O REINO UNIDO NÃO TEM DE PERTENCER À UNIÃO EUROPEIA

Em Jogo a Ideia de grande Nação e Império

António Justo

A situação

No Reino Unido os nacionalistas pretendem um Brexit desordenado, porque se prometem preservar a soberania nacional e vantagens económicas. Os moderados querem um divórcio regulado, mas sem que o Reino Unido e a Irlanda do Norte fiquem permanentemente dependentes da União Aduaneira com a EU. Por seu lado a EU espera que se realize um segundo referendo. A Irlanda tem medo de perder a vantagem da sua economia e da segurança da ilha e, por isso, insiste numa fronteira aberta com a Irlanda do Norte. A possibilidade de guerra (atentados, a nova IRA) na Irlanda do Norte revela-se como um trunfo para a EU.

O conflito da Irlanda do Norte (província do RU) só poderá ser resolvido com a permanência do RU na EU ou com a criação de uma União Aduaneira entre EU e RU.

Razões de Estado por parte do RU

Na crise entre a União Europeia e o Reino Unido há que considerar não só razões de Estado inglês, como também a consciência nacional dos bretões. A ideia de império continua na Commonwealth que economicamente pode contar com 53 países. Os ingeses têm conseguido estar presente no mundo sem sair do Reino Unido! Privilegiam o intercâmbio com países do Commonwealth.

Para se perceber um pouco da tanta hesitação e medo por parte do RU em delegar competências nacionais a Bruxelas, seria bom ter-se em conta o que Winston Churchill escreveu em 1950: “O Reino Unido pertence à Europa, mas não faz parte dela”.

Um outro aspecto tem a ver com a unificação da Alemanha e com a criação da zona Euro. Margret Thacher opôs-se totalmente à reunificação da Alemanha, mas teve de aceitar a vontade do Presidente dos EUA, Georg H. W. Bush. O Presidente francês Mitterrand temia que a reunificação da Alemanha perturbasse o processo de unidade europeia e, queria em contrapartida o euro como um mínimo de segurança em relação ao poder acrescentado do vizinho, com o que  o chanceler Kohl concordou, embora considerasse o euro como economicamente negativo para a Alemanha; por outro lado o RU manteve a sua independência em relação à moeda mas sentia-se incomodado com a ingerência política de Bruxelas em relação à imigração e à assistência social à mesma.  (Estes aspectos podem ter-se em conta, para melhor compreender o pacto de amizade agora realizado entre a França e a Alemanha!)

O RU é uma nação grande e orgulhosa e, por isso, quer sair da EU, para não se sentir vassala de Bruxelas. Por outro lado, uma Alemanha amarrada à EU não tem outra hipótese senão expandir-se, expandindo a Europa; talvez isto leve os Bretões a realizar um novo referendo.

No meio de tanta crise na EU torna-se incompreensível que os tecnocratas de Bruxelas não pensem numa europa das nações com certos sectores (militares e de política externa) comuns; ou, em vez de lutar contra a maré popular, fazer algo mais em defesa da cultura e do povo e deste modo estabelecer algum compromisso entre regentes e governados; não é lógico que se estabeleçam compromissos só entre os altos parceiros da governação, nem que lóbis e ONGs se aproveitem da EU para desestabilizar a cultura e os Estados europeus.

No caso do Brexit se realizar, principalmente empresas com negócios no RU e na EU já pensam em reorganizar-se para não sofrerem o desgaste da meda Libra em relação ao Euro. Para alguns proprietários de empresas (e não só) que fiquem no Reino Unido talvez não seja má ideia de adquirirem a nacionalidade britânica.

A título de curiosidade: O RU, foi um império que Portugal ajudou substancialmente a crescer através  do dote que a princesa Catarina de Bragança levou para se casar com Carlos II; naturalmente Portugal, com a politica de casamento, assegurava o apoio do velho aliado contra as aspirações filipinas na guerra da restauração. A Inglaterra recebeu, como dote do casamento, a praça de Tânger, na África, e o porto da Ilha de Bombaim, na Índia, além de imensas joias e tesouros.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

 

Social:
Pin Share

Social:

Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

24 comentários em “O REINO UNIDO NÃO TEM DE PERTENCER À UNIÃO EUROPEIA”

  1. Globalmente de acordo consigo, meu caro António Cunha Duarte Justo todavia alguns pontos necessitariam de ser mais aprofundados. A Inglaterra não quer ser vassala de Bruxelas, mas prefere prestar tributo a Washington? Em termos de psicologia colectiva, o RU nunca se sentiu confortável na Europa, mas como uma mera potência média e não mais do que isso sente-se melhor onde exactamente? Nas relações com países terceiros, Singapura, por exemplo, prefere celebrar, como celebrou há dias, um acordo com uma comunidade que integra 27 países e quase 500 milhões consumidores ou com um único país e 65 milhões? Londres não queria a livre circulação, mas permitiu a entrada de cidadãos da Commonwealth que, hoje, dominam muitas cidades e povoações da Inglaterra, ou seja e simplificando: preferiu paquistaneses a polacos? Discriminação ao contrário? Será que estas questões não entram pelos olhos dentro.
    Francisco H. Da Silva

  2. Muito obrigado, caro embaixador pela abordagem que fez e que é muito informadora e oportuna. Quanto ao problema da imigração de confissão muçulmana vamos tê-lo ainda mais vinculado mais tarde na EU. Os países fortes importam indiscriminadamente pessoas por razões económicas e para rejuvenecer a própria sociedade, quando estimulam esta a não ter filhos. Preocupante é ver-se a pressão como nações como a Alemanha e a França fazem sobre os outros membros da EU para que aceitem mais imigrantes da África, para que as dificuldades sociais e culturais sejam distribuídos por todos.Em nome da legislação da EU e da política fomentadora do “politicamente correcto” pretendem, a longo prazo, desestabilizar a sociedade até a conduzir ao caos, aquele ponto que vem depois dar razão à implementação de um socialismo radical. Não compreendo que uma Espanha e Portugal se comprometa a receber mais pessoas do Brasil e de Angola e restringir a entrada de árabes até que eles consigam criar um islão europeu compatível com a Europa.

  3. Obrigada por partilhar a sua analise. Nao creio que a a EU espere que se realize um segundo referendo.
    Sandra Guerreiro
    FB

  4. Inteiramente de acordo. Temos aqui muitos temas para desenvolver e debater em futuros “posts”.
    Francisco H. Da Silva

  5. Apenas algumas observações, os ingleses controlam a libra, não será o brexit que aumentará ou não a margem de manobra do Banco Central Britânico, pois o RUI não se encontra na zona euro. A NI é um estado e não uma província, se reparar até têm um a equipa de football para as competições europeias e mundiais, coisa que uma província não tem. A questão da fronteira entende com a estabilidade da ilha, Irlanda pertence à commonwealth para além da UE, logo minimiza o impacto do brexit. O euro não foi um mau menor que o Kohl teve que aceitar pois se virmos os 20 anos do euro vemos que a Alemanha como maior economia teve uma grande influência no seu valor tendo várias vezes sido apelidado como o novo marco ou euro alemão, basta comparar a política económica do marco e do euro par encontrar uma correlação forte. Finalmente, o RU está fora do espaço Schengen logo controla a suas fronteiras, imigração bem como a parte dos benefícios de forma independente da UE.
    Andre Castro
    FB

  6. Obrigado pela sua achega! Espera-se que o centro financeiro de Londres deverá perder 12 000 postos de trabalho devido ao Brexit. Com isto ganhará a “Frankfurt Main Finance” que até 2021 prevê a criação de 10 000 novos postos de trabalho no sector financeiro. Londres é realmente o maior centro financeiro e bancário do mundo, com cerca de 400.000 funcionários e tem cerca de 500 bancos estrangeiros. Londres é o maior centro comercial de divisas (30% do mercado mundial) e o terceiro maior centro comercial de acções, depois de Nova Iorque e Tóquio.
    Quanto ao Euro, facto é que não foi querido pelos alemães e Kohl considerando embora uma perda para a Alemanha a renúncia ao Marco aceitou-o. Quanto à política de imigração o RU resistiu sempre a aceitar o que Bruxelas queria impor para todos os membros.

