AGRADECIMENTO À MULHER EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES

Mulher-Aurora-Mar

Mulher, que fazes metade da humanidade

e criaste a outra meia com teu ventre de luz,

que em todos os dias do ano sejas celebrada,

não só hoje, mas em cada instante que a vida cruza.

Que a felicidade te envolva como um manto,

e em cada amanhecer, renasça teu canto.

 

És como a água, frescor que nutre e acalma,

onde a vida nada e se alimenta de tua alma.

És a aurora que desperta a natureza inteira,

o sol que aquece, a brisa que se espera.

Dignidade de mulher, filha, menina, companheira,

és amante que dá cor à vida, inteira e verdadeira.

 

Como Maria, símbolo da mulher total,

és Terra e Céu, és casa e jardim, és mar imortal.

És a Casa Grande que permanece, firme e serena,

quando os destroços do mundo se vão na cena.

Celebramos atua força, tua fé, tua ternura,

és a luz da casa, a atração que perdura.

 

Mulher completa, que não te deixas reduzir,

és múltipla, infinita, sabes sempre fluir.

Em ti continua a gratidão, o carinho, o abraço,

és o vento que move o navio, o poema no espaço.

Tua beleza floresce como a terra em primavera,

ganhas asas na flora que te cobre e te espera.

 

És mar, és navio que a poesia do vento conduz,

e em ti o mundo navega, em ti o amor reluz.

Em ti a vida namora, as paixões são borboletas,

dançando em volta de teus sonhos, leves e inquietas.

És guardiã da espiritualidade num mundo de matéria dura,

és joia que a vida lustra, és nua, sempre pura.

 

Feliz Dia da Mulher, mãe, filha, menina de encantar,

que em ti, como terra e semente, sabes germinar.

Albergas a vida, revelas o mundo em teu ser,

és o começo, o meio, o fim, o eterno renascer.

Mulher, és tudo: és casa, jardim, mar e céu,

és o abraço que resta quando o mundo é só véu.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

MENSAGEM QUARESMAL DE DONALD TRUMP E MELANIE TRUMP

O presidente Donald Trump e a primeira-dama Melania Trump enviaram uma mensagem aos católicos e cristãos por ocasião da Quarta-feira de Cinzas e do início da Quaresma, destacando a importância desse período de oração, jejum e caridade para fortalecer a fé.

A Mensagem conjunta divulgada em 5 de março no site da Casa Branca, começa assim:

“Nesta Quarta-feira de Cinzas, unimo-nos em oração com os milhões de católicos americanos e outros cristãos que iniciam a sagrada temporada da Quaresma – um tempo de antecipação espiritual da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”.

Outras citações: “durante a temporada da Quaresma, os cristãos passam 40 dias e 40 noites em oração, jejum e caridade para aprofundar nossa fé e fortalecer nossa crença no Evangelho” … “os seguidores de Cristo usam cruzes de cinzas em suas testas – um lembrete sagrado de nossa mortalidade e de nossa necessidade contínua da infinita misericórdia e do amor redentor de Cristo”… “Enquanto contemplamos solenemente o sofrimento e a morte de Jesus Cristo na cruz nesta Quaresma, preparemos nossas almas para a glória vindoura do milagre da Páscoa.”

Foi também celebrada uma missa católica para os funcionários da Casa Branca em observância à Quarta-feira de Cinzas, relatou a Catholic News Agency (CNA).  “Funcionários que observam a data são bem-vindos a participar”,

A mensagem quaresmal concluiu assim: “Oferecemos nossos melhores votos para uma temporada quaresmal de oração e enriquecimento espiritual. Que Deus Todo-Poderoso abençoe a todos e que Ele continue a abençoar os Estados Unidos da América.”

A relação entre a administração Trump e o papado de Francisco, que já concordaram e discordaram em questões como imigração e aborto, permanece em suspenso devido à hospitalização do Papa.

O artigo completo encontra-se em The Catholic Herald em 7 de março de 2025 e a sua tradução  (1) para português em

Pegadas do Tempo:

(1) “Nesta Quarta-feira de Cinzas, nos unimos em oração com os milhões de católicos americanos e outros cristãos que iniciam a sagrada temporada da Quaresma – um tempo de antecipação espiritual da paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”, afirmou a mensagem conjunta divulgada em 5 de março no site da Casa Branca.

A declaração descreveu como “durante a temporada da Quaresma, os cristãos passam 40 dias e 40 noites em oração, jejum e caridade para aprofundar nossa fé e fortalecer nossa crença no Evangelho”.

Em seguida, explicou como na Quarta-feira de Cinzas “os seguidores de Cristo usam cruzes de cinzas em suas testas – um lembrete sagrado de nossa mortalidade e de nossa necessidade contínua da infinita misericórdia e do amor redentor de Cristo”.

A mensagem continuou: “Enquanto contemplamos solenemente o sofrimento e a morte de Jesus Cristo na cruz nesta Quaresma, preparemos nossas almas para a glória vindoura do milagre da Páscoa.”

Uma missa católica também foi celebrada para os funcionários da Casa Branca em observância à Quarta-feira de Cinzas, relatou a Catholic News Agency (CNA).

Um e-mail do Escritório de Gestão da Casa Branca informou aos funcionários que a missa ocorreria na Sala do Tratado Indiano, localizada no Edifício Eisenhower Executive Office, adjacente à Casa Branca, às 8h30 do dia 5 de março. “Funcionários que observam a data são bem-vindos a participar”, afirmou o e-mail.

A primeira-dama Melania Trump, que cresceu na Eslovênia quando ela fazia parte da Iugoslávia, no leste europeu, é relatada como uma católica praticante. Durante uma visita em 2017 com seu marido para encontrar o Papa Francisco, ela seguiu o protocolo do Vaticano usando um véu durante sua visita ao Vaticano.

Durante a campanha de reeleição de Donald Trump em 2024, ele buscou energicamente o voto católico nos EUA, o que pode muito bem ter dado a ele a vantagem em sua vitória final.

Antes de o Papa Francisco ser hospitalizado em 14 de fevereiro, houve muita discussão sobre como a nova administração Trump e o papado de Francisco poderiam entrar em conflito, cooperar ou ambos, dado seu histórico de discordância e concordância em várias políticas, como imigração, ideologia transgênero e aborto.

Embora a hospitalização contínua do Papa signifique que tais questões permanecem em espera, por enquanto pode-se dizer que este ano viu tanto um papa quanto um presidente dos EUA emitirem mensagens quaresmais – uma combinação que está longe de ser garantida na era secular da política moderna.

A mensagem quaresmal do presidente e da primeira-dama dos EUA concluiu: “Oferecemos nossos melhores votos para uma temporada quaresmal de oração e enriquecimento espiritual. Que Deus Todo-Poderoso abençoe a todos e que Ele continue a abençoar os Estados Unidos da América.”

RELACIONADO: Mensagem do Papa Francisco para ‘nossa jornada quaresmal’ divulgada

Foto: O presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama Melania Trump visitam o Santuário Nacional de São João Paulo II para depositar uma coroa de flores e observar um momento de recordação sob a estátua de São João Paulo II em Washington, DC, em 2 de junho de 2020. (Foto de BRENDAN SMIALOWSKI/AFP via Getty Images.)

QUARESMA

“Na Quaresma dá-se a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal. Neste tempo da paixão, os cristãos sofrem com Cristo as dores da humanidade e do mundo (tempo da compaixão); daí o seu recurso mais intensivo ao exercício da caridade (sintonia e solidariedade) e da oração. O Papa Francisco sugere 15 actos (1) nesse sentido.”
Mais em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=4668

REFLEXÃO POLÍTICA EM TEMPOS DE QUARESMA

Por uma Nova Política de Verdade: Poder sem Violação da Verdade

Começo com uma citação do filósofo Michel Foucault, do seu livro  “Microfísica do Poder”, onde a citação nos proporciona uma reflexão fundamental:  “O problema político essencial para o intelectual não é criticar os conteúdos ideológicos que estariam ligados à ciência ou fazer com que sua prática científica seja acompanhada por uma ideologia justa; mas saber se é possível constituir uma nova política da verdade. […] Não se trata de libertar a verdade de todo sistema de poder – o que seria quimérico na medida em que a própria verdade é poder – mas desvincular o poder da verdade das formas de hegemonia no interior das quais ela funciona no momento.” (Link para a obra: https://fliphtml5.com/clana/zccy/basic)

A questão central e o verdadeiro desafio não é apenas criticar ideologias ocultas na ciência nem questionar se ela serve a uma causa justa. O grande desafio é construir uma nova relação com a verdade, garantindo que ela beneficie a todos e não apenas os poderosos, que frequentemente moldam as suas próprias “verdades” como meios de conquistar terreno e como escudos de protecção.

Foucault argumenta que a verdade jamais será totalmente independente do poder, pois ela própria é uma forma de poder. No entanto, podemos lutar para que esse poder da verdade não seja usado para dominação e opressão, mas sim para promover justiça e igualdade de forma autêntica.

Nos dias de hoje, a ausência da verdade é evidente pois é identificada com o poder. Como resultado temos um embate entre elites opostas, enquanto a violência é transferida para os cidadãos, que são induzidos a acreditar que as disputas políticas refletem a verdade, quando na realidade são apenas expressões de poder desvinculado dela.

Os políticos e líderes deveriam ser guiados por princípios morais que colocassem a verdade a serviço do bem comum – e não como ferramenta de controle para benefício de poucos. A verdade deve ser um caminho para a justiça, e não um instrumento de manipulação e de implementação de poderes falsos porque oportunistas e antagónicos aos interesses do bem-comum. Isso exige autenticidade e compromisso com as reais necessidades das pessoas, acima de ambições pessoais ou interesses de grupos específicos.

É evidente que o poder tem a sua própria verdade, mas ele não pode ser confundido com ela. A incapacidade de distinguir entre verdade e poder gera confusão social, algo que vem sendo explorado por Bruxelas e pelas potências europeias, conduzindo a Europa para um impasse perigoso.

Se queremos um futuro mais justo, é fundamental redefinir a relação entre poder e verdade, garantindo que ela não sirva à opressão, mas sim à justiça e ao bem comum.

É verdade que uma política guiada pela Verdade, não existe, embora fosse nobre em oposição a interesses meramente pragmáticos ou de poder.  Mas o facto de ser difícil de atingir um ideal não justifica que se proceda sistematicamente contra ele; aqui seria importante (e no discurso intelectual) partir-se em democracia da dialética entre elite governante e povo, ou entre os interesses da elite governante e os do bem-comum. Já o povo tinha resumido toda esta filosofia no dito: “Bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz e não para o que ele faz”! Em contexto político não basta apenas ouvir o discurso; é preciso analisar criticamente, verificar factos e observar acções. A mentira pode ser uma ferramenta poderosa, mas a verdade e a coerência sempre se revelam com o tempo. Trata-se de sermos cidadãos atentos e exigentes, pois a qualidade da política depende também da vigilância e da participação de todos.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

QUERIDOS AMIGOS E AMIGAS, CAROS LEITORES

Formigas no Frasco – Uma Reflexão

Permitam-me, antes de tudo, dirigir-me a vós com a serenidade que mereceis. Embora os temas que aqui abordo sejam, por vezes, candentes e envoltos nas chamas do debate político, dirijo-me especialmente àqueles que, sensíveis e ponderados, preferem não se deixar consumir pelo fogo das paixões partidárias. É, de facto, lamentável observar como a defesa de um ponto de vista político pode, tantas vezes, transformar-se em motivo de exaltação e desavença. Mais triste ainda é constatar que, na era da informação, somos constantemente bombardeados por narrativas manipuladas, mesmo por veículos que se presumem sérios. Seria uma pena permitir que essa torrente de desinformação — esse lixo que nos é servido como verdade — pusesse em risco os laços que nos unem, seja na família, seja entre amigos.

As elites políticas, aqueles que se reúnem em Bruxelas, Londres ou Washington, não nos levam a sério, nem perguntam se estamos de acordo. Procuram influenciar-nos, sim, mas será que devemos, em contrapartida, dar-lhes a importância que reclamam para si quando grande parte do que nos apresentam é mentira? Ou será mais sensato voltarmos o nosso olhar para o que verdadeiramente importa: o nosso bem-estar físico e emocional, as relações que nutrimos, a harmonia que construímos no nosso quotidiano?

A propósito, recorro a uma imagem de Mark Twain que, embora singela, encerra uma profunda sabedoria. Imaginemos um frasco. Dentro dele, colocamos um grupo de formigas pretas e outro de formigas vermelhas. Inicialmente, cada uma segue o seu caminho, ocupada com as suas tarefas, sem incomodar as outras. Há uma paz frágil, mas palpável. Agora, imaginemos que alguém pega nesse frasco e o agita vigorosamente. O que acontece? As formigas, antes pacíficas, começam a lutar umas contra as outras. O medo, insuflado de fora, desencadeia nelas um instinto de defesa agressiva, transformando-as em inimigas.

Esta metáfora, caros amigos, é um espelho do que vivemos hoje. A política, nas suas múltiplas e enganosas facetas, agita o frasco da nossa sociedade. Mexe com as nossas inseguranças, alimenta os nossos medos, e põe-nos uns contra os outros. E, enquanto nós nos gladiamos, distraídos pela confusão, os que agitam o frasco seguem impunes, alcançando os seus fins, que no contexto em que nos encontramos são maldosos.

Não permitamos que isso aconteça. Deixemos a maldade para eles. Não nos deixemos levar pela agitação do frasco. Em vez disso, cuidemos do nosso bem-estar, das nossas relações, da nossa paz interior. Como as formigas antes de serem perturbadas, busquemos a harmonia possível, mesmo num mundo empenhado em nos dividir.

Com muita estima no sentido da reflexão

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo