Boa Disposição e má Disposição


Como o vento na natureza assim as ideias nas vivências

António Justo


O estado de ânimo e o estado do tempo são duas manifestações de realidades compartilhadas: o sol na natureza e o Espírito na pessoa. Sol e Espírito, como natureza e pessoa, estão em relação directa: chove em mim, chove na natureza! No bom tempo interior e exterior há sol, alegria e ideias positivas, no mau tempo há chuva, tristeza e ideias negativas. Fazemos parte duma realidade em reciprocidade mais ampla do que a do próprio biótopo de que julgamos ser senhores.


Certamente que já lhe aconteceu, depois de ter passado um dia calmo e sereno, com alguém da sua relação, de repente, ao dizer algo, desencadear-se uma tempestade de sentimentos e relâmpagos de ideias cada vez mais incendiárias. A atmosfera chega, por vezes, a carregar-se de tal modo que faz desaparecer o sol que antes brilhava nos dois. Esquece-se que as ideias e em parte os sentimentos são apenas fenómenos à superfície do próprio ser e se comportam como o tempo.


As ideias tornam-se como fósforos a raspar na caixa do sentimento. As ideias como o vento arrastam atrás delas a chuva e o sentimento. Quanto mais fúria sopra do vento das ideias mais as ondas das emoções se levantam e encrespam. Lá fora, na natureza, como cá dentro, no nosso espírito, há tempos de altas e baixas pressões.


A paisagem da nossa alma tem muito de comum com a paisagem da natureza lá “fora”. Como nela, há chuva, abertas e sol na nossa alma, no nosso coração. Os princípios e as leis que as regulam são semelhantes e há algo de comum também. Quando há sol na natureza, no nosso coração tudo se torna, dentro e fora, mais leve e o horizonte revela-se mais largo.


Forças, que, por vezes, se revelam más em tempos de tempestade, se bem vistas, podem tornar-se produtivas, como acontece no uso do vento para fins energéticos se forem orientadas. O mesmo se diga em relação às ideias. Em cada pessoa como na natureza há energias ciclónicas e anticiclónicas, marés-altas e baixas, euforias e depressões.


No mar da vida, para se levar uma vida equilibrada, há que aproveitar o vento propício para melhor se abordar à costa. Em tempo de nevoeiro torna-se perigoso arribar. É preciso esperar o bom tempo das ideias, das ideias benignas e da calmaria do coração para se abordar ao outro e então resolver os problemas com horizontes largos e duradouros. Em mim como no outro, nas ideologias como nas sociedades, os mesmos estados do tempo!


As rajadas do vento e das ideias, como a calmaria do estado do tempo lá fora e o estado da atitude de espírito em nós, são situações naturais a compreender para se aceitar a realidade própria e do outro. Depois da tempestade avizinha-se o nevoeiro e normalmente é precisa a predisposição para se olhar em redor na descoberta dum arco-íris anunciador de sol. Esta é uma oportunidade para se descobrir a si no outro. E “depois da tempestade vem sempre a bonança”, não fossemos nós natura e não nos víssemos nós no espelho da natureza. Como na natureza também na panorâmica humana há diferentes biótopos de caracteres e mentalidades como se pode verificar da observação de discussões acirradas entre optimistas e pessimistas, entre o comunista e o capitalista, entre a reacção da pessoa em estado eufórico ou depressivo. O pessimista naturalmente que preferirá dizer “depois da bonança vem a tempestade”. É sempre uma questão de perspectiva. Se um olha na direcção do dia o outro olha na direcção da noite! A natureza e nós, somos dia e noite! No fim, a intenção é que vale e já antes os dois tinham razão, situando-se o problema apenas na perspectiva de cada um! O problema não está na natureza mas na rosa-dos-ventos!


Criar em nós uma instância do bom humor

Há pessoas muito sensíveis que reagem como micro climas. A boa ou má disposição influencia a compreensão dos outros e do que dizem. Na verdade, até o tempo se torna cúmplice do nosso humor. Os mesmos temporais, as mesmas bonanças do tempo, lutas e discussões da pessoa e da instituição; o mesmo acontece em casa, na família como na polis e na disputa entre os partidos e na discussão de opiniões; tudo isto se encontra submetido às mesmas forças e leis a descobrir. Os problemas surgem principalmente do facto de cada indivíduo ou grupo ter uma visão perspectiva da realidade quando esta é a-perspectiva. Tudo apenas um problema do tempo lá “fora” e cá “dentro.”Assim acontecem as ventanias e as tempestades destruidoras na natureza, e as rajadas que devastam a sociedade, a família, as amizades e as pessoas.


Como nas pessoas assim nas montanhas. Se na base há nevoeiro certamente que lá em cima brilha o sol. Se nos encontramos na depressão, no vale, na comba da tristeza, certamente que só veremos no outro o escuro do nevoeiro do sopé da montanha e a própria escuridão nos atemoriza porque vemos fora o que está dentro. Como me encontrava no sopé não podia ver a montanha toda no outro e em mim.


Ao fim e ao cabo todos fazemos parte da mesma montanha. Se dum lado da encosta há chuva do outro haverá sol. A paisagem que hoje sorri ao sol amanhã chora à chuva. Tudo sofre e se alegra a seu tempo. À depressão (tristeza) do sentimento dum lado corresponde a pressão (alegria) do outro lado.


Urge aceitar os sentimentos como se aceita o tempo para se evitar o curto-circuito de ideias e a consequente trovoada dos sentimentos. Se me encontro no fundo do vale, do lado da encosta sombria das ideias é melhor esperar por uma aberta ou tentar subir a encosta até encontrarmos o sol e assim nos podermos orientar melhor numa perspectiva para além do nevoeiro. No nevoeiro e na tristeza certamente que pintaremos a vida e o outro com cores escuras, não podendo deslumbrar nelas a beleza da realidade arco-íris. Os problemas ocasionais passam com uma simples mudança de perspectiva; os grandes permanecem tanto no sopé como na encosta da montanha. Estes porém só devem ser resolvidos com eficiência na fase soalheira da vida. Doutro modo formam-se opiniões e tomam-se decisões que criam maiores problemas ainda, por falta de horizontes mais largos.


A questão será encontrar a balança numa vida consciente da tempestade e da bonança. As diferentes estações manifestam diferentes riquezas em interdependência em nós e nos outros, entre o cá dentro e o lá (cá) fora, que são parte da mesma realidade.


A disposição, o bom ou o mau humor, determina a nossa vivência. Somos mais que o mimetismo das nossas ideias e sentimentos. Para mudar a vivência não chega mudar as circunstâncias exteriores porque também as nossas ideias e sentimentos provocam, muitas vezes, a cor do ambiente, a cor das circunstâncias exteriores. À distância vê-se mais. A causa da nossa má relação está, muitas vezes, em pensar nela. Não chega esperar pelo tempo que cura todas as feridas. Importante é pôr-se o problema e esperar-se pela solução mais tarde. Para os problemazitos do dia-a-dia, muitas vezes basta tirar o cobertor escuro das ideias com que envolvemos o parceiro e nos envolvemos a nós. Na cama dos sentimentos é preciso arredar os pijamas das nossas ideias e procurar tocar com a própria mão no corpo nu do outro. Então, na nudez do outro descobrirei a própria nudez, e sentirei nele o calor primaveril que me incendiará também a mim.


Se a ocasião não proporcionar tanta proximidade, basta um louvor verdadeiro. O louvor é como o sol que derrete as roupagens das neves mais resistentes.


Agradecer e louvar é um acto nobre que reconhece a realidade do dia e da noite, do bom e do mau humor no todo e em cada um. Já Demócrito vivia a felicidade através duma conduta de vida razoável comedida.


António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo e Teólogo

antoniocunhajusto@googlemail.com

Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos

BENTO XVI ABRE-SE AO JORNALISMO CONTEMPORÂNEO
“Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos”

António Justo

O livro, “Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos”, resulta duma entrevista efectuada de 26 a 31 de Julho, onde Bento XVI em Castel Gandolfo respondia, uma hora por dia, às perguntas directas e pessoais do jornalista  Peter Seewald.


Bento XVI dá assim continuidade aos livros-entrevista “O sal da terra” e “Deus e o mundo”, resultantes das entrevistas que o outrora comunista Peter Seeweald fizera ao então ainda Cardeal Razinger.


Esta nova forma de abertura ao jornalismo contemporâneo possibilita a leitura a um público mais abrangente que o das encíclicas.


No livro “Luz do Mundo”, o chefe supremo de 1.200 mil milhões de católicos, toma posição no respeitante aos problemas da Igreja e da sociedade, falando, sem subterfúgios, sobre si, o seu pontificado, a alegria do cristianismo, os abusos na Igreja, o ecumenismo, a sida, mesquitas e burca, o modernismo, o progresso, a droga, a sexualidade, Pio XII, a mulher, o celibato, etc. Ao ler-se o livro acompanha-se um Papa sublime e humilde, que, no centro da vida, quer dar vida à fé e trazer fé à vida.

Dá prazer ler os escritos lúcidos dum homem sábio, fiel a Deus e à humanidade, que, neste momento crucial da História humana, constata que “é absolutamente inevitável um exame de consciência global.” Não chega guiar-se pelo ponto de vista “ da factibilidade e do sucesso.” Para evitarmos certos aspectos destrutivos do progresso “devemos reflectir sobre os critérios a adoptar a fim de que o progresso seja verdadeiramente progresso”. A sociedade ocidental encontra-se numa encruzilhada que conduz ou a um secularismo que não tem nada para contrapor aos grandes problemas da humanidade ou a uma nova questionação sobre Deus. Reconhece que “muitas coisas devem ser repensadas e expressas de um modo novo.”

O anúncio do Evangelho não pode ser consensual: “Se o consenso fosse total, teria de me interrogar seriamente sobre se estaria a anunciar realmente o Evangelho todo”. Reconhece porém que não se tem apresentado suficientemente o potencial libertador e o sentido da fé em Deus. “O cristianismo dá alegria, alarga os horizontes.”


Nota-se que Bento sofre pelo facto dos Media e dos críticos da Igreja condicionarem a modernidade da Igreja às questões que têm a ver com os sexos.


Torna-se nefasto e desastroso para a Europa e para o mundo o caso do modernismo europeu reduzir a imagem da Igreja católica ao seu trato do sexo e condicionar a sua aceitação à sua maneira de encarar a sexualidade. Uma Europa que deve a sua configuração ao Cristianismo e um mundo que tem no catolicismo o seu primeiro modelo implementador de globalização, não revelam carácter ao rebelarem-se como filhos pródigos renitentes na sua primeira fase de abandono e repulsa.


Estes filhos pródigos apoderaram-se de grande parte dos média, das políticas e das administrações, controlando grande parte da opinião públicada e dos centros do poder e tratando a Igreja como sua rival. Os preconceitos mediáticos e a desinformação tornam cada vez mais necessária a abordagem directa dos textos papais.


Contesta o relativismo propagado afirmando que “o homem tem de procurar a verdade; ele é capaz da verdade. É evidente que a verdade necessita de critérios de verificação e de falsificação”. E mostra o seu desconsolo sentindo-se “decepcionado sobretudo por existir no mundo ocidental esse desgosto com a Igreja, pelo fato do secularismo continuar tornando-se autónomo, pelo desenvolvimento de formas nas quais os homens são afastados cada vez mais da fé, pela tendência geral da nossa época de continuar sendo oposta à Igreja”.

Lamenta a cegueira do mundo ocidental onde muitas pessoas não distinguem entre o bem e o mal; reconhece na Europa forças destrutivas e manifesta esperanças nas pessoas fora da Europa. Questiona uma sociedade em que as sondagens se tornam “o critério do verdadeiro e do justo.” Para a Igreja “a estatística não é a medida da moral”.

Preocupa-o a nova intolerância propagada por um laicismo activista que em nome da tolerância se aproveita para afastar símbolos religiosos dos espaços públicos e assim safar o cristianismo da Europa. “A verdadeira ameaça frente à qual nos encontramos é que a tolerância seja abolida em nome da própria tolerância… Existem regras ensaiadas de pensamento que são impostas a todos e que são depois anunciadas como uma espécie de tolerância negativa…. há uma religião negativa abstracta que se transforma em critério tirânico e que todos devemos seguir… Ninguém é obrigado a ser cristão. Mas ninguém deve ser tão pouco obrigado a viver a «nova religião» determinada como única e obrigatória para toda a humanidade… O que importa é que procuremos viver e pensar o cristianismo de tal modo que ele absorva o moderno que é bom e está certo e, ao mesmo tempo, se separe e diferencie do que é uma contra-religião.”


Apela à defesa da fé como catalisadora do mal num mundo secularista agressivo. Este quer o ser humano inteiramente disponível ao seu domínio e à sua ideologia reduzindo-o a indivíduo e a coisa sem dignidade divina. “Porém, a presença divina revela-se sempre no Homem.”


Para Bento XVI razão e fé não são contraditórias; vê na fé um serviço crítico e um limite razoável da razão. Doutro modo, o Homem, ao fazer-se a medida de todas as coisas, reduz e desumaniza a criação. O Homem sem Deus, destrói-se a si mesmo e a criação, sem se sentir responsável perante ninguém.


No que respeita ao sacerdócio da mulher, Bento XVI diz que o facto dos apóstolos terem sido homens levou esta prática a ser assumida pela Igreja como norma, sentindo-se ele, assim, condicionado pelo direito. Ao argumentar com a norma consuetudinária deixa o campo aberto à discussão teológica. De facto o NT também diz:”…o que ligares na terra será ligado no céu…” Bento também testemunha que “o significado das mulheres – de Maria a Mónica até Madre Teresa de Calcutá – é tão proeminente que, de muitas maneiras, as mulheres definem o rosto da Igreja mais do que os homens.”


Quanto ao uso do preservativo o “grande Mestre” aponta para a possibilidade da casuística: um método da Tradição que faculta, em casos de conflito entre princípios morais, a possibilidade de optar pelo princípio maior (neste caso a defesa do corpo e da vida é mais relevante que a proibição do uso do preservativo para impedir a natalidade). A Igreja não se pode encostar aos adaptados que têm apenas respostas fáceis e ideologia para oferecer. Ela é acontecimento, milhares dos seus membros entregam-se abnegadamente na ajuda aos infectados pela SIDA. Bento XVI atesta que “onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. É preciso fazer muito mais”. “A mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias”… O uso do preservativo é legítimo “em casos pontuais, justificados… o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.” Solicita a” humanização da sexualidade”.


Quanto à homossexualidade, ensina: os homossexuais “merecem respeito” e “não devem ser rejeitados por causa disso”.

Relativamente à possibilidade de renunciar ao papado responde “Se o papa chega a reconhecer com clareza que física, psíquica e mentalmente já não pode suportar o peso do seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar.”

Segundo ele, também as feridas da Igreja “têm para nós uma força purificadora e, no final, podem ser elementos positivos“. De facto, na Igreja como na natureza encontra-se a contradição, não fosse ela vida.

A droga “destrói os jovens, destrói as famílias, leva à violência e ameaça o futuro de nações inteiras”.


A humanidade alcançou os limites do seu crescimento. A solução cristã, para sair da crise e para resolver os problemas do ambiente e da humanidade, não vem de iniciativas da economia de mercado mas da metanóia, da mudança da consciência individual. Bento, o Cristianismo, aposta na pessoa e crê na sua capacidade de mudança através do aprofundamento da consciência individual numa perspectiva de fé.


O Papa sublinha a esperança cristã e a necessidade de colocar Deus em primeiro lugar para que a Igreja seja a luz de todo o mundo.


A Igreja, como organismo vivo é processo e não uma instituição que se deixe regular apenas por leis externas. O Papa não pode nem deve dar resposta imediata a tudo. Ele é como a Constituição dum país. Da Constituição não se podem esperar respostas muito específicas. Para isso estão as leis, para isso há a pastoral que tentará dar respostas adequadas a situações específicas, “in loco”, tal como as leis do Estado fazem, tendo como inspiração o espírito da Lei Fundamental.


Em caso de conflito de consciência o Cristão está chamado a orientar-se pela própria consciência, como advogava já S. Tomás de Aquino. É também um princípio cristão que o amor está por cima da lei.


Resta aos cristãos e ao mundo “encontrar palavras e modos novos para permitir ao homem destruir o muro do som do finito.”


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

DIGNIDADE CONSTITUCIONAL PARA A LÍNGUA


Associações alemãs insurgem-se contra a Inundação de Palavras inglesas

António Justo

Associações de protecção da língua e da cultura entregaram ao parlamento alemão 40.000 assinaturas de apoio à exigência de protecção da Língua alemã pela Constituição da República. Na Constituição deve ser registada a frase:”A língua da BRD é alemão”. Esta iniciativa encontra apoio no presidente do Parlamento.


A língua deve ser protegida como bem cultural e como “elo de união da nação” e ao mesmo tempo como “a chave para uma melhor integração”.


O emprego de palavras inglesas impede muitas vezes a clareza da língua e pressupõe que todos dominem o inglês.


Puristas da língua registam uma invasão de anglicismos na Alemanha que já atinge 7200 palavras (www.anglizismenindex.de). Querem que palavras inglesas sejam traduzidas em alemão; por exemplo mainstream por “gosto das massas”.


Na França, onde a língua se encontra ancorada na Constituição tornam-se possíveis decisões de tribunal tendentes a proteger o consumidor. Segundo uma lei de 1994 os franceses podem exigir que no seu lugar de trabalho se fale francês. Empresas internacionais usam apenas a língua inglesa sem que, documentos e programas de computador, sejam traduzidos em francês. Decisões de tribunal deram razão a queixas de Sindicatos contra firmas, como refere HNA.

Aportuguesar as palavras estrangeiras


No mundo global e virtual em que nos movimentamos não podemos prescindir de estrangeirismos. Estes são um meio enriquecedor da língua desde que não sejam assumidos directamente da língua donde provêm mas sejam adaptados ao génio da língua. Um estrangeirismo como “destacar” enriqueceu a língua trazendo uma outra conotação específica que o seu correspondente vernáculo “distinguir” não tem ou não deixa ver directamente.

Também há palavras que reflectem diferentes consciências, como a palavra “elite” em vez de “escol, fina-flor”.


Naturalmente que quem fala bem uma língua estrangeira tende, por vezes, a empregar certas palavras estrangeiras por serem mais concisas ou mesmo por preguiça em procurar termo equivalente. Por outro lado há os vaidosos que querem mostrar a sua importância e desejam distinguir-se do resto mediante o emprego de estrangeirismos. Aportuguesar os termos ingleses constitui uma tarefa importante para o enriquecimento da língua. Naturalmente, sem pressões dum lado e doutro.


A pressa moderna leva-nos a deixar pontos e vírgulas, sem olhar ao pormenor. Muitos dos termos novos pertencem a uma linguagem tecnológica precisa e fria sem a carne da alegria da imagem para saborear. Trata-se de manter o olhar atento para o vivo. Os interesses económicos desempenham grande papel no seu desenvolvimento. O português, como língua inter-cultural encontra-se sob grande pressão da concorrência. O Brasil empenha-se de maneira especial porque está consciente do seu valor económico e cultural para o Brasil.


A língua já tem categoria constitucional em 18 países europeus. A eficiência prática depende da legislação e das decisões dos tribunais.

A linguagem vernácula é dificultada por interesses económicos e por textos modernos sem preocupação pela pureza, correcção e clareza da língua. A leitura de textos clássicos é cada vez mais dificultada. O mundo cultural também não faz excepção à lei mercantil do barato. A necessidade de comercialização da língua, também através de romances feitos à pressão, torna tudo mais leve e de curta duração. As editoras precisam de nova mercadoria, para apresentar a consumidores apressados.


Numa era em que se usam cada vez mais programas de computador como correctores da língua notam-se muitas vezes substratos ideológicos na escolha e disponibilização de termos.

Cada língua transmite o seu sentimento de vida. Através da fala entramos no génio dum povo.


Ela faz parte integrante da nossa consciência. Entrar no espírito duma outra língua é como navegar noutro continente e mergulhar numa nova consciência. Daí o respeito a ter por cada língua.


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

Saúde das Crianças em Perigo – Demasiado Consumo de TV / Computador


Uma sociedade doente produz crianças doentes

Necessidade de Aulas de Teatro nas Escolas

António Justo


Antigamente havia três ou quatros doenças típicas de crianças. Hoje o seu espectro revela-se enorme, especialmente com as doenças psíquicas. A nossa sociedade económica, política e cultural não tem lugar para a família nem para as crianças. Quer apenas forças de trabalho. Tudo se orienta e roda em torno do emprego que cada vez se torna mais absoluto nas suas exigências. A Sociedade fomenta Crianças doentes.


Segundo estatísticas do Estado do Hessen da RFA, um em cada dois alunos já participou, pelo menos, numa terapia. De Janeiro a Março de 2010, os pediatras prescreveram, neste Estado, 6763 psicoterapias, 9091 terapias de movimento e 10136 terapias da fala a crianças.


Segundo a investigação da Caixa de Previdência Técnica, alunos que vêem mais de duas horas de TV por dia são enviados com mais frequência para a terapia do que alunos com menor consumo de TV.


Cada vez há mais crianças sem “sentimento do corpo”. A falta de sensação corporal torna-se dramática.


Estatísticas de toda a Alemanha revelam que crianças, que em média se sentam mais de duas horas perante a TV, não aprendem bem a falar e revelam problemas a nível de movimentação.


Habituados à TV, Computador e telemóvel não conseguem uma comunicação racional nem um movimento equilibrado.


A este problema junta-se o stress de muitas crianças com um programa de calendário muito apertado. A sociedade exige demasiado rendimento intelectual das crianças sem que lhe proporcione um equilíbrio emocional. As crianças desconhecem o seu ambiente.

Caminha-se para o modelo de sociedade de Esparta.


A criança precisa duma relação com um tu para se desenvolver de maneia integral e sadia. A TV, o SMS, não substitui um tu. Neste sentido seria melhor a ocupação com um animal (especialmente no caso de filhos únicos ou de grandes diferenças de idade). Este consegue proporcionar o desenvolvimento de sentimentos que muitas vezes os educadores não proporcionam, devido ao stress em que se encontram envolvidos e que transmitem às crianças.

Obrigatoriedade de Aula de Teatro nas Escolas

O que mais prejudica as crianças é a falta de atenção por parte de pais e adultos e a falta de amigos da mesma idade. Compensam no mundo virtual, o que a vida real lhes não dá. São portadoras de sintomas que dão nas vistas e que revelam o mau ambiente que as circunda e que provoca tais sintomas. A criança precisa imenso da brincadeira e do jogo ao ar livre ou no ginásio com outras crianças. Aí, além de formarem a personalidade, aprendem a resolver conflitos e libertam energias e agressividade acumulada.


As escolas que estejam atentas à realidade social que as envolve e que queiram tornar-se exemplos para o futuro terão de criar horários escolares de teatro em tempos úteis de currículo. Nos internatos das ordens e congregações religiosas é comum, por boas razões, haver representações de teatro e outras artes musas. Hoje torna-se uma exigência para toda a escola e para todos os alunos. Toda a escola deveria consagrar, pelo menos, duas horas lectivas semanais ao exercício de teatro. Este envolve toda a personalidade e ajuda o aluno ao equilíbrio mental, emocional e locomotor.


Toda a criança, na idade escolar, pelo menos até aos 12 anos, precisa não só de disciplinas que fomentam a abstracção e a racionalidade mas também disciplinas que desenvolvam a emocionalidade através de disciplinas como desenho, canto, música, dança e teatro.


Um Estado que não reconhece a necessidade do equilíbrio entre as capacidades intelectuais e emocionais dos alunos, terá de empregar, de futuro, grandes somas na medicina e na defesa contra a criminalidade.


António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo

antoniocunhajusto@googlemail.com

PORTUGAL 7 (sete) – COREIA DO NORTE 0 (zero)


Comentadores alemães elogiam a Qualidade do Jogo português

António Justo


Uma exibição exemplar que encantou Portugueses e Alemães aqui na Alemanha

Poprugal jogou bem contra a Coreia do Norte.

Parabéns à equipa, parabéns aos portugueses. Quando actuamos como grupo mostramos realmente as potencialidades que temos!  O espírito de comiunidade possibilitou mostrar a riqueza dos marcadores, por ordem de marcação: Raul Meireles, Simão, Hugo Almeida, Tiago, Liedson e Cristiano Ronaldo. Cristiano Ronaldo trabalhou para a equipa!

Desta vez tivemos em campo uma equipa com espírito de grupo e não um grupo de individualistas .

O jogo foi um espectáculo para todos os espectadores! Parabés à selecção, parabéns a Portugal!

A política portuguesa terá de aprender a lição e descobrir-se como equipa: descobrir-se como equipa em jogo com todos os portugueses, para poder juntar às alegrias futebolísticas, outras alegrias…

Os comentadores alemães ficaram emocionados com a qualidade do jogo português! Desta vez os espectadores foram prendados com um espectáculo de jogo!


António da Cunha Duarte Justo