SINTONIA

Pus-me a olhar para a vida e, ao entrar dentro de mim, sinto, com tristeza, que como no „microcosmos” de cada pessoa e de cada família, assim é no macrocosmos da política!
Se olhamos para o ano 2021 e para o que corre, notamos os reflexos do “mundo louco” em que vivemos.
Nele, somos levados à reflexão e, por vezes, ao desalento a que nos conduzem os eventos que, mesmo sem querermos, determinam os nossos pensamentos e sentimentos.
Resta-nos contribuir junto com os outros para que a “paz de Deus” (liberdade, justiça, reconciliação e paz ) molde as nossas vidas num mundo sem conquistadores nem vencidos! Fica-nos a confiança de que da morte nasce a nova vida! Não estamos sós, somos muitos!
Apesar da tristeza que se encontra a caminho, desejo a todos uma semana feliz e com muito momentos de gozo para que o briho da alegria não se ausente.
Abraço
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo

DA GUERRA CIVIL UCRANIANA PARA A GUERRA RÚSSIA-UCRÂNIA À GUERRA EM TODA A EUROPA?

A Guerra da Informação faz da População Soldados mentais

Esta guerra meteu-nos a todos num túnel escuro em que nem sequer se avista luz no fundo dele! A situação encontra-se tão enredada que só promete desastres em cadeia! Isto, atendendo aos interesses da Rússia, ao temperamento indomável de Putin e à guerra geral através do bloqueio económico que o está a encurralar! O mais provável é que, se ele não atingir os objectivos mínimos que tem na Ucrânia, teremos um inferno nos países vizinhos da Rússia! No purgatório já nos encontramos nós com os custos de vida a subir incontidamente.

A esperança da Nato que o povo russo deponha Putin revela-se vã, ao não contar com a realidade do confronto de blocos nem com os interesses do povo russo como nação (e como velho bloco); por isso só uma reconciliação entre a Rússia e a Ucrânia e entre os USA e a Rússia poderá aplainar o caminho para a paz! Uma outra opção corresponde a manter-se a guerrilha na Europa por tempo indeterminado, independentemente de resultados militares! A EU tem de estar atenta a não seguir apenas os interesses americanos (longe da Europa) e para isso também não cair na tentação de instigar a Polónia a imiscuir-se na guerra! Os EUA querem que a Polónia forneça à Ucrânia aviões de combate Mig 29 em troca de F 16!… Neste sentido o artigo de 2014: “Ucrânia entre imperialismo russo e ocidental”: https://www.triplov.com/…/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm e outros (1).

Considero muito importante o visionário texto de Henry A. Kissinger, secretário de Estado dos USA, que agora recebi (2): “Para que a Ucrânia sobreviva e prospere, não deve ser o posto avançado de nenhum dos lados contra o outro – deve funcionar como uma ponte entre eles…. O Ocidente deve entender que, para a Rússia, a Ucrânia nunca pode ser apenas um país estrangeiro…”… A Frota do Mar Negro – o meio da Rússia de projetar poder no Mediterrâneo – é baseada em arrendamento de longo prazo em Sebastopol, na Crimeia.” Alegra-me este texto, porque sem saber dele corresponde, em parte, ao que tenho vindo a procurar fazer compreender com os meus textos, se não formos advogados da guerra.

Putin não precisa de activar uma bomba nuclear, ele tem as centrais nucleares na Ucrânia como ameaça maciça. Verdade é que, para já, se tem de renunciar ao sonho de “uma Europa de Lisboa a Vladivostok”! Uma solução de compromisso satisfatório para todos os lados seria a formação de uma República Federal da Ucrânia Independente. Assim se mitigaria a longo prazo o princípio que Putin usa de ir defender uma minoria (problema de minorias usadas como pretexto a desejos de poder!).

Um possível contributo pessoal e social para a paz exterior e interior passaria pela abstenção de se ver regularmente TV, dado nos encontrarmos já envolvidos numa guerra de informação! A Guerra da Informação está a fazer da população soldados mentais!

Trazemos a maldade nos nossos genes (“pecado original), uma realidade que reprimimos em nós (deslocamento psicológico!) mas que faz parte do nosso habitat natural e cultural. O mal que vemos nos outros encontra-se em nós! Produtivo será o trabalho feito no sentido da reconciliação e dedicar mais tempo às coisas que nos dão prazer e assim não estarmos tão sujeitos à invasão das coisas que entram pela porta da televisão.

Com a queda das torres de Nova Iorque iniciou-se na Europa um processo de cortar, ao cidadão, direitos cívicos e humanos até então assentes nas legislações dos Estados; com as medidas anticovid-19 os governos centralizaram em si mais poder, a ponto de privarem o cidadão de direitos democráticos e de liberdades essenciais. Com a guerra Rússia-Ucrânia legitimaram a proibição da informação (3) estrangeira de modo a irem criando a possibilidade de só serem possíveis pensamentos em bloco, de modo a só se poder estar de acordo com os donos da informação de um lado ou do outro! As democracias estão a ser esvaziadas no sentido de governos cada vez mais autocratas, fenómeno que já se conhece da Rússia, China, etc. poderem controlar toda a população.  Eles sabem que as pessoas pensam o que veem e ouvem!

O tempo em que vivemos daria mais para chorar, mas tudo corre tão depressa que nem tempo para lágrimas há, mesmo que sejamos pessoas compassivas! Continuamos todos agarrados à lama do barro de que fomos tirados, mas na ilusão de que só os outros estão sujeitos ao “pecado original”!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1)  “UCRÂNIA É O CAVALO TROIANO DOS USA E DA RÚSSIA” : https://antonio-justo.eu/?p=7116 ; “ Chegou a hora de Putin – A Solução será tornar-se República Federal Neutra” https://antonio-justo.eu/?p=7129 ; Dados sobre a Ucrânia: https://antonio-justo.eu/?p=7127 ; “VIRAGEM NA ORDEM EUROPEIA INICIADA PELA ALEMANHA – NOVA GUERRA FRIA”: https://antonio-justo.eu/?p=7138 ; “Acirrar o Urso russo significa preparar uma Guerra nuclear na Europa”: https://antonio-justo.eu/?p=7149 ; “A GUERRA FRIA NOS MEDIA RUSSOS E ALEMÃES”: https://antonio-justo.eu/?p=7067 ; etc.

(2) https://www.washingtonpost.com/opinions/henry-kissinger-to-settle-the-ukraine-crisis-start-at-the-end/2014/03/05/46dad868-a496-11e3-8466-d34c451760b9_story.html

(3) GUERRA FRIA NOS MEDIA RUSSOS E ALEMÃES: https://antonio-justo.eu/?p=7067

 

PERMANEÇAMOS HUMANOS

A orientadora de um culto infantil em Kiev escreveu aos pais: “Que Deus proteja cada um de vós! Não caiamos em pânico, mantenham a calma e permaneçam humanos, aconteça o que acontecer! Se algum de vós precisar de ajuda, por favor contacte-me pessoalmente”.

É trágico e embaraçoso para todos nós assistir impotentes à morte das pessoas!

Muitas ilusões começam a afastar-se de nós!

Numa situação destas ajudam-nos as palavras da dirigente do serviço litúrgico em Kiew.

DEBATE SOBRE O GÉNERO: CIÊNCIA OU IDEOLOGIA?

Da Ideologia ao Serviço do Colonialismo mental global (de marca ocidental)

António Justo

Encontramo-nos já numa época intermédia, de passagem do colonialismo geográfico para o colonialismo mental! Esta é a fase de competição pelo domínio global – fase de conglomerações geoestratégicas e globalistas – em que se torna notória a luta pelo controlo e pela pilotagem do pensamento porque quem tiver o controlo do pensamento passa a controlar o humano e a humanidade. Nesse sentido, a batalha pela desconstrução da cultura e da pessoa soberana torna-se mais dura na sociedade ocidental, dado ser esta a que possui mais mecanismos de defesa contra um globalismo tendente a criar uma troica global. A estratégia que se encontra por trás do discurso sobre o género (Gender) implementa ideologias, em voga, ao serviço do colonialismo mental!

Depois da debanda do povo das aldeias (aldeão) para as cidades observa-se agora uma tendência de retirada do cidadão (citadino) para um mundo ideário que o liberte dos apertos de uma vida demasiadamente emparelhada sob a limitada cúpula da cidade. Aos domínios da nobreza e do clero sobre a terra (senhorios) seguiram-se as burguesias de caracter citadino que, a partir de um pouco de terra, assentaram o seu domínio no comércio e no dinheiro. Esta nova “burguesia”, já não do burgo, mas da polis, produz agora novos senhorios: os “latifundiários do dinheiro e das ideias (ideologias)! Daí o seu esforço por assentar a sua base já não na natureza, mas no domínio do abstrato, que torne os habitantes do “monte” em meros subordinados ou assalariados!

Nesse sentido, encontramo-nos numa fase intermédia, que, muito embora ocupada na desconstrução da cultura do mundo ocidental, traz a marca ocidental na luta globalista em via; traiçoeira, porque anti feminina mas feminista, desliga-se da paisagem religioso-cultural do povo ocidental porque esta, mais ligada à terra (mais feminina), contradiz os interesses de uma nova cultura abstrata que se pretende implantar (no sentido de implementar paulatinamente um “governo universal” sob o olhar masculino!) e que assume o cunho ideológico socialista-capitalista, de que o sistema chinês poderia ser uma amostra, no sentido  de uma sublimação do gene masculino e masculinizante!

Se antes as armas usadas eram espadas e canhões, hoje em democracia e globalismo as armas passam a ser a palavra e as ideologias!  O poder político serve-se dos currículos escolares e de currículos universitários para implementar agendas ideológicas com o fim de doutrinar gerações.

O modelo ocidental ao atingir o seu apogeu, em vez de repensar a sua matriz masculina em termos adequados aos princípios e energias moventes da masculinidade e da feminilidade humana e social, prossegue o seu caminho em termos masculinos de luta (baseada em papéis e no divide para imperar!) como tem feito até aqui e se torna visível na disputa dos falcões americanos e russos em terreno ucraniano, cada vez mais sacrificado à luta masculina imperialista das duas partes (também aqui, embora se trate de uma luta geoestratégica na disputa de poderes em termos globais, no fundo estão em luta ideologias e interesses abstraídos das paisagens populares e como tal cada vez mais distantes da feminilidade) .

É de constatar que, na base da nossa sociedade, a matriz (modelo estruturante), que determina os nossos comportamentos e modos de vida, é masculina e expressa-se em papéis discriminadores devidos à natureza e às construções sociais e culturais transmitidas no parâmetro dos rebanhos dos tempos ancestrais (Patriarcalismo). Nesta base torna-se mais que óbvia a reacção da mulher nos diferentes âmbitos do pensamento e da sociedade. O sentimento de uma feminilidade abafada provoca um justo desejo de emancipação que começa por limitar-se aos papeis da mulher em sociedade, mas que terá como objectivo final não tanto os papéis de homem e mulher mas o que se encontra por trás desses fenómenos. Ao orientarmo-nos apenas pelos papéis sociais arrumadores da feminilidade e da masculinidade não fazemos mais que protelar o problema da emancipação ou libertação, sem entendermos os verdadeiros moventes que se expressam a nível da matriz aparentemente aceite (1).

Portanto, a preocupação de análise e de empenho não deveria partir daquilo que alguns advogam como “condição feminina” mas da análise básica,  da matriz masculina que determina de forma sistémica a vida individual e social do homem e da mulher (para lá dos papéis assumidos que também eles contribuem para discriminação da feminilidade e que seria um erro fixar-se só neles) e, pelo facto de se basear em características de masculinidade, explora a mulher (ou melhor, a feminilidade (energia/princípio)  que é reprimida, consciente ou inconscientemente em todas as sociedades e cuja urgência de reparação se encontra manifesta  na ordem do dia da sociedade ocidental),  como é de observar em muitos segmentos da vida, a feminilidade não é contemplada e por isso a mulher é ferida não só nos princípios de dignidade e de igualdade de direitos mas sobretudo na sua maneira de ter sido enquadrada dentro da matriz masculina (de condição masculina ou masculinizante). A questão a pôr-se é a do homem todo, na sua feminilidade e masculinidade comuns e não apenas a do homem ou da mulher nas suas interpelações funcionais.

O que deveria estar no foco da discussão, a discutir-se básica e produtivamente,  seriam as características da feminilidade e da masculinidade num projecto de uma matriz mais adequada à natureza e à cultura  em processo e não limitada apenas às funções e papéis masculinizantes (redução funcionalista de caracter materialista); uma nova matriz criaria novas funções e papéis sociais flexíveis que tornariam incompatíveis os papéis da sociedade patriarcalista com os papéis do novo modelo de sociedade! As funções socialmente a desempenhar deixariam de estigmatizar (petrificar) quer a masculinidade quer a feminilidade nem no “género” nem no sexo!

Uma devida análise e empenho teria como consequência grande incidência no ser e na maneira de estar do humano, quer a nível individual quer social onde as estruturas culturais e económicas teriam de ser aferidas à nova matriz baseada na complementaridade dos seres e dos órgãos sociais com uma certa equidade, o que implicaria  uma nova valorização e integração da feminilidade e da masculinidade nesse novo modelo (no limiar da dinâmica da „igualdade e diferença” seria de colocar o modelo-matriz baseado na intersecção dos princípios/energias/características da feminilidade e da masculinidade); estes revolucionariam toda a maneira do estar individual e social bem como suas estruturas e supraestruturas, passando a internalizar-se numa maneira de ser. Esta nova matriz tornar-se-ia na mãe de todo o relacionamento e comportamento tornando supérflua uma discussão apenas em termos ou em torno de patriarcado ou de matriarcado (dado estes serem ultrapassados por manterem a sua dinâmica e relacionamento apenas ao nível de funções e papéis, ou seja, ao nível do ter e não do ser que se encontra  ao serviço de uma regulação social no âmbito de um funcionamento maquinal e de peças e, como tal, distante de um ser orgânico natural de comunidade e pessoas).

A luta ideológica e do género adoptou a metodologia masculina (processada em termos de luta e de olhar masculino e não de complementaridades) apostando numa definição desintegrativa de género/sexo e consequente linguagem em torno deles (2); segue o princípio masculinizante do poder: divide para imperar.

Os efeitos positivos da luta ideológica, na nossa sociedade de matriz masculina, manifestam-se numa maior igualdade socialmente a atingir, mas não legitima os meios que usa para a atingir dado estes serem a aplicação dos princípios da masculinidade (e correspondentes métodos agressivos ou de subjugação) apenas em termos de funcionalidade sem propriamente tomar a sério a feminilidade (que implicaria uma outra estratégia de afirmação já vital orgânica e não só funcional; isto é, uma estratégia inclusiva que partisse da feminilidade como base estrutural e estruturante e não assumisse apenas um caracter funcionalista como quer o mecanicismo social empenhado em reduzir a pessoa (homem ou mulher) à mera qualidade de função e de objecto.

Isto independentemente das salutares melhorias adquiridas através da luta em via; importa não reduzir o horizonte porque se trataria então de ganhar apenas batalhas e não a “guerra”.

Resumindo, sou do parecer que nos encontramos a combater no campo errado porque o que seria de questionar era a matriz masculina que regula e fundamenta as sociedades atuais com a sua correspondente metodologia masculina (perpetuadora da guerra) e que é masculinamente comum à metodologia de afirmação da ideologia feminista, socialista e capitalista. Uma luta em defesa da feminilidade, para conseguir uma mais valia da feminilidade, terá de ter a cautela de não afirmar  uma feminilidade que se esgota  em termos de afirmação ao serviço da masculinidade da matriz vigente  e, deste modo, subjugar-se concretamente ao masculinismo de que se defende, mas que na realidade aceita como sendo a normalidade. Uma análise menos ideológica e mais abrangente teria de começar por analisar as características ou princípios (energias) da masculinidade e da feminilidade (básicas a nível de indivíduo, cultura e natureza) e identificá-las na sociedade e nos seus mecanismos para possibilitarem uma matriz a criar em que esses princípios seriam ajustados ou aferidos numa base de complementaridade já não selectiva mas inclusiva, criando uma cultura de afirmação já não pela luta mas pela inclusão.

A própria matriz ocidental possui em si as potencialidades para o fomento da nova matriz social , dado, o modelo actual vigente, ter-se tornado infiel ao próprio protótipo que assentava mais na feminilidade que na masculinidade, mas que ao assumir, institucionalmente, a  estratégia de afirmação de Constantino (criação da “cristandade” à custa do cristianismo; o Constantinismo que parte do édito elaborado em 313, levou a instituição igreja a viver entrelaçada com a política e a apegar-se ao poder do Estado – vista a questão em termos meramente históricos: oh felix culpa!)  e por esse facto a instituição passou a expressar-se mais em termos de poder e como tal acentuou as características da masculinidade, deixando a sua característica fundamental que é a feminilidade nos conventos e na frequência do povo nas igrejas!

Em vez de tentarmos pegar o touro pelos cornos temos andado a agarrá-lo pelo rabo!

A libertação certa, para se tornar tal, deve ousar desafiar a nossa matriz cultural masculina, nos seus fundamentos e não só na sua fenomenologia,  no sentido de a poder desconstruir de maneira ordenada; a fase feminista de caracter machista, talvez justificada como fase transitória,  terá de se superar a si mesma e alijar a carcaça que usa  para possibilitar a passagem  a uma fase já não feminista mas feminina; passar à estruturação de uma matriz feminina que permita o início de uma era de paz e a coexistência harmónica da feminilidade e da masculinidade.

A rotura com as estruturas masculinas do poder vigente terá que começar já por questionar as bases (forças vitais, características, critérios) dessas estruturas que constituem o poder masculino determinante das sociedades mundiais; só então será possível desmontar os andaimes baseados na masculinidade (abusada no patriarcalismo) e a partir de uma desconstrução de estruturas, que foram elaboradas mais ao serviço do poder do que da população, se chegue  à reconstrução,   já não de uma estrutura de poder feminista (que continuaria a cadeia masculinizante de poder baseado em luta, selecção e opressão), mas se inicie a construção de uma cultura feminina, fecundante, que se torne a matriz criadora (integradora das forças vitais da feminilidade e da masculinidade) e geradora de novos comportamentos e relações sociais (não só a nível da maneira de estar como também da maneira de ser).

Cristo é o protótipo do homem e da mulher e foi pregado na cruz, mas ao sê-lo tornou-se no sinal de que o homem e a mulher não devem pregar ninguém na cruz porque ao fazê-lo pode ser que estejamos a pregar o protótipo do humano e da humanidade, o abandonado (cada um vale tudo por si)! E mesmo quando se fala de pessoas extremistas é legítima a pergunta de Jesus: “Essa questão é tua, ou outros te falaram a meu respeito?” (João 18:34).

O meu texto pretende propor elementos de reflexão e análise e não uma visão “masculina” a preto e branco do mundo, como faz o mundo, esquecendo que o ódio a quem é diferente ou a quem pensa diferente enegrece a alma e deste modo impede a construção de uma matriz fundada, em termos de igualdade e complementaridade, dos princípios da feminidade e da masculinidade!

Este texto será continuado em “O OLHAR MASCULINO

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) Uma observação ou análise reduzida ao nível exterior dos fenómenos (aparências, porque se limita às estruturas da experiência que se contenta em ficar-se com explicações de caracter e comportamentos ao nível da compreensão (de sentidos ou de consciência) sem entrar nos seus pressupostos (essência), de que a sociologia é um exemplo quando prescinde das ciências naturais).

(2) Género diz respeito às características de masculinidade e de feminilidade: Sexo masculino, feminino e a variação inter-sexo ) e também expressões sociais e papeis sexuais. Homem trans ou transsexual (nascida mulher, agora homem) pode engravidar precisando de medicação hormonal. Para engravidar de menino, dado o menino ter cromossomas XY, é preciso o sexo do pai que possui gametas do tipo X e Y, enquanto que a mulher possui apenas do tipo X. A testosterona provocara o crescimento da barba e o aumento da libido e do clitóris; se a pessoa trans tiver útero, ela também pode menstruar.  Mulher trans ou transsexual (nascida homem, agora mulher) mediante a amputação e construção da vagina.

 

Links de Textos relativos ao assunto:

A Manipulação da Cultura acompanha a Manipulação da Natureza: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/casamento-civil-de-homossexuais-premio-1435784

Discurso Masculino contra o Feminino (2014): https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2010/discurso_feminino.htm

A Liberdade é Feminina por isso não se dá no Deserto

Do uso da sexualidade como forma de afirmar poderes e de criar uma nova ordem mundial: https://beiranews.pt/2019/07/12/ponto-de-vista-por-antonio-justo-123/

Importância da Experiência interior como Forma de questionar Ideologias-Doutrinas-Instituições: https://antonio-justo.eu/?p=4935

Matriz socialista marxista na base da disciplina de educação para a cidadania: https://beiranews.pt/2020/10/13/ponto-de-vista-por-antonio-justo-10/

Libertação das leis biológicas: https://copaaec.blogs.sapo.pt/2021/08/

Das Mulheres na Sociedade e na Igreja e dos usos e costumes que as oprimem: https://etcetaljornal.pt/j/2019/09/das-mulheres-na-sociedade-e-na-igreja-e-dos-usos-e-costumes-que-as-oprimem/

Matriz política masculina não pode ser norma para a instituição eclesial: https://bomdia.be/matriz-politica-masculina-nao-pode-ser-norma-para-a-instituicao-eclesial/

Em Carlos podemos ver a masculinidade portuguesa infiel:

NA ESTEIRA DE CAMÕES E DO ROMANTISMO

Correcção duma Sociedade máscula de Via única: http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=29743&catogory=Opini%E3o

PODER RENOVADOR DA MULHER: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2009/mulher.htm

Islão e a sociedade: masculinidade contra feminidade: https://bomdia.eu/islao-e-a-sociedade-masculinidade-contra-feminidade/

Urge uma Revolução cultural feminina: https://antonio-justo.eu/?p=6736

Humanismo e ética para a construção de uma Cultura de Paz global: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/cultura/57874/humanismo-e-etica-para-a-construcao-de-uma-cultura-de-paz-global

Punhos cerrados, 2015: https://www.yorku.ca/laps/dlll/wp-content/uploads/sites/212/2021/06/06mar15_steph.pdf

 

UM EXEMPLO OU UMA PROVOCAÇÃO?

Talvez uma objecção justificada!

Em Kassel (Alemanha), os Samaritanos (ASB) isentaram do trabalho os empregados que não querem ser vacinados e continuam a pagar-lhes os seus salários. Na cidade e distrito de Kassel, a associação regional emprega cerca de 600 pessoas, 300 das quais no serviço de salvamento e ambulância.

Os Samaritanos são uma associação de assistência social e organização de ajuda (ASB) que ajuda  todas as pessoas – independentemente da sua filiação política, étnica, nacional e religiosa. O foco principal do seu serviço é:  serviços de salvamento e ambulância até serviços de saúde e sociais, tais como enfermagem! “Ajudar aqui e agora” é o lema da Federação dos Samaritanos!

Com isto dão um sinal errado ou certo?

Vivemos num mundo surrealista onde, por vezes, as decisões políticas são tomadas para além de toda a compreensão. Esta decisão dos Samaritanos corresponde ao espírito transmitido na parábola do Samaritano, saindo, também eles, da normalidade, tornando-se talvez por isso numa provocação para alguns!

É de admirar e justa a coragem mostrada pelos Samaritanos numa sociedade em que as trincheiras sociais se tornam cada vez mais fundas e em que cada um quer ter a razão toda sem deixar nada para os outros!

A atitude de mandar para casa os empregados não vacinados e de lhes continuar a pagar o ordenado parece contraditória ou até provocadora na nossa sociedade, mas talvez não passe de uma objecção justificada!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

“CAMINHO SINODAL” NA ALEMANHA – UM DESAFIO A OUTRAS VIAS SINODAIS

De Relevância é a Fé e o Amor e não a Homossexualidade

António Justo

Caminho Sinodal é o debate de reformas entre católicos em via em todas as dioceses do mundo; as diversas conclusões das assembleias sinodais ganharão expressão definitiva no acto final do sínodo em Roma, em Outubro de 2023. Até lá cada país vai agendando e concretizando as suas assembleias sinodais com as respectivas conclusões a serem aferidas depois de feita a caminhada!

Na 3ª Assembleia Sinodal em Frankfurt am Main, (3 a 5 de Fevereiro), que congregou bispos (os 27 bispados), leigos e associações representativas da igreja oficial na Alemanha, dos 14 textos disponíveis preparados em assembleias anteriores, foram trabalhados e votados os três (1) seguintes documentos como resoluções: 1°. “Para a conversão e a renovação. Fundamentos teológicos do Caminho Sinodal” e uma aprovação dos “não-homens” em relação ao tema “diaconato das mulheres”; 2°.  texto básico “Poder e Divisão de Poderes na Igreja – Participação Comum e Participação na Missão” e o 3°.  texto de acção “Envolvimento dos fiéis na nomeação do bispo diocesano”.

Os três textos foram autorizados e aprovados na segunda leitura como resoluções do caminho sinodal, com uma taxa de aprovação entre 74 e 92 por cento. A votação obrigava a um processo rigoroso: “Uma maioria de dois terços dos membros do sínodo – uma maioria de dois terços dos bispos (2)” … A Conferência Episcopal Alemã refere que mesmo nas votações, em que era exigida uma maioria de 2/3 dos membros episcopais da assembleia sinodal de acordo com os estatutos, isso sempre existiu” (3).  Exemplo da votação dos bispos: 41 sim, 16 não, 2 abstenções (Ver protocolos de votação por temas: exemplo, texto básico em alemão e inglês (4)).

O 2° documento determina que a igreja deve levar todas as pessoas a sério e não deve continuar a discriminar ninguém; isto é, homossexuais, divorciados, mulheres, devem ser apoiadas e reforçados a todos os níveis da igreja.

Em questões de homossexualidade parte-se do princípio que importante e decisivo deve ser a fé! A orientação sexual não deve desempenhar um papel neste contexto, para se poder cumprir a missão da Igreja à humanidade que se resume em proclamar a Boa Nova em todas as circunstâncias. Em todos os textos advoga-se uma igreja sem medos. Deve haver lugar para o humano, independentemente dos ideais que a igreja representa.

Quanto à função das mulheres na Igreja diz: “Não é a participação das mulheres em todos os serviços e ofícios da Igreja que requer justificação, mas sim a exclusão das mulheres dos serviços sacramentais”.  Objecto de discussão foram entre outros temas a moralidade sexual, o papel da mulher na compreensão do ministério e do poder eclesial.

Na Alemanha há muitos trabalhadores que têm vivido em uniões homossexuais (em segredo) , outros voltam a casar após o divórcio e pretendem participar nos sacramentos e trabalhar em actividades da igreja, sem medo. De notar que, na Alemanha, só a Cáritas (Católica) emprega mais de 600.000 pessoas a tempo inteiro (5).

O 3°. Documento decidiu que, no futuro, os fiéis de cada diocese devem estar mais envolvidos na votação para o bispo da diocese. Para já um corpo de cinco membros, incluindo duas mulheres, irá liderar a administração da diocese de Essen.

Ainda haverá mais duas assembleias sinodais na Alemanha até à Primavera de 2023, o que implicará ainda muita discussão pois, para já, caberá aos bispos e vigários gerais traduzirem os resultados desta assembleia em decisões concretas. Os sinodais e especialmente os bispos “reuniram” uma maioria de dois terços, mas o sucesso do processo de reforma “Caminho Sinodal” a ser revalidado legal, moral e teologicamente em Roma.

Deus está perto de todos independentemente das suas funções. Mas uma igualdade de votos de clero e leigos questiona também o assunto dos ministérios e da missão como indivíduo e como comunidade. Os coordenadores das assembleias revelaram discernimento ao proporcionarem votações também por grupos.

O caracter de missão institucional pode aplainar e facilitar a ligação. Deus é pai-mãe de todas as pessoas, todos somos filhos e como tal todos somos familiares de Deus. O padre é um servidor de Deus e a paróquia existe para todo o ser humano. A convicção cresce do interior não se devendo deixar influenciar demasiadamente pelos ventos, mas estes terão de ser tidos em conta para que o barco se mantenha à superfície das águas. As pessoas encontram-se em mudança e a igreja acompanha-as à medida que se muda (igreja peregrina). Não se trata das oportunidades da igreja nem de cálculos, mas de uma comunidade em peregrinação.

Como conclusão apresento uma Citação atribuída a Bertolt Brecht: “Quem luta pode perder. Aquele que não luta já perdeu”. Vista a coisa mais de perto a frase é mais própria da sociedade política do que da eclesial, mas torna-se mais verdadeira se substituirmos a palavra luta por empenho.

O seguimento de Deus pressupõe também estar atento aos sinais dos tempos, mas sem nos deixarmos subordinar ao espírito do tempo (Zeitgeist). Um outro aspecto importante a não perder de vista será a missão de cada um a nível individual, a missão de todos como comunidade e a missão da igreja no seu aspecto institucional; isto num tempo em que no Ocidente e só no Ocidente se luta contra o que é institucional, talvez para melhor ser conseguido o objectivo de se ir instalando, a nível universal um poder político anónimo.

Neste processo catalisador necessita-se muito cuidado e ponderação atendendo às diferentes perspectivas históricas e geográficas a nível mundial; de facto, as sociedades encontram-se em diferentes velocidades (também em termos de dioceses) o que pressupõe que uma sociedade progressista não imponha as suas passadas aos outros (este aspecto irá activar a luta entre mundivisões). Mesmo na história da Europa observa-se sempre uma certa dicotomia entre uma europa nortenha que aposta mais no individualismo e uma europa mais romana (católica) acentuando, a nível institucional, mais a comunidade! Se na Idade Média o espírito do tempo (Zeitgeist) abusava do indivíduo em favor da comunidade, hoje, ao contrário, no Ocidente o espírito do tempo esforça-nos a abusar da comunidade (instituição) em favor do individualismo. Precisa-se urgentemente de renovação, mas com moderação que não seja motivada apenas por indignações. (Em nota (6) apresento alguns dos meus textos relativos a este assunto)

Os sinodais e, note-se, os bispos “reuniram” uma maioria de dois terços, mas o sucesso do processo de reforma “Caminho Sinodal” a ser revalidado legal, moral e teologicamente será em Roma. O que serve a pessoa está com Deus, o que a não serve será triturado com as rodas do tempo!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo

Pegadas do Tempo

(1) 1° texto: https://www.synodalerweg.de/fileadmin/Synodalerweg/Dokumente_Reden_Beitraege/SV-III_1.1NEU_Synodalpraesidium-Orientierungstext-Beschluss.pdf ; 2° texto: : https://www.synodalerweg.de/fileadmin/Synodalerweg/Dokumente_Reden_Beitraege/SV-III-Synodalforum-I-Grundtext-Lesung2.pdf ; 3° texto:    https://www.synodalerweg.de/fileadmin/Synodalerweg/Dokumente_Reden_Beitraege/SV-III-Synodalforum-I-Handlungstext.BestellungDesDioezesanbischofs-Lesung2.pdf .

(2) https://explizit.net/kirche/artikel/feuerprobe-fuer-den-synodalen-weg/   De acordo com um inquérito, 74% dos católicos na Alemanha são a favor da abolição do celibato obrigatório para padres (Problema da representatividade).

(3) https://www.dbk.de/presse/aktuelles/meldung/dritte-synodalversammlung-des-synodalen-weges-in-frankfurt-am-main-beendet

(4) Protocolo de votação: https://www.synodalerweg.de/fileadmin/Synodalerweg/Dokumente_Reden_Beitraege/SVIII_3.1-Grundtext-Macht-2.Lesung_Abstimmung.pdf

(5) A nível nacional – os bispos já podem agora decretar pela sua própria autoridade que a homossexualidade já não é um critério de exclusão para o emprego na igreja. A aprovação de mais de dois terços dos bispos significa que algumas propostas

(6) “Francisco concretiza o seu Programa pontifical no Caminho sinodal universal (10.2021 a 10.2023)”: https://antonio-justo.eu/?p=6768

“O Sínodo Amazónia em Roma irá dar que falar – Novos caminhos para a igreja e para a ecologia integral”: http://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/artigo/o-sinodo-amazonia-em-roma-ira-dar-que-falar-novos-caminhos-para-a-igreja-e-para-a-ecologia-integral

A EXORTAÇÃO PÓS-SINODAL “QUERIDA AMAZÓNIA” https://antonio-justo.eu/?p=5803

A Igreja contra ela mesma?: https://bomdia.eu/a-igreja-contra-ela-mesma/

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NO DIÁLOGO DOUTRINA-PASTORAL: https://www.linkedin.com/pulse/teologia-da-liberta%C3%A7%C3%A3o-di%C3%A1logo-doutrina-pastoral-ant%C3%B3nio/?trk=portfolio_article-card_title ou: http://antonio-justo.eu/?p=4047

“Alegria do Amor” é a ponta de lança do Vaticano II: https://beiranews.pt/2018/02/27/ponto-de-vista-por-antonio-justo-29/