O socialista José Luis Zapatero, com o seu governo, quer descatolizar a Espanha, determinando para isso a irradiação do ensino de religião das escolas. Como se o ensino religioso fosse uma catequese e não uma formação geral, um ensino de ética. Em vez de medida tão radical poderia possibilitar nas escolas a frequência de aulas de religião ou de aulas de ética, tal como se pratica na Alemanha. Aqui resolvem-se os problemas sem o fanatismo secularista contra o catolicismo.
Tendo o arcebispo de Madrid e o arcebispo de Valência convocado uma manifestação de protesto contra uma “cultura do laicismo”, o Governo de Zapatero reagiu, acusando a Igreja de interferir, não respeitando a liberdade. Entretanto o senhor Sapateiro fomenta através do Estado a sua ideologia sendo intolerante para com quem procura usar do direito democrático de manifestar a sua opinião.
O Primeiro Ministro advoga tolerância para a sua ideologia, uma tolerância servida pelo estado que incubra a intolerância democrática de materialistas e racionalistas que, aninhados nos bastidores da administração, usam o mesmo actuar de práticas medievais que dizem combater, servindo-se do aparelho do Estado para o efeito.
Tal como outrora urgiu a defesa contra o poder religioso, urge hoje defender-se do poder secularista que pretende foros de ortodoxia estatal. A lei da liberdade religiosa não deve favorecer a crença laicista.
No agir autoritário de Zapateiro manifesta-se uma ideologia ressentida e atrasada na esteira da ideologia de 68, no que ela tem de ultrapassado. Primeiro apregoaram a arbitrariedade de ideias e morais para agora melhor imporem a sua ideologia. Zapatero conta com a aceitação da repressão silenciosa dos que se deixam ingenuamente calar. Devido ao calar e contemporizar das organizações com uma ideologia que se afirma contra a cultura europeia em nome dum internacionalismo barato e irresponsável, chegou a Europa ao estado de desorientação que a paralisa culturalmente.
Não se questiona aqui a crítica à Igreja mas uma guerrilha ideológica camuflada em nome da liberdade e da diferença. No zelo de ver quem faz mais pelo secularismo, que terá Sócrates do lado de cá preparado para poder dar umas palmadas nas costas do seu homólogo espanhol? Na porfia, o Ministério de Educação portuguesa quer tirar o nome a escolas públicas com o nome de Santos.
António da Cunha Duarte Justo
“Pegadas do Tempo”, Janeiro de 2008