EXPORTAÇÃO DE ARMAS E IMPOSTOS MILITARES EM TERMOS DE PIB EM 2021

A quem mais interessa o negócio com a guerra

 

As 100 maiores empresas de armamento do mundo exportaram 600 mil milhões de dólares americanos em armas no ano 2021.

Das 40 empresas listadas, as empresas americanas representam um total de 51% de todos os vendedores.

Sipri acabou de publicar a lista estatística de exportação e de gastos militares (1).

Os EUA exportaram 51% das armas; China 18%; Reino Unido 6,8%; França 4,9%; Rússia 3%; Itália 2,8%; Israel 2%; Alemanha 1,6%; Japão 1,5%; resto do mundo 8,4%.

A Alemanha decidiu agora comprar aos EUA jactos de caça F 35 no valor de 10 mil milhões de euros.

Agora, com a guerra ucraniana, a procura aumentou.

Os vanguardistas de despesas militares em percentagem do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021 foram a Arábia Saudita com 6,6%, a Rússia 4,1%, os Estados Unidos 3,5%, Ucrânia 3,2%, Coreia do Sul 2,8%, Índia 2,7%, o Reino Unido 2,2%, França 1,9%, China 1,7%, Portugal 1,6%, Brasil 1,5%, Alemanha 1,3%, Japão 1,1%… A listagem de 155 países pode ser consultada em nota (2)

Os Estados Unidos fazem pressão sobre os estados europeus para que destinem 2% do PIB para despesas militares.

Imagine-se que a mesma energia empregue para produzir armas fosse aplicada em iniciativas de paz e para proporcionar uma vida digna aos carenciados!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.dw.com/de/sipri-globale-milit%C3%A4rausgaben-auf-rekordhoch/a-61577516

(2) Lista mundial: https://www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=132&l=pt

 

MACRON NOS ESTADOS UNIDOS MANIFESTANDO O INCÓMO DOS EUROPEUS

Mácron estendeu a mão a Biden dizendo que “temos de nos tornar novamente irmãos de armas”, mas certamente na condição de serem abrandadas as rivalidades na economia.

O grande problema para as empresas europeias são os subsídios dos EUA às empresas americanos (pacote de 357 mil milhões de euros para protecção do clima, segurança energética e de produtos fabricados nos EUA). Mácron queixou-se que os subsídios são “superagressivos” contra as empresas francesas.

Mácron advertiu os EUA que ” estas decisões dividirão o Ocidente”. De facto, os subsídios determinam discriminação das empresas europeias. Se a Europa não arredar caminho verá as suas empresas emigrarem para os EUA, também devido aos preços baixos da energia e à fraqueza económica europeia. A Europa já foi chã que deu uvas; agora chegará a hora da Ásia e do Sul Global. Seria miopia dos políticos europeus deixarem-se levar no redemoinho americano se permitirem que

Biden já se mostra mais meigo em relação a Putin, o que é indício de possíveis conversações oficiais. Os EUA atingiram os seus objectivos, à custa de castigarem as economias russa e europeia; defraudaram a economia alemã com a destruição das condutas de gás para a Alemanha (Stream 1 e 2) e o boicote de matérias primas baratas da Rússia; na consequência desviaram muito do negócio europeu para a economia americana, fortaleceram a indústria de armas e sua exportação também para a Europa (Só a Alemanha já fez um contrato de 10 mil milhões de euros para compra de jets americanos: Os Estados Unidos da América tinham 2.740 aeronaves de combate em 2021, tornando-se a maior força aérea em comparação com qualquer outro país ).

Assim a Europa é obrigada a não deixar a defesa só no encargo americano (Biden segue neste assunto a mesma política de Trump). Se Biden não se entender com Putin mais rapidamente se verá confrontado com uma nova ordem mundial e com uma nova moeda mundial concorrente do Dólar, etc.!

Quanto ao conflito entre Rússia e a OTAN na Ucrânia e apesar dos Estados Unidos só quererem ver a guerra acabada quando a Rússia for arruinada, Biden revelou: “Estou preparado para falar com Putin se de fato houver interesse em que ele decida que está procurando uma maneira de acabar com a guerra. Ele ainda não fez isso.”

Mácron, por sua vez, disse que continuará a falar com Putin para “tentar evitar a escalada e obter alguns resultados muito concretos”!

Mácron também não anda contente com a Alemanha devido às suas medidas de protecção da economia interna.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PARA CADA SOCIEDADE O QUE ESTÁ A CONTAR É A PRÓPRIA NARRATIVA

Já dá demasiado nas vistas como os protestos contra a política chinesa de Covid-19, são celebrados nos media alemães como luta justa, quando, um ano atrás, nas manifestações e caminhadas na Alemanha contra as medidas de corona impostas, os manifestantes eram publicamente rotulados como extremistas, negacionistas e teóricos da conspiração.

Será motivo para começarmos a questionar se não vivemos num mundo político-social em que as coisas são organizadas da maneira como fazem jeito para o sistema; não importa a realidade, mas sim a narrativa sobre ela.

Dois pesos e duas medidas! A hipocrisia está a suprimir a veracidade.

E assim se vão entretendo os povos.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

AS ELITES EUROPEIAS PERDERAM A CABEÇA AO QUALIFICAREM A RÚSSIA COMO “ESTADO TERRORISTA”

Até o cidadão simples se admira pelo facto de o Parlamento Europeu (PE) não saber o significado de Estado ao qualificar a Rússia de “Estado Terrorista”.

Seria impensável que um Parlamento descesse a uma atitude de qualidade intelectual e moral tão baixas. Isto vem demonstrar mais uma vez a incapacidade atual da política para encontrar soluções para os problemas que os desenvolvimentos da nova ordem mundial em processo exigem.

Estado é o país e as pessoas que nele vivem ligadas pela mesma nacionalidade. Isso também inclui suas regras comuns e as pessoas que criam as regras e garantem que elas sejam seguidas. Estes oferecem segurança, ordem e uma função de segurança social.

O não saber distinguir entre sistemas políticos, governos e Estados conduziu o PE a uma posição enganadora! O PE falhou às suas funções de instituição estatal, deixando-se reduzir aqui a um grupo de guerra, como se a ideia política de amigo e inimigo fossem suficientes para se autodefinir ou definir alguém!!

É lastimosa a situação de uma política europeia encurralada (entre USA e Rússia) que se vê na necessidade de reduzir Estados a grupos de guerra em que exércitos armados se opõem-se entre si; tal atitude desconhece a realidade do Estado que representa povos inteiros ou grupos étnicos em torno de uma Constituição e das instituições constitutivas do mesmo. Esta declaração infeliz equivale a criminalizar um povo para se justificar uma guerra exterminante.

Qualquer cidadão até sem formação política conseguiria notar a fraude em que a política o quer envolver, mas por outro lado o leva a constatar a decadência da classe política europeia: reduzida a mera sacristã dos EUA não revela um saber para além de estudos secundários malfeitos! Declarar um Estado terrorista corresponde a coloca-lo na situação de animal selvagem digno de ser caçado.

Sob o pano de fundo do conflito da organização de uma nova ordem mundial geoestratégica (expressa no conflito Estados Unidos-Rússia na Ucrânia), a declaração do Parlamento Europeu revela o estado populista em que se encontra a política e meios de comunicação social do sistema que tal permitem e que preanunciam grandes problemas especialmente para a Europa.

É claro que nos encontramos num momento histórico problemático, mas muito produtivo em que também o Sul Global quererá participar com mais justiça dos bens da terra; para isso urge uma reorganização da macroeconomia e Putin, apesar da brutalidade que usa na Ucrânia tem iniciativas para essa reorganização que vêm de encontro às necessidades do Sul.  De futuro o acento da economia e da política terá que ter como ponto central o bem do cidadão também a nível mundial e não tanto o proveito de instituições e seus funcionários.

O facto de nações ou blocos se encontrarem em concorrência rival a nível geopolítico não justifica tais declarações mais próprias de um estado despótico. As elites europeias terão de se ir convencendo que não é só a Europa que tem os trunfos no jogo geopolítico em via.

A atitude maniqueia do Parlamento Europeu tem de ser contradita pelo povo europeu que ainda mantem equilíbrio mental e um resto do humanismo judaico-cristão.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

1° DE DEZEMBRO COMEMORAÇÃO DA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

No tempo em que ainda se faziam revoluções por Portugal, o povo português, no 1 de dezembro de 1640, derrubou o representante da Espanha em Portugal e aclamou o Duque de Bragança, D. Joao IV como rei de Portugal! Com a passagem da dinastia de Avis para a de Bragança, restabeleceu-se a autonomia política de Portugal (1).

O golpe de Estado pôs fim à união ibérica (1580 – 1640) dos Filipes que tinham desgostado grande parte da população, devido à tentativa espanhola de anulação da independência portuguesa e à tributação exagerada. O conflito ainda se manteve até 13 de fevereiro de 1668, data em que Espanha reconheceu a soberania de Portugal e as suas possessões coloniais. A Restauração não era plenamente assumida devido ao conflito de interesses entre as classes mais ricas e a pequena burguesia/proletariado/camponeses.

A partir daqui o problema continua a ser o de manter a identidade nacional de Portugal, mas que se tem reduzido cada vez mais ao nível dos símbolos. De facto, as elites portuguesas dão a impressão de andarem de férias subsidiadas por países amigos da onça.

A aclamação de D. João IV iniciada com o golpe levou 28 anos a confirmar a restauração! O período da Restauração de Portugal (1640-1668) foi longo porque se tratava de legitimar o afastamento do domínio dos Habsburgos e afirmar o duque de Bragança já antes estimulado pelo cardeal Richelieu a insurgir-se contra os espanhóis. O facto de Filipe III (IV.) decretar a fusão do exército português com o exército espanhol implicava propriamente a absorção da nobreza portuguesa e uma maior ponderação das facções nobres entre elas. Sob o domínio dos Filipes Portugal tinha já perdido Ormuz para os ingleses (1622), e os holandeses tinham conquistado o Ceilão e Malaca, estabelecido no Brasil (1630, Pernambuco) e na África. Depois da aclamação de D. João IV ainda ficou muito trabalho por fazer. A devoção religiosa foi um dos factores da consolidação do inicial golpe de estado.

Na opinião de entendidos, o atraso estrutural de Portugal deve-se à estrutura económica e social do país, às lideranças políticas, à posição de periferia geográfica, à pobreza dos recursos naturais disponíveis e, eu acrescentaria, à tolerância de um povo pacífico e não exigente.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Com o desaparecimento do rei D. Sebastião (1557-1578) e a crise de sucessão ao trono (D. Henrique (1578-1580, último descendente direto da dinastia de Avis), afunda-se a dinastia de Avis e tem andado… No dia 20 de Junho de 1580, ante a decisão do conselho de governo, António, Prior do Crato, foi proclamado Rei de Portugal em Santarém, sendo aclamado em várias localidades do país; reinou por 30 dias sendo derrotado pelos espanhóis  na batalha de Alcântara, em agosto de 1580.