O TEU ROSTO NO MEU ROSTO
Comunidade sem rosto é corpo sem cabeça,
praia despovoada, sem altos nem baixos,
só areia.
A minha terra é nobre e bela
em seu rosto mora a vida
a sentir vista e tempo
no viver próprio dela
Todos os rostos no rosto dela
são as memórias de um povo
que sem eles estaria ausente!
Rostos são a memória do acontecido,
a esperança a acontecer
e o sonho a acenar.
Minha Pólis sem rostos
és lareira apagada,
borralho sem chama pra iluminar
magusto apenas, para outros alegrar
Rostos são luzeiros no horizonte,
arquivos da história na bagagem
o que se leva do escuro do tempo.
António da Cunha Duarte Justo
http://poesiajusto.blogspot.de/
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É chegado o momento, tudo é carnaval. No rosto luso dança a festa universal, onde o mundo mascarado baila a vida em ritmos variadas ao som do sonho no vento e da saudade no tempo. A Lusitânia sem máscaras é como um corpo sem rosto, um arraial sem cortejos, um acampamento sem festa!
Na Alemanha há 134.000 rostos portugueses que, em geral, sobressaem pela ausência.
Os rostos da administração são anónimos e distantes, não podem representar uma nação de rosto vivo e vivificante.
A festa e a religião, o negócio e a política, a cultura e a arte são os lugares onde o rosto luso se forma e manifesta.
Mais presença na sociedade, dar a cara nas diferentes organizações sociais e políticas dos países de imigração é a oportunidade do rosto encoberto de Portugal rasgar os véus da mediocridade que o prendem num rectângulo marginal.
Portugal tem muito a dar, não devendo diluir-se na gangrena dos seus beneficiados e iluminados pelas pantalhas da TV; o país precisa de redescobrir-se e conectar-se àquela rede de ideais e pessoas que outrora o tornaram um grande luzeiro no firmamento das nações. Outrora, com a missão do seu ideário, olhou o mar, ergueu o rosto e deitou os remos à descoberta do mundo; hoje é chegada a hora de os portugueses da diáspora, com a sua presença consciente, viverem e mostrarem os ideais daquele Portugal que deu o rosto da Europa ao mundo. Emigrantes, vós que vos lembrais ainda do Portugal original erguei o rosto para dar de novo o rosto a Portugal.
Pegadas do Espírito no Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3916
António da Cunha Duarte Justo