O PROBLEMA DO ABORTO COMO FENÓMENO DE MASSAS

Quero aqui referir-me ao aborto como fenómeno de massas fomentado pelo Estado e não como caso individual voluntário. A nível individual, apesar de tudo, temos a instância da própria consciência. Este assunto, para mais numa sociedade com tantos métodos anticonceptivos, não deveria ser tratado de ânimo leve até pelas consequências psicológicas que muitas vezes acarreta só a mulher que aborta. Por outro lado, o respeito pela dignidade humana não dá o direito a ninguém de desacreditar quem praticou o aborto. Doutro modo não se discute nem elucida a questão por medo de ferir ou ser ferido.

De acordo com o Departamento Federal de Estatística, foram realizados 27.600 abortos na Alemanha no primeiro trimestre de 2023.

Segundo a PORDATA , em 2021 houve 12.159 abortos efectuados em hospitais portugueses.

Nas últimas décadas na Alemanha foram mortas por aborto 8 milhões. Isso excede o número atual de habitantes das megacidades Berlim, Hamburgo, Munique e Colónia juntas.

A partir das revoltas estudantis de 1968 e com o movimento 68 foi erguida a voz contra a moral sexual cristã e a luta contra a família e contra a sociedade burguesa em nome da “libertação” do indivíduo e sua autorrealização sob o manto político do “progresso social”.  A “modernidade” reivindicava o progresso como moralidade superior. Isto é, porém, um engano porque não há progresso ético-moral; o que há é progresso tecnológico. A moral diferencia entre bem e mal, certo e errado e apela à responsabilidade. Como é que nós, a quem foi permitido viver nos permitamos o direito de negar aos outros o mesmo direito?

A morte parece cada vez ter mais adeptos através do aborto em massa e da eutanásia. O zeitgeist de do movimento 1968 criou um direito que considera superior, o direito da “sexualidade liberta” à custa do direito à vida e da dignidade humana inviolável. O nosso direito comporta-se de maneira contraditória ao proibir oficialmente a pena de morte e por outro lado os governos promovem o morticínio. O tabu cristão de matar foi eliminado e deste modo uma injustiça afirmada. Em nome da liberdade, do progresso e da autodeterminação legalizou-se o mal no meio da sociedade. O deputado e jurista alemão Martin Hohmann adverte para a possibilidade de os parlamentos poderem deliberar arbitrariamente sobre qualquer valor da área da vida humana já que o maior valor que é a vida foi tornado secundário: “De que é que os governos e legisladores devem ter medo de fazer agora? Não há mais limites para a mania da viabilidade: vimos, por exemplo, com as restrições da Corona. O facto de novos tabus, tabus substitutos, por assim dizer, terem sido estabelecidos sob as palavras-chave politicamente correto, generismo e wokismo serve para distrair e encobrir a quebra central do tabu”. Uma vez quebrado o tabu da morte outros tabus mais pequenos deixam de ter relevância e a política pode assim actuar de livre vontade sem qualquer problema moral em outras áreas.  As dívidas do Estado aumentam em medida catastrófica. O egoísmo da geração actual mostra-se fragrantemente no endividamento das próximas gerações para satisfazer o egoísmo da geração actual. Os políticos de hoje empregam o dinheiro de amanhã, o dinheiro dos nossos filhos e netos para hoje melhorarem as chances de serem eleitos. “Alguns são mortos, os outros – apenas – roubados por obtenção de crédito”. O exemplo do aborto favorece uma solução condenável: se algo atrapalhar, há que livrar-se disso, há que eliminar radicalmente os obstáculos em vez de se aguentar um momento para ponderar. Por um lado, afirma-se a violência do aborto e por outro lado exige-se não violência no trato com as pessoas e com o ambiente! Isso é pura hipocrisia e duplo padrão. Cito o que o deputado afirma: “O aborto produziu uma brutalidade institucionalizada e patrocinada pelo Estado”, o Papa João Paulo II chamou isso de “cultura da morte”.  A relevância do que está em jogo com o direito a matar tem a ver com o seu significado civilizacional e que se resume na ruptura da cultura ocidental e seus valores.

A decadência moral com tantos milhões de abortos na europa produz a falta de profissionais e o declínio da economia. O respeito pela vida seria o caminho da razão. A fé vivida é, em última análise, a razão aplicada. A geração 68 que tanto barulho fez e tantos estragos morais causou para a sociedade irá certamente desaparecer da cena tal como o marxismo que implodiu depois do exercício do seu poder e a morte de tantos milhões. A vontade de autoafirmação chegará à conclusão: “Ou abolimos o aborto, ou ele nos abole a nós”. Já vemos a dica nos problemas que a comunidade de migração islâmica na Europa. O caminho será o da inversão e então as sendas do Senhor conduzirão a bom fim. A vida humana é sagrada.

A força do mainstream, o medo do futuro, inseguranças e múltiplas causas diminuem a vontade de ter filhos.

A família faz parte do inventário cristão e os filhos são a expressão externa da participação na obra da criação.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

SINAIS DE UMA CIVILIZAÇÃO JÁ CANSADA DE EXISTIR

Queima de livros antes expressão de intolerância e barbaridade hoje apanágio de sociedades “avançadas”?

Na Suécia foi oficialmente permitida a queima de livros sagrados que deram origem a civilizações.

A autoridade policial de Estocolmo aprovou uma manifestação para este fim de semana em que uma Torá e uma Bíblia deveriam ser queimadas.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, exortou as autoridades suecas a impedirem a queima dos livros sagrados e o presidente israelense, Isaac Herzog, criticou a decisão da Suécia ter permitido a queima da Bíblia tal como a autorização oficial ocorrida para a queima do Corão no final de junho (1); o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu escreveu no Twitter: “O Estado de Israel leva muito a sério esta decisão vergonhosa, que prejudica o Santo dos Santos do povo judeu”.

A polícia justificou a aprovação desta acção com a liberdade de expressão. A Bíblia era para ser queimada em frente à embaixada de Israel em Estocolmo. Mediante os protestos, contra a decisão, as autoridades suecas procuraram retrospectivamente maneira de se poderem justificar. O iniciador da acção renunciou à queima da Bíblia e as autoridades anularam a permissão.

O sagrado parece estorvar cada vez mais uma sociedade de ideologia secular que não quer respeitar a criatura (de soberania sagrada) e usa para tal fim o subterfúgio de reduzir o humano ao seu papel social, ao seu aspecto funcional ou à pessoa na qualidade de máscara, aspectos sobre os quais o Estado tem poder de propriedade, e na consequência legitima assim as instituições sociais a desprezar a dignidade humana.

Na sociedade ocidental cada vez cheira mais a enxofre, enxofre que queima sem se ver! