pacote enganoso – que pretende masculinizar a feminilidade tornando-a apenas funcional e deste modo masculinizam ainda mais a agressiva matriz  masculina que domina a nossa sociedade a nível sociológico, antropológico e político-económico numa estratégia militarista.

Se partirmos da natureza humana e da observação da história dos povos, será de concluir que as sociedades continuarão a seguir a mesma matriz continuando a humanidade a ser uma oficina de reparação.  Neste sentido a sociedade irá continuar a enganar-se a si mesma; no palco humano prosseguirá a aliança de um mercado de transferências a nível desportivo, religioso, político, comercial, económico e da arte.

“Fomos, somos e seremos sempre todos nós. Acredita, Portugal”, apela Cristiano Ronaldo, de olhar no firmamento. De facto, quem pretende chegar à victória tem de aceitar com esperança o desafio da vida, consentindo também a prova de exercícios do erro para poder avançar numa sociedade feita ainda de vencedores e vencidos!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) alguns textos meus sobre jogos:

Diogo Costa: https://antonio-justo.eu/?p=9449

Análises de jogos de futebol: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/alemanha.htm

Mulheres são Bolas de Jogo: https://redactormz.com/no-qatar/

Portugal Marrocos: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/jogo-portugal-marrocos

Ronaldo: https://www.mundolusiada.com.br/artigos/ronaldo-o-melhor-embaixador-de-portugal/

 

 

Pegadas do Tempo

 

(1) alguns textos meus sobre jogos:

Diogo Costa: https://antonio-justo.eu/?p=9449

Análises de jogos de futebol: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/alemanha.htm

Mulheres são Bolas de Jogo: https://redactormz.com/no-qatar/

Portugal Marrocos: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/jogo-portugal-marrocos

Ronaldo: https://www.mundolusiada.com.br/artigos/ronaldo-o-melhor-embaixador-de-portugal/

 

O FENÓMENO DE JOGADORES MAIS VELHOS NO DESPORTO PROFISSIONAL

Pepe e Ronaldo são um milagre biológico do futebol assistido por uma Vontade forte

 O ortopedista e médico desportivo Dr. Gerd Rauch, em entrevista à HNA, descreveu o fenómeno Pepe e Ronaldo como um “milagre biológico do futebol”. Pepe com 41 anos e Ronaldo com 39, estão entre os jogadores mais velhos da história do Europeu.

Segundo o especialista, o que sobressai nos dois jogadores é “disciplina de ferro…treino extra, regeneração adequada com sono e sem álcool…  e corpos robustos, com muito músculo. É claramente o caso de Ronaldo e Pepe. São atletas excepcionais”.

As exigências físicas são importantes porque lesões complexas nos joelhos podem levar a osteoartrite prematura e, muitas vezes, levar ao fim precoce da carreira. Pepe e Ronaldo também tiveram lesões, mas a sua condição física aliada à sua arte, disciplina e vontades férreas fizeram deles grandes luzeiros no firmamento do futebol.

Naturalmente, a idade torna-se percetível e a dada altura o declínio no desempenho só pode ser interrompido pelo treino intenso e também pela vontade de suportar a dor, o que pode ser ajudado com um pouco de vaidade.

A velocidade no jogo, geralmente, diminui com a idade, e é por isso que as equipas optam cada vez mais por jogadores mais jovens dado o jogo se ter tornado incrivelmente rápido. “A bola já não está parada, mas é apanhada e retirada imediatamente.”

Os jogadores também recebem cuidados médicos ideais com cuidados ortopédicos, cardiológicos e médicos gerais; existe fisioterapia direcionada e treino atlético que atua na fáscia e nos tendões e alonga os músculos.

O futebol está também a tornar-se um negócio industrial. Até a cor dos sapatos de Ronaldo determina a vontade de comprar.

Ronaldo ainda é muito importante para Portugal pelo seu jogo de cabeça e pelo seu papel dentro da equipa agindo como estímulo  e  padrão de líder, como se nota na maneira como se dirige a colegas caídos em campo onde uma palavra dele parece fazer milagres; porém essas qualidades humanas não se notam na TV. 

Também é natural que no mundo das estrelas se torne difícil avistar o céu estrelado devido às cataratas dos problemas terrenos e ao fenómeno real das estrelas candentes!

O exercício da vontade ajuda a viver com sabedoria se não se quer passar ao grupo de uma reserva abandonada ao sobreviver: a vontade ajuda a sair do dilema do ganhar ou perder para se seguir a estratégia do perder para se ir ganhando! Trata-se de se optar por uma forma de vida simplificada ou mais complexa e exigente.

Ronaldo e Pepe são o exemplo do resumo ideal de tradição e inovação num mundo em apressada transformação.

A vontade só pode desabrochar da nossa consciência quando se tem um objectivo em mente e uma estratégia para o alcançar. Geralmente vive-se entre o querer da mente e o desejar instintivo do corpo faltando o estímulo da liberdade com a alavanca da esperança que dá lugar ao momento disciplinador da mente sobre o corpo para conseguir modelar as sensações num processo de emancipação.

A vontade, como impulso natural de dominar e se autoafirmar expressa-se legitimamente em Ronaldo começando pelo autodomínio adquirido através de autodisciplina, primeiro pressuposto para se chegar à victória; essa qualidade de caracter é hoje contrariada pelo espírito do tempo (Zeitgeist) interessado em fazer das pessoas meras consumidoras numa sociedade que se quer comerciável (tanto a nível capitalista como socialista) e para isso faz uso da ideologia do igualitarismo qualificando de arrivistas  pessoas e grupos que querem sair da cepa torta. Aquela atitude simplicista, embora parecendo progressista, torna-se de facto no maior inimigo das classes sociais menos privilegiadas porque mais apeadas à rotina e ao hábito.

Talvez por isso se levantem tantas vozes contra Ronaldo não entendendo que a pessoa humana é um projecto em continuo processo de habituação e tentativa de inovação, que implica a aceitação do erro como momento metódico. Um mundo em contínuo desafio aceitar a própria fragilidade como algo natural, mas sem que esta se torne objecto de virtude nem de fixação.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PARA ONDE VAI A EUROPA

População a viver cada vez mais sozinha

O Serviço Federal de Estatística anunciou, em 02.07.2024, que 20,3% da população da Alemanha vivia sozinha em 2023. Na média da UE 16,1% vivem sozinhos. Na Finlândia 25,8% , na Estónia 31,5%,  Portugal 9,8 % ,  Croácia 9,9 %,  Irlanda 8,3%, Polónia 8,7 %, Chipre 8,0%, Eslováquia 3,8%.

A proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas é o dobro da média da população. Na UE 31,8% têm 65 anos ou mais e na Alemanha 34,6%. No contingente das pessoas que vivem sozinhas não estão incluídas as que vivem em alojamentos partilhados ou em lares de idosos ou de terceira idade.

Embora Portugal registe 9,8 % da população a viver sozinha, é o país que envelhece mais depressa na União Europeia. O Brasil está a tornar-se um grande recurso para a compensar o envelhecimento da população.

Uma Europa velha e exausta, que ainda por cima nos esgota com guerras económicas e militares, empobrece cada vez mais as suas populações e está a levar as pessoas à solidão e ao desespero. Uma elite farta e cheia, que se mostra tão aberta e misericordiosa com os refugiados que fogem da pobreza e das guerras que ajudámos a instigar, deveria criar meio de ser também misericordiosa com a sua população precária.

No final, continuamos a beneficiar da sua ânsia de vida, que há muito perdemos. A nossa cultura despede-se de si mesma e fica um vasto território para povoar e cultivar.

Uma esperança: o mundo e a natureza continuam.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

SEMANA VOLUNTÁRIA DE 6 DIAS NA GRÉCIA

Um Passo atrás na História do Tempo de Trabalho

 

A partir de 1 de julho, a entidade patronal na Grécia poderá, por lei, oferecer aos seus trabalhadores a possibilidade de trabalharem seis dias por semana em vez de cinco.

No sexto dia de trabalho, os trabalhadores recebem mais 40% de salário e, no caso dos domingos e feriados, mais 115%. O horário máximo de trabalho é de 48 horas por semana.

O globalismo e o mundo multipolar, acompanhado de bloqueios económicos, obrigam a economia ocidental a reorganizar-se de forma protecionista e, por conseguinte, a importar menos produtos das economias dos países Brics; deste modo o Ocidente tem de produzir mais e a preços de concorrência, uma vez que a competição passa a ocorrer mais entre os países ocidentais.

Consequentemente, os países mais fracos terão de produzir mais do que antes no mundo cerrado de monopolistas. Este facto, associado à escassez de mão de obra qualificada, devido aos anos de baixa taxa de natalidade, leva países como a Grécia a um retrocesso na história ocidental do trabalho – Um precedente grave para os países menos tecnicizados que terão de assumir, em parte, o papel da China e da Rússia como fornecedores de produtos de comercialização barata para países mais avançados (O que significa na Europa mais trabalho para alguns e grande diferença de salários). Aparentemente, digitalizar muitas actividades, oferecer novos modelos de trabalho e permitir ainda mais flexibilidade fiscal aos reformados e aos pequenos empresários não se revela suficiente especialmente para os países produtores de emigração.

Isto relaxa a compressão do trabalho. Dá-se também um retrocesso nas condições de trabalho e maior concorrência entre os países desfavorecidos.

O grande problema criado pelas dinâmicas políticas e económicas actuais, apesar do avanço tecnológico, cria, por vezes, mais estresse e não deixa tempo suficiente disponível para  a família, desporto, passatempos, relaxamento e cultura. A nossa dinâmica social está a criar cada vez mais casos de esgotamento, doenças mentais e obesidade. Os excessos do neoliberalismo e das políticas erradas são mais visíveis nas sociedades marginalizadas. Países como a Bélgica e os Países Baixos têm a semana de quatro dias e outros estão a discutir a redução do horário de trabalho no sentido de criarem maior equilíbrio entre a vida profissional, familiar e de lazer.

De facto, está em via um retrocesso na história do horário laboral apesar das novas tecnologias. Os trabalhadores têm que pagar a avidez de uma elite económica global e a falsa política dos governantes europeus em questões de geopolítica.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo