VIA CRUCIS – O CAMINHAR DE PESSOA CONSCIENTE

O Homem sofre devido à sua própria imagem e às ideias que o prendem

Por António Justo

Jesus, no seu caminhar, revela-se não só como médio (união com Deus) mas também como mensagem (caminho, verdade e vida). O segredo da via crucis está em superar a dor sem a transmitir a outros, uma via sem a necessidade de bodes expiatórios, uma existência como processo de transcendência e inclusão. Deste modo Jesus quebrou com a prática comum da cadeia da violência. Com o exemplo do calvário inicia-se assim uma nova idade, a idade da paz. Esta perdeu-se, muitíssimas vezes, pelo caminho encontrando-se soterrada sob a folhagem da história. As estruturas do poder realizaram porém uma regressão à maneira antiga do exercício do poder como violência e a repressão.

Nele encontra-se um modelo de vida para lá dos habituais dualismos, racionalismos ou morais; a dimensão da sua actividade não se perde nos meandros de explicações porque a dimensão da sua actividade é a fé, a relação interpessoal, a relação mística, a única que implica transformação profunda.

Jesus mostrou a absurdidade de a imagem de um Deus vingativo, violento e mesquinho, que a sociedade civil e religiosa usa muitas vezes para melhor legitimar o seu poder e a sua violência. Deus não precisa de vítimas nem de sacrifício. Jesus ao assumir a qualidade de vítima desmascara a violência e torna supérfluo o recurso à vítima que amarra a alma humana quando Jesus lhe deu asas para voar. Nele se revela a possibilidade de nos mudarmos. Em Jesus Cristo, Deus revela-se o misericordioso que deslegitima qualquer violência (Mt 9,13; 1Cor13,3.13); o JC, ao assumir o ser de vítima, acabou com todos os sacrifícios e questionou a realidade do dia-a-dia baseada numa mentalidade que se movimenta entre o crime e o castigo, o criminoso e a vítima. Jesus acaba com a violência como meio de resolver os problemas; revela a fragilidade e maldade de uma vida e de um poder baseados numa mentalidade dual-polar legalista (que menoriza a realidade a: de um lado o bem e do outro o mal!).

Numa visão, verdadeiramente cristã, a realidade não é bipolar; ela implica uma terceira dimensão integrante inclusiva e integrante da vida na fórmula trinitária. À dimensão polar acrescenta-se uma outra dimensão: a dimensão da liberdade, da graça e do amor: o contrário da polaridade da obediência, do espírito legalista e justiceiro.

No JC todas as contas estão saldadas e em vez da teoria ou da moral inicia-se um novo reino que é encontro, relação directa com Deus (o tal Reino de Deus). O caminho do calvário é tão largo que leva nele vencedores e vencidos, maiores ou menores pecadores, acabando com a concorrência e com o prémio e o castigo; a cruz só conhece vencedores porque a sua força impulsionadora é a misericórdia e o amor. A via-sacra (caminho da cruz) acaba com o ciclo circulatório da violência (poder) e da repressão (Rom 12,21), supera também uma visão intelectualista redutora da vida. Já Platão dizia: “Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.”

O sofrimento assumido torna-se no método alternativo, o único capaz de fomentar saúde e salvação, o único capaz de libertar do sofrimento provindo das próprias imagens. O caminho da cruz é um outro modo de perceber as coisas, uma solidariedade sem limites nem extremos e, como tal, não responde a um mal com outro mal; de facto também o mau é vítima do mal. A via crucis é a alternativa à história humana em que a violência se alterna em nome de ideais e a pretexto da revolução. O único verdadeiro revolucionário da História é Jesus mas a sua revolução só se encontra activa em diferentes biótopos sociais que integram a doutrina com a mística (conventos, crentes e grupos que procuram concretizar na sua vida a realidade do JC).

VIA SACRA

Na seguinte texto vou reflectir um pouco no sentido da espiritualidade da via crucis. Inicialmente meditava-se sobre as 8 estações do calvário referidas nos evangelhos; posteriormente mais ampliadas.

A semana santa, tal como a cruz do calvário são vias de espiritualidade. Na observação da cruz não se trata de fomentar um sentimento masoquista mas de se descobrir o Cristo que é salvação e afirmação da vida alegre, independentemente do caminho-cruz. Jesus é o companheiro de vida que ajuda a integrar os opostos e as incongruências no de correr da vida.

  1. Jesus é condenado à morte

Ao ser condenado à morte, Jesus não abre a boca; ele sabe que perante quem se arma em juiz não há argumento profundo porque o juiz segue uma visão dualística que não permite um diálogo ao nível de sujeito para sujeito (de caracter inclusivo).

Em todo o interrogatório das autoridades romanas e do sinédrio Jesus apenas responde a Pilatos dizendo que é o „testemunho da verdade”). Pilatos pergunta “o que é a verdade?”. Jesus não responde certamente porque sabia que Pilatos, não entenderia uma resposta que desse porque só a equacionaria no sentido do discurso de direito (racional, na tradicional mentalidade exclusiva do ou… ou); este discurso não conhece pessoas nem relação, apenas conhecem objectos e interesses, prémio ou castigo.

Jesus dos interesses que se juntam em torno dos juízes, do direito da política e da religião, muitas vezes à custa da relação humana e de uma verdade mais profunda. A verdade é processo e, a nível real-místico, só se encontra na relação pessoal, na inter-relação do eu e do tu com o nós.

O caminho do calvário é a resposta do silêncio a uma sociedade empedernida, incapaz de compreender o que é a Verdade dado esta ser relação e nunca uma abstracção intelectual a serviço deste ou daquele poder. Por tudo isto Jesus emudeceu! Só tinha a hipótese de calar, mesmo perante a boa vontade de Pilatos que perguntava num cenário de mentalidade dualista do poder, a mentalidade ordinária do dia-a-dia; uma resposta a nível de justiça só poderia contribuir para o barulho e confusão de que a lei vive.

  1. Jesus toma a cruz aos ombros

 

Depois do encontro com as autoridades Jesus pegou na cruz aos ombros, não uma cruz culpabilizante nem justificadora; era a cruz da vida e dos males acumulados pela história da vida…. Foi então desprezado pela multidão do povo, porque também este só repete o que os chefes pensam, dizem e mandam… O povo fraco, geralmente coloca-se ao lado dos fortes, numa reacção compensatória da própria impotência. Mas Jesus não vinha para os fortes da sociedade nem para os que tinham adquirido o mérito de bons à custa da objectivação do que é sujeito, do inobjectivável…

Os dirigentes e o povo não aceitam reconhecer em Jesus as próprias feridas porque inconscientemente sabem que se tivessem a nobreza de alma de Jesus teriam de questionar a vida leviana a que foram acostumados e em que investiram…

Os soldados vendam-lhe o rosto, para lhe poderem bater; estão habituados a não encarar a vida de rosto no rosto; contentam-se com viver uma vida em segunda mão, uma vida de outros que é a negação da vida. Jesus, na tradição do servo de Deus (Is 53,33 s) suporta os pecados dos outros.

Não o querem na cidade, querem-no extramuros; numa reacção inconsciente querem-no nos caminhos fora dela onde se encontram os excluídos da sociedade (esquecem porém que lá é que se encontra Deus a incluir toda a humanidade). Ao colocá-lo fora dos muros fizeram inconscientemente como manda o dia-a-dia da normalidade… Carregam-no com as traves (uma símbolo da horizontalidade a outra da verticalidade; Jesus leva o mundo às costas no que ele tem de pesado; transporta o peso da própria cruz não o deixando para os outros; com uma consciência superior assume também os males dos outros.

Querem-no fora porque, no seu entendimento, um messias teria de andar pelos seus caminhos e seguir a obrigação de perfeccionismos e de virtude passadas a ferro pela sociedade, teria de seguir a ordem social e familiar como qualquer outro… Nem tão-pouco os amigos aguentam a realidade de um homem adulto que encara a vida de frente sem culpar ninguém. Eles querem Deus, à sua maneira, pelo que Jesus terá de ir morrer como o enforcado fora do povoado e, longe dos homens e de Deus; Jesus porém segue o caminho sempre em frente em silêncio; ele sabe que na mentalidade do povo um condenado pela lei é considerado um amaldiçoado de Deus (Dtn 21,23).

Deus permite tudo isto porque assim mostra que uma vida vivida só orientada pela lei é destrutiva, individual e institucionalmente… Jesus encontrava-se repleto de Deus e mostrava, no seu andar, quão diferentes são os caminhos da Verdade em comparação com os caminhos da normalidade de povo, governantes, religiosos e políticos. Como se mantêm prisioneiros de uma visão dualista da vida pensam que Deus se vingou em Jesus como se Ele fora um amaldiçoado de Deus.

Não, aqui não se trata de castigo; aqui está em jogo o assumir de uma nova consciência, de uma nova maneira de ser e estar no mundo que integra o mundo todo em si. No calvário não se trata de realizar uma pena devida à humanidade; Deus não é nenhum justiceiro como o quereria a mentalidade dualista e instrumentalizadora de quem nos governa. Deus não precisa de resgate… Ele caminha connosco, contigo e comigo, de maneira inclusiva e amorosa, assumindo também o sofrimento, numa reacção positiva à vida.

  1. Jesus cai sob o peso da cruz

Ninguém podia entender o núcleo da sua boa nova onde não há as instituições da violência e da repressão. Jesus tinha ferido profundamente a religiosidade popular e institucional do povo ao criticar a instituição e as práticas religiosas e ao afirmar a Boa-nova da alegria que não culpabiliza ninguém e deste modo desmascara os cães de guarda de Deus e do Estado. A crença e a lei constituíam elementos impeditivos de uma relação mais directa com Deus e com o povo. O JC anuncia uma metanoia para a liberdade e insujeição mostrando com a sua vida o preço da liberdade. As instituições querem, muitas vezes, um Deus grande, um Estado grande à custa da humanidade e do povo; Jesus cristo convida a não nos orientarmos tanto por regras e moralismos mas para através da relação com o interior divino… Jesus traz uma mensagem de alegria e não de tristeza. Ele quer as pessoas libertas do jugo do medo, por isso apela à mudança porque toda a vida é processo e transformação, não algo meramente estático fixado em lei ou normas que nos distraem do essencial: a relação pessoal e interpessoal. Jesus acaba com o pensamento em branco e preto, em termo de certo ou de errado; para Ele basta a fé, a experiência de amor que salva (Mc 5,13).

  1. O encontro de Jesus com Maria

A mãe lá está, bem à margem do caminho, sofrendo no silêncio o mau caminho do seu povo. A mãe pensa como o filho e sente como mãe, por isso não fala, fica em silêncio (Há momentos em que só o silêncio pode falar, a conversa torna-se em barulho de altifalantes pensantes ensurdecedores: um falar para não ouvir a voz do coração, o outro a falar em nós).

Não são homens que batem, são as fardas dos soldados que chicoteiam o inocente em nome da ordem e da instituição.

O encontro de Maria realiza-se, sem falas, de coração para coração numa troca de olhares porque a verdadeira vida não é experimentável no mundo das ideias e das palavras. No brilhar das lágrimas dolorosos que saem do encontro de seus olhos sai uma luz, uma experiência diferente da vida ordenada e secular. Naquele olhar brilha o dia de Páscoa, aquele Dia em que é sempre dia sem adormecer e em que a dor não estorva. No encontro verdadeiro não há palavras porque estas só distraem da profunda vivência que só é possível no encontro de rosto com rosto.

Para chegar à luz da experiência daquele encontro houve o caminho solitário no silêncio da dor que liberta; no mesmo caminho da fé se encontram mãe e filho na consciência de que o caminho da fé é diferente porque leva ao encontro que chega até a abstrair da razão para chegar a “compreender” numa vivência de que tudo se encontra unido e não separado. No momento do encontro a mãe percebeu a dureza das palavras que o filho lhe dissera quando a evitou (colocando a coisa de Deus acima das coisas familiares e lhe disse “não sabias que me devo ocupar das coisas de meu Pai?” Lc 2,49 s); naquela trocar de olhares de mãe e filho a mãe compreendeu novamente que o caminho de Deus não contempla a amarra de laços sanguíneos; no encontro Maria viu que seu filho sempre teve razão, porque empenhado na libertação das pessoas olhando cada uma de olhos nos olhos, não se podendo por isso deixar perder em nenhuma delas, por mais amável que fosse; no encontro de olhos nos olhos ateia-se um novo fogo, o fogo do amor que torna tudo presença. Naquele encontro se realiza a metanoia (para lá do pensamento) que exige um repensar da normalidade que nos prende e cativa; neste olhar se realiza a maternidade de uma mãe que se alegra nos crentes e incrédulos. No encontro dá-se uma fecundação que gera nova realidade.

 

  1. Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a cruz

Os soldados têm pressa e colocam a cruz aos ombros de um homem de fora, um homem da margem que viu pela primeira vez Jesus. Um homem de fora, que se encontrava ali por curiosidade, ajuda Jesus a transportar a cruz (Lc 23,26). Que terá levado Simão a observar a via crucis de Jesus? Ele sentiu-se levado por aquela força que nos leva a assistir quem precisa no momento oportuno. Simão são muitos, são a multidão que ajuda de fora sem perceber o que realmente está a acontecer.

  1. Verónica chega a Jesus o sudário para limpar o rosto

A Verónica, numa reacção espontânea, limpou o suor do rosta de Jesus, como refere a legenda do séc. 12. Verónica aquela mulher já preparada pela vida para a encarar de rosto no rosto, desejava que as dores e o suor não escondessem o rosto do Senhor. Na visibilidade do verdadeiro rosto de Jesus que se marca no lenço encontra-se a intenção de mostrar que, no que acontece no calvário, se esconde um verdadeiro rosto que é vivo e vivificante; as pessoas não devem continuar do lado de cá da vida fixadas a ver as marcas do caminho.… Jesus tem um rosto que nos olha. Na sua cara cada um de nós tem a oportunidade de reconhecer e ganhar um rosto.

  1. Jesus cai pela segunda vez

Encontramo-nos num mudo levedado pelo poder dualista de fariseus e Herodes que vivem de súbditos e dependentes; sistemas democráticos ou não democráticos tendem em manter o povo a olhar de baixo para cima e à procura do pão. A Tora, a lei encontra sempre um motivo para colocar alguém debaixo da cruz.

Os amigos assistem ao acontecimento de longe. Não querem ser identificados como seguidores de um condenado. Não entenderam nada de Cristo, encontravam-se como que aturdidos sob as enxurradas de ideias que lhes passavam pela cabeça. As ideias substituem o sentir e a empatia com Jesus; de Jesus tinham ouvido muita coisa que lhes ficara na cabeça e nos lábios mas não tinha passado da barreira do entendimento para o coração, para acção. Não entenderam nada, ficando a girar no intelecto como o hamster a pedalar no seu criceto.

  1. Jesus encontra as mulheres chorosas de Jerusalém

As mulheres choravam como se tratasse de uma caso de luto. Jesus que bem percebia o engano das pessoas que o seguiam e que não entendiam realmente o que se estava a passar. Então Jesus vendo que mortos choram os mortos, quebrou o silêncio e disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós e pelos vossos filhos! ” Sim, Jesus previa aqui que muitos dos seus seguidores não entenderam que o que estava a acontecer era vida, e que apenas conseguiam ver o que se encontra sob as mortalhas (Lc 23,27-31); Jesus pressentia que as estruturas que ele criticara e revogara continuariam a subsistir sem que as pessoas tivessem um olhar de olhos nos olhos como o de Maria e Jesus, uma experiência vivência que eleva o Homem para Filho de Deus; elas entendiam muito de sentimentos, ideias, de leis e moral permanecendo prisioneiras delas sem assumirem a vida divina, a vida da cruz que cada filho de Deus é chamado a levar; não, os mortos são os que choram aquele que está bem vivo e aguenta com a dor sem a projectar em ninguém. Jesus via através das lágrimas aquilo que as motivava e ao constatar a comédia que a vida organiza não aguentou mais … e quebrou com o seu silêncio. As lágrimas não seriam em vão se no outro dia as pessoas fossem diferentes… Jesus quebrou o silêncio ante tanta falta de entendimento.

 

  1. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da cruz

Se Jesus tivesse ficado na Galileia como muitos outros, como fazem aqueles que procuram o sucesso da vida, nada disto teria acontecido e o mundo continuaria na mesma, prisioneiro de ideias a viver ideais, longe da vida; se não tivesse levado tão a sério o seu Pai, se tivesse sido mais diplomático e hipócrita como todos nós, o sofrimento seria um pouco anestesiado pelo dia-a-dia. Em última análise Jesus é que foi o culpado por querer afirmar no mundo uma nova consciência de ser humano; uma consciência de homem livre e sem medo, liberta de opiniões e outras sujeições. Ele é culpado por ter ousado querer fazer de cada um de nós o caminho a verdade e a vida e não apenas expectadores e seguidores de seja quem for.

Jesus superou as medidas do bom pensar e do bom sentir. É abandonado dos homens bem pensantes que se sentem obrigados a controlar e determinar o que é bom e o que é mau, o que é verdadeiro e falso. Sob a verdade destes homens sofre a Verdade que é vida e contacto directo com Deus. (Imaginem que alguém se distanciasse das escolas de ensino, da estruturas religiosas e políticas, das opiniões dominantes, seria deitado ao ostracismo tal como Jesus o foi. A malta quer é teatro para aplaudir ou condenar para seguir as práticas e as regras do jogo que se destinam a manter a hipocrisia, o domínio e as vaidades; imaginemo-nos que nos encontraríamos com Jesus de cara a cara de olhos nos olhos; isso não pode acontecer porque teríamos de nos tornar nus para não cairmos no equívoco de pensarmos que nos encontramos com o outro quando na realidade nos encontramos com a ideia que fazemos dele,  presos que andamos nos argumentos, do cálculo, da insensatez numa tática de vida a meias entre proveito e ânsia de vaidade,

Entendiam que Jesus deveria reagir à sua maneira, uma maneira dialética e polar do que é bom e mau pensar. De todos abandonado sem braços acolhedores, nem seio de mãe que o acolha fica entregue à liberdade dos braços de Deus. Dois criminoso a seu lado Lc 23,32

 

  1. Jesus é despojado de suas vestes

Jesus confessa: “O Filho do Homem será entregue aos seres humanos”. Os discípulos não entendiam o significado daquelas palavras (Lc 9,44s).

Os soldados roubaram-lhe a roupa mas embora ladrões, foram justos, à maneira mundana, no repartir entre eles a roupa (Jo 19,23-24). Roubaram-lhe a dignidade humana, a ética e agora fazem negócio com os seus restos.

 

  1. Jesus foi pregado na cruz

No alto do monte, lá onde as ideias e as palavras se cruzam em sequências lógicas, Jesus é pregado na cruz e em nome da lei. Aquele Jesus queria levar tudo conscientemente até ao fim recusando mesmo o mórfio.

No contemplar da cruz, a inteligência e os sentimentos escurecem até à mudez. Jesus encontra-se sozinho e a sós com o Pai.” Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Sl 22,2).

  1. Jesus morre na cruz

Mais forte que a morte é o amor. Crucificaram-no “à terceira hora … e à hora nona (15h00) morreu” (Lc 15.44). Jesus não morreu para apaziguar o medo daqueles que têm medo de Deus… Jesus morreu como viveu, dando testemunho do Homem livre e comprometido com o Homem, perdoando sempre (Lc.23,34). “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).

  1. Jesus é descido da cruz

Jesus morre abandonado dos seus e um estranho vem descê-lo da cruz. Já antes um samaritano (Lk 10,30-37), um estrangeiro cuida do homem roubado, não o padre, nem o doutor da lei. José de Arimateia- um homem honrado que esperava pela vida do messias, cheio de compaixão arranjou um lugar para colocar o corpo de Jesus, doutro modo teria sido colocado na vala comum dos crucificados… José tirou-o da cruz e envolveu-o num manto (Mk 15,42 – 46). Em torno da morte de Jesus também havia justos como este José (Lc 23,51).

 

  1. O Corpo de Jesus é colocado no sepulcro

Deus não é um Deus dos mortos mas dos vivos (Mc.12,26s), por isso tem de ser procurado entre os vivos. A José junta-se Nicodemos que trouxe mirra e aloés para ungir o Senhor. Depois o sepulcro encontra-se vazio; Jesus adiantou-se, “o túmulo se esvaziará tal como o meu, um dia, se esvaziará”!

  1. Deus despertou Jesus!

Teresa de Lisieux dizia, “não olheis para a cruz! Olhai para o crucificado!” Nele Deus continua a história de cada um de nós. Não procureis entre os mortos quem vive, Ele ressuscitou. O nosso Deus não é um Deus do destino, ele é um Deus da relação, um Deus que se trata com denominativos como: paizinho, mãezinha… Se Jesus tivesse morrido a revolução não teria sentido porque permaneceria abandonada à violência em sequências de ritos e rituais repetitivos através da História. Assim permanece um paradigma da vida e de relação de pessoas, da humanidade que é uma família divina a querer encontrar-se e a erguer-se para se encontrar de olhos nos olhos.

A cruz demonstra o Homem sofre devido à sua própria imagem e às ideias que o prendem.

Muitos cristãos costumam meditar em frente ao crucifixo. A melhor experiência que se pode ter ao meditar será sentir como Jesus desce da cruz e se vem colocar no coração, como desce para o meio da comunidade.

Nas sombras das asas do Senhor (PS 63,1-9), nas sombras do seu caminho minha alma se refresca da sede que tem de ti!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

Pegadas do Tempo  www.antonio-justo.eu

 

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

4 comentários em “VIA CRUCIS – O CAMINHAR DE PESSOA CONSCIENTE”

  1. Boa reflexão sr. Antonio Justo. Saúdo pelo seu texto.

    Jesus Cristo, na visão natural, é um ser evoluidíssimo , já ascensionado (provavelmente sua ascensão deu-se fora deste orbe), que dignou-se a trazer uma necessária mensagem de “amor”.
    Assim como milhões de seres humanos hoje encarnados, evoluindo e buscando “neste” orbe sua ascensão, é tido como um ser cristalino que aqui atuou (continua atuando) sob a regência do “Sagrado Trono-Mistério do Conhecimento” (um nome simbólico pertencente às Escolas Naturais do Saber) nos campos da evolução humana ( o que demonstra que JC já veio com forte humanismo em si), obviamente distinguindo-se dos daqui pelo fato de já ter superado as suas amarras pessoais e conseguido sua ascensão, portanto, capaz de transmitir conhecimento vivido e sentido consentimentalmente.
    Quem o conhece “pessoalmente” confirma que ele é puro AMOR. Conheço o relato de seres que foram , quando de sua descida à carne (sujeição ao religamento a um corpo densificado perecível ou simplesmente “encarnação”) por ele convidados a participarem de sua missão junto a nossa humanidade, humanidade esta que o encanta e motiva e na qual ele tem por intenso AMOR.
    Se aqui veio foi por intermédio e autorização da Lei Maior e da Justiça Divina, disso sabemos. É um grande colaborador.
    O importante é a mensagem , não o mensageiro, pelo menos essa é a visão natural, onde abundam seres divinos do porte de JC, incluindo “Ele”, que ocupa posição conhecida (grau natural) nas Sagradas Escolas.
    O importante, dizem ,é o que “Sentimos Consentindo” , assim, somos o que de fato “Sentimos” , ou seja, o tanto de qualidade interiorizada e sentida, e não o que pensamos (na visão natural não é correta a expressão “somos o que pensamos”, ainda que seja um chavão bem popular).
    Quanto ao JC histórico, não estou certo de alguns pontos narrados pela tradição cristã em geral, como por exemplo a morte na cruz de JC, o fato de José de Arimatéia ser desconhecido de JC, o fato do cinturião romano que ajudou JC a levantar a cruz e foi impedido também ser desconhecido, a narração de que ele (JC) era desligado de qualquer organização de sua época, etc.
    Já ouvi relatos que contradizem a versão oficial. O ano passado mesmo (2015) escutei uma narrativa que afirma que JC não morreu na cruz. Segundo este relato, assim que JC foi preso, José de Arimatéia , que foi, segundo o relato mencionado, um essênio e amigo pessoal de JC, tratou de preparar a gruta em que JC foi posteriormente levado (vivo, não morto) para acolhimento dele e restauração de sua condição de saúde.A tal gruta era propriedade particular dele.
    Como assim !?
    O que foi narrado é que os essênios conheciam as ervas e as estudavam , portanto sabiam do efeito anestésico destas ervas. O que foi feito, foi, após a crucificação, um anestesiamento por meio da emulsão em um pano, de JC , aplicando-lhe por inalação , para que este parecesse morto. Isso foi feito logo após a crucificação. Não era comum uma morte rápida na cruz, isso porque o esperado era uma morte lenta. Fora contratado um centurião para perfurar o que deveria aparentar ser um dos pulmões de JC (às vezes “espetava-se” o crucificado para se ter certeza da morte do mesmo, mas isso não era feito no primeiro dia, pois como disse, era necessário que o processo fosse longo e doloroso). José de Arimatéia teria pago um determinado centurião, de confiança, para perfurar JC em ponto não letal. A erva aplicada (o nome foi mencionado, é conhecido por seus efeitos anestésicos), tem efeito de 36 horas, entorpece rapidamente , faz com que uma pessoa pareça morta, somente após o efeito e decorrido o tempo citado é que a pessoa volta ao normal.
    Era necessário que JC parecesse morto, do contrário, seria implacavelmente perseguido. No dia seguinte a ao da crucificação, JC foi baixado da cruz, retirado e levado para a gruta do sr. José de Arimatéia, sendo ali limpo, asseado com outras ervas, recuperado, e envolto em um manto (que esta fonte afirma ser o Santo Sudário, dando-lhe autenticidade).
    Quando recuperado, JC teria sido ido em direção ao oriente, passando por parte dele e parado na Índia, onde teria ali vivido até aproximadamente seus 80 anos (esta fonte menciona a idade exata, parece-me que foi mais de 80 anos).
    Esta fonte confirma que JC era casado com Maria Madalena e teve dois filhos, que foram levados para a Gália. Alias, os apóstolos, segundo esta fonte, tinham suas mulheres.
    Esta fonte afirma que JC não sofreu como afirmam. Mas diz que os apóstolos sofreram muito. Uns foram decapitados, outros estraçalhados, outro crucificados de ponta cabeça, etc.
    Afirma também que o apóstolo Pedro nunca pisou em Roma, sendo falsa qualquer afirmação neste sentido.
    Alias, esta fonte não falou tão bem assim de Saulo (Paulo), o romano que tinha um certo gosto em matar cristãos. Este é quem levou o cristianismo para Roma (por ser cidadão romano, podia deslocar-se livremente na cidade estado, algo que Pedro não poderia fazer).
    JC ,segundo esta fonte, mantinha-se conectado com tudo que disse-se respeito a melhoria do humanismo, fosse a religião judaica, a doutrina essênia, as idéias vindas do oriente como o budismo e o hinduismo, etc. Era amante da cultura grega (na época, possuidora de grandes intelectuais) , gostava de uma boa festa e era, enfim , um homem iluminado.
    Sabia de sua missão e tratou de arregimentar pessoas aptas a ajudá-lo e com ele trabalhar no desenvolvimento de suas idéias. Nunca foi traído por ninguém (esta mesma fonte desmente a idéia de que Judas traiu JC, isso nunca ocorreu segundo esta fonte , mas isso é outra história, não vou me alongar já que estou escrevendo sobre JC).
    Interessante que JC angariou, na Índia, certa antipatia da cúpula hindu, pois sua pregação era contra o sistema de castas.
    Bom, não cabe aos “naturais” qualquer retoque na imagem tradicional de JC no âmbito das religiões cristãs, isto cabe as suas próprias igrejas, assim , o que aqui escrevo é mero compartilhar vindo de outra religião que não é cristã e para a qual não faz diferença alguma em sua doutrina, que como eu já mencionei, tem outro enfoque.
    Eu, Vilson, também não sei a versão correta, respeito as diversas fontes, atenho-me ao que me faz sentido do ponto de vista natural, isto é , ao que contribui para ao entendimento de minha própria natureza interior. Sei que sem um correto conhecimento de nossa natureza pessoal, ficamos impotentes para tudo que diz respeito à vida. E sem vida, temos a morte.

    Saudações aos participantes,
    Vilson

  2. O CRISTIANISMO NÃO PODE SER REDUZIDO AO MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO
    Obrigado prezado Senhor Vilson pelo comentário e pela possibilidade que me dá de esclarecer. O meu texto procurava apontar precisamente para uma leitura mais abrangente dos mitos do que a sua redução ao método histórico-crítico. Recordo:
    Uma crença/fé na qual o mundo espiritual, coloca o invisível no centro da focagem, escapa à análise histórico-crítica. A vida de Jesus e os Evangelhos, no entanto, têm acesso ao método histórico-crítico. Embora nós, no nosso tempo não possamos passar sem este método, este método pode destruir a fé; acaba com o misterioso. Então as pessoas viram-se para outras religiões em que há mistério, ou em que não é possível análise histórico-crítica ou entã passa-se a ter uma vida vazia (em que o espiritual e o inconsciente são crivados pela unilateralidade racional. Assim se cria uma realidade esquizofrénica que vive em contínuo conflito entre o mental e o físico, entre o racional e o místico. A exegese bíblica não se pode deixar levar por uma análise apenas técnica que exclui todos os recursos da literatura e da arte. Eugen Drewermann no seu livro “Tiefenpsychologie und Exegese” adverte para os perigos do método histórico-crítico que com a “exclusão do inconsciente” conduz à “exteriorização, ao distanciamento da vida e à anulação do religioso”.
    Devido a este perigo de uma teologia demasiado orientada para o método histórico-critico elaborei o meu texto; pretendia que quem o lê notasse que não temos apenas a razão ou o método histórico-critico para atingir a Verdade mas ao lado do caminho da razão/lógica temos o caminho do coração, da intuição e da fé/mística que é mais abrangente. O cristianismo abrange a realidade da razão e a realidade do mistério: é uma religião que afirma o mistério sem negar a razão. Muitos racionalistas deixaram de ter acesso às forças do inconsciente ignorando assim as forças espirituais e psicológicas das quais surgiram os mitos dos povos. Racionalistas e materialistas olham com desconfiança para o sonho, fantasia, sentimento, intuição e, com medo delas, fixaram-se apenas no âmbito do objectivo fora de si mesmos e de Deus (religião), só considerando este como realidade. Deste modo alienaram o homem e criaram uma verdade sem vida.
    Em 1874, Friedrich Nietzsche problematizava a tendência da dissecação do cristianismo através do método racionalista de análise histórico-crítica: “O que se pode aprender do Cristianismo é que ele é baseado na ação de um tratamento historicizante se torna contranatural, até que um perfeito tratamento histórico…o aniquile e dissolva em puro conhecimento, isto podemos estudá-lo em tudo o que tem viva: que ele vai morrer se for dissecado até ao fim, vivendo dolorosa e morbidamente, se se começar a fazer-lhe dissecações históricas “.
    Vivemos num mundo demasiado virado para as exterioridades e para a matéria, tendo por vezes perdido a compreensão da realidade através do mito e da fé. Facto é que reduzir a visão da Realidade apenas ao método científico (através do mero sentido da razão) é atraiçoar a vida materializando-a no conhecimento. A realidade não pode ser reduzida à sua exterioridade nem apenas a uma observação sob os auspícios do ego. Reduzir o cristianismo e a realidade ao âmbito do consciente é tirar-lhe a alma e o inconsciente que lhe dá vida e perspectiva.
    Atenciosamente
    António Justo

  3. Boa reflexão sr. Antonio Justo. Saúdo pelo seu texto.

    Jesus Cristo, na visão natural, é um ser evoluidíssimo , já ascensionado (provavelmente sua ascensão deu-se fora deste orbe), que dignou-se a trazer uma necessária mensagem de “amor”.
    Assim como milhões de seres humanos hoje encarnados, evoluindo e buscando “neste” orbe sua ascensão, é tido como um ser cristalino que aqui atuou (continua atuando) sob a regência do “Sagrado Trono-Mistério do Conhecimento” (um nome simbólico pertencente às Escolas Naturais do Saber) nos campos da evolução humana ( o que demonstra que JC já veio com forte humanismo em si), obviamente distinguindo-se dos daqui pelo fato de já ter superado as suas amarras pessoais e conseguido sua ascensão, portanto, capaz de transmitir conhecimento vivido e sentido consentimentalmente.
    Quem o conhece “pessoalmente” confirma que ele é puro AMOR. Conheço o relato de seres que foram , quando de sua descida à carne (sujeição ao religamento a um corpo densificado perecível ou simplesmente “encarnação”) por ele convidados a participarem de sua missão junto a nossa humanidade, humanidade esta que o encanta e motiva e na qual ele tem por intenso AMOR.
    Se aqui veio foi por intermédio e autorização da Lei Maior e da Justiça Divina, disso sabemos. É um grande colaborador.
    O importante é a mensagem , não o mensageiro, pelo menos essa é a visão natural, onde abundam seres divinos do porte de JC, incluindo “Ele”, que ocupa posição conhecida (grau natural) nas Sagradas Escolas.
    O importante, dizem ,é o que “Sentimos Consentindo” , assim, somos o que de fato “Sentimos” , ou seja, o tanto de qualidade interiorizada e sentida, e não o que pensamos (na visão natural não é correta a expressão “somos o que pensamos”, ainda que seja um chavão bem popular).
    Quanto ao JC histórico, não estou certo de alguns pontos narrados pela tradição cristã em geral, como por exemplo a morte na cruz de JC, o fato de José de Arimatéia ser desconhecido de JC, o fato do cinturião romano que ajudou JC a levantar a cruz e foi impedido também ser desconhecido, a narração de que ele (JC) era desligado de qualquer organização de sua época, etc.
    Já ouvi relatos que contradizem a versão oficial. O ano passado mesmo (2015) escutei uma narrativa que afirma que JC não morreu na cruz. Segundo este relato, assim que JC foi preso, José de Arimatéia , que foi, segundo o relato mencionado, um essênio e amigo pessoal de JC, tratou de preparar a gruta em que JC foi posteriormente levado (vivo, não morto) para acolhimento dele e restauração de sua condição de saúde.A tal gruta era propriedade particular dele.
    Como assim !?
    O que foi narrado é que os essênios conheciam as ervas e as estudavam , portanto sabiam do efeito anestésico destas ervas. O que foi feito, foi, após a crucificação, um anestesiamento por meio da emulsão em um pano, de JC , aplicando-lhe por inalação , para que este parecesse morto. Isso foi feito logo após a crucificação. Não era comum uma morte rápida na cruz, isso porque o esperado era uma morte lenta. Fora contratado um centurião para perfurar o que deveria aparentar ser um dos pulmões de JC (às vezes “espetava-se” o crucificado para se ter certeza da morte do mesmo, mas isso não era feito no primeiro dia, pois como disse, era necessário que o processo fosse longo e doloroso). José de Arimatéia teria pago um determinado centurião, de confiança, para perfurar JC em ponto não letal. A erva aplicada (o nome foi mencionado, é conhecido por seus efeitos anestésicos), tem efeito de 36 horas, entorpece rapidamente , faz com que uma pessoa pareça morta, somente após o efeito e decorrido o tempo citado é que a pessoa volta ao normal.
    Era necessário que JC parecesse morto, do contrário, seria implacavelmente perseguido. No dia seguinte a ao da crucificação, JC foi baixado da cruz, retirado e levado para a gruta do sr. José de Arimatéia, sendo ali limpo, asseado com outras ervas, recuperado, e envolto em um manto (que esta fonte afirma ser o Santo Sudário, dando-lhe autenticidade).
    Quando recuperado, JC teria sido ido em direção ao oriente, passando por parte dele e parado na Índia, onde teria ali vivido até aproximadamente seus 80 anos (esta fonte menciona a idade exata, parece-me que foi mais de 80 anos).
    Esta fonte confirma que JC era casado com Maria Madalena e teve dois filhos, que foram levados para a Gália. Alias, os apóstolos, segundo esta fonte, tinham suas mulheres.
    Esta fonte afirma que JC não sofreu como afirmam. Mas diz que os apóstolos sofreram muito. Uns foram decapitados, outros estraçalhados, outro crucificados de ponta cabeça, etc.
    Afirma também que o apóstolo Pedro nunca pisou em Roma, sendo falsa qualquer afirmação neste sentido.
    Alias, esta fonte não falou tão bem assim de Saulo (Paulo), o romano que tinha um certo gosto em matar cristãos. Este é quem levou o cristianismo para Roma (por ser cidadão romano, podia deslocar-se livremente na cidade estado, algo que Pedro não poderia fazer).
    JC ,segundo esta fonte, mantinha-se conectado com tudo que disse-se respeito a melhoria do humanismo, fosse a religião judaica, a doutrina essênia, as idéias vindas do oriente como o budismo e o hinduismo, etc. Era amante da cultura grega (na época, possuidora de grandes intelectuais) , gostava de uma boa festa e era, enfim , um homem iluminado.
    Sabia de sua missão e tratou de arregimentar pessoas aptas a ajudá-lo e com ele trabalhar no desenvolvimento de suas idéias. Nunca foi traído por ninguém (esta mesma fonte desmente a idéia de que Judas traiu JC, isso nunca ocorreu segundo esta fonte , mas isso é outra história, não vou me alongar já que estou escrevendo sobre JC).
    Interessante que JC angariou, na Índia, certa antipatia da cúpula hindu, pois sua pregação era contra o sistema de castas.
    Bom, não cabe aos “naturais” qualquer retoque na imagem tradicional de JC no âmbito das religiões cristãs, isto cabe as suas próprias igrejas, assim , o que aqui escrevo é mero compartilhar vindo de outra religião que não é cristã e para a qual não faz diferença alguma em sua doutrina, que como eu já mencionei, tem outro enfoque.
    Eu, Vilson, também não sei a versão correta, respeito as diversas fontes, atenho-me ao que me faz sentido do ponto de vista natural, isto é , ao que contribui para ao entendimento de minha própria natureza interior. Sei que sem um correto conhecimento de nossa natureza pessoal, ficamos impotentes para tudo que diz respeito à vida. E sem vida, temos a morte.

    Saudações aos participantes,
    Vilson
    in Diálogos Lusófonos

  4. Prezado senhor Vilson, muito obrigado pela sua reflexão! Acabo de chegar de férias!
    Quanto à mensagem e mensageiro, no cristianismo em geral, são uma só realidade. É uma visão que transcende a visão racionalista da realidade. Com o iluminismo e o racionalismo, que trouxeram nalguns aspectos grande desenvolvimento na História, começou-se uma época de apagamento da visão e compreensão mítica da Realidade. No meu entender, deu-se, por assim dizer, um avanço no intelecto e um retrocesso na visão espiritual. Também uma visão demasiadamente historizante de factos e acontecimentos pode desviar a atenção de outros aspectos profundos encurtando a realidade. Há diferenças que poderíamos designar de complementares entre o saber “cientista positivista” e o saber espiritual: Uma coisa é o saber racional e outra é o saber espiritual. Importante é que uma consciência não se insurja contra a outra, no grande mar da realidade que se revela em grande parte como mistério. Num mundo polivalente e de diferentes interesses as especulações servem e favorecem as diferentes vertentes. No mundo da razão há diferentes lógicas e torna-se sempre possível escreveru um livro ou outro numa lógica que pode parecer plausível numa realidade complexa que não se deixa reduzir a uma simples posição de interesse ou simplesmente para distrair da realidade.
    Com as melhores saudações para todos
    António Justo

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