Notícias escolhidas: Violência sexual,Eutanásia,Internet, Curandeiro, 10.000 cães comidos em dois dias

DEZ MIL CÃES COMIDOS EM DOIS DIAS NUMA CIDADE DA CHINA
APELO DE UM GATO ARREPENDIDO

Por António Justo
Na China todos os anos se realiza o Festival da Carne de Cão. Na festa realizada na cidade de Yulin de 21 a 22.06, terão sido consumidos 10.000 cães, segundo informam os meios de comunicação chineses.
Na China é da tradição comerem-se cães e gatos, entre nós é tradição comerem-se porcos e vacas. Cada tradição defende as suas predilecções!
Na minha consciência de gato humano, atrever-me-ia a fazer um apelo a todos os carnívoros: reduzam o consumo da carne a metade da ração semanal. Só assim poderemos contribuir contra o tratamento indigno de animais, diminuir o seu sofrimento e reduzir também a discriminação dos animais. AJ

NA ALEMANHA O NEGÓCIO COM A EUTANÁSIA É TABU

O Parlamento Federal alemão discute em primeira leitura a 2 de Julho quatro projetos de lei sobre a eutanásia para que ainda em 2015 seja possível uma lei sobre o tratamento de pacientes em estado terminal. Os projectos de lei vão da liberação da eutanásia desde que não se torne negócio, a um suicídio com assistência médica, até uma proibição da eutanásia. A Ordem dos Médicos alemã revela-se, com 80% dos médicos contra a eutanásia. O seu presidente disse na ARD-Morgenmagazin: “Não se deve morrer através das mãos do médico, mas ser acompanhado pela mão do médico na morte”. O negócio com a eutanásia floresce no estrangeiro causando o turismo da morte em países vizinhos. Situações conflituosas não deveriam porém ser criminalizadas. AJ

UNIÃO EUROPEIA OFERECE MILHARES DE MILHÕES DE EUROS PARA INTERNET RÁPIDA

A Comissão Europeia coloca imensos dinheiros à disposição na EU para a expansão da Internet de banda larga.
A Alemanha que tem bons peritos em questões de aplicações de dinheiros da EU conseguiu da Comissão a homologação de um apoio de três mil milhões de Euros para a expansão da banda larga na Alemanha.
Estes auxílios financeiros concedidos pela União Europeia podem ser requeridos por prestadores de serviços privados e por municípios. AJ

REFORMA DAS DIRETRIZES EUROPEIAS PARA PROTECÇÃO DE DADOS NO INTERNET

O fortalecimento da protecção de dados no Internet está em discussão avançada no parlamento europeu.
A espionagem americana e de outras instituições levaram a política a prosseguir esforços iniciativos relativamente à defesa da privacidade pessoal quanto a dados que lhe digam respeito incluindo o direito de esquecer por parte das tecnologias de informação.
A defesa da esfera privada deve obedecer a padrões mais elevados e iguais nos 28 países da EU. Será securitizado o direito a esquecer. Assim, o cidadão passa a ter o direito a apagar dados e fotos sobre a sua vida profissional e privada. O tratamento posterior de dados deve ser expressamente permitido pelos usuários. Deste modo impede-se a comercialização de dados dos utentes do Facebook que o pretendam. Muitos utilizadores dos motores de internet viam-se perturbados com a recepção de e-mails e por vezes surpreendiam-se, no caso de candidatura para um lugar de trabalho, pelo facto de o entrevistador já ter informações sobre ele. Este abuso será dificultado com a nova legislação em via. No caso de circularem dados expressamente não permitidos, o utilizador pode reclamar. O parceiro de contacto para a reclamação é a Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais Informatizados (CNPDPI) que está situada na Rua de São Bento n.º 148-3º 1200-821 Lisboa – Tel: +351 213928400 – e-mail: geral@cnpd.pt. AJ

PORTUGAL NUM DIA DE VERÃO FRIO NA ALEMANHA

Portugal é Norte e Sul, é mar e povo, é sol e vento, é rosmaninho com cheirinho a liberdade. Portugal das lanternas que deixam o desejo de liberdade na dança escorregadia do povo na calçada. Meu Portugal do coração, tu és grande porque ocultas em ti o mundo inteiro.
Hoje (22.06), aqui na Alemanha, liguei o aquecimento para também sentir um pouco de Portugal! AJ

O QUE A UNIÃO EUROPEIA PRECISA É DE UMA ECONOMIA PACÍFICA!

O que a UE precisa é de subsidiariedade social, fomento do federalismo, autogestão, distribuição das centrais das multinacionais pelos diferentes países e política económica pacífica não deixando transformar o Parlamento Europeu nem a Comissão Europeia em centos estratégicos de propaganda ideológica e de poder dos lóbis.
Enquanto se não criar um imposto de solidariedade em toda a Europa para apoiar as economias mais fracas deveria ser interrompida a política de austeridade imposta aos mais fracos. AJ

VIOLÊNCIA SEXUAL EM JARDIM INFANTIL – ONDE AS CRIANÇAS JÁ CHEGAM

Segundo informações do bispado de Mogúncia houve, entre as crianças de um jardim-de-infância de Mainz-Weisenau, violências sexuais graves, violência, extorsão e numa criança até ferimentos nas partes sexuais. Quase todas as 55 crianças foram afetadas; as crianças eram obrigadas a mostrar as partes sexuais e deixar-se bater e introduziam objectos no ânus, sendo ameaçadas de morte, se não se envolvessem nos jogos. Todo o pessoal empregado foi despedido por ter falhado nas suas funções de supervisão e o jardim infantil foi encerrado até Setembro. As queixas apresentadas pelos pais causaram grande espanto e consternação no bispado.
Os especialistas em psicologia partem do princípio que as crianças para chegarem a tal comportamento terão visto filmes pornográficos ou terão feito experiências de abuso.
Crianças precisam de uma protecção especial. Não devem ter acesso à internet e no caso de o terem não deveria ser sem um certo controlo. Os resultados tornar-se-ão desastrosos para as próximas gerações. Embora a política da EU, por razões ideológicas e para conseguir a introdução de novos códigos morais, use e abuse da regulamentação da educação sexual nas escolas, isto não deve constituir motivo para abandonar as crianças a si mesmas.AJ

CURANDEIRO/VIDENTE CONDENADO A TRÊS ANOS DE PRISÃO POR VER DEMAIS

Na Alemanha, em Kassel um feiticeiro/mago autoproclamado foi condenado pelo tribunal a três anos de prisão por agiotagem em 28 casos. O curandeiro, de 66 anos, entre 2000 e 2009, conseguiu receber de uma só senhora 680.000 euros por cartomancia, acender velas e por actos de círculos de protecção com incenso e rituais de obstruções de sepulturas. Como havia perigo de fuga o juiz decretou prisão imediata.
Todo o curandeiro que, para poder detectar o futuro, problemas ou doenças de pessoas, leve dinheiro é sinal de aldrabice. De facto o dinheiro turba o espírito e não deixa ver longe! AJ

António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
In Pegadas do Tempo, www-antonio-justo.eu

O CAVALO TROIANO DE ATENAS E O CAVALO TROIANO DE BRUXELAS

Sexo e Poder a servir a Excitação – Diferença entre Gregos e Germanos

António Justo
Os gregos embrulham o poder com papel couché de sexo enquanto os germanos embrulham o poder com a sarapilheira do trabalho! Isto provoca excitação numa sociedade sem capacidade de interpretação, mas em que o escândalo é negócio.

A Alemanha e a Grécia encontram-se em luta justa mas parcial porque cada uma aposta na sua razão esquecendo que a solução viria de uma recíproca complementação.

Dinheiro, poder e sexo prometem o que não podem dar mas lisonjeiam a liberdade que, à sombra deles, perde a dignidade /virgindade.

A ambição do poder e o desejo sexual movem homens e mulheres dando-lhes uma áurea acrescentada pela prostração das massas. O poder sexy dos Varoufakis, dos Sócrates e até dos Berlusconi torna-se num elixir irresistível que move admiradoras e admiradores pelo facto de unirem o poder ao sexo e deixarem um cheirinho a dinheiro.

O poder corrompe, mas vestido de eros adquire um brilho inocente que atrai a alma e ilude o desejo de liberdade. À sombra dos poderosos, a cimentar o seu desejo de conquista, abunda também a fantasia de Cinderelas que, para subirem a escada do poder, fazem uso da sua força erótica. Ao seu desejo corresponde, por vezes, a necessidade dos poderosos solitários que, na aridez da sua ocupação, procuram, também eles, a suavidade da fêmea que lhes dá brilho e gera autoconfiança.

