Frank Mann, antigo padre da Igreja Católica de São Sebastião, em Woodside, Queens, deu a bênção final na cerimónia de tomada de posse presidencial de Donald Trump e descreveu a inauguração como um “momento crucial na história”, como relata o News Digest da “catholicherald.co.uk”.
O padre casado tinha aconselhado Trump na campanha eleitoral, o que parece ter ajudado no voto católico nas eleições de Novembro; segundo estimativas, 56% foram por Trump e 41% pela sua rival presidencial Kamala Harris. Na inauguração, o Padre Mann e o arcebispo católico representavam os 62 milhões de católicos dos Estados Unidos da América.
Trump começou o seu dia de tomada de posse com um serviço religioso na Igreja Episcopal de St. John, conhecida como “a igreja dos presidentes”, às 8h00, em Washington, como é costume na tradição dos presidentes (coisa impensável numa EU de reminiscências cristãs e de afirmação marxista). Trump assistiu à cerimónia ao lado da sua mulher, Melania Trump, e foi acompanhado pelo Vice-Presidente JD Vance (católico convertido) e pela sua mulher, Usha Vance, bem como por familiares e amigos. Dignitários estrangeiros também estiveram presentes, incluindo o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e o presidente argentino Javier Milei, bem como grandes titãs da tecnologia, como o fundador da Meta, Mark Zuckerberg, e o fundador da Amazon, Jeff Bezos.
“Tal como na sua primeira tomada de posse em 2016, Trump foi empossado usando duas Bíblias. Isto incluía a sua própria Bíblia, que lhe foi dada pela sua mãe em 1955 para assinalar a sua formatura na Escola Primária Dominical da Primeira Igreja Presbiteriana de Nova Iorque… Utilizou também a Bíblia de Lincoln, utilizada em 1861 por Abraham Lincoln durante a sua primeira tomada de posse como 16º presidente dos EUA… A Bíblia de Lincoln só foi utilizada em quatro inaugurações presidenciais desde então – duas vezes por Barack Obama e agora duas vezes por Trump. A utilização de duas Bíblias durante uma tomada de posse presidencial tem uma componente simbólica, com a intenção de ligar o presidente eleito a figuras e eventos históricos significativos e simbolizar a continuidade e a tradição no meio da narrativa histórica mais ampla dos Estados Unidos…(1)”.
O Papa Franciso enviou um telegrama de saudações no dia da inauguração a Trump nos seguintes dizeres: “Ofereço cordiais saudações e a certeza das minhas orações de que Deus Todo-Poderoso lhe concederá sabedoria, força e proteção no exercício dos seus altos deveres”, disse o Papa no seu telegrama enviado no mesmo dia da inauguração. E acrescentou: “Inspirado pelos ideais da sua nação de ser uma terra de oportunidades e bem-vinda para todos, espero que sob a sua liderança o povo americano prospere e se esforce sempre para construir uma sociedade mais justa, onde não haja espaço para o ódio, discriminação ou exclusão.”
O Papa Francisco e o Presidente Trump têm duas coisas em comum: ambos apoiam um processo de paz na Ucrânia e questionam o sistema numa perspectiva popular! Durante a campanha eleitoral dos EUA, o Papa Francisco tinha designado de “desgraça “o programa eleitoral de Trump em relação a imigrados.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
Mais uma vez a Igreja Católica unida aos grandes exploradores e extremistas! Até quando?
Caro Manuel, agradeço o teu ponto de vista e compreendo as preocupações levantadas embora as transcenda. No entanto, vale a pena refletir que a participação de representantes religiosos em eventos públicos, incluindo a Igreja Católica, é uma prática comum em democracias que respeitam a diversidade de crenças e tradições. Isso não implica necessariamente apoio político ou ideológico a quem está no poder, mas sim o reconhecimento de que a religião e a espiritualidade desempenham um papel importante para muitas pessoas.
Além disso, em uma democracia, as lideranças alternam conforme a vontade popular, e o papel das instituições religiosas muitas vezes vai além da política, focando em promover valores como a paz, a reconciliação e a dignidade humana.
Acredito que é saudável debatermos ideias, mas sempre com respeito pela pluralidade de opiniões e pela liberdade religiosa, que são pilares fundamentais da democracia.
Compreendo que o amigo, como socialista, tente puxar a brasa à sua sardinha e como é praxe marxista e ateísta (que apesar de tudo compreendo e respeito) o discurso que usam é geralmente contra a Igreja Católica, um discurso comum do bota abaixo contra uma das colunas da nossa civilização ocidental que o marxismo quer identificar com o turbo-capitalismo e como responsável pelo poder. Se vires o que o Papa Francisco escreveu e a que faço referência no fim do artigo certamente serias mais diferenciado nas tuas afirmações. Esse era o discurso implementado pelo velho Marx que nalguns aspectos ajudou a sociedade mas nos seus fins corresponderia ao apagamento da cultura ocidental. A Igreja incentiva o diálogo construtivo.
Frente a um narcisista que afirma ser como o Messias,
enviado por Deus…é preciso ter coragem para colaborar! Como aprendi: não se deve evocar o nome de Deus em vão. Entendo e aceito alguns dos teus argumentos. Mas o que os representantes da Igreja deveriam ter feito ontem era “ler-lhe os Levitas”!
Manuel, o teu comentário combina uma observação crítica com uma dose de ironia e um ar de culpabilização. Sugeres que a presença de representações religiosas em actos de posse, especialmente num cenário politicamente polarizado e centrado em uma figura controversa como Donald Trump, pode ser vista como contraditória ou mal ajustada. As coisas, porém, não são tão lineares como parecem principalmente quando se pretenda submeter a análise de uma sociedade e de um regime americano a uma mundivisão socialista que nega à religião o seu fundamento de existência, considerando-a ópio do povo.
Ao mencionares “ler-lhe os Levitas”, provavelmente estás a querer, de uma maneira geral, confrontar Trump com os valores e ensinamentos bíblicos de forma mais direta e sem complacência, em vez de atacá-lo directamente em pontos contestáveis dele renunciando ao discurso argumentativo. Uma vez demonizado passam a ser demónios os que entrem em contacto com ele. Uma forma de discurso que se baseie em meras afirmações ou proposições de postura ideológica contribui para uma atitude do Maria vai com as outras mantida longe de um discurso sério analítico e argumentativo. Ao fazer-se recurso desta rectórica política fomenta-se o preconceito político.
É uma crítica contundente à possível falta de postura crítica por parte dos representantes religiosos diante de um líder que, Que ele exiba traços narcisistas tem a ver como o seu caracter mas o importante seria a análise das medidas que ele tomar e aí encosta-lo à parede mas com respeito e de maneira analítica.
O que significa “usar o nome de Deus em vão” no contexto de eventos oficiais como uma posse?
Manuel, mais uma vez criticas a Igreja Católica por ter ido ao evento dos grandes! O Papa Francisco tem sido criticado por adeptos do capitalismo liberal e alguns desbocados até o acusam nas redes sociais de comunista. Nos EUA a Igreja católica tem-se mostrado muitas vezes crítica em relação aos governos e aplica-se sobretudo na defesa dos carenciados nas suas paróquias e dioceses onde se juntam muitos pobres e suspensos do sistema; a Igreja católica dedica-se às pessoas e às suas necessidades. Manuel, não seria oportuno, perante tanta necessidade no mundo que nas centrais dos partidos se dedicassem também em acções de apoio concreto aos pobres? Manuel, tu também tens certamente ido a eventos organizados por responsáveis partidos que não é o teu e certamente ninguém te condenou por isso! Também eu já fui a muitos eventos aqui em Kassel organizados pelo PSD, CDU, Verdes, Comunistas, FDP e partido linilista e não quer dizer que que me identificasse com eles. Como pessoa pública ia em representação. Porque devemos negar aquilo que é costume até em política à Igreja Católica. Devem os católicos, os bispos, os padres reduzirem-se a pessoas meramente privadas como queria o socialismo original?
O doutor Mário Soares se dizia ateu ! Tal como os cumenistas . A Igreja simplesmente respeita quer dialgo sem encostar niguém á parede, como se costuma dizer Mas há que separar as águas cada acredite no que quizer mas , que saibam respeitar, quem os respeita E não estar sempre a criticar . Gostei do que diz: A igreja incentiva o diálgo construtivo . Um bem haja
A maior desfaçatez e hipocrisia. O que têm em comum aquele grupo dos novos senhores da casa branca e Igreja? Falsos messias cujo interesse é o poder e capital. Já o grande filósofo Séneca avisava: para o povo comum, as religiões são verdadeiras; para as pessoas instruídas são falsas; para os politicos e grande capital dão muito jeito.
Luís Azevedo-Coelho , nos Estados Unidos a religião está muito vincada no povo e nos seus governantes. Por isso não podemos julgar o povo americano pelos critérios europeus. Os rituais em torno da entronização dos presidentes americanos têm um caracter histórico e por isso o juramento é sempre feito sobre a Bíblia. O factor religioso nos EUA ainda é um elemento importante que une povo e governantes; isto independentemente do modo como cada um vive ou não a religião que professa. A outro aspecto que aludes já dei resposta num comentário ao Manuel.
António Cunha Duarte Justo, o que provocou os extremos estejam na moda,foram os partidos tradicionais , esquecerem -se que os seus cidadãos necessitam de habitações para viverem,hospitais etc.O que está acontecer na Europa,principalmente em Portugal com o serviço nacional de saúde é inacreditável. Quanto ao Trump ainda vamos ver os politicos europeus ao dar-lhes os parabéns,e dizer-lhe que a europa continua a estar a lado dos Estados Unidos,repetindo o que falecido Franz Josef Strauss que classifica os americanos como os nossos melhores amigos.Dentro de algumas semanas está tudo normalizado, ou seja a volta à Realpolitik. Um abraço
Manuel Adaes , é realmente uma observação legítima e óbvia o que apresenta. Encontramo-nos hoje numa situação por obra dos partidos da direita e da esquerda que pertenceram ao arco do poder. Por isso se afirma hoje cada vez mais o extremismo quer à esquerda quer à direita e ele surgiu em consequência do actuar dos nossos governantes do arco do poder que cada vez se distanciou dos interesses do povo para se interessar apenas pelas empresas globais consideradas relevantes para o estado e para os interesses dos que governam; o problema é que tanto a esquerda como a direita, isto é todos nós temos apoiado e no momento de assumir responsabilidade recolhemo-nos no foro privado com opiniões dogmáticas e como se tivéssemos a solução para os problemas complexos da sociedade: a arrogância que se encontra em cima é o eco da nossa arrogância e vice-versa: falta empatia e a capacidade de compreender e dar espaço também aos interesses dos outros que também são gente e mesmo que não entrem no goto de cada um de nós; por isso a crise é da responsabilidade de todos nós revelando-se desonesto quem ataca uns ou outros sem examinar as causas e os programas de cada um. Perdemos todos a ocasião de reflectirmos sobre os erros que temos feito e levado outros a subir em vez de os criticar pura e simplesmente sem vermos que somos também cúmplices no que criticarmos com o nosso modo de viver e agir. Abraço