CHINA E RÚSSIA PREPARAM A DESOCIDENTALIZAÇÃO DO MUNDO

Paradoxalmente a União Europeia implementa o Declínio económico-cultural DA EUROPA

Aquando da visita de Xi Jinping a Vladimir Putin em Moscovo (20-22/03/2023) Xi afirmou que estão previstas “mudanças nunca vistas nos últimos 100 anos”: “desta vez somos nós que as lideramos em conjunto”.

A guerra entre os EUA/OTAN e a Federação russa na Ucrânia apressou o desenvolvimento do agrupamento de países que em 2011 tinha adoptado a sigla BRICS.

BRICS é um poderoso agrupamento das principais economias de mercado emergentes do mundo, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É a agremiação rival do grupo G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá – a Rússia foi expulsa). Os países da BRICS visam promover a paz, a segurança, o desenvolvimento e a cooperação. Mais 16 países pediram formalmente para ingressarem no BRICS: Argel, Argentina, Bahrein, Bangladesh, Indonésia, Irão, Egito, México, Nigéria, Paquistão, Sudão, Síria, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Venezuela e Zimbábue; isto numa alegada acção contra o imperialismo dos Estados Unidos e da Europa. Como contrarreação à formação de uma nova ordem internacional, os políticos europeus (especialmente a Alemanha), desenvolvem, atualmente, grande atividade diplomática para criar laços económicos e políticos mais fortes na África, e na Ásia e os americanos estabelecem parcerias militares na Austrália e no Japão.

Trata-se de preparar a criação de uma nova ordem mundial bipolar: um polo em torno dos EUA e outro em torno da China (de um lado o núcleo capitalista e do outro o núcleo socialista).

O BRICS com 31,5% do PIB global já ultrapassou o G7 no PIB global com 30% (1). O BRICS pretende alcançar 50% do PIB global até 2030. Colaboram em questões de interesse mútuo, como, economia, segurança nacional e saúde pública. Os países do BRICS têm ainda reduzido volume a nível de tráficos económicos mútuos, sendo o seu comércio com os EUA e a UE 6,5 vezes maior. O comércio bilateral entre a China e a Coreia do Sul é quase tão grande como entre os países do BRICS.

Já têm o NBC (Novo Banco para o desenvolvimento) chefiado por Dilma Rousself. Numa estratégia de ‘não dependerem do dólar ou do euro’, estão a trabalhar na sua própria moeda. Trata-se de um desafio ao domínio do dólar. Se uma nova moeda do BRICS se estabilizasse em relação ao dólar, isso enfraqueceria o poder das sanções dos EUA e teria como consequência uma queda no valor do dólar. O grupo BRICS tem grandes disparidades regionais, desigualdades crescentes, desemprego substancial e níveis significativos de pobreza.

Os 8 países economicamente mais fortes do mundo em 2021 eram: (1) EUA, (2) China, (3) Japão, (4) Alemanha, (5) Grã-Bretanha, (6) Índia, (7) França, (8) Itália (nota 2).

Paradoxalmente, a Europa, devido à política globalista adoptada e no seguimento do socialismo cultural materialista, implementa o seu declínio também a nível cultural, ao apostar na hegemonia americana, na proletarização social e no controlo das mentes.

O conflito entre os EUA/OTAN e a Federação Russa será inteligentemente aproveitado pela China para fortalecer o seu poderio à custa dos dois blocos em guerra. A Europa ao seguir a política americana de destruir o poder da federação russa cria uma grande hipoteca em relação ao futuro europeu dado a Rússia ser geográfica e culturalmente parte de um mesmo bloco.

É doloroso encontramo-nos numa época de luta de imperialismos mais ferozes que nunca!

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) Países por producto interno bruto (PIB): https://es.wikipedia.org/wiki/Anexo:Pa%C3%ADses_por_PIB_(nominal)

(2) Fonte: https://crp-infotec.de/globaler-vergleich-staaten-der-welt/

 

Social:
Pin Share

Social:

Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

9 comentários em “CHINA E RÚSSIA PREPARAM A DESOCIDENTALIZAÇÃO DO MUNDO”

  1. Pelo texto, já dá para entender por que o Brasil foi convidado para a reunião do G7 que ocorrer no Japão e por que Zelensky vai estar no Japão e quer uma reunião exclusiva com o presidente Lula.

  2. Nelson Luis Carvalho Fernandes , sim e Zelensky está desesperado porque sabe que que a moral russa e do exército russo não é tão fraca como os nossos políticos e os nossos media quererem fazer crer e além de tudo o mais o maior problema para os americanos é a China! Tanto na Cimeira árabe como na do G7 tem havido encontros não esperados e indica um perder de terreno para o grupo G7.

  3. A luta dentre os grandes quase sempre deixa os pequenos mais descansados e a ver passar o avião. Esperemos que não nos caia em cima.

  4. Conclusão a Europa teimosamente ainda quer apostar na guerra e fazer com que os seus cidadãos paguem a conta da mesma com elevação de juros de dividas e ainda quer apostar na hegemonia europeia/americana e na construção de dois blocos aos estilo da extinta guerra fria. Não é de admirar que a democracia esteja em crise, com essa teimosia os extremistas esfregão as mãos de contentamento. Gostava que o amigo visse este reportagem: http://noticias.uol.com.br/…/no-g7-lula-expoe-fracassos…
    Jamil Chade – No G7, Lula expõe fracasso de potências e propõe novo sistema internacional
    NOTICIAS.UOL.COM.BR
    Jamil Chade – No G7, Lula expõe fracasso de potências e propõe novo sistema internacional
    Jamil Chade – No G7, Lula expõe fracasso de potências e propõe novo sistema internacional

  5. A União Europeia está de boa saúde e recomenda-se, alguns dos países que mais crescem no mundo estão na UE, Lituânia, Letónia, Estónia e Irlanda.
    Os maiores exportadores também na União Europeia, os BRICs não são sequer uma organização, mas pelo contrário apenas um grupo de países pobres que pontualmente se reúnem para discutir interesses comuns.
    O que se constata é um fluxo migratório dos BRICs para os países da União Europeia, onde encontram abrigo seguro.
    Já agora, a guerra não é entre EUA/NATO e Rússia – não mintamos – mas entre Ucrânia e Rússia.

  6. José Luís Caldeira Fernandes , o que refere quanto à comparação económica também o pode ver referido no meu artigo. Quanto à Guerra preparada pela Rússia e pelos EUA/NATO na Ucrânia, o conflito foi preparado especialmente a partir de 2007 e a guerra começada em 2014. Se não houvesse desinformação da parte da Rússia, da União Europeia nem dos Estados Unidos, o povo deixaria de ser transformado em “soldado” de um batalhão ou do outro!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *