SEM A GRÃ-BRETANHA A UNIÃO EUROPEIA FICARIA ENTREGUE AOS NACIONALISMOS

 

A Influência de Organizações não-governamentais ganharia mais força

Por António Justo

Quinta-feira os britânicos decidem, através de referendo, sobre a saída ou permanência da Grã-Bretanha na União Europeia.

A Alemanha tem sido a grande aliada do Reino Unido no palco da EU. Em conjunto forçavam a economia livre e da concorrência remando contra o nacionalismo francês. Por vezes seguiam ao sabor de uma “política real” segundo o princípio os fins justificam os meios!

O Reino Unido movido por intenções nacionalistas pretende defender os rostos nacionais na EU; como grande potência tem conseguido para si regalias especiais perante a EU mas mesmo assim os britânicos estão descontentes. Por fim prevalecerá o pragmatismo próprio dos povos nórdicos e de que a Inglaterra é especial exponente. O Reino Unido prevalecerá na EU porque embora as ideologias sejam atraentes, sabem que estas não alimentam povo. Uma potência tem sempre possibilidade de condicionar os outros parceiros. Mas se a Grã-Bretanha saísse da EU o nacionalismo francês de Estado  teria mais facilidade de se impor à Europa porque a Alemanha ficaria mais isolada na defesa de interesses e estratégias nórdicas. Dar-se-ia um deslocamento de influências em direcção do sul.

No que respeita ao desenvolvimento da filosofia de Estado na Europa penso que se daria um atraso. A Crença de Estado francesa afirmar-se-ia então, sem grande concorrência, e influenciaria mais ainda os Estados periféricos latinos. O eixo da influência Alemanha-França acentuar-se-ia. A Europa tem-se encontrado, até agora, a ser influenciada pelos estados nórdicos na sua maneira de fazer economia e política.

Com o Brexit as crises aumentariam e a fúria legislativa da oligarquia de Bruxelas que era limitada pela Inglaterra e Alemanha passaria então a interferir mais na sociedade e na cultura. A nível de legislação na EU, a Influência da economia nórdica arrefeceria um pouco e aumentaria a influência de organizações não-governamentais que querem ver tudo mais regulamentado. A influência dos Verdes e a ideologia do género ganhariam mais força.

O Euro desvalorizaria e as economias dos restantes estados europeus sofreriam arrombamentos. A economia alemã não sofreria grande coisa porque a desvalorização do Euro seria compensada com as suas exportações; talvez sofresse um pouco na indústria automóvel.

Há uma certa insegurança nas empresas porque não se sabe que regras de cooperação surgiram até 2020, data de conclusão do Brexit. As empresas teriam de negociar de novo os contratos. A Alemanha e os britânicos arranjar-se-iam. O resfriamento da economia europeia enfraqueceria, mais os outros estados que a Alemanha. Esta, ordenada e disciplinada é demasiado forte pelo que não sofreria muito com qualquer eventualidade. O mundo das finanças tem andado apavorado, mas depois do atentado na Grã-Bretanha o grupo favorito em favor do Exit sofreu uma diminuição significativa passando para apenas 35%; isto provocou euforia no DAX. O Brexit provocaria muito desemprego especialmente com a saída de empresas dos países parceiros.

Um perigo grande para a EU seria se Bruxelas, para compensar os 56 milhões de consumidores britânicos, abrisse as portas à Turquia na qualidade de seu membro. As regiões periféricas iriam sentir ainda mais a concorrência da nova nação que passaria a ser mais populosa no grupo da EU.

Os britânicos estão fartos da demasiada regulamentação e não conformes com  uma política de portas abertas para refugiados e queriam, neste referendo, mostrar o seu descontentamento. As relações entre a Inglaterra e os Estados Unidos ainda se estreitariam mais.

David Cameron jogou com a democracia indo à pesca de eleitores quando fez a promessa do referendo. Agora sente-se em maus lençóis temendo o resultado do Brexit. O assassínio da deputada trabalhista Jo Cox, defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia, provocou uma mudança radical nas perspectivas de voto vindo ajudar os defensores da continuidade na EU movendo também parte do eleitorado britânico que doutro modo ficaria em casa.

O Reino Unido só entrou em 1973 para o projecto da EU começado em 1958 como a Comunidade Económica do comércio livre e da livre circulação de pessoas.

A EU tem razão para temer a saída, por isso se empenha tanto em convencer os britânicos da derrocada que também significaria para eles uma tal decisão.

O crescente nacionalismo europeu, caso a Grã-Bretanha saísse receberia um grande impulso devido às forças anti EU que vêem os interesses nacionais mais bem defendidos fora da EU.

 

António da Cunha Duarte Justo

SEM A GRÃ-BRETANHA A UNIÃO EUROPEIA FICARIA ENTREGUE AOS NACIONALISMOS

GOVERNO APELA À EMIGRAÇÃO DE PROFESSORES PORTUGUESES

Emigrantes usados como programa de ajuda ao desenvolvimento do país

António Justo 

 

António Costa, nas celebrações do dia de Camões, incitou os professores portugueses desempregados a emigrar. Repete assim em Paris o convite que Passos Coelho tinha feito em 2011 aos professores sem emprego. Deste modo tenta evacuar também os professores obrigados a sair do Ensino Privado.

Em nome da difusão da língua,  faz-se passar como nobre um apelo que não passa de um testemunho de incompetência do Estado português que tradicionalmente não consegue dar resposta às necessidades dos seus cidadãos dentro do próprio país.

Torna-se ainda mais doloroso para a alma portuguesa ver que são convidadas a sair pessoas que, em Portugal,  tanto investiram na formação e que contribuiriam para a elevação social portuguesa.

O mesmo Estado que não investe no fomento e rejuvenescimento da demografia nacional tem a falsidade de justificar a saída de portugueses jovens com o argumento do défice demográfico português (falta de crianças). Por outro lado devem os nossos jovens ir rejuvenescer e enriquecer outros países que para isso recorrem da imigração, preferencialmente, de pessoas formadas. Os países ricos compensam o défice demográfico com o fomento de imigração qualificada e países da periferia como Portugal envia os seus formados e sujeita-se a receber imigrantes que tem de formar! Quando estará Portugal disposto a acordar?

Outrora tudo se levantou em coro contra a atitude reprovável do antigo primeiro-ministro. Hoje que o primeiro-ministro pertence ao outro quadrante político e faz o mesmo apelo já a imprensa portuguesa se mantem moderada e até ousada ao querer considerar não oportunas as opiniões críticas independentes. A diferença: António Costa tem razão pelo facto de ser do outro quadrante político.

O cinismo é de tal modo exuberado que querem passar a impressão de fomentarem assim o ensino de Português no estrangeiro, quando a política desde 1989 tem sido no sentido contrário. Já nos anos 80 eu lutava para que as associações portuguesas no estrangeiro fossem incrementadas através do Estado no sentido de estas criarem cursos de português em regiões não centrais criando assim a possibilidade de emprego para professores e outros implementadores de negócios e cultura nas associações, mas tudo isto era visto como abstruso.

Conversa, muita conversa é o que o Estado tem oferecido aos emigrantes e a muitos dos seus representantes que se contentam e alegram  com o calor da proximidade de políticos nos encontros com eles.

Agora, a política parece esfregar as mãos por cada português que sai: é mais um a enviar remessas para a administração portuguesa poder gastar e é menos uma pessoa crítica em Portugal a protestar.

Deste modo as nossas elites continuam a adiar refinadamente Portugal, abusando dos emigrantes como programa de ajuda ao desenvolvimento do país enquanto o Estado continua sem emenda transformado em rampa de lançamento para os boys que o povo tem de alimentar.

O grande problema a resolver é o de uma visão meramente ideológica que parte de um Estado considerado intrinsecamente bom e de interesses corporativos fundamentados em tal ideário.

Enquanto o nosso estado se considerar como naturalmente bom e os interesses corporativos aninhados em torno dele continuarem a ter uma consciência de iluminados, Portugal continuará dividido e a marcar passo.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3671

 

Outro texto relativo ao tema:

Antigamente a escravidão, hoje a emigração

https://antonio-justo.eu/?p=1541

 

DIREITOS DE IMIGRANTES DA UE REDUZIDOS PELO TRIBUNAL EUROPEU + CETA

Abono de Família encurtado ou eliminado na Sequência das Exigências britânicas

Por António Justo

No conflito entre a legislação social britânica e a Comissão Europeia, o Supremo Tribunal Europeu de Justiça deu razão à Grã-Bretanha. Estrangeiros da UE que não vivem ou não vivam sempre na Grã-Bretanha não tinham direito, segundo a legislação britânica, ao abono de família britânico, embora a Comissão Europeia em Bruxelas fosse de opinião contrária.

O Processo com o número de arquivo C-308/14 relativo ao abono de família para estrangeiros da União Europeia veio criar clareza através da decisão do tribunal que dá razão à Grã-Bretanha.

A decisão, ao dar razão à Grã-Bretanha, vem fortalecer a posição dos Estados membros em relação à política da Comissão Europeia. Esta medida do tribunal é vento contrário nos moinhos dos britânicos defensores da saída da Grã-Bretanha da EU (Brexit). Este vento não será porém suficiente para a manter na EU.

Os juízes fundamentaram a decisão com o argumento de que as directivas relevantes da UE não criam um regime comum de segurança social europeia, permitem diferentes regulações nacionais e um governo não deve perder de vista o seu próprio orçamento. Deste modo, mesmo que o pai de uma criança viva na Grã-Bretanha e o filho na Roménia, este só passará a receber o abono de família correspondente ao da Roménia e não ao da Inglaterra. Mobilidade livre na Europa não significa direito de acesso a todos os apoios do Estado.

Países como a Alemanha, que pagavam imensas quantias de abono de família a crianças a viver na Roménia e em outros países da União Europeia, esfregam as mãos de contentes com tal medida do tribunal. Também se torna muito diferente se a quantia do abono de família pode ser feita em referência ao país de residência ou ao país de origem. Assim uma criança que até aqui era abonada em 180€ na Alemanha independentemente do local de residência, logo que a legislação alemã seja aferida à decisão do tribunal europeu, passará, a receber apenas 10 € de abono num país que só abone a criança com essa quantia. A prática anterior que se revelava numa medida de ajuda ao desenvolvimento e uma medida compensatória para países da periferia com a correcção do tribunal favorece o espirito nacional em relação ao europeu

Com esta medida Bruxelas vem de encontro aos países mais ricos que se viam prejudicados ao terem de tratar os seus imigrantes e familiares independentemente da sua residência.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3661

 

CETA  – AVISO DE BERLIM A BRUXELAS

O Governo alemão acaba de avisar Bruxelas que o acordo comercial CETA com o Canadá não poderá ser aplicado na Alemanha sem a aprovação do Parlamento alemão e do Conselho Federal.

Este é um aviso às instituições da EU e aos lóbis de Bruxelas de que a democracia também tem uma palavra a dizer num negócio que não deveria ser feito à margem dos parlamentos de países europeus em que os governantes respeitam o parlamento e o cidadão. O Governo alemão vê-se obrigado a intervir porque o povo tem feito muita pressão.

António Justo

 

 

 

 

REFUGIADOS OBJECTO DE NEGÓCIO ENTRE A TURQUIA E A UNIÃO EUROPEIA

Por António Justo

A União Europeia aceita como refugiados os curdos perseguidos pelo regime turco e, por outro lado, dá à Turquia o poder de enviar os refugiados da Síria para a Europa. Segundo o tratado entre a EU e a Turquia, além dos seis mil milhões de euros que a EU concede à Turquia para os refugiados, o tratado determina que os refugiados enviados da Turquia para a Grécia (destino Europa) podem ser reenviados pela Grécia para a Turquia e a Turquia, por cada refugiado reenviado da Grécia pode escolher um dos que se encontram no seu território e enviá-lo para os países da EU. É um negócio esquisito que se dá à custa da humanidade dos refugiados e que serve a Turquia e a Europa. Serve a Turquia porque esta pode escolher os refugiados que manda para a Europa e até ficar com os mais qualificados; é também um negócio para a Europa porque ao encurralar os refugiados na Turquia e na Grécia pode ter controlo sobre o tráfico dos refugiados, tirando-o das mãos dos traficantes livres para o passarem ao controlo dos Estados (aqui a Europa espera também que o Estado turco assuma a responsabilidade sobre os traficantes turcos e internacionais que operavam da Turquia, chegando estes a ganhar mais de quatro mil euros por cada refugiado traficado).

Por cada sírio enviado de volta para a Turquia, o Estado turco começou a enviar legalmente um outro sírio para a Europa a partir de 4. de Abril passado. A Europa comprometeu-se a receber, este ano, até 72.000 refugiados por esta via.

Erdogan é um osso duro de roer para os seus parceiros europeus. O autocrata Erdogan, que se ri dos valores democráticos, alinha as forças da Turquia em direcção ao fascismo. O presidente turco sabe que tem na sua agenda a cartada dos refugiados para poder chantagear a classe política europeia que não quer ver o seu poder diminuído com o surgir de novos partidos concorrentes alimentados pelo tema dos refugiados e da política da EU. Deste modo é diminuído o contrabando com os refugiados ao condicioná-lo a fronteiras e à burocracia dos estados.

A Chanceler alemã apesar do clima político complicado, aquando da visita à Turquia não parece ter vendido a alma democrática á Turquia, ao expressar em Istambul a “profunda preocupação” sobre a manipulação da oposição, a liberdade de imprensa e a maneira como o Estado trata os curdos.

Agora que a Alemanha declarou a o massacre dos turcos contra os arménios como Genocídio, o Governo turco lançará algumas “bombardas” contra a Alemanha tal como fez contra a França aquando de igual resolução proclamada pelo parlamento francês; as bombardas estarão condenadas a afogar no mediterrâneo não atingindo a Alemanha porque a economia turca está imensamente dependente do comércio e do turismo alemão.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

„A EUROPA NÃO SE PODE TRANSFORMAR NUM PAÍS ÁRABE” DIZ O DALAI LAMA

À Europa falta Autonomia e Independência de Pensamento

Por António Justo

 

Numa entrevista ao jornal alemão FAZ, o Dalai Lama, líder do budismo tibetano, o refugiado mundial mais célebre (1959), defendeu a limitação do acolhimento de refugiados. Sob o ponto de vista moral, “um ser humano a quem a vida corre melhor, tem a responsabilidade de ajudá-los. Por outro lado, entretanto já são demasiados”. “A Europa, por exemplo, a Alemanha, não se pode tornar num país árabe” alerta o Dalai Lama.

É do parecer que os refugiados deveriam ser aceites apenas a título temporário. “O objetivo devia ser o seu retorno para ajudarem na reconstrução de seus próprios países”. Na entrevista o Nobel da paz, também justifica o emprego da violência quando “as circunstâncias são tais que não há escolha e a compaixão é a motivação”.

O Dalai Lama demonstra muita cautela ao dizer que “a Europa não se pode tornar num país árabe” o que significa o mesmo que dizer que a Europa não se deve transformar num país muçulmano. Só que,  se o formulasse desta maneira, teríamos uma discussão que levaria ao fim da macacada, o que se tornaria problemático numa praça pública habituada a viver de macaquinhos no sótão.

O Dalai Lama mostra autonomia de pensamento e esta qualidade é provocante para uma sociedade habituada a seguir um pensamento dividido e alinhado em trincheiras de direita e de esquerda.

Desde os anos 60 o pensamento europeu encontra-se sobretudo  dirigido por políticos, por tribunos populares ou por cientistas de saber sociológico ou por um jornalismo impossibilitado de se orientar  por um códice da imprensa livre e se orienta  pelos credos mais cotados no mercado. Por isso é tão raro o pensamento livre responsável sem que se levante logo alguém com o bastão da moral.

Haverá populistas que apelidarão o Dalai Lama de fascista, de nacionalista, de populista da direita ou com deficiência intelectual, como é costume na praça pública; e isto porque, tal como acontece a quem pense pela própria cabeça, é logo metido numa gaveta em contraposição à opinião educada no sentido de  balbuciar a opinião do polipticamente correcto em voga; também os donos da racionalidade e da verdade depreciarão o Lama pelo simples facto de ele ser um líder religioso. Uma sociedade que abandonou os cinco sentidos e o próprio tecto transcendente, para se orientar apenas por um racionalismo pragmatista e mercantilista continua irreflectidamente a sua marcha decadente.

Facto relevante aqui é o Dalai Lama, de passagem pela Alemanha, questionar a política de portas abertas e de um moralismo justo no foro do individuo só poder ser limitadamente aplicável quando se trata de interesses de instituições ou de estados.

A questão dos refugiados torna-se ainda mais  complicada também devido aos interesses nacionais europeus e de uma Turquia interessada em reter para si os refugiados “bons” e enviar para a Europa os ” casos problemáticos”.

A ideia de “uma estadia passageira para refugiados” contradiz interesses da economia de mercado e da ideologia marxista, interessadas em que haja mais concorrência em todos os sectores da sociedade europeia sejam eles de natureza económica, ou de natureza ideológica e espiritual.

O Dalai Lama motiva assim o repensar uma política europeia de caracter moralista e de interesses meramente ideológicos e económicos. Apela à moral da responsabilidade numa sociedade em que o moralismo do politicamente correcto avassala o espírito europeu universalista autêntico, fazendo-o em nome de uma cultura aberta e de uma tolerância que chega a atingir os limites da estupidez.

Dois exemplos para a política: o Papa Francisco e o Dalai Lama duas vozes que a serem ouvidas levariam a política económica e social à razão

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

„A EUROPA NÃO SE PODE TRANSFORMAR NUM PAÍS ÁRABE” DIZ O DALAI LAMA