HERBICIDA GLIFOSATO – UM PRODUTO CONTROVERSO

A Comissão Europeia prolongou o Uso do Glifosato sem a Legitimação dos Estados da UE

 

António Justo

Depois de muita controvérsia a Comissão Europeia acaba de prolongar a permissão do emprego do Glifosato na agricultura por mais 18 meses embora na votação em Bruxelas não fosse alcançada a maioria necessária. Fê-lo, sem a legitimação dos Estados da UE, um dia antes (29.06) de terminar o prazo para o prolongamento, apesar das objecções contra vindas da Alemanha e de instituições civis como Greenpeace. No termo deste prolongamento pretende-se que a Agência Echo apresente uma avaliação sobre as probabilidades do herbicida ser um produto cancerígeno e então a Comissão decidirá de novo sobre a sorte do Glifosato.

De facto a ciência consegue provar resíduos mínimos de pesticidas na alimentação e até na urina das pessoas já registam os vestígios. Glifosato, herbicida da Monsanto já é usado desde há 40 anos. Apesar disso os estudos sobre o assunto são controversos e segundo dados de certas investigações, não são conhecidos casos clínicos devidos ao consumo de produtos provindos de cereais tratados com o herbicida embora se comprovem resíduos de Glifosato nos cereais. Nesta discussão pública, como noutras, uns jogam com a saúde do consumidor dado estarem interessados no lucro, outros capitalizam o medo; o que mais me preocupa é o radicalismo de posições extremas.

Em causa estão duas posições contrárias: a dos adversários do uso de Glifosato, os defensores da biodiversidade do meio ambiente e da saúde e de uma agricultura menos extensiva e a posição dos defensores do emprego do herbicida para poderem ter o controlo químico sobre a natureza e deste modo poderem produzir mais e, como afirmam, darem resposta à crescente necessidade de alimentação numa sociedade mundial a aumentar.

O herbicida Glifosato, produzido pela Monsanto (USA) é prejudicial à saúde de pessoas, animais e ambiente, segundo provam estudos feitos nos USA. Outros estudos consideram-no de baixo risco ambiental e toxicológico ou até irrelevante se empregue conforme as normas.

Em questões controversas torna-se difícil obter-se dados científicos certos que satisfaçam todos porque em assuntos de economia e de ideologia, geralmente, há resultados científicos diferentes e até contraditórios. O resultado dos dados científicos está, muitas vezes, dependente de grupos e organizações de interesses que subvencionam e encomendam os estudos e investigações.

Importante seria o emprego racional da química na natureza, tal como se faz com os químicos que tomamos como medicamentos. Trata-se de proteger as plantas alimentares; o emprego de produtos químicos é como o do consumo de ideologias, quando empregues em demasia, provocam sempre efeitos colaterais. Como em tudo o problema estará no abuso.

Seria importante ver como reage Glifosato em combinação com medicamentos, resíduos de pesticidas e hormonas químicas no corpo humano. Geralmente só se fala do Glifosato como cancerígeno.

A medida da virtude está no meio-termo como já nos advertia o nosso filósofo Aristóteles no século IV antes de Cristo.

Para quem não é especialista torna-se difícil avistar a realidade através da floresta dos diferentes interesses de organizações sejam elas Monsanto ou Greenpeace, por vezes, cada uma atirando para além do alvo. Também é de considerar que, se há séculos houvesse tanta oposição ao desenvolvimento técnico ainda hoje teríamos as fomes da Idade Média e uma média de idade de 50 anos, quando hoje a esperança de vida, na Europa, já ronda os  80, apesar de tanto veneno.

Outrora algumas organizações também advertiam, e com razão, contra o uso do inseticida DDT que era realmente muito prejudicial à saúde, razão pela qual foi proibido o seu emprego na Europa; o problema é que o dito qual chega à Europa através da importação de muitos chás e de temperos da Índia onde se encontram vestígios dele.

As quatro pulverizações anuais com o Glifosato tornam mais rentável e económica a produção a nível de mercado. Mas a saúde deveria ser a preocupação principal de especialistas e de políticos que decidem do seu emprego. É verdade que simplifica o trabalho no campo, aumenta a produção e poupa energia mas também destrói os pequenos lavradores, impede a biodiversidade e entra na cadeia alimentícia e nas águas subterrâneas, a nossa melhor reserva vital.

Conflitos entre relatos científicos, leis, aplicações e práticas demonstram a importância de orientar a atenção dos investigadores para importância do princípio da prevenção (“da precaução do desenvolvimento sustentável”) em todos os estudos; o princípio “melhor prevenir que remediar” contribuirá para maior segurança num mundo, de si inseguro, a viver no meio de incertezas também científicas numa mistura de medos racionais e irracionais que a dúvida provoca.

O mesmo se dá em torno da discussão dos transgénicos. Certo será que o risco humano não pode ser menosprezado em favor de interesses económicos nem negligenciar o trato da natureza, nem do consumidor.

É sabido que as paisagens floridas não são coisa para o Glifosato, pesticida grande inimigo da flora e da fauna.

A Comissão Europeia, com esta decisão de prolongamento, não contribui para a sua popularidade.

António da Cunha Duarte Justo

 

  • (1) Bayer anda em negociações para assumir a Monsanto por 55 mil milhões de euros, mas Monsanto quer mais.

O PROCESSO DE DIVÓRCIO DA GRÃ-BRETANHA COM A UNIÃO EUROPEIA DURARÁ PELO MENOS 2 ANOS

Cameron semeou Democracia e agora colhe os seus Frutos

Por António Justo

“Castigue-se o desertor”, gritam os europeístas! “Parabéns ao desertor” gritam os nacionalistas!

A União Europeia e a Grã-Bretanha recebem agora a factura da arrogância da sua classe política. Cameron semeou democracia e agora ela ondula pela Europa à maneira das searas em dias de ventania. Os adeptos do politicamente correcto procuram, com a sua música acompanhante, desviar a bola para canto difamando a voz do povo como sendo desafinação de populistas.

Bruxelas avisou Londres para apresentar já a declaração de saída e assim não “tomar todo o continente como refém”, e assim não prejudicar ainda mais a UE e não contagiar outros membros que já flertam com a ideia da saída. A negociação do acordo encontra-se sujeita a vários entraves pelo facto do Brexit ter de ser ratificado pelas Câmaras britânicas. O requerimento de aplicação do artigo 50 da EU que dará início ao processo de saída, se não acontecer algum improviso até lá, será certamente iniciado em Novembro-Dezembro, a não ser que os interesses dos conservadores europeus sejam vencidos pelos interesses da esquerda.

Cameron para defender os interesses do partido conservador e os interesses económicos da Grã-Bretanha pretende só abandonar o governo em Outubro. Pretende assim que o processo de divórcio só seja solicitado depois de haver novo chefe de governo. O processo de divórcio durará 2 anos como prevê o artigo 50, a não ser que algum país não esteja de acordo e então o prazo seria prolongado, como opinam os especialistas. Ângela Merkel já deu sinal de compreender a intenção de Cameron em querer adiar o início do processo de divórcio; políticos de outros partidos alemães não acham oportuna a posição de Merkel. Os britânicos, encontrem-se em que posição se encontrarem, conseguirão sempre condições especiais para o seu país, tal como faziam já na EU e ao longo da história com Portugal. É um povo fino e pragmático!

O Busílis da questão

A França e outras forças reformistas não poderão deixar adiar muito o processo; doutro modo a resistência popular interna e contra a UE aumentará. É o que se diz pela europa fora: o desertor tem de ser castigado para se estatuir um exemplo para outros países que seriam tentados a imitá-lo.

A Alemanha estará interessada na realização de um acordo de comércio livre entre a UE a GB antes do divórcio se realizar definitivamente. Com o Brexit as economias de muitos países ressentir-se-ão e as consequências serão incalculáveis. As Finanças internacionais e os operadores mundiais começam a duvidar da Europa como lugar estável de investimento. A UE perde peso e a instabilidade, devido a um conglomerado de factores acentuar-se-á. O movimento europeu, de forças a operar em sentido contrário à filosofia da globalização, reage agora no sentido do protecionismo nacional contra um centralismo só orientado pelas leis de um mercado livre que não respeitava identidades nacionais, nem povo, nem sequer a sua cultura com os seus lugares sagrados  de refúgio.

A GB continuará a ser a Capital das finanças do mundo, tem bomba atómica, tem assento no Conselho de Segurança da ONU e tudo isto toca com muitos interesses comuns!

Estudos prevêem que o Pfund desvalorizará até 20%. A GB perde a vantagem competitiva que lhe advinha pelo facto de pertencer à UE. O centro financeiro Frankfurt ganha mais relevância.

Com a saída da Grã-Bretanha, a UE passará a investir mais no armamento para com o tempo criar um exército europeu. O exército alemão, na intenção de políticos, já pensa em abrir as suas portas a candidatos da UE.

O busílis da questão vem ainda do facto de 62% dos escoceses terem votado pela permanência da GB na EU. Deste modo o referendo de 2014 sobre a independência da Escócia em que 55% tinham determinado a permanência na Grã-Bretanha, passa a ser maculatura, legitimando um novo referendo sobre a independência da Escócia, como pretende o seu governo. Para alguns, isto poderia motivar as instituições britânicas a não ratificarem o referendo. Nesse caso seria pior a emenda que o soneto. A Áustria já avisou que quer uma UE reformista e sem a Turquia. A França, a Chéquia, os Países Baixos têm fortes movimentos cívicos que ameaçam com a saída da UE. Em Portugal também surgem vozes da esquerda radical nesse sentido mas isso não passa de conversa fiada, própria para entreter a as emoções da sociedade portuguesa.

A UE mesmo com a saída da Grã-Bretanha continua a ser o bloco económico mais forte do mundo. Numa era de concorrência entre civilizações e grandes economias o vento delas não sopra em favor dos biótopos culturais nem das nações. Geralmente segue-se a regra de primeiramente encher o estômago e só depois a moral.

Há ainda um outro problema que a UE terá de levar a reboque por mais tempo! São os milhares de empregados britânicos nas instituições da UE. Bruxelas já disse: “Eles são funcionários da UE.  Eles trabalham para a Europa”. Quem terá de pagar depois as suas deliciosas pensões terá de ser ainda negociado.

António da Cunha Duarte Justo

O PROCESSO DE DIVÓRCIO DA GRÃ-BRETANHA COM A UNIÃO EUROPEIA DURARÁ PELO MENOS 2 ANOS

Para compensar a frustração!

PORTUGAL GANHOU – COM UMA ACTUAÇÃO TÁTICA DE MESTRIA – SERIA DE PROPOR O TREINADOR FERNANDO SANTOS PARA PRIMEIRO-MINISTRO!…

Portugal 1 Croácia 0

Hoje Portugal mostrou que não só tem bons jogadores mas que também tem uma boa comunidade de jogadores.

O grande arquitecto da partida de hoje foi Fernando Santos. Portugal ganhou o jogo devido à sua nova tática de jogo que desorientou jogadores croatas.

Ronaldo, Quaresma, Pepe e Renato congregaram as forças da equipa e deste modo conseguiram furar a forte defesa croata!

 

Fernando Santos, com a nova tática mereceria ser primeiro-ministro. Então todo o Portugal estaria em forma.

GRÃ-BRETANHA – NAÇÃO DA MAGNA CARTA – AGORA DIVIDIDA DIVIDE A UE COM O REFERENDO

Splendid Isolation – Isolamento Esplêndido

Por António Justo

Os britânicos disputaram entre si, os europeus tremeram e os órgãos de decisão em Bruxelas começam a acordar. Resultado do referendo: 51,9% pelo Brexit e 48,1% pela permanência na EU. É a revolta do povo contra as elites estabelecidas!

Quem mais contribuiu para este resultado foi a vontade da UE querer impor quotas de refugiados ao Reino Unido e pretender obrigar o país a tratar os imigrantes da UE como trata os próprios nacionais, além de velhas facturas em aberto entre a velha europa e a velha Grã-Bretanha.

A Libra desvaloriza-se e deste modo diminuirá a atracção de imigrantes provindos da Zona Euro.

Em Bruxelas, a língua oficial inglês perde a sua força em favor do alemão e do francês e talvez em favor de línguas internacionais como o português e o espanhol.

A UE tornar-se-á ainda mais dependente da Alemanha que embora perdendo a companheira de luta Grã-Bretanha na defesa do liberalismo económico americano; a Alemanha sentir-se-á, por outro lado, mais influente no sentido de defender uma UE forte com um Euro forte; terá como opositor a europa latina com a França à frente. A força da economia dá porém razão à Alemanha e não ao sul, porque esta como potência económica, pode com os Estados Unidos e com a China forçar as economias menos competitivas. As forças empenhadas na construção de uma Europa das duas velocidades ganharão mais peso.

Os movimentos de regionalização e de federalização na Europa receberão maior impulso na Espanha (Galiza, Catalunha e país basco) e no Reino Unido também.

As relações da federação, no Reino Unido, entre Irlanda do Norte, Escócia, Gales e Gibraltar obrigarão a coligações e a formulação de interesses contraditórios. A Irlanda e a Escócia que querem a UE têm novos trunfos. E o caso do Gibraltar em certo modo também.

O referendo mostra um Reino Unido dividido em dois blocos e em regiões contraentes! Um exemplo concreto de uma UE em que uns resmungam e outros aplaudem mas de maneira ordenada e educada. A desordem da globalização exige a criação de ordens (blocos fortes) doutro modo, que mandará nisto tudo é a China e os EUA com a comparticipação de outras potências como a Alemanha e a Grã-Bretanha. Os movimentos nacionalistas ganham mais força porque a direita militante e a esquerda militante embora contraditórias se unem contra o projecto EU.

Os movimentos nacionalistas ganham mais força porque a direita militante e a esquerda militante embora contraditórias se unem contra o projecto EU.

Tornar-se-ão os britânicos os mentores da Europa, a partir das ilhas? Certamente não; provocarão uma reflexão mais séria sobre a UE que não tem demonstrado saber o que é nem o que quer.

Nos próximos dias 28 e 29 de Junho realizar-se-á uma cimeira dos Estados membros em Bruxelas.

A UE não pode permanecer como era, doutro modo seguir-se-ão outras desistências iniciadas pela exigência de referendos noutros estados membros.

A sociedade britânica reagiu bem à decisão tomada. Ela foi o berço da democracia na Europa da Idade Média. Já no séc. XII-XII havia contendas entre a europa continental e a Grã-Bretanha que no meio delas criou a Magna Carta. Dos conflitos de Inglaterra (1199-1216), com a França e com o Papado, surgiu na Inglaterra a primeira Magna Carta que limitava bastante o poder do Rei. Ela prescrevia que o rei não podia criar impostos sem ouvir os bispos, os condes e barões. Ainda no séc. XIII forma-se o parlamento que veio a dar origem à Câmara dos Lordes (nobres e clero) e à Câmara dos Comuns formada pelos cavaleiros e burgueses. Esta Magna Carta serviu de modelo para a limitação dos poderes dos reis no sentido de uma democratização que pouco a pouco se estende por toda a Europa. Da Inglaterra temos muito a aprender; entre outras coisas o respeito e o reconhecimento da comparticipação do rival no bem comum.

Conheço a definição da Grã-Bretanha já dos tempos em que andava na escola e que diz: “Splendid Isolation” isolamento esplêndido. A Inglaterra para não ser atacável escolhe não entrar em alianças definitivas. Prefere ser árbitro.

António da Cunha Duarte Justo

GRÃ-BRETANHA – NAÇÃO DA MAGNA CARTA – AGORA DIVIDIDA DIVIDE A UE COM O REFERENDO

ENSINO VOCACIONAL (PROFISSIONAL) – NAS PEGADAS DO ENSINO DUAL DE MODELO ALEMÃO

O Fomento Ensino Dual dificultaria a política do deita abaixo para poder saltar para cima

Por António Justo

O Estado português investe 4,5% do PIB nacional no ensino enquanto os países da OCDE investem em média 3%; apesar disso e do muito esforço o MEC colhe magros resultados em termos comparativos com outras nações. (1).

Em Portugal, o ensino da via única iniciou-se com a ideologização da sociedade portuguesa do 25 de Abril. Em 1974 o Regime de Abril (III República) extinguiu o ensino técnico e profissional, até então de grande qualidade, e, em grande parte, nas mãos do ensino católico privado. Ainda é conhecida a fama das Oficinas de S. José em Lisboa, do Colégio dos Órfãos no Porto, dos colégios de Izeda e de Vila do Conde e muitas escolas profissionais católicas, espalhadas pelo país que preparavam operários especializados e mestres de nome. O regime de Abril optou pela via única do liceu para todos (2) porque aposta mais na ideia do que na realidade.

Ao contrário do que acontece em Portugal, o ensino, na Alemanha, é estável, os professores são tratados com respeito não sendo incomodados no seu trabalho com intervenções contínuas da burocracia e as escolas não são instabilizadas no seu trabalho de comunidade educativa por um centralismo de estado desgastante e absorvente. O MEC em Portugal obriga o professor a desviar para a burocracia imensas energias que faltam depois para os alunos.

Escolha precoce da Via de Ensino na Alemanha?

Na Alemanha, o ensino é da competência de cada estado federado. Consta de Ensino Básico com quatro anos seguindo-se-lhe o Ensino Secundário de cinco a oito anos. A partir da quarta classe o aluno tem, normalmente, de se decidir por um dos currículos de estudos secundários: via industrial, via comercial ou via liceal: Hauptschule, Realschule e Gymnasium). Para a opção da via a seguir são tomadas muitas medidas acompanhantes de apoio ao aluno e de aconselhamento dos pais.

Parte dos partidos mais à esquerda critica o sistema de ensino alemão porque poderá levar a uma opção precoce da via escolar pelo aluno e considera isto como algo “contra a liberdade individual e igualdade de oportunidade”. Na realidade não se pode chegar a tal extremo porque, normalmente, o aluno é acompanhado de maneira muito individualizada e o sistema permite grande permeabilidade e osmose entre as três vias e os alunos do industrial e do comercial têm acesso às escolas superiores técnicas e à via universitária. Na Alemanha a opção por uma via de caracter mais profissional (comércio ou indústria) não é tão acompanhada de preconceitos de classe como acontece em Portugal.

 

O Sistema Dual alemão do Ensino Vocacional

O sistema dual de educação profissional é seguido na Alemanha, Suíça e Áustria. A dualidade vem do equilíbrio entre qualificação teórica (tempo lectivo escolar) e ensino prático (tempo de prática nas empresas) e que se administra simultaneamente. Deste modo a qualificação, geralmente adquirida depois de três anos, é de alto nível, seja a nível de conhecimentos profissionais teóricos seja a nível de competências práticas.

A política dual do ensino alemão desperta interesse e aplicação nos USA, Inglaterra e até no Brasil (em Portugal resume-se mais a acções de formação ad hoc (colaboração com Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã).

O Ensino Dual, seria, como defendo desde 1980, um óptimo modelo a ser instalado em Portugal (isto pressuporia a formação de parcerias e a implementação de uma política de promoção de todas as empresas com mestres na sua organização e uma descentralização do ensino em favor das regiões (3). As escolas têm contrato com as empresas que oferecem serviço de profissionalização. As empresas com contracto têm benefícios fiscais compensadores do serviço prestado.

O ensino na Alemanha é muito estável não andando ao sabor dos ventos das ideologias nem das modas (isso dá-se, apenas a nível experimental, num ou outro biótopo cultural). Por isso a Alemanha sofreu muito com a harmonização dos cursos universitários segundo o Processo de Bolonha (4).

No ensino secundário é possível passar-se de uma via de ensino para as outras (dependendo isto da média das notas, do aluno e da vontade dos pais). A conclusão do Ensino Secundário Comercial de Nível I (10° ano ou Mittlere Reife) possibilita o seguimento do ensino vocacional (5) dual (profissionalização) no sector administrativo, industrial ou até liceal, ou também seguir o ensino profissional numa Escola Técnica (Fachoberschule) que, uma vez terminada (12° ano), dá acesso imediato ao Ensino superior Politécnico (Fachhochschule) e no caso de fazer mais um ano (12°+1) pode entrar em qualquer faculdade das universidades.

Quanto ao Ensino (diria) Industrial (Hauptschule), uma vez acabado o 9° ano, o aluno pode optar por seguir a Realschule (10° ano comercial) ou por um estudo dual em que frequenta durante três anos o ensino teórico na escola industrial e o ensino prático numa firma especializada na profissão que quer tirar (6).

Quem seguiu o Liceu (a via directa ao ensino académico) termina o ensino liceal Abitur (exame liceal final 13° ano) que possibilita a entrada em qualquer faculdade universitária (Há Estados alemães que tentam encurtar o ensino de 13 para 12 anos para não prejudicarem os alunos alemães em relação aos alunos de outras nações onde o ensino liceal é de 12 anos).

Vantagens e desvantagens

O ensino dual segue um ritmo mais adequado às qualidades intelectuais e às competências práticas do aluno que, ao chegar ao 9° e 10° ano de escolaridade, é confrontado com diferentes vias profissionais de opção já mais específicas (ensino dual industrial e comercial ou ensino liceal se a nota o permitir). Neste sentido os alunos já tiveram de fazer um curto estágio numa empresa antes de terminarem o 9° ou 10° ano. Estes alunos dos diferentes percursos podem escolher os currículos a seguir: ensino liceal ou ensino dual (frequência de metade do tempo semanal na escola e a outra metade no empresa que escolheu (ou ainda numa escola profissional especializada). Para tal é condição ter uma empresa que o aceite para o estudo prático no tipo de profissão de que a empresa disponha (7). A palete de diversificação é imensa com abertura também para os quadros altamente qualificados; o estado despende rios de dinheiro em diferentes modelos de apoio à formação profissional.

O ensino dual também pode apresentar desvantagens segundo se dá na província ou nas grandes cidades onde há mais ofertas de lugar de formação prática por parte das empresas com contratos. Os alunos do ensino dual recebem um reduzido “ordenado” pago pela empresa.

Uma opção por uma política de ensino mais igualitária (ensino de via única) teria o inconveniente de deixar muitos alunos para trás traumatizando-os em questões de repetição e de más notas ou teria como consequência  a diminuição da qualidade do ensino para possibilitar a obtenção de resultados igualitários para todos, vendo-se, por vezes, os professores obrigados a diminuírem o nível de objectivos anuais a atingir por turma para que todos os alunos possam obter resultados satisfatórios. Penso que a crítica da esquerda no que toca à precocidade da escolha e à possibilidade de filtragem social pode ter o seu risco, ao dar-se já a partir do quarto ano de escolaridade; em muitas escolas há o ciclo preparatório de dois anos a seguir ao quarto ano, o que resolve o problema da precocidade na escolha vocacional. Essa objecção torna-se irrelevante ou até inverosímil num assunto tão complexo e muito menos ainda na realidade porque o ensino dual se inicia depois do 9° ou do 10° ano.

Devo dizer que, da experiência que tive directamente em escolas alemãs (das três vias), a escolha do percurso é feito em concordância com os pais. Isto exige das escolas primárias uma maior ligação e relação entre pais e professores. Constato que a formação alemã ao ser mais realista e concreta não deixa tantos alunos na ilusão de um futuro construído em esperanças ideais e igualitárias inatingíveis mesmo numa sociedade pretensa justa. A prática alemã obriga o aluno a deparar-se com a realidade da vida e a tomar opções já aos 15-16 anos; assim os que escolheram a via profissional, quando chegam aos 18-19 anos já aprenderam a trabalhar, tendo um diploma na mão e muita experiência de vida.

Neste sistema há também aqueles que não atingem os objectivos por razões de biografia pessoal e pelo facto de virem de meios não conscientes da realidade que “saber é poder”. O Estado alemão oferece-lhes muitas medidas e alternativas de recuperação, prestando-lhes muito mais apoio do que aos que seguem a via liceal.

As objecções que tenho ouvido em Portugal contra o ensino vocacional dual têm mais a ver com uma mentalidade irrealista e desresponsabilizada, bastante comum em meios de esquerda que em nome do óptimo renunciam ao bom, preferindo uma orientação por uma via que embora igualitária dá menos oportunidades às classes desfavorecidas (abandono escolar ou medidas que muitas vezes levam apenas a empatar o tempo de obrigatoriedade escolar) e obriga os mais inteligentes e voluntariosos (também da camada social em situação mais precária) a uma velocidade de aprendizagem orientada pela mediania baixa. Os representantes do facilitismo, em nome das massas e de um humanismo coitadinho, enganam o povo transmitindo a ideia que a vida se ganha sem enfrentá-la de frente e sem a concorrência. A realidade é que, apesar de muita solidariedade e de compreensão pelos mais débeis, ninguém dá nada a ninguém (vive-se em estado de concorrência) e que a vida exige muito empenho e responsabilidade de cada um, não sendo nenhum paraíso de embalar até aos 18 anos. Isto só simplifica a vida aos políticos, que com a ideia do facilitismo fazem ofertas fáceis ao povo; este encara-se depois com um mundo cão ao despertar bruto para a realidade do mundo laboral sentindo-se então atraiçoado e abandonado vendo-se obrigado a trabalhar a vida inteira em condições inferiores às suas potencialidades por terem sido embalados até aos 18 anos.

A esquerda radical e a FENPROF são contra o sistema dual de ensino alemão apesar de saber que este é o ensino que praticamente dá mais oportunidades também aos socialmente mais débeis, não esquecendo os deficientes (escolas especiais).

A experiência de profissionalização na Alemanha vem já da idade média, tempo em que os artífices se organizavam em ruas (correeiros, ourives, etc.) para transmitirem e defenderem saber e interesses de alta qualificação e concorrência). A riqueza da Alemanha vem do seguimento e aperfeiçoamento contínuo da tradição laboral medieval onde o trabalho manual tem grande prestígio e levou famílias a aperfeiçoarem a sua empresa, durante séculos na mesma família; esta tradição fez da Alemanha uma nação de ponta em quase todos os ramos do saber e como tal a imitar. Doutro modo iremos mancando de ideologia em ideologia sem caminho próprio, procurando imitar projectos deste ou daquele mais aferidos a uma ideologia que ainda não abandonou o complexo de inveja em relação aos que sobem na sociedade (excepção feita para os próprios líderes, os promovidos da classe) e se compreende como tendo o monopólio do saber e da opinião. .

Problema do ensino em Portugal: estar demasiado condicionado por interesses ideológicos e corporativos e branqueamento de notas em benefício do ranking da escola

Pude observar o decurso da política do MEC durante 40 anos constatando uma política de ensino feita em cima dos joelhos e que abandona o ensino a agentes radicais a nível de partidos e sindicatos numa estratégia do deitar abaixo para poder saltar para cima. Uma esquerda esperta tenta tornar-se a mãe da cultura portuguesa apropriando-se, para isso, do sector da educação, que em Portugal parece não precisar de pai. Assiste-se a uma sequência de políticas de ensino baseado em actividades desgarradas. A política de ensino não é equacionada em termos de consenso interpartidário nem aferido às necessidades do país, por isso é dependente de quem é mais esperto e nas conversações de formação de governo que fica com a pasta da Educação. Por estas e por outras o Ensino torna-se por natureza inseguro e, por vezes ao agrado de bandeireiros que se satisfazem com operações ad hoc no terreiro, ao sabor do oportuno.

A OCDE vai dando orientações de aferimentos do ensino e aprendizagem para os Estados a nível internacional mas sem a eficiência pretendida e até com efeitos catastróficos porque provoca no MEC e nas direcções das escolas a preocupação de, para ficarem bem nas estatísticas, branquearem as notas através dos Conselhos de Turma, que, muitas vezes, mudam as notas dadas pelos professores, “como se estas fossem rebuçados”, para as escolas subirem no ranking nacional e internacional. O aluno nestas condições passa a não ser o centro dos interesses mas sim a fama da escola.

A missão de garantir a oportunidade de aprendizagens inclusivas para todos os alunos pressuporia um trabalho sério de inclusão das escolas e das empresas de cada região, condição que presumiria primeiramente a libertação do jacobinismo de Estado tão típico de um Portugal republicano autista que considera como concorrência desleal tudo o que se afigure contra o seu monopólio e a sua consciência de que ele é que é bom. Diria o monarquismo formal formatou, de forma petrificada e anacrónica o espírito republicano que traz a sociedade portuguesa à trela.

Falta uma visão real das necessidades do país. Os Programas de ensino e formação profissional, com cursos profissionalizantes, são mais vistos numa perspectiva de reparar as falhas do sistema de ensino de via única, numa intenção de melhorar as notas a nível de estatística. A preocupação é centra-se em evitar o abandono escolar e  o “chumbo nos exames” do que uma preparação séria de cidadãos sérios para a nação. O ensino profissional é mais visto como subsidiário e não como parte integrante e em termos de igualdade como entontece, em grande parte no sistema de ensino na Alemanha.

Uma ancoragem eficiente da formação profissional nos planos de enquadramento e de orientações do quadro do MEC pressuporia a elaboração de um contrato nacional entre Estado e empresas de modo a comprometer as comunidades escolares educativas com as empresas da região onde as escolas se encontram instaladas. O Ensino Dual não favoreceria a política do deitar abaixo para poder saltar para cima. Ele implicaria em primeiro lugar a libertação da estrutura MEC da ideologia e do centralismo autista e autocrático. Esta mentalidade impede o compromisso necessário com as realidades regionais in loco tornado impossível uma estratégia consequente que envolveria a inclusão, de parcerias, ao mesmo nível de olhar, entre o MEC, as autarquias, e as empresas do comércio e da indústria. O factor de maior impedimento à regionalização e democratização do ensino encontra-se no facto de as mentalidades que se encontram a nível dos altos órgãos nacionais se encontrarem repetidos nos oligarcas locais. O problema de Portugal é uma questão de educação e de uma filosofia de ensino ultrapassada e falhada! Em vez de uma concorrência humana e leal facilmente se perdem em atitudes sub-reptícias de inveja e de narcisismo alérgico a qualquer crescimento e competição.

Os interesses do MEC, das diferentes escolas, dos sindicatos e dos pais deveriam centrar-se na formação integral do aluno e na formação de cidadãos livres solidários e responsáveis, , capacitados para formar um Estado responsável em que a defesa de interesses individuais, particulares e comunitários se realizassem no respeito pelas organizações e pelo cidadão, à margem da inveja sub-reptícia de grupos que se afirmam e perpetuam a viver de ideias populistas baratas mas bem regadas pelo parasitismo com o Estado. Todo o sistema de ensino, ao atribuir notas de qualificação fomenta a concorrência e deste modo a injustiça da desigualdade de uma sociedade toda ela feita de desiguais mas que perante a lei não deveriam ser tratados como objectos quer em função da ideologia quer da economia. O resto é controvérsia importante para as elites irem vivendo à custa do povo e dela.

Neste sentido a FENPROF e os partidos em volta dela têm prestado um serviço medíocre a Portugal; em vez de se tornarem num corporativismo promotor da sociedade portuguesa tornam-se num seu mal maior ou menor. Quando Crato foi à Alemanha para tentar ver como funciona o ensino numa sociedade que em questões de economia dá lições a todos os países civilizados, logo em Portugal a FENPROF em representação da esquerda alinhada se levantou falando mal do intuito do ministro e do ensino na Alemanha. Não há ensino perfeito nem justo porque toda a pessoa é desigual e cada sistema ou ideologia que o fundamenta, mais que no Homem, está interessada no negócio com ele, dado as instituições se regularem por interesses e não por relações de amizade.

À Maneira de  de Conclusão

O discurso público da sociedade portuguesa em vez de passar o tempo a ocupar-se superficialmente dos temas que os Média disponibilizam, serviria a sociedade portuguesa se se ocupasse seriamente com temas como: o porquê de um sistema de educação (MEC) centralista alienatório, o porquê de Portugal não se alimentar a si mesmo e de o empresariado não ser suficientemente produtivo, o porquê de um sistema público viver em grande parte à custa dos empréstimos estrangeiros; o porquê da mentalidade que nos leva a tolerar tudo isto e a não levar a sério a corrupção instalada no sistema. Para isso é necessário um sistema de ensino que ensine mais a pensar para poder saber argumentar e não viver do enredo mesquinho de lutas aleatórias de inveja.

A implementação sistemática do Ensino Dual profissional em Portugal inverteria a política económica tradicional do estender a mão e o consequente adiamento popular cultural. O ensino profissional obrigaria a política a não perder os olhos da realidade, porque forçaria o país a conceber um ensino produtivo adaptado às necessidades do país e ao desenvolvimento internacional e não um ensino demasiadamente concebido em termos de assegurar posições ideológicas de interesses de corporações radicadas no Estado.

Atendendo às mãos em que se encontra, o MEC não haverá muito que esperar no que respeita à implementação do ensino dual profissional e à liberdade de ensinar. A máquina do poder está mais interessada em viver do controlar e do decidir sobre os conteúdos, os métodos, o pensar, a moral e os costumes dos portugueses do que em levar Portugal à frente no que toca a maior produtividade e à produção qualificada. A esperança virá de uma nova geração de portugueses menos corrompida menos autista e menos invejosa.

António da Cunha Duarte Justo

ENSINO VOCACIONAL (PROFISSIONAL) – NAS PEGADAS DO ENSINO DUAL DE MODELO ALEMÃO

  • (1) Parto da experiência de quarenta anos docência tida no ensino secundário em Portugal e no ensino secundário e universitário na Alemanha. Temos uma má política e uma má organização do ensino, apesar de muito bom trabalho que se tem feito nas escolas. A política de ensino manca porque tem sido feita em cima do joelho e como tal ao sabor das modas e das aragens políticas que se satisfazem no ver a sua bandeira desfraldada e a ser movida pelas emoções públicas.
  • (2) (https://www.publico.pt/sociedade/noticia/morte-aos-vocacionais-1733657). O MEC, além de assentar numa plataforma de conotação marxista, vive de intelectualices sem natural sentir e é muito determinado por um sindicalismo unilateral empenhado na luta em torno dos ordenados para os professores e em medidas políticas ideológicas (por ex. contra o ensino dual alemão) e não aferidas às necessidades reais dos alunos e do país.
  • (3)O sindicato da FENPROF anafado ao MEC, além de muitas virtudes tem impedido o desenvolvimento plural ao defender uma política contra as escolas católicas, ao declarar-se contra o sistema dual de ensino alemão possibilitador de alta eficiência que se vê no resultado da vida económica e cultural da Alemanha. Aposta na violência revolucionária negadora da discussão que vive bem de slogans como fascismo, imperialismo, capitalismo esquecendo que há muitas variedades neles tal como no slogan marxismo. Estão interessados em serem entendidos pelo povo tal com se faz muitas vezes em textos do jornalismo mais dirigidos à emoção do que ao conhecimento.
  • (4) Reorganização dos estudos superiores em todo o Espaço Europeu. A nova orientação é de caracter mais utilitarista.https://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Bolonha
  • (5) Não acho adequada a designação de “ensino Vocacional” para designar o ensino profissional porque uma criança pode ter uma vocação especial e vê impossível a sua concretização numa profissionalização, por razões alheias à sua vocação (chamamento) e vontade.
  • (6) A diferenciação tripartida do ensino Secundário (com ciclo preparatório) em três vias, ensino industrial, comercial e liceal, faz lembrar o enquadramento do ensino em Portugal no tempo de Salazar.
  • (7) Conheci uma portuguesa que com o 10° ano da escola comercial conseguiu tirar o curso de enfermeira em três anos uma outra só conseguiu ingressar no curso dois anos mais tarde dado haver muitos concorrentes a essa profissionalização.

SEM A GRÃ-BRETANHA A UNIÃO EUROPEIA FICARIA ENTREGUE AOS NACIONALISMOS

 

A Influência de Organizações não-governamentais ganharia mais força

Por António Justo

Quinta-feira os britânicos decidem, através de referendo, sobre a saída ou permanência da Grã-Bretanha na União Europeia.

A Alemanha tem sido a grande aliada do Reino Unido no palco da EU. Em conjunto forçavam a economia livre e da concorrência remando contra o nacionalismo francês. Por vezes seguiam ao sabor de uma “política real” segundo o princípio os fins justificam os meios!

O Reino Unido movido por intenções nacionalistas pretende defender os rostos nacionais na EU; como grande potência tem conseguido para si regalias especiais perante a EU mas mesmo assim os britânicos estão descontentes. Por fim prevalecerá o pragmatismo próprio dos povos nórdicos e de que a Inglaterra é especial exponente. O Reino Unido prevalecerá na EU porque embora as ideologias sejam atraentes, sabem que estas não alimentam povo. Uma potência tem sempre possibilidade de condicionar os outros parceiros. Mas se a Grã-Bretanha saísse da EU o nacionalismo francês de Estado  teria mais facilidade de se impor à Europa porque a Alemanha ficaria mais isolada na defesa de interesses e estratégias nórdicas. Dar-se-ia um deslocamento de influências em direcção do sul.

No que respeita ao desenvolvimento da filosofia de Estado na Europa penso que se daria um atraso. A Crença de Estado francesa afirmar-se-ia então, sem grande concorrência, e influenciaria mais ainda os Estados periféricos latinos. O eixo da influência Alemanha-França acentuar-se-ia. A Europa tem-se encontrado, até agora, a ser influenciada pelos estados nórdicos na sua maneira de fazer economia e política.

Com o Brexit as crises aumentariam e a fúria legislativa da oligarquia de Bruxelas que era limitada pela Inglaterra e Alemanha passaria então a interferir mais na sociedade e na cultura. A nível de legislação na EU, a Influência da economia nórdica arrefeceria um pouco e aumentaria a influência de organizações não-governamentais que querem ver tudo mais regulamentado. A influência dos Verdes e a ideologia do género ganhariam mais força.

O Euro desvalorizaria e as economias dos restantes estados europeus sofreriam arrombamentos. A economia alemã não sofreria grande coisa porque a desvalorização do Euro seria compensada com as suas exportações; talvez sofresse um pouco na indústria automóvel.

Há uma certa insegurança nas empresas porque não se sabe que regras de cooperação surgiram até 2020, data de conclusão do Brexit. As empresas teriam de negociar de novo os contratos. A Alemanha e os britânicos arranjar-se-iam. O resfriamento da economia europeia enfraqueceria, mais os outros estados que a Alemanha. Esta, ordenada e disciplinada é demasiado forte pelo que não sofreria muito com qualquer eventualidade. O mundo das finanças tem andado apavorado, mas depois do atentado na Grã-Bretanha o grupo favorito em favor do Exit sofreu uma diminuição significativa passando para apenas 35%; isto provocou euforia no DAX. O Brexit provocaria muito desemprego especialmente com a saída de empresas dos países parceiros.

Um perigo grande para a EU seria se Bruxelas, para compensar os 56 milhões de consumidores britânicos, abrisse as portas à Turquia na qualidade de seu membro. As regiões periféricas iriam sentir ainda mais a concorrência da nova nação que passaria a ser mais populosa no grupo da EU.

Os britânicos estão fartos da demasiada regulamentação e não conformes com  uma política de portas abertas para refugiados e queriam, neste referendo, mostrar o seu descontentamento. As relações entre a Inglaterra e os Estados Unidos ainda se estreitariam mais.

David Cameron jogou com a democracia indo à pesca de eleitores quando fez a promessa do referendo. Agora sente-se em maus lençóis temendo o resultado do Brexit. O assassínio da deputada trabalhista Jo Cox, defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia, provocou uma mudança radical nas perspectivas de voto vindo ajudar os defensores da continuidade na EU movendo também parte do eleitorado britânico que doutro modo ficaria em casa.

O Reino Unido só entrou em 1973 para o projecto da EU começado em 1958 como a Comunidade Económica do comércio livre e da livre circulação de pessoas.

A EU tem razão para temer a saída, por isso se empenha tanto em convencer os britânicos da derrocada que também significaria para eles uma tal decisão.

O crescente nacionalismo europeu, caso a Grã-Bretanha saísse receberia um grande impulso devido às forças anti EU que vêem os interesses nacionais mais bem defendidos fora da EU.

 

António da Cunha Duarte Justo

SEM A GRÃ-BRETANHA A UNIÃO EUROPEIA FICARIA ENTREGUE AOS NACIONALISMOS