EMIGRANTES PORTUGUESES – OS BENEMÉRITOS IGNORADOS DE PORTUGAL

Em 2018 as remessas para Portugal foram 3.684 milhões de euros

António Justo

Segundo o Relatório do Observatório da Emigração, os portugueses enviaram para Portugal em 2018 a linda soma de 3.684,5 milhões de euros. Em cada minuto entram em Portugal 6 mil euros dos emigrantes.

Este é certamente o maior programa de desenvolvimento para Portugal!

Disto pouco se fala! Envergonharia uma política de vaidosos e levaria a sociedade a ter de se ocupar do porquê da emigração, numa época em que cada pessoa produtiva faz falta para tornar o país mais fecundo, e a sociedade a perguntar-se da eficiência governativa da nossa classe dirigente. Uma sociedade portuguesa que levasse a sério a coisa pública, pediria responsabilidade tanto a governos de direita como a governos de esquerda; não se contentaria com jarros de enfeite.

Por sua vez, os emigrantes questionar-se-iam sob formas de investirem o dinheiro em projectos mais rendosos do que têm feito até aqui.

Naturalmente, com tanto dinheiro a entrar, o PIB nacional é bem estabilizado, servindo as remessas também para tapar buracos no orçamento.

Em 2017, 85 mil portugueses deixaram o país.

A propósito, emigrantes! Ainda não notaram que quando se aproximam tempos de eleições, representantes do governo e dos partidos andam à vossa volta em namoro não declarado? Mas passado esse período esquecem os emigrantes!  Verificai as notícias e talvez notem o que sempre notaram!

O mais lógico seria os emigrantes inserirem-se activamente nos partidos dos países para onde emigram; deste modo passsariam a actores, não se reservando para si o papel de espectadores.

Uma integração nos partidos portugueses é também importante embora, com tão poucos deputados pela emigração no Parlamento, não é possível uma verdadeira intervenção parlamentar nem dento das estruturas dos partidos. A política d Estado português relativamente à emigração reduz-se propriamente a uma política representativa.

Um grande erro económico para os emigrantes foi investirem nas regiões interiores onde os governos desinvestiram, ou não protegem. Deste modo os emigrantes são prejudicados nos investimentos. Se tivessem investido no litoral em regiões mais ricas teriam visto o seu capital investido crescer muito. Tal como os emigrantes são um fomento para o interior, assim deveria ser o Estado, por exemplo, com uma política de impostos em que exigisse no máximo metade dos impostos a quem investisse no interior.

Naturalmente, para isso, contribui a despolitização dos emigrantes portugueses.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O REINO UNIDO NÃO TEM DE PERTENCER À UNIÃO EUROPEIA

Em Jogo a Ideia de grande Nação e Império

António Justo

A situação

No Reino Unido os nacionalistas pretendem um Brexit desordenado, porque se prometem preservar a soberania nacional e vantagens económicas. Os moderados querem um divórcio regulado, mas sem que o Reino Unido e a Irlanda do Norte fiquem permanentemente dependentes da União Aduaneira com a EU. Por seu lado a EU espera que se realize um segundo referendo. A Irlanda tem medo de perder a vantagem da sua economia e da segurança da ilha e, por isso, insiste numa fronteira aberta com a Irlanda do Norte. A possibilidade de guerra (atentados, a nova IRA) na Irlanda do Norte revela-se como um trunfo para a EU.

O conflito da Irlanda do Norte (província do RU) só poderá ser resolvido com a permanência do RU na EU ou com a criação de uma União Aduaneira entre EU e RU.

Razões de Estado por parte do RU

Na crise entre a União Europeia e o Reino Unido há que considerar não só razões de Estado inglês, como também a consciência nacional dos bretões. A ideia de império continua na Commonwealth que economicamente pode contar com 53 países. Os ingeses têm conseguido estar presente no mundo sem sair do Reino Unido! Privilegiam o intercâmbio com países do Commonwealth.

Para se perceber um pouco da tanta hesitação e medo por parte do RU em delegar competências nacionais a Bruxelas, seria bom ter-se em conta o que Winston Churchill escreveu em 1950: “O Reino Unido pertence à Europa, mas não faz parte dela”.

Um outro aspecto tem a ver com a unificação da Alemanha e com a criação da zona Euro. Margret Thacher opôs-se totalmente à reunificação da Alemanha, mas teve de aceitar a vontade do Presidente dos EUA, Georg H. W. Bush. O Presidente francês Mitterrand temia que a reunificação da Alemanha perturbasse o processo de unidade europeia e, queria em contrapartida o euro como um mínimo de segurança em relação ao poder acrescentado do vizinho, com o que  o chanceler Kohl concordou, embora considerasse o euro como economicamente negativo para a Alemanha; por outro lado o RU manteve a sua independência em relação à moeda mas sentia-se incomodado com a ingerência política de Bruxelas em relação à imigração e à assistência social à mesma.  (Estes aspectos podem ter-se em conta, para melhor compreender o pacto de amizade agora realizado entre a França e a Alemanha!)

O RU é uma nação grande e orgulhosa e, por isso, quer sair da EU, para não se sentir vassala de Bruxelas. Por outro lado, uma Alemanha amarrada à EU não tem outra hipótese senão expandir-se, expandindo a Europa; talvez isto leve os Bretões a realizar um novo referendo.

No meio de tanta crise na EU torna-se incompreensível que os tecnocratas de Bruxelas não pensem numa europa das nações com certos sectores (militares e de política externa) comuns; ou, em vez de lutar contra a maré popular, fazer algo mais em defesa da cultura e do povo e deste modo estabelecer algum compromisso entre regentes e governados; não é lógico que se estabeleçam compromissos só entre os altos parceiros da governação, nem que lóbis e ONGs se aproveitem da EU para desestabilizar a cultura e os Estados europeus.

No caso do Brexit se realizar, principalmente empresas com negócios no RU e na EU já pensam em reorganizar-se para não sofrerem o desgaste da meda Libra em relação ao Euro. Para alguns proprietários de empresas (e não só) que fiquem no Reino Unido talvez não seja má ideia de adquirirem a nacionalidade britânica.

A título de curiosidade: O RU, foi um império que Portugal ajudou substancialmente a crescer através  do dote que a princesa Catarina de Bragança levou para se casar com Carlos II; naturalmente Portugal, com a politica de casamento, assegurava o apoio do velho aliado contra as aspirações filipinas na guerra da restauração. A Inglaterra recebeu, como dote do casamento, a praça de Tânger, na África, e o porto da Ilha de Bombaim, na Índia, além de imensas joias e tesouros.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

 

O DALAI LAMA NO BARCO DO MAINSTREAM

Contradições no Pensamento do Líder religioso tibetano

António Justo

O livro “Um Apelo ao Mundo – O Caminho da Paz em Tempos de Discórdia”, do Dalai Lama e Franz Alt, pretende propagar mundialmente uma nova ética secularista que ultrapasse culturas e religiões, no sentido e espírito da política das Nações Unidas. Percebe-se, pelo seu teor, a intenção de conectar o “politicamente correcto” com o budismo monista (1) para assim melhor espalhar um programa mundial “urbi et orbi”, sob a bênção de sua santidade o 14.º Dalai Lama, como se tal programa fosse a receita para a resolução dos problemas do “nacionalismo, da crise dos refugiados, dos conflitos interculturais, da igualdade de género ou da neurociência” (2) e não viesse criar novos problemas

Serve-se de teses (3) que soam bem, mas que carecem de fundamento, chegando mesmo a ter um caracter exclusivo (não inclusivo) e, por vezes contraditório, em contraste com o seu pacifismo proclamado; pode-se reconhecer, como substrato do ideário apresentado, uma intenção de servir uma agenda comunista materialista, ao serviço de uma política da ONU; isto também no que respeita ao Pacto da Migração .

Usa teorias como: “A ética é mais profunda e é mais natural do que a religião” …  Numa pretensa inclusão, revela uma estratégia do “ou…ou…” e da exclusão, sem ultrapassar sequer a estratégia da culpabilização. A frase enunciada carece de qualquer de base científica. Trata-se mais de um texto de boas intenções e de propaganda por um poder secular conforme ao atual Zeitgeist (espírito do tempo).

O programa da Unesco e a posição do Dalai Lama pretendem estabelecer a mentalidade de que a ética é mais importante que religião. Na intenção de se criar uma ética universal secularista, pretendem ver a ética desligada das culturas e das religiões para as submeter a uma ética natural orientada apenas pela razão abstrata. Pelo que se depreende do texto, para fundamentar ou explicar juízos morais, seriam suficientes o sentimento da compaixão, a cooperação inerente à evolução humana e a faculdade da razão.

Trata-se de um texto interessante, mas também ele provocador porque, para favorecer uma ética secular descontextuada, serve-se de uma mundivisão materialista monista; é compreensível a preocupação do Dalai Lama, atendendo ao jacobinismo islâmico desestabilizador de sociedades e Estados por todo o mundo; isto porém não legitima esta tentativa de determinar um tipo de comportamento social e humano, em todo o mundo,  pautado por um juízo categórico de valor universal secularista e arquitectado em contraposição às religiões e à consciência individual; não chega servir-se do crivo simplicista da razão (de que se apodera), passando por cima dos mais variados dados filosóficos e sociológicos do campo da ética, e, para mais, quando a acção  implica uma colaboração na campanha do fomento de preconceitos contra o fenómeno religioso, e, como se isto, não correspondesse à tentativa monopolizadora de derrubar uma certa diversidade cultural, religiosa e nacional para tentar solucionar o problema islâmico e de concretizar aspirações dos ideólogos do domínio do mundo (governo mundial). Tanto os crentes como os não crentes são pessoas e, como tal, são capazes de qualquer tipo de comportamento positivo ou negativo. Importante é que os imigrantes se submetam às leis dos países para onde emigram. Ou será que, na política da ONU, a mistura dos povos é mais importante do que manter uma certa identidade e autonomia cultural?

Na falta de uma vontade económico-política para a mudança deve a vontade cultural sofrer…

O livro será usado ou abusado como catecismo para ideologias marxistas que andam à boleia de organizações da ONU, ONGs e organizações políticas de esquerda como é o caso do pacto da esquerda latino-americana   Foro de São Paulo. A corroborar esta ideia estará também o facto de o livro ser publicado em todos os países do mundo.

Para a Unesco e para o Dalai Lama, a educação ética , tal como pressupõe Habermas, na sequência da doutrina socialista da Frankfurter Schule, é vista como prevenção contra a radicalização da sociedade; por isso e atendendo ao “pluralismo religioso e ideológico” as religiões e culturas devem estar prontas a “ter reconciliado o privilégio do conhecimento das ciências socialmente institucionalizadas, bem como a primazia do Estado secular e da moral social universalista com a sua fé”.

O Dalai Lama, ao manter-se na confusão, toma partido pela filosofia do mainstream partindo da filosofia materialista de que religião é um subproduto da evolução.

Em texto claro, quer isto dizer que se pretende pôr o problema na civilização ocidental (sem diferenciar as religiões), como se esta, devido à imigração muçulmana, estivesse obrigada a prescindir dos seus valores e cultura para se submeter (a longo prazo) a uma mera racionalidade (ética secular como super-religião) que facilite as intenções de criar um governo central global (ONU), correspondente aos seus inicias promotores maçónicos.

A cultura ocidental e a religião cristã, que até agora se orientavam pela visão da pessoa humana como cidadã de dois reinos (a César o que é de César e a Deus o que é de Deus), deve abdicar da sua liberdade soberana para se submeter ao Estado secular, à doutrina materialista do Estado com o seu sacerdócio universitário,  que, para tal, só reconhece a sua lógica racional como autoridade para melhor poder prosseguir a sua acção de desintegração da cultura ocidental, também mediante o fomento de imigrantes de cultura árabe (para os dominar só vêem como saída a hegemonia de um estado secular forte!); estes também são usados como meio e, ao mesmo tempo, como pretexto para uma melhor imposição da agenda marxista, também ela implementada por organismos da ONU.

Para melhor se ter mão nos muçulmanos e em nome de uma educação das religiões cria-se uma instância absoluta (estado e universidade superiores à consciência) como se, para isso, fosse possível apenas uma ética meramente racional; parece tratar-se de se deixar o modelo europeu para, pouco a pouco, se seguir o tipo de Homem e o modelo chinês como possível molde político, antropológico e sociológico para todo o mundo. Em nome da globalização e de um novo modelo de sociedade, no sentido do Pacto da Migração, a sociedade ocidental terá de renunciar ao seu modelo de civilização.

O cristianismo, que reconhece a separação de poderes (âmbito secular e religioso) é colocado ao mesmo nível do islão que não reconhece tal, e pelo facto de se encontrarem muitos muçulmanos, na Europa, a civilização ocidental deve submeter-se ao ditado secular ateu que, a pretexto da sua razão, quer aplanar o caminho a uma elite política secular, para a qual não basta o poder político, mas que se quer ser também em posse do poder ético-moral. Criam-se os pressupostos para o controlo total.

Um componente da religião cristã é a filosofia com o seu instrumento da razão, pelo que os críticos da religião não podem alegar explicações racionais para a negarem, porque tanto o materialista ateu como o cristão fazem uso da razão, só que em diferentes contextos e, como tal, é de pressupor a consideração e o respeito mútuos, também como filhos ou produtos da mesma cultura.

A circunstância de nos movermos numa sociedade pluralista e com tendência de um islão cada vez mais presente nela, não é suficiente para motivar a divisão na sociedade ocidental mediante a criação de uma ética secular materialista como algo mais importante que a religião, como se uma ética mundial secular e religião tivessem de ser incompatíveis (caso, por enquanto, apenas verificável no islão!) e em nome disto que se fomente uma filosofia marxista de modo a torna-la uma panaceia universal legitimada pelo facto de se referir à razão, predicado que ela não merece como se viu na sua História.

O facto de o Dalai Lama embarcar neste sentido e de ter sido adoptado como profeta do programa em via (principalmente a partir da queda do socialismo soviético), não é tão inocente como parece, porque vem favorecer o fortalecimento da mundivisão budista no domínio do mundo a nível global e querer legitimar o monopólio de um estilo de vida regulado por princípios marxistas.

Não é legítimo querer uniformizar o que de si é múltiplo e complexo, como ensina a evolução da natureza e da cultura. A filosofia a seguir-se deveria ser, na consideração da cultura e da natura, aceitar a diferença no respeito sagrado por cada pessoa e grupo; e isto numa relação de complementaridade consciente e aceite, em vez de se procurar tornar tudo cada vez mais igual na ilusão de que, com um simples ideal monolítico e monista, se dá resposta à necessidade de nos reconhecermos mundialmente como irmãos. O que está aqui em jogo não é tanto o respeito pelo povo, mas a defesa de interesses monopolistas de caracter económico e ideológico. Em vez de nos prostrarmos perante uma ditadura económica liberal e ideológica  seria óbvio apostar numa revolução humanista a partir da pessoa e de baixo para cima.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo (Português e História)

Pegadas do Tempo

(1)  Monismo é uma doutrina que reporta a pluralidade dos seres a uma única substância ou princípio. Para ele a distinção entre matéria e espírito, entre mundo e Deus é falsa e a multiplicidade dos fenómenos e o dualismo são tidos como ilusão dos sentidos. Só a totalidade tem substância real. Numa tal doutrina, tal como no comunismo, não há lugar para a pessoa soberana (tipo ocidental), o que conta é o todo e como tal a pessoa só tem sentido em função dele, e nesse entender fundamentaria que os “fins justificam os meios”. Daqui a união da posição do Dalai Lama com a ideologia comunista contra a cultura ocidental no esforço de, em comum, criarem um governo universal (ONU), possivelmente no sentido do modelo chinês!

(2)  No livro corre-se o perigo de se juntar o sorriso crónico do budista Dalai Lama à sabedoria moralista do cristão Franz Alt, porque possibilita, a pessoas desacauteladas, uma projecção unilateral de correntes ideológicas do Zeitgeist.

(3)  «Vejo cada vez mais claramente que o nosso bem-estar espiritual não depende da religião, mas da nossa natureza humana inata». “Os políticos preferem defender as fronteiras, nunca a inclusão; as desigualdades económicas evitam a coesão; as religiões geram violência”. «De certa forma, penso que seria melhor se não existissem religiões. Todas as religiões e todas as escrituras encerram em si um potencial de violência”.” Seguindo princípios de uma ética puramente secular tornar-nos-emos pessoas mais descontraídas, solidárias e sensatas”.

DA PERTURBAÇÃO DA PAZ MARXISTA E DA SUA RESISTÊNCIA CONTRA BOLSONARO

A cor predominante nos meios de comunicação social

Por António Justo

Independentemente de se torcer mais pela esquerda ou pela direita, para se ter uma ideia um pouco objectiva acera da nossa praça  e poder constatar se nela domina o vermelho ou o preto bastaria fazer a comparação sobre a reacção dos Media e do pensar politicamente correcto em relação à reeleição do socialista Nicolás Maduro na Venezuela e à eleição do conservador Jair Bolsonaro no Brasil.  O facto é que também, quando o socialista Lula da Silva foi eleito no Brasil, não se ouviu na praça pública a indignação que há agora com a eleição de Bolsonaro nem se assistiu ao borborinho inquieto que reina hoje nas redacções dos Media. Daqui seria legítimo concluir que nos Media se mede com duas mediadas e na consequência é claro que os meios de comunicação social, em geral, são de tom avermelhado, só que ninguém nota!

Na opinião pública, antes a batalha era contra Trump e agora parece ser Boslonaro o bombo da festa, principalmente nos Media da Ibéria, embora ele mal tenha começado a governar.

Os críticos, à imagem do PT, esqueceram-se que Deus é brasileiro e sentem-se agora desconsolados por Bolsonaro ter colocado na ordem do dia o tema Deus-Pátria-Família, assunto que, a extrema-esquerda e socialistas militantes, já julgavam ter arrumado no caixote do lixo da História; aquela História para a qual se desejava ouvir o tocar de sinos a finados!

Como o Brasil é grande e, para ele, a História não começou nem acabou ontem, o cidadão brasileiro está consciente que, para andar, não é suficiente dar-se só um passo à esquerda, mas que para progredir é preciso ousar dar também o inevitável passo à direita e assim sucessivamente! Por outro lado, também é natural e legítimo que cada um procure o seu porto de abrigo desde que o não imponha aos outros nem tente tapar o sol com a peneira. Também é de compreender que, nestes assuntos, quem mais grita é a esquerda habituada a viver encostada ao aparelho do Estado. Mesmo assim torna-se incompreensível tanta agitação chegando-se a ter a impressão que, para muitos, o que está em questão não é tanto o bem-comum, mas mais os amigos do taxo e uma melhor oportunidade para afogar o ganso!…

Dê-se tempo a Bolsonaro de agir porque no fim lá estará o juiz povo para dar a sentença (se a infraestrutura instalada do PT lhes der oportunidade para isso!). De palavras anda o mundo cheio e os interesses de uns e outros são tão diversos que só os resultados das obras convencerão: é de esperar que Bolsonaro fomente uma democracia aberta a todos, e se aproveite da intriga europeia-americana-chinesa para dialogar com todas as forças da nação para que o Brasil  continue Brasil e assuma o significado e papel que merece ter em toda a américa latina: estabilizar a democracia e a economia  para poder assumir a liderança da américa do Sul e entrar no jogo do xadrez internacional.

Conviver com o marxismo sem ter de o abraçar

Os comentadores portugueses sempre se preocuparam com os de fora, sem se importarem grande coisa com os de dentro. Desde o Marquês de Pombal, Portugal começou a ser um atrelado ideológico da França e não deixou de o ser apesar das posteriores invasões francesas (pelo contrário!) e também os revolucionários de Abril mais não fizeram que tentar torna-lo num atrelado do marxismo e maoismo, mas o 26 de Novembro abrandou-lhes o intento.

Quando deixaremos de olhar tanto para os outros para nos observarmos mais a nós e assim possibilitarmos um pensamento próprio que não se contente apenas em consumir o génio português. Vai sendo tempo de deixarmos de pentear macacos sejam eles da direita ou da esquerda. Importantes são os macacos, o que implica a capacidade de reconhecer que o penteado é mais uma questão de moda e de ocupação; muito embora, nela é que muitos vão ganhando o seu pão.

Podemos conviver com o marxismo, mas sem termos de o abraçar! Sim, até porque a crença de cada um também é determinada pelo seu currículo. Vale sempre a pena, optar pela construção de uma História em que os actores sociais de baixo consigam um lugar entre os actores dirigentes. Este é um dos objectivos do cristianismo pelo que todos os que trabalham neste sentido deveriam irmanar-se e não combater-se.

Dos defensores do martelo e da espada

Os mesmos que condenam a cruz e a espada usam o martelo e a espada, não de mãos dadas nem de joelhos, mas de punho cerrado, em nome do seu progresso contra a “velha cultura” em vez de cristãos e socialistas se unirem na mesma luta contra a injustiça e contra a opressão venha ela de onde vier!  Ao considerarmo-nos inimigos na mesma missão de libertar os oprimidos servimo-nos a nós mesmos e as nossas vaidades e egoismos e quem perde é o oprimido que pretendemos defender!

Nós europeus ainda não perdemos aquele jeito militante de querer medir e avaliar o mundo pela nossa norma e, com esta estratégia, fomentar a intriga e guerrilhas, em nome da Democracia e dos nossos altos valores! Condena-se a cruz para se ir arvorando o martelo. É de observar um grande cinismo nos Media que levam a opinião pública a pensar como legítimo que aquilo que se condena no colonialismo de antigamente, é considerado válido e aceite nos jacobinos de hoje! Lula fez o que bem lhe apeteceu e então não havia Meios de Comunicação europeia que o julgasse. (Naturalmente que a medida de juízo que uso aqui para a esquerda radical vale também para uma direita radical a observar-se no governo turco de Erdogan que usa os mesmos meios de autoafirmação como estamos habituados a ver a esquerda).

Pouco a pouco vai-se tendo a impressão que os Media se encontram sobretudo nas mãos de uma esquerda caviar ávida e arrogante que, à mesa de um turbo-capitalismo desumano, quer comer tudo (o pão e as ideias) sem deixarem nada para os outros. Os impacientes que vivem do negócio da ideologia esquecem-se que o povo tem vigor e pachorra para alimentar uns e outros, mas de maneira ordenada, cada um na sua vez! Ou será que não se pode exigir das elites a mesma disciplina e educação que estas exigem ao povo?! Ou não será que a democracia não é feita de todos e tem de alimentar todos?! Cada um deve mamar, mas ter a paciência de esperar por sua vez: ou será que os peitos da nação estão reservados para os guerreiros?!

No jogo é preciso baralhar as bolas e ter em conta as pernas da mesa que as sustentam! Não chega ver, é preciso avaliar a força, a direcção e o impulso donde as bolas vêm para então entrar também no jogo, conscientes, muito embora, que todas as bolas têm a sua justificação. Estejamos onde estivermos, importa considerar que temos sempre pessoas à nossa frente!

O Discurso de posse do embaixador Ernesto Araújo, ministro Ernesto Araujo questiona o proselitismo jacobino ao serviço de um marxismo funcional e fala primeiramente sobre e para o Brasil, um Brasil intercultural e multirracial que não se deve envergonhar da sua história e não se quer ver perdido só no discurso proletário e por isso alerta para a rejeição de um politicamente correto ao serviço do relativismo cultural contra a civilização ocidental.  Daí esperemos que as obras correspondam ao nobre discurso, embora a natureza e a Boa Nova nos ensinem que não há campo de trigo sem joio, sejam os lavradores da direita ou da esquerda. A maior dificuldade do novo governo será a oposição que lhe virá da administração; depois de tantos anos nas mãos do PT, um novo governo, em estado de organização, terá que contar com uma resistência forte, já não de caracter popular ma sim institucional. Sim, no Brasil a revolução ainda é possível, numa Europa já não!…

Também o facto de muçulmanos viverem no Brasil e o novo governo ter apelado a não se perder a tradição cristã, não justifica que muçulmanos se levantem agora, acusando o discurso do governo como discriminatório e como estimulador do preconceito religioso, por ter feito referências às raízes judaico-cristão do Brasil; ou será que uma pessoa na própria casa terá de se negar a si mesma  pelo simples facto de ter a abertura de ter aceitado o outro como irmão?

Nos países de tradição religiosa ocidental não é comum dividir-se o mundo em “nós” de um lado e “os outros do outro”; essa preocupação é natural e justificada em países ou sociedades de maioria cultural árabe! Ou será que a agenda materialista da luta antiocidental terá de ser mais favorável à religião islâmica do que à religião cristã?  Segundo o censo demográfico (IBGE) de 2010, no Brasil há 35.167 seguidores do islamismo, mas instituições islâmicas brasileiras dizem que há 1,5 milhões muçulmanos no país.

Para que o progresso continue, torna-se óbvia a tolerância e a convivência pacífica de religiosos, ateus, crentes, descrentes e sépticos. Nas sociedades onde isto se cultiva podemos observar um grande avanço em relação a outras.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

 

VINTE MIL REQUERENTES DE ASILO DEPORTADOS EM 2018

Na Alemanha, em 2017 houve 20.019 deportações de requerentes de asilo. Em 2018, de janeiro a outubro, foram deportados  19.781 requerentes, a quem foi negado o estatuto de refugiado.

Em 2017  a Alemanha tinha acolhido 198.317 refugiados. Em 2018 recebeu 166.000 requerimentos de asilo tendo sido 30.000 deles, com menos de um ano, já nascidos na Alemanha.

Os estados federais tencionam reduzir os benefícios sociais para os requerentes de asilo que já tenham feito o requerimento num outro país da União Europeia (casos do acordo de Dublin).

Segundo o Departamento Federal de Migrações e Refugiados, no primeiro semestre de 2018, trinta mil dos requerentes seriam da competência de um outro Estado em que entraram primeiro.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo