A FORJA DA GUERRA NUM JOGO HIPÓCRITA DE BASTIDORES

 

Internacionalmente a Alemanha não é livre de decidir, mas joga-se com o tempo nas costas dela

 

Os beligerantes não querem compreender porque é que o Chanceler Scholz continua a adiar a entrega dos tanques do Leopard 2 à Ucrânia. Isto não corresponde a uma atitude de “recusa”, mas sim a um maior sentido de responsabilidade por parte da Alemanha e à sua situação de autonomia condicionada depois da segunda guerra mundial. Uma decisão por si só seria irresponsável para com a Alemanha e a Europa; apenas responsabilizaria os europeus, embora os EUA sejam o principal actor e aproveitador no conflito da Ucrânia. No seu próprio interesse, os EUA não consideram útil a entrega dos seus tanques “M1 Abrams”. Porque deveria fazer sentido para a Alemanha? Por outro lado, a Alemanha é obrigada nestas matérias a tomar sempre decisões após consulta das potências vitoriosas na segunda guerra mundial. Também uma Alemanha que segue a linha UE/NATO, ou seja, os EUA, continuará inibida, dado que o eixo básico da OTAN é agora Washington-Londres-Varsóvia-Kiev e que os americanos estão apostados na supremacia sobre a Eurásia à custa da Europa. A Europa é a vítima e a administração americana gostaria de ver o Chanceler alemão como o seu sumo sacerdote no altar da autoimolação. Ridicularizar uma nação como a Rússia (com tantos elos de interesse no mundo) como pobre e isolada é apenas o sonho da propaganda ocidental para manter a crença ingénua das pessoas de que a Rússia pode ser derrotada. A única forma não é através de armas, mas sim através do uso de diplomatas.

A Europa ainda não parece ter compreendido que já se inicia uma nova ordem mundial com base na multipolaridade e, em vez de ser guiada por esta realidade, continua agarrada à velha ideia de domínio global pelo Ocidente. Os Estados Unidos tentaram dominar a África árabe na guerra contra o Iraque e estão agora a cometer o mesmo erro na Ucrânia num esforço para conseguir a Eurásia. (Mentiras semelhantes foram espalhadas em público nessa altura como agora). E mesmo os meios de comunicação social alemães/europeus (especialmente os noticiários televisivos) dão unanimemente a impressão de que estão a preparar imprudentemente uma catástrofe mundial. Olaf Scholz, seja forte e não se deixe intimidar por aqueles que não percebem que os sinais dos tempos anunciam a multipolaridade, que o Sul global está a amanhecer e que é perda de tempo continuar a acreditar num mundo de domínio monopolar dos EUA. O próprio ex-Presidente Trump já fez soar o toque de morte do globalismo! Colocar-se cegamente sob o manto dos EUA é perder o comboio da história e a oportunidade para se fortalecer a soberania da Alemanha e da União Europeia. A lógica seria que a Europa deveria preparar-se para assumir um lugar específico num mundo multipolar.

A Alemanha não é livre de decidir internacionalmente por causa do Tratado 2+4! O resto é pó nos olhos dos espectadores.

A falta de definição de objetivos a atingir pelas partes intervenientes no conflito também dificulta o trabalho em conjunto. Deve-se voltar à situação de anterior a 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas russas invadiram a Ucrânia ou à situação de a 2014.

A Europa deve preocupar-se em criar o seu próprio lugar pacífico num mundo multipolar.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

29 comentários em “A FORJA DA GUERRA NUM JOGO HIPÓCRITA DE BASTIDORES”

  1. Alemanha e França estão apostar de novo no eixo Berlim Paris.Os americanos nunca viram com bons olhos a comunidade europeia porque não desejavam que estes dois países fossem se unissem,prejudicando os seus grandes amigos Ingleses.O Charles de Gaulle,sempre se opôs a entrada dos senhores de Londres nesta organização .Mais tarde lá entraram para arranjarem problemas,ou seja dividir para reinar.Como não funcionou como desejavam,através de um Brexit abandonaram(Graças a Deus).

  2. Manuel Adaes , é verdade, o problema é que a narrativa única apresentada ao público não está interessada na resolução de velhos problemas da Europa mas em seguir um jornalismo propagandista e por isso deficiente ao apresentar tudo de forma simplicista e sem interesse numa solução de compromissos assumidos para poder ser pacífica. O Reino Unido esteve sempre interessado, ao longo da História a fazer o seu jogo e em seu favor; além disso vê os EUS como naturais continuadores ou sucessores da mesma política.

  3. Faz sentido à Europa porque se a Rússia tomar a Ucrânia fica com fronteiras com vários países europeus. Realmente os USA não ganham nada com esta guerra

  4. Luís Moreira, sabia que as armas americanas são emprestadas na forma de leasing e que dinheiros europeus ajudam a pagar o aluguer? Sabia que a EU já protestou perante os Estados Unidos (até agora em vão) por oferecer resistência às firmas europeias nos EUA e que a indústria de armamento tem enriquecido à custa da guerra? Viu qual era o tema principal do texto a que gostaria de ouvir opiniões? Sei que aspectos que aqui apresento não deixam descansados aqueles que apostam numa só perspectiva de ver as coisas, mas nem tudo é como “é” nem como deveria ser!

  5. Belicistas, falcões (muitos nunca pegaram numa arma…) como o SG da Nato que a pouco e pouco manda nos países onde as lideranças não abundam.

  6. Luís Moreira, ganham e muito, partem a europa, desenvolvem e vendem armas, atacam por interpostos militares um inimigo deles.

  7. Luís Moreira , Putin cometeu o erro de fazer de maneira declarada e de forma visivelmente agressiva, contra o direito internacional, o que os EUA faziam já desde 2007 na Ucrânia de forma camuflada e que em 2014 levou à guerra civil com 17.000 mortos sem que nessa altura houvesse carpideiras nem carpideiros! Nesta perspectiva acho que cada morto de antes ou de depois do 24 de Fevereiro deveria ter direito a ser chorado, doutro modo estamos a usar dois pesos e duas medidas! A injustiça na discussão pública é que o povo só começou a entender o que já há muito acontecia na Ucrânia a partir de 24 de Fevereiro de 2022 mas de forma manipulada.

  8. António Cunha Duarte Justo, nada justifica uma invasão. Temos a Crimeia como exemplo. Se a Rússia ganhar a guerra ficará encostada à Polónia, Bulgária, Hungria e Roménia. Suicídio coletivo?

  9. Luís Moreira , fugiu ao seu argumento de que ” Realmente os USA não ganham nada com esta guerra”. Ao não responder a alguns argumentos que apresentei e passar por cima deles “está a fugir com o rabo à seringa” como se costuma dizer em português popular! Como acontece com o que os media (TV noticiários) apresentam tenho a impressão que muita gente só consegue falar de meia dúzia de aspectos da guerra, isto é reproduzir a opinião transmitida na TV, o que se torna insuficiente para quem quer ir um pouco mais ao fundo das questões para as poder perceber e não só opinar sobre elas numa de questionário alternativo do sim ou do não!

  10. António Cunha Duarte Justo, verdade, e isto está complicado para quem está desalinhado, eu que o diga.

  11. Paulino Balão Fernandes , tem razão! Dado também os Media terem alinhado na guerra económica (Sanções) e ter logo tomado partido por um dos infractores, sem dar oportunidade a que os factos e barbaridades de um lado e do outro fossem mostradas, tem-se dois problemas: o de ter de investigar muito um assunto demasiado complexo e por outro, até os jornalistas ao escreverem têm medo de dizerem tudo o que pensam e sabem porque sriam logo colocados na cruz do calvário da opinião pública espalhada! O seu problema dee ser desalinhado também o tenho eu, porque assim, é-se por vezes obrigado a fazer um pouco do caminho sozinho mas o satisfatório é ter-se a sensação de se andar à procura de uma verdade não petreficada e de desta maneira se servir a sociedade em geral.

  12. António Cunha Duarte Justo, o fundo da questão é que a Rússia é um país beligerante e que invadiu um país que quer entrar na UE e na NATO ( voluntariamente)e não quer voltar à gloriosa ” mãe Rússia “.
    Já provaram e não querem voltar

  13. Luís Moreira , essa é a narrativa parcial que foi transmitida ao público em geral! O problema começou precisamente por aí! A Ucrânia tinha o estatuto de neutra e era um país com muitos corruptos (oligarcas!); as terras da Ucrânia são riquíssimas onde o capitalismo internacional já actuava muito activamente e isso prometia muito a empresários; o próprio filho do Presidente americano dirigia a empresa de gás ucraniana e estava envolvido noutros negócios e empreendimentos (isto só para nomear uma pessoa americana); por outro lado era plano americano chegar o seu poder militar directamente até à fronteira da Rússia o que ia contra todos as conbinações feitas antes. Os Estados Unidos investiram biliões de euros para depor o presidente eleito democraticamente para conseguir que o estatuto da Ucrânia como nação neutra passasse a fazer parte do bloco ocidental.Enfim, vejo que não vale a pena falar sobre o assunto porque se anda sempre a orinar no rio! Constato que não consegue ou não quer entrar no assunto do meu texto (a Alemanha não é livre de decidir!, Assunto que ainda não vi relatado na generalidade da imprensa e que seria digno de ser discutido porque assim se evitariam discussões superficiais sobre as indecisões do chanceler alemão: o assunto é muito mais grave do que parece e por isso ninguém deseja tocar nele porque sabem que a grande maioria do povo aceita tudo o que lhe dão para beber!). Boa noite!

  14. António Cunha Duarte Justo, pois não, nada diz que eu já não saiba, mas na minha terra ensinaram-me a ficar ao lado dos meus. Não acredito em bons e maus

  15. Luís Moreira , não me sinto cúmplice com a Rússia nem coms os Estados Unidos. Sinto-me cúmplice com a procura da verdade sabendo muito embora que a não posso possuir! Isto até por razões de coerência intelectual; muito embora esteja consciente que o erro é sempre uma possibilidade, mas mais digno é não ficar no erro mas dar espaço à dúvida!

  16. Luís Moreira , diz que não acredita em bons nem em maus mas parece ter acreditado na personalização do mal a que foi votado Putin nos meios de comunicação ocidentais. Há pessoas que até lhe têm ódio como as há que odeiam Biden! Na realidade não há pessoas más embora a maldade presente no género humano esteja sempre pronta a irroper em pessoas desequilibradas. Aqui não se trata de ir à caça do bem ou do mal mas de observar factos históricos que podem revelar maior ou menor maldade. Intelectuais americanos chegam a dizer que “o ocidente tem a responsabilidade principal por aquilo que está acontecendo hoje” e que tudo é o resultado de uma reunião em abril 2008 em que os Estados Unidos decidiram fazer da Ucrânia e da Geórgia partes da OTAN, “custe o que custar”!. Putin deixou recado que a Ucrânia não podia deixar o seu estado de neutralidade e que já tinha aguentado demasiado ao aguentar as duas expansões da Nato (avanço militar do ocidente contra promessas feitas antes). A partir daí iniciou-se o conflito dentro da própria Ucrânia e a contenda que se dava dentro da Ucrânia entre a Nato e a Rússia passou em 24 de Fevereiro 2022 a dar-se exteriormente entre a Rússia e a Ucrânia! Depois os Media fizeram também eles a sua guerra acompanhada pela guerra económica iniciada pelo ocidente. Enfim, chegou-se a uma altura em que só se avistam guerreiros de uma parte ou de outra e ninguém que se empenhe pela paz porque se julga chamado a ser mero soldado e desta maneira abdicar da própria personalidade.

  17. António Cunha Duarte Justo, é a minha posição. Agora quando ouvi o PM da Polónia, um perigoso belicista, percebi que a guerra vai escalar fortemente sem dúvida vai. Amanhã falamos hoje tenho um compromisso, abraço

  18. Paulino Balão Fernandes , a Polónia esteve já noutras alturas a favor dos EUA contrariando os interesses europeus! Talvez se encontre ainda traumatizada com a experiência tida com a União Soviética e certamente quer ver a influência da Alemanha transferida, com o tempo para a Polónia! Estou-lhe muito agradecido por ter publicado no Jornal de Oleiros versão em Papel o artigo sobre a Igreja e publicar na versão online (https://jornaldeoleiros.sapo.pt/ ), os meus artigos. Abraço.

  19. O mundo nunca foi bipolar, pelo que a multi polaridade é uma idiotice total.
    Quanto à Rússia cá estamos para ver a derrota estrondosa e a restituição da Crimeia à Ucrânia.
    A razão de ser desta guerra é a prosperidade dos países ex-comunistas aderentes à União Europeia, que demonstram o fracasso económico russo.
    O questão da Alemanha é outra totalmente diferente, e chama-se cobardia, já no tempo da rica República Federal da Alemanha e da pobre Alemanha oriental comunista, se dizia na primeira (RFA) “besser rot als tot”, antes pobres e comunistas que resistentes à progressão soviética e mortos por resistir.

  20. José Luís Caldeira Fernandes, ainda se deve lembrar da bipolaridade ou tripolaridade do mundo dividido entre União Soviética-Nato e dos não alinhados! Eu procuro acentuar o aspecto da guerra geo-estratégica e não reduzir a questão ao conflito entre Ucrânia e Rússia como têm conseguido os meios de comunicação alinhados dos EUA. Eu procuro manter-me independente na observação do jogo o que chateia os partidários de Putin e os partidários de Biden!

  21. António Cunha Duarte Justo, nós é que agradecemos a importância do mesmo artigo nao podia ter outro tratamento. Caso queira jornal em papel por outra via envie endereço abraço .

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