Sexo e poder dão brilho à tentação e movem as massas, porque garantem a contínua excitação, especialmente, se não vestidos nos fatos engravatados da tradição que dessexualizam o desejo.

O inocente sexo ajuda a vender o produto, ao mover a tentação. Na vida pública e na fachada do poder, a mistura de sexo e autoridade ainda se torna mais atractiva e deslumbrante quando a ela se junta o rastilho da esquerda. O ingrediente esquerdo torna a coisa mais atractiva porque ao sexy acrescenta a ideia da fecundidade que promete dar sustentabilidade ao progresso.

Por estas e por outras, o génio grego sente-se melindrado e o espírito protestante engravatado sente-se agravado; ao alemão frontal habituado a andar por caminhos direitos e bem rasgados custa-lhe a entender a mistura que o pacote grego encobre e porque teima tanto em andar por curvas e atalhos.

Tal disparidade de formatos leva o germano a concluir que o que o grego tem para oferecer é lábia erótica quando o germano só negoceia com produtos. Para o germano o eros não vai para a rua nem faz parte da exortação à guerra, para ele a rua é batalha e o sexo é sigilo que reforça, mas fica em casa.

Por isso a dança de gregos e germanos se torna monótona e repetitiva porque toda ela se dá em torno do cavalo troiano: uns em torno do cavalo de Atenas, outros em torno do cavalo de Bruxelas.
Todo o alarido e discórdia vêm de diferentes performances. O poder torna os instintos educados mas o sexo dá-lhe o brilho que não se quer disciplinado. O nosso mundo é todo assim, feito de políticos e poderosos que atraem mulheres e seguidores; tudo pronto a dar cambalhotas como gatos aos pés dos donos, num bulício à volta do bezerro de ouro. O dinheiro tem em si algo oculto que faz brilhar os olhos mas apaga a mente.

Também é de reconhecer que uma vida sem tentação seria vida chata e abafada em mel a que faltariam as maviosas modulações dos cânticos da cigarra.

Para não ser injusto e à maneira de conclusão, cito o sociólogo Johan der Dennen que constata: ”Também mulheres poderosas têm um apetite sexual acima da média”. Se observarmos Ângela Merkel vemos como é verdadeira e forte a excepção à regra.

O problema na UE não vem do papel couché nem da sarapilheira, o problema vem do que embrulham e o que embrulham é poder a encobrir o poder!
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo e pedagogo
www.antonio-justo.eu

A ENCÍCLICA ECOLÓGICA EM DEFESA DA “NOSSA IRMÃ E MÃE TERRA”

A “nossa Casa comum” sente-se ferida, adverte Francisco I

António Justo

Na sua encíclica verde, o Papa denuncia a destruição do ambiente, a embriaguez do consumismo, a degradação ambiental e cultural, e a submissão da política à economia.

A encíclica Laudato Si (Louvado seja) do Papa Francisco, dedicada à ecologia e ao ambiente, põe em primeiro plano a protecção, conservação e recuperação do ambiente natural e ecológico da “nossa irmã e mãe terra”, no seguimento de S. Francisco de Assis, Padroeiro dos ecologistas. Por isso o Papa inicia a encíclica com as palavras de S. Francisco “Louvado seja” no seu “Cântico das Criaturas” que compôs em 1225 (Texto em: https://antonio-justo.eu/?p=3183).

O pontífice constata que o planeta “está a ser destruído” e estabelece uma “relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta”. Dirige-se “a cada pessoa que habita o planeta” e não só aos católicos e às pessoas de boa vontade; descreve a natureza como “a nossa casa comum” apelando para a necessidade de “uma conversão ecológica global”.

Alerta para o facto de a terra parecer transformar-se num “imenso aterro sanitário” que reage com catástrofes de maremotos, furacões, desertificação de algumas regiões e inundação de outras. Apelida o planeta de “terra irmã e mãe” e atesta: “Nunca tratamos a nossa casa comum tão mal e ferido como nos últimos dois séculos… o ritmo do consumo, do desperdício e a mudança do ambiente superou a capacidade do planeta de tal modo que o actual estilo de vida só pode conduzir à catástrofe”.

O domínio absoluto da finança sobre a política

A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. “Qual é o lugar da política? É verdade que, hoje, alguns sectores económicos exercem mais poder do que os próprios Estados. Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca pertença e dum futuro partilhado por todos”.

“A subjugação da política à tecnologia e às finanças torna-se visível na falta de sucesso da cimeira mundial…”. “A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura”.

Crescimento à custa dos pobres

O rápido crescimento dos países ricos acontece à custa dos pobres: “sabemos que o comportamento injustificável daqueles que consomem e destroem, cada vez mais, enquanto outros não conseguem sequer viver adequadamente a sua dignidade humana”. Uma “verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”. «Tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres»

Propõe que se diminua o crescimento: “Por isso, chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo nalgumas partes do mundo, fornecendo recursos para que se possa crescer de forma saudável noutras partes”.

A liberdade de consumo ilude a falta de uma liberdade mais profunda

Apela para a reflexão da própria liberdade que não se esgota na liberdade de consumir como o sistema faz crer “quando na realidade apenas possui a liberdade a minoria que detém o poder económico e financeiro”. “A velocidade da mudança … contrasta com a lentidão natural da evolução biológica.”

Critica a privatização da água “recurso escasso” que não se deve comercializar porque tal como “o clima é um bem comum, um bem de todos e para todos.”

Também questiona o direito de empresas ricas poderem comprar direitos de poluir a atmosfera afirmando que “a estratégia de compra-venda de «créditos de emissão» pode levar a uma nova forma de especulação”.

“Os mass-media e o mundo digital quando se tornam omnipresentes, não favorecem o desenvolvimento duma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade.”

Património humano e cultural ameaçado

O globalismo económico liberal, em nome de uma supraestrutura (um governo do mundo, interesses económicos supranacionais, EU, USA, etc), impõe-se de cima para baixo, centralizando tudo: avassala o regionalismo e desrespeitando as identidades culturais e democráticas dos países, organicamente elaboradas ao longo de séculos. “A par do património natural, encontra-se igualmente ameaçado um património histórico, artístico e cultural”. Recorda também que existe uma “ecologia do Homem” como dizia Bento XVI que «também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e não pode manipular como lhe apetece“.

O preço do crescimento é pago com a saúde e com o roubo à dignidade dos povos: „O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza”, devendo tornar o seu “estilo de vida conciliável com a defesa integral do ambiente”.

Ecologia e Cristianismo

A crise ecológica apela à “conversão ecológica”. “A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco”. Cita João Paulo II que diz: «Deus deu a terra a todo o género humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém». E continua: “Na tradição judaico-cristã dizer «criação» é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projecto do amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado.” “Toda a natureza, além de manifestar Deus, é lugar da sua presença”. «Sentir cada criatura que canta o hino da sua existência é viver jubilosamente no amor de Deus e na esperança» …” “Quando o coração está verdadeiramente aberto a uma comunhão universal, nada e ninguém fica excluído desta fraternidade”…

Em Jesus Cristo encontra-se resumida toda a realidade espiritual e material: ”o destino da criação inteira passa pelo mistério de Cristo, que nela está presente desde a origem…

“O antropocentrismo moderno acabou, paradoxalmente, por colocar a razão técnica acima da realidade, porque este ser humano «já não sente a natureza como norma válida nem como um refúgio vivente.” ” …A finança sufoca a economia real”…

“O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal… Neste sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-promover uma economia que favoreça a diversificação produtiva e a criatividade empresarial”.

Inicialmente os monges refugiavam-se do mundo para viverem em meditação e oração; São Bento de Núrsia, imbuído do espírito cristão, promoveu a união da oração, estudo e trabalho manual, dignificando-o na fórmula «Ora et labora ». Francisco I: “Esta introdução do trabalho manual impregnada de sentido espiritual revelou-se revolucionária”.

“A criação encontra a sua maior elevação na Eucaristia. No Pão Eucarístico, «a criação propende para a divinização, para as santas núpcias, para a unificação com o próprio Criador».

A relação entre todas as criaturas verifica-se na Trindade, que é a matriz de toda a realidade. Penso que os teólogos do futuro, os místicos e os cientistas da física quântica encontrarão na fórmula da Trindade a fórmula do mundo e a verdadeira fórmula de toda a realidade.

O papa adianta: “Para os cristãos, acreditar num Deus único que é comunhão trinitária, leva a pensar que toda a realidade contém em si mesma uma marca propriamente trinitária”…: “O Pai é a fonte última de tudo, fundamento amoroso e comunicativo de tudo o que existe. O Filho, que O reflecte e por Quem tudo foi criado, uniu-Se a esta terra, quando foi formado no seio de Maria. O Espírito, vínculo infinito de amor, está intimamente presente no coração do universo, animando e suscitando novos caminhos. O mundo foi criado pelas três Pessoas como um único princípio divino, mas cada uma delas realiza esta obra comum segundo a própria identidade pessoal. Por isso, «quando, admirados, contemplamos o universo na sua grandeza e beleza, devemos louvar a inteira Trindade».

A encíclica do Papa foi recebida com grande entusiasmo na Alemanha enquanto nos USA se levantaram vozes críticas, certamente os que beneficiam com as injustiças do regime económico. O Papa, porém, tem de falar deste tema e criticar o sistema, (embora isto não agrade a muitos) porque o problema ecológico atinge as pessoas e as regiões mais vulneráveis e consequentemente a fome e a emigração em massas.

António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
www.antonio-justo.eu

O PAPA VERDE – FRANCISCO I

A ENCÍCLICA “LOUVADO SEJA „ HOJE PUBLICADA PELO PAPA FRANCISCO É DEDICADA À ECOLOGIA E AO AMBIENTE

Em memoração da Encíclica “Louvado seja” de Francisco I coloco aqui a Constituição da Ecologia que São Francisco, Padroeiro dos ecologistas, compôs em 1225
O “Cântico das Criaturas” e o “Cântico do irmão Sol” são do mais alto sentir cristão, poético e místico. O papa, com esta a encíclica, poderá tornar-se o “Papa Verde”!

Cântico das Criaturas
“Louvado seja Deus na natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas;
Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória – a luz do dia!
Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã Nuvem que há de
Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. é casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmão madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos, árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte. Amém.”

Cântico do irmão Sol
(Quase cego, Francisco de Assis, deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a Criação.)
“Altíssimo, omnipotente e bom Deus, Teus são o louvor, a glória, a honra e toda bênção.
Só a Ti, Altíssimo, são devidos, e homem algum é digno de te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas.
Especialmente o irmão Sol, que clareia o dia e com sua luz nos ilumina.
Ele é belo e radiante, com grande esplendor de Ti, Altíssimo é a imagem.
Louvado sejas meu senhor,
pela irmã Lua e as Estrelas, que no céu formastes claras, preciosas e belas.
Louvado sejas meu senhor, pelo irmão Vento, pelo ar ou neblina, ou sereno e de todo tempo pelo qual as Tuas criaturas dais sustento.
Louvado sejas meu senhor,
pela irmã Água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas meu senhor,
pelo irmão Fogo, pelo qual iluminas a noite, e ele é belo e jucundo e rigoroso e forte.
Louvado sejas meu senhor,
pela nossa irmã a mãe Terra, que nos sustenta e nos governa, e produz frutos diversos, e coloridas flores e ervas.
Louvado sejas meu senhor,
pelos que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações.
Bem aventurados os que sustentam a paz, que por Ti, Altíssimo serão coroados.
Louvado sejas meu senhor,
pela nossa irmã a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar conforme à Tua Santíssima vontade, porque a segunda morte não lhes fará mal.
Louvai e bendizei a meu Senhor,
e daí lhes graças e servi-o com grande humildade. Amém.“
Francisco de Assis, Padroeiro dos ecologistas

MAOMÉ PROFETA EM MECA E GUERREIRO EM MEDINA

Uma Solução para o Futuro: Identificar os dois Rostos do Corão

Por António Justo
Para tentar resolver o conflito inerente ao Corão (1) e às Hadith (1) e possibilitar a sua interpretação pacífica no Islão, peritos da religião muçulmana defendem que será indispensável conhecer e reconhecer os dois rostos de Maomé: o do seu período de profeta e o do seu período de guerreiro (chefe de estado), ambos incluídos no Corão. Só assim se poderá ordenar e compreender as revelações ocasionadas pelo arcanjo Gabriel que Maomé teve durante 23 anos e que se dividem nas suras de Meca e nas suras de Medina. Em Meca, Maomé acreditava poder convencer as tribos árabes que praticavam o politeísmo em torno da Caaba e poder reuni-las sob a religião do seu livro em elaboração para o povo Árabe, um livro à semelhança da Bíblia do povo judeu e do povo cristão. Os mequenses não aceitaram a sua mensagem, obrigando-o a abandonar Meca com os seus sequazes. Depois da Hégira para Medina, (Hégira = fuga de Maomé de Meca para Medina, que marca o início (622) do calendário islâmico). Em Medina, Maomé organizou-se como homem de Estado conseguindo subjugar Meca e alargar o islão. Serve-se das revelações de Medina para vincular no Corão a união de Estado e Religião. Esta estratégia revelou-se muito profícua para a época, contribuindo para a expansão do Islão em períodos posteriores.

Os Conteúdos das Suras do Corão nas Épocas de Meca e de Medina

O Corão é formado por Suras/versos que se dividem em revelações do tempo de Meca e em revelações do tempo de Medina. As suras de Meca eram curtas e dirigidas principalmente aos mequenses; as suras de Medina eram longas e dirigidas principalmente aos habitantes de Medina. Há critérios que os imames usam para distinguir umas das outras. As de Meca ocupam-se com a reverência, o temor de Deus, o castigo de Deus para os pecadores, as provas da existência de Deus, a vida depois da morte, as histórias de Maomé e eventos de gerações passadas e as suras de Medina tratam das normas da sharia, direito civil e de culto, de assuntos de governo/estado, da adesão ao Corão e da luta por Alá (jihad) e da lida com a guerra e seus despojos.

Segundo a análise da maioria dos estudiosos muçulmanos as suras de Medina são as seguintes: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 24, 33, 47, 48, 49, 57, 58, 59, 60, 62, 63, 65, 66, 110. As restantes 82 suras são as revelações de Meca com excepção de 9:42 revelada em Tabuk e de 43:42, revelada em Jerusalém. Quanto às suras 1, 13, 55, 61, 64, 83, 97, 98, 99, 112, 113, 114 os peritos do Islão não estão certos se são suras das revelações de Meca ou de Medina.

O conteúdo entre as suras (revelações) de uma época e da outra são tão contraditórias que literatos chegam a afirmar que Deus mudou de opinião.

O antigo imame e professor de história islâmica da Universidade do Cairo Al-Azhar, no seu livro “Islam and Terrorism” adverte, sob o pseudónimo Mark A. Gabriel, que os imames recebem instruções para, na apresentação do Corão, darem mais relevo às suras de Maomé como guerreiro (as suras de Medina).

O Islão com a sua reivindicação de validade universal atrai intolerância fomentando a radicalidade dentro da comunidade islâmica em relação aos de fora do islão e, como reacção, a intolerância dos de fora em relação ao Islão. O perito em estudos islâmicos DR. Abdel-Hakim Ourghi apela aos muçulmanos para não esconderem os aspectos violentos de Maomé (Corão). Segundo refere ele, no Bonner General-Anzeiger, Maomé podia ser considerado profeta fundador de uma religião na sua fase de Meca, entre 610 e 622. “Após a sua emigração de Meca para Medina, temos a ver com um estadista que repetidamente tomou medidas violentas contra outras religiões, contra judeus e cristãos”.

De facto, o Corão e a Sharia precisam de ser submetidos a uma análise histórico-crítica para possibilitar nele um rosto mais pacífico, a valorização do indivíduo e o reconhecimento do próximo (não muçulmano) como ser com igual dignidade. Uma cultura que subjugue o indivíduo e não reconheça a igualdade da dignidade de homem e mulher, está condenada a ficar presa em estruturas sociológicas do passado, tendo de empregar a violência ad intra et ad extra para poder subsistir. Tudo o que não serve o Homem e a Humanidade tornar-se-á supérfluo. O desenvolvimento e a excelência de uma sociedade pode ser comprovado através da maneira como tratam a mulher e o indivíduo.

O mundo islâmico, principalmente através de emigração de seus fiéis em massa para a Europa, experimenta um choque de culturas, que vai, pouco a pouco, provocando, no seu meio, a autorreflexão do Islão e o surgir de pessoas como o DR. Ourghi que conseguem elevar a discussão do Corão e da Sharia a um nível filosófico, antropológico e sociológico abertos. Muitos estudiosos do Islão na Europa procuram ultrapassar uma interpretação, até agora limitada à jurisprudência e à história, para possibilitarem a criação de uma ciência teológica no sentido de iniciarem uma teologia muçulmana baseada numa abordagem científica histórico-crítica possibilitadora do seu desenvolvimento no sentido de um Islão com um novo rosto adaptado à realidade circundante e ao tempo e que possibilite uma imagem de Deus/Alá não só ligado a uma cultura mas aberto à globalidade e à multiplicidade das culturas. Para o cientista islâmico DR. Ourghi, uma renovação só poderá ser conseguida “quando o Islão não se compreender como comunidade militante que luta pelo domínio sobre todo o mundo” como apregoam as revelações e os ditos de Maomé de Medina.

O permanecer na insistência e alegação de o Islão ser o possuidor e senhor da verdade universal, (e até legitimar com ela a violência contra outras crenças) além de fomentar a intolerância, dá perenidade à perseguição e à guerrilha islâmica impedindo um diálogo aberto e não fingido com outras religiões. De facto, a grande maioria dos peritos e representantes do Islão entrincheiram-se em citações de lindas e poéticas revelações do Corão, calando a verdadeira realidade de uma estratégia baseada no Maomé de Medina. A secundar esta ideia está a prática islâmica de que uma mentira em benefício do Islão é considerada uma verdade ao serviço de Alá.

O muçulmano Ourghi critica também a hipocrisia reinante em sociedades islâmicas, atestando de moral dupla estados que têm o Islão como religião de estado, dizendo: “O ‘Islão cruel’ e a Sharia são válidos apenas para a população pobre, os dominantes não se comportam segundo o Islão.

No terceiro „Phil.Cologne“ da cidade de Bona na Alemanha, Ourghi também se expressou criticamente, sobre os organismos de tutela muçulmana na Alemanha. Segundo testemunhou as organizações coordenadoras dos diferentes grupos islâmicos, tal como a União Turco-Islâmica, são controladas por órgãos governamentais dos países de origem.

De facto, tabém isto constitui um grande problema porque impede a capacidade de integração de muçulmanos noutros países que se sentem obrigados a terem de se afirmar em contraposição às culturas de acolhimento. A abundância de dinheiro concedida por países islâmicos e magnates para a construção de mesquitas e instituições fomentadoras do islão no estrangeiro torna os países de acolhimento cegos na concessão de direitos para tais planos. Catar e a Arábia Saudita investem centenas de milhões na implantação do islão mais radical na Europa.

A ambivalência de Maomé de ser profeta para os de dentro e guerrilheiro para os de fora, possibilitou-lhe a conquista e consequente construção de um grande império muçulmano, vendo-se este hoje obrigado a procurar as melhores suras do Corão para demonstrar o seu espírito pacífico. Esta estratégia torna-se ineficiente num tempo em que cada pessoa passa a ter acesso à formação, à informação e à cultura. A evolução dos povos e das armas de combate na disputa entre religiões e culturas já não é a mesma que no passado, o que pressupõe uma mudança de estratégia. A expansão do Islão no mundo ocidental revelar-se-á como precário dado combater o saber global e, de momento, contar apenas com o apoio de forças políticas e económicas europeias que se vêem obrigadas a engolir cobras e lagartos para poderem captar o capital árabe, mas, numa outra conjuntura, facilmente mudarão de estratégia. As resoluções da Cimeira G7, na sua decisão de até ao fim do século reduzir as energias fósseis determinarão o total enfraquecimento económico dos países produtores de petróleo e de carvão.

Em tempos de globalização, manter-se preso no tempo e na cultura árabe impossibilita o desenvolvimento e a adaptação ao Homem e ao tempo; a cultura árabe, para poder acompanhar a mudança de paradigma da sociedade ocidental terá de submeter a sua religião a um aferimento científico que a torne capaz de dar resposta ao desenvolvimento do cidadão e poder viabilizar o seu contributo indispensável para a sociedade ocidental que precisa urgentemente de correcções que a civilização árabe poderia ajudar a efectivar.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
In: www.antonio-justo.eu

(1) O livro sagrado do Islão. No Cristianismo temos a encarnação de Deus e no Islão a inlibração de Deus.

(2) Actos, afirmações, opiniões, aplicações do Corão e modos de vida de Maomé.