IDEIAS – FACTOS – REFLEXÕES

Punhos cerrados, Pobreza na Alemanha, Real Madrid e a Cruz, Aloquetes do Amor, Rotação, Democracia, A quem serve o sistema

António Justo

A ROTAÇÃO DO ENGANO PARCIAL NO TEMPO TOTAL

O governar, mais que ao andar, assemelha-se ao marchar: “esquerda”- “direita”… à direita rodar…

Imagine-se o que seria do andar se pretendesse marchar só com a direita ou só com a esquerda. A resposta seria fácil de imaginar.

Talvez, por estas e por outras, dizia Abraham Lincoln: “Pode-se enganar uma parte do povo, e todo o povo por algum tempo. Mas não se pode enganar todo o povo o tempo todo.”

Moral da história: entrem todos nos partidos para que não se cansem tanto a gritar e sintam mais a satisfação do marchar; aqueles que pensam que só a esquerda ou a direita caminha perguntem-se a razão de terem dois pés. Quando a caminhada é íngreme não seria mal uma coligação amistosa dos dois!

DEMOCRACIA DO POVO OU DITADURA DO MERCADO?

Segundo uma investigação, levada a efeito na Alemanha pelo instituto infratest dimap, 60% dos alemães são da opinião que não há uma verdadeira democracia devido à influência da economia na política, devido ao facto de a economia ter mais influência no Governo do que o cidadão eleitor.
Por estas e por outras, a União Europeia encontra-se com dores de parto na Grécia e noutros países da zona euro.

Um aspecto positivo e calmante das eleições gregas está no facto de se verificar, que em casos extremos, o povo pode provocar, por momentos, um susto no sector da economia e da política, de modo a torná-la mais reflectida e moderada. Isto se a cultura mercantilista e utilitarista não conseguir entretanto lavar o cérebro a todos os cidadãos.

Tudo isto não facilita a decisão do cidadão: ter a possibilidade de escolha entre a cólera e a peste.
Só uma ruptura com hábitos e ideologias conseguirá superar a situação para se entrar numa mudança já não de alternativa mas de inclusão; encarar, de frente, o bem e o mal que se encontra no próprio sistema e em sistemas alternativos e elaborar uma nova prática social. Sem sofrimento não há evolução, ele é a outra parte da felicidade… Assim haveria a possibilidade de superar o dilema. Naturalmente, isto faz parte do sonho, mas sem ele a humanidade não sorriria.

A possibilidade de escolha consciente encontra-se só na capacidade da sociedade para se mudar e regenerar a si mesma; não a nível de instituições ou posições políticas mas num processo social e intelectual que as surpreende sempre e de novo, porque encerradas numa visão partidária em estratégia de afirmação polarizante perante o outro e perante o povo. Por isso será imensamente necessário estar-se atento às críticas e advertências de pessoas não totalmente integradas num sistema. Na dúvida e por outro lado na esperança se encontra a mistura do combustível que provoca o desenvolvimento. Partidos e políticos encontram-se atrás do desenvolvimento, discutem ainda os problemas e suas soluções na própria perspectiva; numa perspectiva que só vê o que procuram (em determinada perspectiva de determinados corifeus da economia e do saber).

Por isso o espírito democrático se encontra em erosão. A luta seria de realizar-se a nível de conceitos económicos e sociais equacionados em programas concretos e não numa luta por interesses coloridos, que evita apresentar o âmago do que se trata em política e economia. Um outro critério do agir político deveria prever até que ponto os programas deixam ressaltar e fomentar democracia e em que medida o progresso serve o Homem e a democracia. Concretizando: é urgente passar da discussão ideológica para a discussão cultural e económica. É verdade que povo quer festinhas e quem se ocupa de temas sérios não tem grande chance, isto sabem-no bem os políticos e por isso actuam, muitas vezes oportunisticamente e orientam a discussão para temas de discurso controversos mas inofensivos para entreter jornalistas e com eles a massa. As rupturas imprescindíveis e sucessivas a nível sociológico possibilitam o desenvolvimento porque resultam do desenvolvimento da consciência popular e não de interesses institucionais (os lucros). Quanto às possíveis roturas eleitorais pouca evolução permitem porque quando um governo dá um passo em frente à esquerda e um passo atrás à direita o outro dá um passo afrente à direita e outro atrás à esquerda. Assim a política, em vez de ser organizada em termos de conceito integral é-o em termos de pegadas, de modo a nunca satisfazer todo o povo racional. Entretanto, oque aconteceu na Grécia significa uma mais valia para a democracia (apesar da discussão de perspectiva partidária), demonstrando que, afinal de contas, o povo, quando acorda, é quem ordena. Já vimos isso em Portugal! A realidade porém ensina que o povo só ordena nas pausas da História. Depois surge o governo e interesses cruzados que ordenam o rebanho na sua direcção…

PUNHOS CERRADOS

Nestes tempos tristes de políticas e comentários azedos que se encontram por todo o lado na opinião pública e em especial em relação ao governo grego e ao governo alemão com a correspondente demonização injusta de pessoas, gostaria de deixar esta frase de Indira Gandhi: “Não podemos apertar as mãos se temos os punhos cerrados”!

A QUEM SERVE O SISTEMA?

A vida não tem emenda mas serve toda a gente. Uns vivem de palavras, outros do dinheiro e ainda outros do trabalho mal pago ou do maldizer.

Os gerentes de bancos e similares têm vencimentos e privilégios tao elevados, que perdem a capacidade de distinguir entre honestidade e corrupção (exemplo Victor Constâncio vice-presidente do BCE teve um vencimento de 325 mil euros em 2014, não contando com as ajudas de custo, subsídios e abonos); também consta que a presidência da república portuguesa é mais cara que monarquias (não só por ter de continuar a manter muitos presidentes da república com privilégios injustificáveis num sistema transparente)! Uma coisa que desde o 25 de Abril me questiono: porque é que os partidos que se dizem do lado do povo, quando ocupam lugares de posição não dão testemunho de fidelidade à ideologia renunciando consequentemente a ordenados altíssimos que os desautorizam porque colocados ao lado dos capitalistas que criticaram (pior ainda, os lugares que ocupam devem-nos por vezes à crítica que fizeram aos que viviam demasiado bem à custa do povo).
Naturalmente! O cidadão, se tiver vergonha, não diz nada porque foi ele quem os lá colocou e, para ajudar a lógica, em grande parte em nome do socialismo que com palavras pretende defender o povo e com obras e regalias faz tudo por não ser povo e acompanhar os grandes.

Quanto à Grécia como à Troika são casos perdidos devido à corrupção em que navegam e aos interesses que têm servido! Se a Grécia vivesse de palavras não teria pobres! Bastava-lhe aquecer-se ao calor das declarações do seu governo e ao crédito das palavras de seus apoiantes no estrangeiro! Gatunos e rapinados formamos, todos juntos, o sistema que nos serve e escraviza. Tudo anda consolado, uns com o dinheiro, outros com o trabalho e ainda outros com a crítica que fazem. Afinal não há razão para revoluções porque delas só se aproveitam alguns e, na realidade, todos somos ricos quando não de dinheiro pelo menos das razões que temos! Resta a pobreza de espírito! A Europa mais pobre precisa de um Marsahl Plan e a sociedade uma nova mentalidade.

ALOQUETES DO AMOR

A respeito do dia dos namorados (14 de Fevereiro)! Neste dia, em muitos países, os namorados e apaixonados querem perpetuar-se e para tal costumam colocar “aloquetes (cadeados) de amor” nas grades das pontes. Esta prática romântica traz os seus inconvenientes! Só em Paris encontram-se 700.000 aloquetes dependurados enquanto as chaves se encontram lançadas no seio do rio Sena.

700.000 aloquetes dão muitas toneladas de metal e constituem uma atracção também para ladrões do metal. Em Paris, como em tudo, há gente a favor e gente contra os cadeados. Moscovo encontrou uma solução para não estragar as grades das pontes: mandou fazer árvores de metal onde os namorados podem colocar os seus aloquetes de amor.

Quanto a mim não tenho nada contra os aloquetes de amor, o que me preocupa é não encontrar remédio contra a ferrugem!

OPINIÃO

Victor Hugo dizia:”Quem não é senhor do próprio pensamento, não é senhor das próprias acções.”

Jeanne Roland afirmava: “O fraco treme diante da opinião pública, o louco afronta-a, o sábio julga-a, o homem hábil dirige-a”.

Eu diria: “A opinião é livre se regada pelos sentimentos mas só o sol do pensamento a fará crescer. Reconheço opiniões boas mas não faltam as melhores. Ao definir só alargo a cerca do meu jardim.” in Poesia António Justo, http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx

O REAL MADRID TIROU A CRUZ DO SEU SÍGNO

Devido a um contrato com o Banco Nacional de Abu Dhabi, o Real Madrid tirou a cruz do seu símbolo para não ofender os muçulmanos! Por este andar o Deus dinheiro e Alá serão os que permanecerão e o medo será a diretriz do agir.

O processo da descristianização encontra-se em pleno progresso através de interesses ideológicos, estratégias de mercado e justificação de um mundo lobo. Bruxelas tem os seus interesses e a influência árabe é usada com alibi para se tomarem medidas contra tradições cristãs. Nestas coisas não se emprega a lei da reciprocidade. A civilização ocidental, fruto da amálgama de judaísmo, filosofia grega, administração romana e ética cristã, encontra-se num processo de autoagressão ao atacar o Cristianismo que lhe dava coesão. A UE por consideração com os muçulmanos e os ateus não quer cruzes nas escolas. Em Portugal a esquerda baniu-as das escolas por decreto.

Na Alemanha isso torna-se mais uma questão de direito dos pais decidirem em cada escola. Em Portugal, os movimentos anticatolicismo, activos desde as invasões francesas, encostaram-se ao Estado tendo nele grande influência, continuando o povo a ser mantido à margem, e dependente do que os grandes decidem. Por isso bastou uma ordem ministerial para impor uma medida sem ser discutida pelo povo.

POBREZA DE GENTE COM TRABALHO NA ALEMANHA

Na Alemanha, segundo as estatísticas, relativas a 2013, há 3,1 milhões de empregados com um ordenado abaixo do limiar da pobreza. Os 3,1 milhões tinham um ordenado mensal inferior a 979 €. Isto significa uma subida de 25% em relação a 2008.

O projecto da UE encontra-se em crise porque tem favorecido em demasia os capitalistas à custa da generalidade popular. Infelizmente a UE é, como o mundo, um carrocel que viaja em diferentes tempos e diferentes velocidades, causando enleamentos e choques. E o problema também vem do facto de quem arrecada ou ganha mais não parecer predisposto a diminuir os seus ingressos!
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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