  7. Já os Alemães sempre foram Autores de duas Guerras Mundiais e uma Europeia para se apoderarem do Mundo… A Primeira Guerra Mundial por armas, que não conseguiram. A Segunda Guerra Mundial por armas que também não conseguiram. Agora a Terceira Guerra Europeia Económica debaixo de Corrupção e perda de Independência para os Europeus. A Inglaterra se é Pirata que chamar à Alemanha? Tivesse o Português tomates e nunca deixaria Mário Soares deitar o País aos porcos que são os Alemães
    Rosalindo Moita
    FB

  8. É uma análise interessante nalguns aspectos, embora me pareça, desculpe-me a frontalidade, que no essencial dispara ao lado. As dificuldades na negociação do Brexit deriva da chantagem que a UE está a fazer, entre outras razões, para desencorajar outros movimentos soberanistas. Em rigor, esta posição da UE é apenas mais um sinal de que não estamos perante um projecto democrático e respeitador da vontade dos povos. É um sinal muito claro e assustador do que nos espera se não for colocado um travão muito forte na loucura federalista europeia.
    João Hermenegildo
    FB

  9. João Hermenegildo ui Olha que também fizeste uma grande análise, quem quis o brexit fugiu com o rabo entre as pernas e deixou a batata quente na mão dos outros. Eles sabiam muito bem que para sair existem regras portanto, tem que as cumprir.
    Jose Augusto Brito Pereira
    FB

  10. José A. B. Pereira, já reparou que as regras da UE são constantemente alteradas? Com o rabo entre as pernas estão os que temem a chantagem.
    João Hermenegildo
    FB

  11. João Hermenegildo fala como se os Ingleses fossem um exemplo, não sei porque é que já estão arrependidos de terem votado para sair.
    Jose Augusto Brito Pereira

  12. João Hermenegildo fico admirado não ter dito que foi ideia da UE em fazer o referendo, chantagem a que nível? Não compreendo o RU tem opções para sair ou não é só escolher o que torna o uso da palavra chantagem algo esquisito neste caso.
    Andre Castro

  13. Se são exemplo ou não isso é subjectivo. O facto de que as televisões, as rádios e os jornais nos martelam constantemente a ideia de que eles estão arrependidos não significa que estejam de facto arrependidos. Significa apenas e só que nos querem convencer de que eles estão arrependidos. Em 1992 os franceses e os holandeses votaram contra, hoje provavelmente voltariam a votar contra e, passados estes anos todos, não parece haja lugar a segundo referendo.
    Andre Castro, a que propósito é que seria suposto eu dizer que foi ideia da UE? Quanto à chantagem, é evidente que isso obriga a conhecer minimamente o processo das negociações em curso.
    João Hermenegildo

  14. João Hermenegildo Isso da chantagem e daquilo que diz que nos querem vender, é de quem não tem argumentos para mais nada! quando começar a fazer falta os subsidios da CEE, eu quero ver.
    Jose Augusto Brito Pereira

  15. Os subsídio não me fazem falta nenhuma e aos ingleses também não. Informe-se e verá quem é que paga a quem.
    João Hermenegildo

  16. João Hermenegildo Não é o que dizem os agricultores britanicos! Mais, se não fossem os subsidios os agricultores não subreviviam!
    Jose Augusto Brito Pereira

  17. Falou em chantagem da UE. Só pode ser para rir. RU têm a faca e o queijo na mão, tem várias opções na mesa e o fará quando quiser. Daí ser falso essa dita chantagem. Devia-se informar melhor.
    Andre Castro

  18. O RU vai sair quando quiser e se quiser sai sem ou com o acordo que tem na mesa. Isso é chantagem? Esquesito e só posso estranhar a sua posição neste ponto.
    Andre Castro

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *