EDUCAÇÃO PARA UM PROLETARIADO GLOBALIZADO

Os novos Deuses castigam quem seja solidário com a Humanidade (1)

António Justo

Um povo que pensa serve o bem comum, mas torna-se numa ameaça para a classe dominante. Por isso é de todo interesse desta (especialmente da classe política) que o povo frequente muitos anos a escola, mas sem aprender a pensar nem a discutir o que se encontra por trás da chamada liberdade e livre arbítrio.

Em questões do saber Olímpico, Prometeu é castigado pelos deuses do Olimpo sempre que tente levar o saber dos deuses ao povo!

A lição do velho mito é: o saber quer-se só nas mãos de poucos oligarcas conscientes de que saber não só faria doer como também se tornaria perigoso para quem desgoverna!!!…

Esta premissa que já vem dos Gregos, em tempos de globalismo, tornou-se mais que certa! Sim, porque se nas calendas gregas ainda havia uma sociedade média pensante com muitas figuras Prometeu no seu meio, hoje assistimos a uma sociedade em que a classe média se encontra em processo de transformação no sentido dependente-proletário.

Quanto ao processo educativo e informativo a que estamos votados recomendo a leitura do texto em nota (1) que é muito atual, embora falhe um pouco no que toca às “tias de Cascais”! O texto sobre educação, de Desidério Murcho, aponta no sentido do que o povo português deveria saber: aprender a pensar para abandonar o estado da “Bela Adormecida”.

A nível político-social quer-se um saber descritivo (feito de factos alternativos que embalem o sentimento) e não analítico! A interpretação serviçal é que vale; a competência complicaria.

Antigamente o aluno aprendia, na escola, a tirar a prova dos nove para saber se os cálculos das contas que fazia estavam certos ou errados. Hoje não aprende isso porque a prova dos nove foi substituída, democraticamente, pela opinião!

Tem uma vantagem: o aluno cidadão (3), ao ficar no estado de indecisão, qualifica-se para andar de cócoras!!!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) Prometeu foi um Titã defensor da humanidade, responsável por roubar o fogo dos Deuses e dá-lo aos mortais. O pai dos deuses, Zeus, que temia que com isso os mortais ficassem tão poderosos como os próprios deuses, puniu Prometeu por esse crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado — que se regenerava no dia seguinte. Por vezes tem-se a impressão que, hoje como ontem em sociedade,  o povo é esse Prometeu em que as águias (os grandes) se alimentam do seu fígado! 
  • (2) “A tia do eduquês”, de Desidério Murcho – Sobre a filosofia nas escolas: https://dererummundi.blogspot.com/2007/07/tia-do-eduqus.html
  • (3) Nova Cidadania: https://antonio-justo.eu/?p=6238

 

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RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL INDEPENDENTE – FERIADO 1° DE DEZEMBRO

O golpe de estado revolucionário ocorrido a 1 de dezembro de 1640 deu-se no sentido dos interesses de Portugal sendo proclamada nesse dia (contra a União Ibérica 1580-1640) a independência de Portugal como país soberano!

O 1 de dezembro é o feriado civil mais antigo de Portugal.

Então, partes do clero e da nobreza conspiraram e proclamaram D. João, Duque de Bragança como rei de Portugal.

Terminavam-se assim 60 anos do domínio espanhol filipino que foi fatal para a economia e para a política ultramarina portuguesa.

Em Portugal manteve-se o movimento iberista que encontra adeptos em forças de economia liberalistas e em defensores do internacionalismo ideológico.

É natural que a ideia de independência nacional mude com o tempo ao gosto das elites que dependem, por suas vezes, hoje mais do que nunca das elites universais. Daqui surge um perigo: o que determina o pulsar da nação são interesses por vezes alheios ao todo; seria de recordar que só seremos presentes no mundo enquanto mantivermos uma identidade própria. A importância de Portugal exige uma certa distância de tudo o que é enxurrada económica ou ideológica.

Também não é próprio um “orgulho” nacional que se perde em pormenores. Não é desejável uma sociedade virada sobretudo para o passado, mas também não é de aspirar um país vira-casacas.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

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ADVENTO É O TEMPO DA ESPERANÇA

Advento é o tempo de espera. Este ano com a característica de continuar a praticar a paciência e a reflectir sobre a esperança que nos conduz e nos faz confiar.

Faz-nos lembrar o tempo de César Augusto que determinou que todos se pusessem a caminho de Belém, como fez José e Maria,  para se recensearem.

Este ano torna-se mais difícil a realização de encontros pessoais devido às regras do Covid 19 mas a maior parte de nós pode viver com saúde e alegria de sentirmos algo juntos. O Corona junta-nos nas preocupações e fraquezas e o Advento junta-nos para lá das preocupações e cuidados  na esperança que a luz domine sobre as trevas.

Adventus significa chegada. Para os cristãos, é o tempo de preparação para a chegada de Jesus, que é celebrada no Natal. Na liturgia são lidos, frequentemente, textos do Antigo Testamento que anunciam a vinda do Salvador.

Durante este tempo são especialmente abordados os temas da penitência, perdão e reflexão.

A cor violeta litúrgica (símbolo de penitência e conversão), que  é utilizada durante a Quaresma, também é a cor dos paramentos usados na liturgia do tempo de Advento.

O Advento começa no quarto domingo antes de 25 de dezembro. A generalidade das famílias na Alemanha tem como tradição colocar na mesa, no primeiro domingo de advento, a Coroa de Advento: uma grinalda com ramos de abeto, enfeites e quatro velas para lembrar  Jesus, como a luz do mundo, que trará luz na escuridão.

As 4 velas são para se irem acendendo nos domingos de advento. O verde é interpretado como sinal de esperança e de vida…

Se bem vemos, o futuro já cá está, no retorno da experiência. Esta encontra-se na linha que leva a uma meta. Nesse sentido Jesus está sempre a chegar! Na expectativa se gera o mistério e nele acontece o milagre.

Alguns textos sobre o assunto em (1)

Um bom advento para todos

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A imagem pode conter: mesa e interiores, texto que diz "ம 2020/11/29 19:20"

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Espiritualidade Feminina

Espiritualidade Feminina
2006-12-31

A espiritualidade tem um rosto humano com diferentes concretizações e expressões dependendo estas do sexo, da idade e do carácter de cada um. Na época em que vivemos já não há uma experiência religiosa familiar comum o que torna mais difícil a frequência duma liturgia dominical comum. Duma maneira geral também não há a oferta de celebrações específicas para mulheres. As comunidades que, além das celebrações dominicais para a generalidade não oferecem liturgias da palavra específicas às várias espiritualidades da região nde estão implantadas perdem a oportunidade de dar resposta às novas necessidades das pessoas e de possibilitar futuro à comunidade. As destinatárias femininas não têm sido consideradas. Não se trata aqui de reactivarmos a discussão feminista dos anos 80 e 90 marcada ela mesma por estratégias e critérios machistas. Aqui trata-se de dar resposta ao Homem todo na sua masculinidade e feminidade, criando lugares específicos onde a masculinidade e a feminidade possam ter formas de expressão mais adequadas à mulher.
A liturgia católica é mais feminina que a evangélica. Esta porém é mais versátil na resposta às necessidades de milieu. Cada vez será mais difícil criar liturgias para a generalidade atendendo a que cada vez aparecem mais biótopos na sociedade, estes correspondem a formas de vida alternativas, mentalidades e espiritualidades que a igreja como católica deverá dar resposta abrindo os seus espaços nesse sentido. A falta de liturgias específicas conduz pouco a pouco ao afastamento físico ou psíquico do meio. As famílias com crianças até aos doze anos procuram e fomentam certas actividades de grande densidade criativa. D Tornamo-nos resistentes à voz interior a luz da chama em nós. Depois surgem outras necessidades, não tanto funcionais, já mais relativas à necessidade própria de orientação e sentido. O mesmo se diga a grupos de artistas, etc. Aqui abrem-se grandes perspectivas para as potencialidades e necessidades latentes nas populações e para uma pastoral situada na realidade envolvente.

A mulher, mais próxima da vida, quer relacionar as experiências da própria vida com a fé. Não separa, como o homem, o mundo em vários sectores por vezes estanques. Ela quer levar a vida para a igreja e trazer a igreja para a vida. (O amor não se manifesta só na cama!…).

Não se trata de ir encher o depósito como se vai às bombas da gasolina mas duma vida integral. Esta não é centrada na cabeça mas no coração, na palavra, não virada para lá das nuvens mas bem assente na terra. A sua espiritualidade tem uma expressão corporal importante.

As paróquias não dão resposta as exigências hodiernas por transcendência e espiritualidade e teimam, também por escassez de pessoal activo, continuar no entorpecimento ordinário. A falta da vivência, uma linguagem de imagens quase demasiado masculinas Deus é também maternal e não só paternal. Para a uma mentalidade masculina encardida basta muitas vezes um argumento intelectual, longe da realidade, para justificar o seu agir. Para um Deus pai e mãe isto insuficiente!

Na Bíblia encontramos diferentes imagens de Deus além de pai e mãe: a mãe águia (Dt 32,11-12); a mãe urso (Os 13,8), a que dá à luz Is (42,14), a parturiente (Is 66,7) a padeira (Mt 13,33), fogo (Ex 13,21), vento (1 Cor 9,11), chuva (Sl 68,9), água (Ez 16,9). Sob cada imagem esconde-se uma experiência de Deus própria.
António Justo
Teólogo
“Pegadas do Tempo”

Publicado em Comunidades
http://web.archive.org/web/20080430103643/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=12&anon=2006

António da Cunha Duarte Justo
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Mau trato de animais!

Mau trato de animais!
2006-11-29

O Supremo Tribunal alemão deu razão às queixas de muçulmanos considerando a matança ritual de animais legal, ao contrário do que instâncias inferiores tinham decidido. Esta prática (entre muçulmanos e judeus) prevê que os animais sejam mortos de maneira sangrenta sem qualquer anestesia ou atordoamento.

É legalizado um ritual que não tem compaixão pelos animais.

Conseguem ocupar mais um espaço social na Alemanha em nome da liberdade de religião: segundo a sua prescrição religiosa, a carne não pode conter sangue, para não ser impura. Se é verdade que essa prescrição religiosa se baseia no Corão também é verdade que o Corão não obriga ninguém a comer carne. Pode-se ser vegetariano. Porque vêm exigir esse direito a um país que tinha proibido essa prática quando podiam importar a carne da Turquia? O facto de se quererem afirmar mesmo em questões acidentais só ajuda a fomentar a xenofobia!

Desde há dois mil anos se sabe que não é impuro o que entra pela boca mas o que sai dela!…

Isto não deve significar um levantar o dedo contra os muçulmanos porque a barbaridade da matança de quantidades sem conta de animais se deve mais a nós Ocidentais que exageramos no consumo da carne. Além disso esses povos ainda não passaram pela época do renascimento.

Também ainda me recordo, de quando era pequeno, como os porcos eram mortos e como o sangue jorrava não falando já do esbugalhar do olhar animal e da luta do animal com a morte. Desde então aprendi a venerar a carne que como e a ser mais regrado no seu consumo… Os animais vertebrados sentem a dor como nós.

Nesse tempo não eram conhecidos ainda os novos métodos dos matadouros que poupam já muitos dos sofrimentos aos animais embora estes certamente pressintam a sua morte quando arrastados para os matadoiros.

O Supremo tribunal legaliza a desumanidade dando um passo em direcção à Idade Média e o que é pior ainda fundando a sua decisão em nome da liberdade religiosa. Os juízes enganam-se no fundamento que dão para a permissão. Ou será que querem abandalhar o religioso? Aqui não se trata do cumprimento duma obrigação religiosa mas duma prescrição para a comida. De facto não é exigida a matança do animal de maneira sangrenta. O Corão apenas proíbe o consumo de alimentos impuros (Suras 1, 168 e 5, 4) não obrigando ninguém a comer carne. Para mais a autoridade religiosa da universidade do Cairo considerou o emprego do electro-choque rápido conforme ao Corao, podendo assim, os que se orientam pela norma, renunciar à forma arcaica brutal da matança.

O mesmo se diga de touradas em que o sangue jorra e em que o animal é maltratado e morto de forma cobarde em campo.

Estas e outras tradições de barbaridade com um pouco de fantasia poderiam ser transformadas ou mesmo substituídas por práticas ou ritos mais “humanos”. Se queremos enobrecer o Homem teremos de começar por considerar e respeitar o animal tal como fazia no século XII Francisco de Assis com “o irmão burro”, a irmã vaca, “o irmão sol”…

António Justo

Publicado em Comunidades:

http://web.archive.org/web/20080430103634/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=11&anon=2006

António da Cunha Duarte Justo


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Comentários:

Matanças e touradas – – – 2006-12-03
Para o Budismo toda a vida é sagrada (princípio do ahimsa ), nem que o ente em questão não passe dum simples insecto. Nele há uma irmandade cósmica com tudo quanto é vida. Sejam pessoas, animais ou plantas.
Neste aspecto o Budismo poderia sevir de lição quer seja aos mulçumanos e Judeus, matando os seus animais sem qualquer anestesia ou atordoamento, quer seja para os Cristãos com as suas touradas sanguinárias: estas que ainda são mais brutais do que a morte de um animal sem anastesia, dado que neste último caso o golpe mortal é tão certeiro que os animais em questão mal sofrem.
A tourada é, quanto a mim, uma das coisas mais abomináveis do mundo Cristão, termine ela com a morte do touro em plena praça ou não. Aquilo é uma verdadeira barbaridade. E o pior de tudo é que milhares de Cristãos apoiam incondicionalmente aquele espectáculo.

Luís Costa
Mau trato de animais! – – – 2006-11-30
Pedro Duque
De acordo. Só resta uma questão: onde é que a coerência se baseia? Uma má prática não tem suficiência lógica para justificar a próxima.
Não será que somos todos demasiado compreensivos?

António da Cunha Duarte Justo
– – – 2006-11-30
Concordo a 100% na punição do maltrato de animais, mas quero lembrar que a Tourada é legal em Portugal.

Encaixa-se quase perfeitamente no “Esta prática (entre muçulmanos e judeus) prevê que os animais sejam mortos de maneira sangrenta sem qualquer anestesia ou atordoamento.”, com a eventual diferença que antes de serem mortos os animais são torturados numa arena perante uma multidão de espectadores…

Caso essa lei fosse aprovada em Portugal, não ia aplaudir, mas compreenderia, pois há que ser coerente!

Pedro Duque
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