TERREMOTO NA SÍRIA E TURQUIA – A DOR NÃO TEM FRONTEIRAS!

Sociedade civil nas Sombras da Sociedade política

O terremoto de escala 7,8 de 6 de fevereiro na região da fronteira turco-síria, destruiu   só na parte turca mais de 1.700 edifícios. Até agora contaram-se mais de 20.000 mortos e mais de 66.000 pessoas ficaram feridas; na Turquia até agora registaram-se 17.134 mortos e na Síria 3.317 mortos.  A Turquia e a Síria solicitaram ajuda internacional. O secretário-geral da ONU, Guterres, pediu a abertura de mais passagens de fronteira para a Síria e que a ajuda humanitária não devia ser politizada. Até agora só um comboio da ONU com suprimentos de ajuda chegou à Síria pela primeira vez desde o terremoto. A Sociedade Internacional de Direitos Humanos (ISHR) pede a suspensão imediata das sanções contra a Síria! De facto, o pensamento de todos nós deve estar nas vítimas, a dor não tem fronteiras e a compaixão também não!

A terra tremeu na Turquia e na Síria espalhando a desgraça entre as populações, mas, se tivermos em conta a imediata ajuda internacional, a terra não tremeu de maneira igual nos dois países!

A ajuda internacional para a Turquia começou logo em grande escala, e os curdos no norte da Síria foram quase inteiramente abandonados à própria sorte. Também numa catástrofe natural é chocante constatar como as atitudes políticas dos governantes influenciam as mentalidades das populações!  Embora as duas regiões tenham sido atingidas, a Europa usa dois pesos e duas medidas na ajuda às vítimas da catástrofe. O trágico é que a sociedade civil aceite a maneira hipócrita do agir dos governantes.  Fraco é o humanismo e o sistema democrático onde a benevolência só chega até aos limites do próprio campo.

Aparentemente, a condição das vítimas depende apenas do ponto de vista da consideração dos interesses! A dor do adversário corre perigo de se tornar pomada de alívio para a própria dor.

A Agência americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) prometeu ajuda no valor de 85 milhões de dólares para a Turquia e a Síria. O Banco Mundial prometeu uma ajuda de cerca de 1,66 mil milhões de euros) à Turquia, prevendo uma ajuda imediata de 780 milhões de dólares a partir de dois projectos existentes na Turquia.

Apesar do terremoto, o presidente turco continua a bombardear a região curda, como vem fazendo há anos sem que internacionalmente se proteste. A Turquia e os EUA são contra o governo da Síria; a Rússia e o Irão são a favor. A organização curda YPG é parceira dos EUA contra o EI na Síria.  Escandalosamente a guerra continua e aqui, na opinião pública, não se menciona a desconformidade com o direito internacional. Confirma-se a hipocrisia da política que ignora a guerra que a Turquia, membro da OTAN, está travando contra os curdos fora do país e por outro lado imiscuindo-se com armas no conflito da Ucrânia.  Tem-se a impressão que relativamente à região curda não há grito contra a desumanidade do agressor e faltam as lágrimas de piedade pelas vítimas.

Urge uma política sensata e humana, só que falta recrutar homens/mulheres preparados para tal.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

5 comentários em “TERREMOTO NA SÍRIA E TURQUIA – A DOR NÃO TEM FRONTEIRAS!”

  1. De facto …quanta hipocrisia política…
    As pessoas nunca têm as mesmas oportunidades…
    Até, ao nascerem em determinado país, determina se serão salvos ou não…
    Que vergonha…

  2. Maria Carolina Almeida , a maldade é intrínseca ao sistema e hoje tornou-se descarada porque sabe bem como levar as populações a que falta a consciência civil!Erdogan com a sua Turquia, membro da OTAN, está também a bombardear áreas curdas na Síria contra o direito internacional e ninguém se importa! Com tal padrão duplo, seria hora de os cidadãos acordarem e não aceitarem como boas ovelhas tudo o que que vem de cima e é transmitido no púlpito das notícias e Telejornais! Uma sociedade só pode crescer em todo o sentido da palavra quando o povo passar a ver para além dos títulos dos jornais!

  3. O texto de António Justo põe em relevo o comportamento imoral, por parcialidade criminosa, de instâncias que deveriam ser responsáveis e que socorrem uns com prontidão negligenciando outros, embora todos vítimas das mesmas terríveis desgraças. Um cinismo que destrói toda a ética, uma compaixão selectiva que nega o verdadeiro humanitarismo e a política como exercício de gangsterismo bélico.

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