250° ANIVERSÁRIO DO GRANDE FILÓSOFO HEGEL

Grande diálogo este que inclui nele a contradição

Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu a 27 de agosto de 1770, em Stuttgart e morreu em Berlim em 1831 (14.11).

Hegel é um filósofo universal; o seu modelo de filosofia assenta todo ele na razão. Para ele “Tudo o que é racional é real e tudo o que é real é racional. O verdadeiro é o todo”.

Hoje vivemos num modelo de pensamento do “ou… ou”, um pensamento pombaleiro (em prateleiras) que chega a confundir a prateleira com o armário, a parte com o todo.

Não chega formar as pessoas só no sentido de um pensamento devocional, no seguimento de heróis. Importante é sentir-se em processo, num processo inacabado de contínua procura da verdade; diria que as certezas seriam as pedras em que colocamos os pés do pensamento na caminhada em procura do sentido, da verdade/realidade. De Hegel aprendi que tudo é processo, o mesmo que reconheci na teologia e na espiritualidade cristã que floresce na inter-relação pessoal que se expressa de maneira exemplar na fórmula trinitária.

Tudo é procedimento com sentido, não se perdendo no caos nem no acaso. Na dialética procura-se expressar a coisa e o seu contrário ao mesmo tempo (inclui nela a contradição). Assim a realidade é a-perspectiva e, como tal, pode ser sempre observada de uma perspectiva (ponto de vista) diferente. A realidade encobre sempre outros aspectos a descobrir nela! Por isso ela terá tantos rostos como há de humanos racionais.

Segundo o seu biógrafo Sebastian Ostritsch em entrevista (HNA, 27.08) e no seu livro “Hegel: O Filósofo do Mundo “, Hegel encontra-se na fila de Platão, Aristóteles e Kant. “Ele é um filósofo mundial porque pensa o mundo como um todo, não deixando de fora nenhum aspecto da realidade”… “Hegel afirma sempre considerar a sua própria perspectiva limitada. Ele obriga-nos a reflectir sobre as nossas próprias limitações a fim de as ultrapassarmos.

Todo o pensamento sério procura o inteiro. O todo também contém o que falta e a parte que a nossa perspectiva não consegue ver também faz parte dele. O zeitgeist de hoje tem medo disto e perde-se em particularismos e em sentimentalismos!

Para Hegel o pensar é um tipo especial de movimento. “quem se envolve com um pensamento ou conceito no sentido de Hegel e o pensa consistentemente até ao fim, nota que o pensamento muda, torna-se outro pensamento. Os pensamentos são móveis, começam a fluir e formam um contexto fora de si mesmos. Esta é uma experiência incrível”.

Ainda a respeito da limitação Hegel dizia: “Quem quer algo de grande, deve saber limitar-se. Quem, pelo contrário, tudo quer, nada, em verdade, quer e nada consegue”.  E avisava: “A necessidade, a natureza e a história não são mais do que instrumentos da revelação do Espírito”. Daí o muito repetido ditado hegeliano:  “o medo do erro já é o próprio erro”.

A filosofia de Hegel pretende interpretar toda a realidade nas suas manifestações de forma sistemática e integral.

O Prof. Dr Joaquim Teixeira, aposentado da Universidade Católica de Lisboa resume: “Hegel é um teólogo, que quis pensar a Trindade até ao fim… Mas não soube pensar a pessoa como descontínua, singular e única, irredutível ao Sistema. O pior erro foi a tematização do Espírito fora do elemento da Conscilência. Assim, a Wissenschfaft der Logik atraiçoou a Phänomenologie des Geistes. Seja como for, não é um ‘idealista absoluto” como o pintam. Esse é Fichte! Há, nele, muita fanfarra… Por isso, Husserl pôs à entrada do seu gabinete um letreiro que dizia: “Aqui não entra a Dialéctica”.

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In Pegadas do Tempo

FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA

A 15 de Agosto comemora-se na Igreja católica e na Igreja Ortodoxa, a Assunção de Nossa Senhora.

Em termos de fé é a festa da participação de Maria na Ressurreição de Cristo e ao mesmo tempo a antecipação do nosso destino, é uma festa na perspetiva da esperança e da transcendência da morte.

Maria é considerada a arca da aliança entre o divino e o humano;  por ser, mãe de Deus  e mãe da humanidade (Jesus Cristo), expressa a união do espírito com a matéria, da terra com o céu, da feminilidade com a masculinidade!

É uma comemoração importante em que céu e terra se entreolham. Uma mulher sobe ao Céu e com elas toda a mulher, toda a criação.

A feminilidade e a masculinidade não se reduzem ao sexo; as duas energias pertencem juntas!

Não podemos louvar a mulher Maria (Nossa Senhora) e continuar a manter a mulher fora das ordens do culto litúrgico.

A Festa de Nossa Senhora Rainha do Céu e da Terra é celebrada no dia 22 de agosto.

Encontramo-nos todos na caminhada. Tudo se encontra a apontar para a divinização, tudo em processo, em processo de transfiguração.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

MORREU UM GIGANTE DA AMAZÓNIA

Morreu com 92 anos de Idade Pedro Casaldáliga, o bispo cujas pegadas são as do Evangelho!

Leonardo Boff cita o seguinte texto dele, com o qual, corajoso, enfrentava os opressores ao pôr-se “decididamente do lado dos indígenas e peões expulsos de suas terras pelo avanço do latifúndio”:.

”ONDE TU DIZES LEI, EU DIGO DEUS.

ONDE TU DIZES PAZ, JUSTIÇA,  AMOR

EU DIGO DEUS.

ONDE TU DIZES DEUS

EU DIGO LIBERDADE, JUSTIÇA, AMOR”.

 

Uma poesia sua onde revela a pobreza evangélica em grau extremo:

” Não ter nada

não levar nada

não poder nada

e de passagem, não matar nada

não calar nada.

Somente o Evangelho como faca afiada

e o pranto e o riso no olhar

E a mão estendida e apertada

e a vida, a cavalo, dada.

E este sol e estes rios e esta terra comprada

com testemunhas da ressurreição já estalada.

E mais nada”.

NO REINO DA CONFUSÃO

ISTO DÁ QUE PENSAR E PODE LEVAR A EVITAR EXTREMISMOS

Coloco aqui o seguinte texto que acho típico da esquizofrenia social do Zeitgeist (opensar politicamente correcto = crença política oportuna!)

“Vivemos em uma época onde querem que os padres se casem e que os casados se divorciem.
Querem que os heterossexuais tenham relações sem compromisso, mas que os gays se casem na igreja.
Que as mulheres se vistam como homens e assumam papéis masculinos e que os homens se transformem em “frágeis” como mulheres.
Uma criança com apenas cinco ou seis anos de vida tem o direito de decidir se será homem ou mulher para o resto da sua vida, mas um menor de dezoito anos não pode responder pelos seus crimes.
Não há vagas para os pacientes nos hospitais, mas há incentivos e patrocínio para quem quer fazer mudança de sexo.
Há um acompanhamento psicológico gratuito para quem deseja deixar a heterossexualidade e viver a homossexualidade, mas não há nenhum apoio deste mesmo para quem deseja sair da homossexualidade e viver a sua heterossexualidade e se tentam fazê-lo, é um crime.
Ser a favor da família e da religião é ditadura, mas urinar sobre os crucifixos é liberdade de expressão.” Escrito pelo padre católico Gabriel Vila Verde, atualmente no Brasil.

Este é um bom exemplo da atitude conseguida pelo pensamento politicamente correcto.

Na Idade Média tínhamos os sacerdotes na Igreja que uma vez por semana tentavam modelar as consciências do povo; hoje temos diariamente as TVs a indoutrinar-nos com o pensamento politicamente correcto, moldado já não pela religião mas pela política da ideologia marxista internacionalista aliada ao capitalismo globalista.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

FACTOS CONTRA A LIBERDADE RELIGIOSA E CONTRA A CRISTANDADE

A nova tirania de minorias e ideologias está a substituir a das maiorias do passado

António Justo

 

Os atentados às Igrejas e a objectos do culto não estão a acontecer por acaso!

Agora chegou a vez da catedral de Nantes ser incendiada. O fogo foi colocado em três lugares. Será feita uma investigação e uma vez passadas as labaredas das primeiras impressões, receia-se que despareça tudo no fumo da irresponsabilidade (1).

Nos últimos dias igrejas têm sido incendiadas nos USA e têm sido destruídas as estátuas de santos.

Em São Francisco a igreja da missão católica mais antiga dos Estados Unidos (São Gabriel), foi devastada e incendiada.

Em Boston na Igreja de São Pedro, a Estátua da Virgem Maria foi incendiada e vandalizada.

O símbolo dos cristãos orientais da era bizantina, Hagia Sophia, é apagado e transformado em mesquita pelo governo turco.

Em Espanha e em Malta, os governos socialista e comunista criam leis para fecharem escolas católicas. Não respeitam a liberdade de educação nem os direitos humanos dos pais e das crianças, nem a Liberdade Religiosa (2).

A tirania ideológica pública encontra-se cada vez mais exacerbada uma vez que é apoiada por agendas e ONGs internacionais.

O novo fascismo marxista quer extinguir a cultura e a religião cristã da História e da vida do ocidente. Em contrapartida fomenta o islão como parceiro aliado.

As novas minorias totalitárias de protesto com o seu radicalismo vão criando no povo um clima intolerante e de guerra que legitimará os mais absurdos crimes.

O pensar politicamente correto implementado pelo marxismo (infiltrado em órgãos do Estado, em organizações mundiais e em universidades) consegue criar no público uma atitude de aceitação ou indiferença perante a perseguição à cristandade (como se fosse coisa natural).

Na sequência do pensar politicamente correto, os meios de comunicação social europeus também não estão interessados em informar sobre as perseguições que acontecem em África e na Ásia nem sobre o grupo mais perseguido no mundo que é o cristão.

Victor Hugo, em “Os Miseráveis” diz: “Se a alma for deixada na escuridão, os pecados serão cometidos. O culpado não é aquele que comete o pecado, mas aquele que causa a escuridão”.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(2) Em Portugal a desmontagem das escolas católicas (ensino Privado) tornou-se programa do regime de abril. Criou-se um espírito de desconfiança pública em relação ao ensino privado.

A CAMINHO COM O OUTRO (PRÓXIMO)

Coloco aqui uma citação formidável de Drewermann que acho profunda em cada frase e corresponde ao ideal e a muitos momentos da nossa vida:

“O que Jesus tinha em mente (tinha em vista, no sentido) era que não precisamos de conhecer o caminho do outro e objectivamente não o sabemos (conhecemos). A única coisa que devemos fazer é acompanhar a outra pessoa até onde ela quer ir a fim de chegar a casa. Nas horas em que escurece e quando tem medo, quando já não vê e se sente só, precisa de nós a seu lado. Não porque sabemos melhor o que é bom para ela, mas porque, juntos, vemos melhor com quatro olhos do que ela vê sozinha com olhos confusos de medo… Precisamos de nos tornar mais sensíveis, mais poéticos – levados por mais compaixão, pela vastidão do coração, e precisamos de nos afastar… do medo que temos de nós próprios”. Eugen Drewermann (psicoterapeuta e teólogo), Traduzido por António Cunha Duarte Justo