À VARANDA DA VIDA

 

À varanda da vida me sento a mirar,

Sonhos de alma em frágil embrulho,

Papel que envolve o fado a dançar,

Por caminhos onde a poesia faz arrulho.

 

A noite, em rimas, tece o enredo,

Entre prosa e verso me encontro preso

Faísca de amor, sigilo aceso,

Beijos clandestinos clareiam meu segredo.

 

Pelas ruas, em ventos, me vejo levado,

Por ti, Mulher, desejo desenhado…

No vazio já desperto, sou só caminho,

Mas contigo sou a sombra que dá carinho.

 

Sim meu amor, de nome mulher

Em ti sou passo, sombra que almeja,

Morar num sol que o longe despeja

Em mar virgem de tudo sedento.

 

Deixa-me vagar, livre e errante,

Terra e sol em abraço constante,

Sonhar caravelas ao mar entregues,

Em aurora perdida que o sonho segue.

 

Na ilha dos amores, ao luar que dança,

Degustamos estrelas, luzes de esperança,

Sem Adamastor, num céu que avança,

Sulcando o mar que em nós se amança.

 

António CD Justo

In Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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