Prezados leitores/as
Desejo-vos uma Páscoa feliz e abençoada.
Junto aqui mais umas palavras, para alguém que me queira acompanhar neste reflectir:
A Páscoa é considerada a festa da vitória da vida sobre a morte e da luz sobre as trevas.
É difícil celebrar a Páscoa sem parcialidade porque as sombras das guerras, especialmente na Europa e na África, turvam o nosso horizonte.
A história da paixão com Jesus crucificado (sofrimentos, humilhações, degradação e morte) está especialmente presente nas guerras.
Como no Calvário, parecem alinhar-se de um lado Jesus nos que sofrem e morrem e do outro os que julgam, sem lugar para qualquer dúvida.
Vivem-se momentos de pensar bifurcado só em categorias de bem-mal de ambos os lados e, em consequência deste modo de pensar, surge o automatismo do ataque-defesa e contra-ataque que nos conduz à lógica da victória através da guerra. Esta lógica impede-nos de mover a pedra que se encontra sobre o sepulcro de Jesus (do povo sofredor) e retarda o surgir da luz da manhã, o início do novo dia, a época pentecostal de veracidade e da paz!
Com a descoberta do túmulo vazio pelas as mulheres surge a certeza que Jesus vivia, que o crucificado já não se encontrava no reino dos mortos. Então as mulheres revelaram aos condiscípulos que a Vida se encontrava a caminho.
Alimento a esperança que a lógica da guerra se interrompa, com a nossa Páscoa e com a Páscoa ortodoxa (este ano uma semana mais tarde que a nossa) e se inicie uma época de tréguas entre os povos. Não chega olhar apenas para as circunstâncias externas, senão desesperaríamos.
Jesus, quando pressentiu que os soldados o viriam buscar para o crucificarem, chamou a si os seus amigos para conviverem os últimos momentos com ele, não mandou vir armas!
A atitude não-violenta de Jesus é, certamente, uma provocação. Ela distingue-se da do mainstream que manda vir armas como meio de resolver situações. No entanto, um olhar mais profundo da cruz faz-nos notar que a cruz é o madeiro que todos trazem, os de cá e os de lá, independentemente dos Pilatos da História que nos procuram alinhar nas suas fileiras.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
Pegadas do Tempo
Acima de tudo mostra a possibilidade real de uma nova linguagem, não assente nos discurso do mesmo. Feliz e santa páscoa, abraços.