PENSANDO EM TEMPOS DE COVID-19

Nesta era do medo em que vivemos, quando se fala da vacina contra o Covid-19, de política ou de temas considerados tabus, é muito provável que a discussão escorregue para águas ideológicas e os interlocultores façam uso do insulto ou da depreciação como arma.

As pessoas que não são vacinadas são, muitas vezes, apelidadas de “estúpidas”, “irresponsáveis”, “ignorantes” ou “anti-sociais”! Esta atitude ameaça tornar-se num veneno para a sociedade, embora se saiba que viver de imagens inimigas ancoradas em opiniões fixas não ajuda ninguém e testemunham a falta de exercício do pensamento.

Na falta de argumentos muitos recorrem à difamação, quando o que se precisa é de um diálogo objectivo, respeitoso e construtivo na ciência, na política e na sociedade!

Dizer mal das pessoas não vacinadas e pressioná-las a agir destrói a confiança, também no nosso sistema de saúde. Nem a todos é dado ter confiança e ela não pode ser forçada nem imposta.  

Em democracia, é evidente que as pessoas não estão sujeitas apenas à vontade inflexível da maioria; em muitas questões, a decisão pessoal é soberana. O direito a tomar decisões próprias implica o respeito pelos outros.

Também é claro que a liberdade verdadeira tem a responsabilidade como companheira!

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

A POLÍTICA MULTICULTURAL DA UNIÃO EUROPEIA BENEFICIA O GUETO ISLÂMICO

Imigração continua a ser um assunto tabu no discurso público

Não é justo generalizar os perigos trazidos à sociedade e à cultura de um país por imigrantes!

Estou farto de ser tratado como “pessoa de contexto migratório” e deste modo ser envolvido na generalidade dos muitos crimes praticados na sociedade alemã e que são comprovados e excessivamente realizados por imigrantes de cultura árabe!

Não mereço ser discriminado pela negativa ao ser metido no mesmo saco! Como referência chegaria a minha pessoa e o ser português!

Para se ser justo com imigrantes, a imprensa e os multiplicadores sociais poderiam diferenciar  entre imigrantes e imigrantes: é um facto que certos problemas sociais e culturais vêm mais da migração muçulmana e de imigrantes traumatizados pela guerra; de facto, a cultura e a sociedade islâmica afirmam-se, em regra, através do Gueto e da contraposição da sua cultura em relação à cultura onde se introduz! A excepção de alguns só confirma a regra!  

Por que será que para se encobrir e desobrigar parte do grupo maioritário, que é o muçulmano, se recorre, na opinião pública, a uma generalização dos problemas deste grupo utilizando, para isso, a designação “pessoas de contexto migratório” como qualificação abstrata para englobar todos os imigrantes e seus descendentes e assim não se poder saber a origem específica de quem é quem.

Porque esconder o erro em vez de valorizar a virtude?  Porque não dar preferência a uma política intercultural que seria inclusiva e, em vez disso, se persiste em continuar a manter na ordem do dia a política multicultural que é exclusiva, sendo esta mais propícia a introduzir cavalos troianos?

A política multicultural, na prática, só beneficia a cultura árabe e isto sob o pretexto de se querer fomentar a multicultura. A quem serve esta política? Aos imigrantes não!

Porque não sermos mais justos também para com os migrantes/exilados se, o que está na base da sua boa ou má recepção, são interesses não declarados, isto é, a falta de mão de obra para a economia europeia e compensar a falta de população jovem de Estados com fraca quota de fertilidade, etc (Deste modo, através de uma política de informação confusa, fomentam-se agressões contra estrangeiros quando o que está em jogo são interesses de grupos da sociedade acolhedora, interessados em ter clientes ou em ter os estrangeiros como massa de manobra barata a poder ser usada como arma na concorrência.

Que os grupos muçulmanos se fechem em Guetos não é de criticar porque desse modo defendem os seus interesses culturais para a posteridade. A chamar à responsabilidade seria a classe política europeia, a economia e ideologias a ela atreladas. Mal dos imigrantes e do povo quando são instrumentalizados para encobrir a exploração em jogo, que não é, na sua essência diferente da de séculos passados!

Já chega da cega política multicultural! Esta só interessará à cultura árabe e a uma ideologia internacionalista com a finalidade de desestabilizar a cultura ocidental! É dever das elites de cada país – legitimadas pelo povo para defenderem o bem-comum –  assumirem responsabilidade e, para tal, criarem regras e condições que levem a evitar que se instalem cavalos troianos nele; para isso seria necessário questionar o nosso sistema económico e o agir da classe política (Que mudou? Antes os senhorios viviam das terras arrendadas e dos servos da gleba, e hoje os Estados ricos vivem da exploração dos habitantes de outros países!)! Facto é que os coitados serão sempre as pessoas da gleba, o povo seja ele nacional ou imigrante.

O Zeitgeist do pensar politicamente correcto europeu, para defender a classe dominante, tem criado tabus na comunicação social (e até dentro do pensamento!) tornando perigoso falar-se em público de temas como este e assim serve um poder e um senhor não declarado à custa da pessoa humana e da própria tradição. Entretanto incorre na contradição de, para aceitar outras culturas, se ver obrigado a negar a própria (negação da cultura que deu origem aos valores de humanidade e democracia, que pretende impor lá fora)!

Chega de discursos de embalar! O discurso sociopolítico tem que começar a tomar a sério o islão e a própria cultura! Chega de criar ilusões e enganos! Ilude-se o povo com esperanças balofas que a situação das mulheres muçulmanas melhorará e que a cultura muçulmana evoluirá! Facto é que através dela e das medidas de combate ao terrorismo a liberdade do cidadão é cada vez é mais coartada.  A cultura muçulmana, enquanto não se abrir ao outro, será muito boa para ficar em casa.

O socialismo islâmico aliado ao princípio base da evolução, que é a afirmação e confirmação do mais forte, tem em si a coerência necessária para um futuro sustentável! Erra quem pensa que, em geral, as mulheres islâmicas pretendam a emancipação (há, de facto, algumas excepções devido a “contaminações”)! O espírito do islão implica a sujeição e esta está antropológica e sociologicamente internalizada tanto em homens como em mulheres (daí não se poder esperar grande contributo das mulheres muçulmanas para a igualdade de Homem e de mulher, à maneira da mundivisão ocidental)!

Esta é a tragédia que confirma o futuro e justifica a posição dos Talibã, EI e outros movimentos extremistas islâmicos. E nós vamos falando destas coisas enquanto outros usam e abusam delas!

Não falo do que ouvi dizer, falo do que experimentei e sei, também na minha qualidade de ex-porta-voz do Conselho de Estrangeiros de Kassel.

A imigração pode, porém, tornar-se num grande enriquecimento social e cultural de cada país.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

BALANÇO DA INTERVENÇÃO NO AFEGANISTÃO

Há aspectos positivos e negativos a registar, dos 20 anos de presença estrangeira no Afeganistão:

Os escolares (apenas meninos) passaram de 900.000 para 9,5 milhões (quase 40% deles meninas), segundo imprensa alemã.

A esperança de vida dos afegãos aumentou de 56 anos em 2001 para recentemente 63 anos.

O abastecimento de água foi instalado em aldeias remotas de montanha.

As redes de telemóveis e smartphones estão agora amplamente difundidas.

O radicalismo foi controlado.

E certamente a melodia cativante da liberdade ficou no consciente de muitos!

 

O Ocidente falhou e os Talibã esfregam as mãos de contentamento!

Os radicais islâmicos são encorajados em todo o mundo (Ai de Nigéria, Mali…!)!

A confiança ficou abalada.

A China e a Rússia ficam reforçadas.

3.500 soldados estrangeiros perderam ali a sua vida e muitíssimos mais sofrem hoje danos psicológicos.

Estima-se que 45.000 membros das forças de segurança afegãs teriam sido mortos.

Depois de 2009 foram registados 40.000 civis mortos.

Dezenas de milhares de combatentes talibã perderam as suas vidas.

Com a retirada dos USA ficaram tantas armas no Afeganistão que, certamente, tornarão a próxima guerra civil muito mais dura.

No que toca à Alemanha, 400 cidadãos alemães continuam a ser mantidos reféns pelos Talibãs no Afeganistão.

Muitos milhares de afegãos que trabalharam para instituições alemãs não puderam ser evacuados. Assim os Talibã passam, necessariamente, de adversários a parceiros de negociação.

No dizer de Jim Banks, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, “os USA deixaram 85 biliões de dólares de equipamentos americanos nas mãos dos Talibã, 75 mil veículos, mais de 200 aviões e helicópteros, mais de 600 mil armas. Os Talibã têm agora mais helicópteros Blackhawk do que 85% dos países do mundo. Eles têm visão nocturna, equipamentos de protecção corporal e, incrivelmente, dispositivos biométricos que têm impressões digitais, scaners de retina e informações biográficas de todos os afegãos que estiveram ao nosso lado ao longo dos últimos 20 anos. Não há nenhum plano desta administração para recuperar essas armas”.

Na consequência, a guerrilha tornar-se-á mais feroz na África! Aí passarão o estados europeus a ser mais envolvidos! Os USA intensificarão os seus interesses na região asiática!

As guerras nunca levam à paz!

 
António CD Justo
Pegadas do Tempo

MUITO ME ENGANA A VISTA, OU NÃO SERÁ QUE ANDA POR AÍ O “BAPTISTA”…?!!!

Passo a responder a uma pergunta que anda pelo FB sobre o que se pensa!
Estou a pensar numa coisa esquisita!
Quanto mais gente vacinada se encontra no país, mais exigências são colocados às pessoas.
Às regulamentações de observação de distâncias e uso de máscaras, como medidas de protecção contra o Corona 19,  agora que 70% do pessoal se encontra vacinado, além da observação das distâncias e do uso de máscaras, exige-se-lhes um certificado negativo de infecção ou, alternativamente, prova de vacina ou de recuperado!
É verdade que a sociedade é complexa, mas deveria ser um dever das autoridades evitarem medidas que incluam arbitrariedade na sua aplicação!
António CD Justo
Pegadas do Temo

DEUS SÓ VEM AO AFEGANISTÃO PARA CHORAR

 Urge uma Revolução cultural feminina

Por António Justo

Deus chora nas mulheres afegãs enquanto uma nuvem tenebrosa se alastra no firmamento da humanidade! No Afeganistão as trevas vieram para ficar em forma de guerra civil e da masculinidade contra a feminilidade! Estamos em plena guerra cultural mundial: a “guerra santa” contra a humanidade!

Depois da catástrofe humana a acontecer no Afeganistão, há muitas perguntas que se colocam também ao Ocidente! De facto, com ingenuidade não se chega a lado nenhum!

A situação atual no Afeganistão e as imagens do aeroporto afegão mostram impiedosamente as fraquezas dos Estados ocidentais (1).  

Por que é que o Ocidente continua a promover o machismo na implementação da emigração quase só de homens para o Ocidente? Porque não introduzir uma quota de pelo menos 50% de mulheres? Não fomenta o Ocidente, deste modo, o machismo nos países islâmicos e a emigração do sistema patriarcal para a Europa? (ou precisarão os homens afegãos que não emigram das mulheres para as usarem como cobaias parideiras?).  Qual a razão por que a NATO, durante 20 anos, não investiu muitos dos seus milhares de milhões de euros no fomento prioritário de mulheres na carreira militar afegã? Um exército de mulheres empenhar-se-ia em defender a nação ameaçada e certamente não entregaria as armas, de mão beijada, aos adversários, porque teria muito para defender. (Uma estratégia de fomento da feminilidade sistémica no Afeganistão valeria também para África: fomento de grupos femininos de autoajuda.)

Porque não investiram na promoção de mulheres polícias? Porque não promoveram Partidos femininos? Porque não fortaleceram a criação sistemática de associações de mulheres? Porque não formarem comités de anticorrupção formados por mulheres?

Enquanto a matriz masculina se mantiver como força motriz da sociedade e da cultura e não houver a finalidade de integrar nela a feminilidade, muitos dos esforços masculinos e femininos não passarão de remendos na matriz patriarcal que ordena ainda todas as sociedades. A luta tem feito parte essencial da masculinidade, mas precisa de ser reparada, urgindo a integração da feminilidade nela (e não transformar as mulheres em meras lutadoras (homens) tornando-se elas mesmas estranhas à sua feminilidade; afinal lutam num mundo masculino, à maneira masculina, pela implantação de um mundo que não passa além das características masculinas).

Uma cultura que transforma as mulheres em escravas e servas de homens só pode ser modificada através de uma estratégia e filosofia que transforme a mulher em actora e portadora da liberdade! Só uma aposta na feminilidade e na mulher poderá constituir a primeira base de resistência contra os hábitos sociais e culturais e o meio de implementar neles a liberdade.

Precisa-se de uma revolução feminina não só que implemente mulheres ao poder para moderar a oligarquia masculina, mas sobretudo para introduzir na sociedade uma filosofia feminina. Nos homens não haverá confiança, enquanto não integrarem neles mais características da feminilidade! Só as mulheres podem libertar de maneira especial o Islão de uma filosofia e estruturas extremamente patriarcais. A luta contra o extremismo machista e contra o terrorismo não será eficaz, a longo prazo, com bombas nem com mísseis; ela tem de começar pelas estruturas internas da sua antropologia e sociologia (religião e ideologia político-económica). A tarefa é extremamente difícil, dado o ideário islâmico ser tão coeso em si que impossibilita os próprios crentes de se pensarem e serem pensados fora dele: a subjugação da mulher é-lhe inerente! O islão ao apropriar-se prioritária e sistemicamente do princípio de afirmação e legitimação do mais forte, revela-se com garantia de sustentabilidade (lei evolutiva primeira da natureza) Precisamos de uma revolução cultural feminina que ponha na ordem do dia os valores e características da feminilidade; a luta das mulheres pela emancipação tem sido benéfica, mas continua a ser nos moldes da filosofia da matriz masculina!

Com a volta da talibã, ISIS e grupos extremistas, às mulheres só espera sofrimento e sobressaltos!

A desumanidade anti-feminina chega-lhes sob a forma primitiva de homens barbados que tratam as mulheres pior que gado, pois para eles a mulher é objecto perigoso a subjugar e para tal a sexualidade é considerada mercadoria e a humanidade é tratada como assunto privado!

O poder do EI, do Talibã e grupos radicais correspondentes proíbem a formação às mulheres porque esta lhes possibilitaria sair da cegueira e assumir consciência e resistência. Uma atitude que rejeita na educação tudo o que é mundano (não religioso) é ultrapassada e contra o ser humano!

Para se ter uma ideia mais concreta do que se passa no Afeganistão, leia-se o livro, “Do outro Lado do Destino” (2), onde a autora apresenta a biografia de Shirin-Gol, que é uma imagem exemplar do desespero de milhões de afegãs de outrora e de agora! O livro permite-nos compartilhar o destino das mulheres afegãs e de tantas outras no mundo.

Mulheres corajosas cheias de vida preservadas apenas pela esperança são expressão da escravatura ainda nelas hoje aceite. A escravatura exercida por bastardos vingadores da vida (3) não avançaria se não fosse aceite, também pela nossa sociedade, como algo natural-cultural a respeitar, apesar da crueldade de uma cultura do ódio e da vingança.

Se até agora tínhamos assistido a uma guerra masculina entre homens, agora passou-se a uma guerra de machos cruéis contra mulheres. O agora das mulheres (o papel clássico das mulheres) encontra a sua sustentabilidade num presente de miséria, de pobreza e de fanatismo: uma realidade sempre moderna contra elas! Até agora, o país tem sido assolado por uma guerra masculina: por um lado destrói-se o país com bombas e rivalidades de homens e por outro lado destroem-se as mulheres tornadas vítimas das bombas da cultura usada contra elas!

Um terço da população afegã encontra-se sempre em fuga. Um desastre para todos enquanto a população civil do islão se identificar com população religiosa.

A vida é invencível, mas a escravidão torna-se na queda da esperança que a sustenta. A política é a arte do possível, não do que se desejaria, esperemos só que o Homem se torne mais “humano”!

 

António CD Justo

Teólogo e Pedagogo

© Pegadas do Tempo

  • (1)   A situação atual no Afeganistão mostra impiedosamente as fraquezas dos Estados ocidentais que queriam expor, com a sua democracia e economia, o caminho a seguir pelo mundo. A milícia terrorista EI (Estado Islâmico) pertence ao grupo do Salafismo e é ainda mais radical do que os Talibãs, também militantes e cruéis. A EI (IS) é Sunita e quer espalhar o Islão por todo o mundo enquanto os Talibãs, sunitas também, concentram o seu agir no Afeganistão. Para o EI, “o nacionalismo é uma espécie de apostasia” porque aspiram a um califado transnacional; o seu objetivo é a dominação do mundo pelo Islão. Os combatentes talibãs que rejeitam as conversações com os EUA desertaram para a EI. Isto reforça a posição da Turquia no Ocidente como um parceiro sunita de negociação adequado. O Ocidente nunca se importou onde muitos milhares de milhões de dólares acabaram; “ninguém se importou”, queixam-se os afegãos agora.
  • (2)   “Deus só vem ao Afeganistão para chorar” é o título do livro em alemão “Nach Afghanistan kommt Gott nur noch zum weinen” de Siba Shakib. Em português o livro tem o título “Do outro Lado do Destino”!
  • (3)   A mulher é, como a árvore, um símbolo da vida; Imagine-se! Nem sequer lhes é permitido dançar, cantar e rir!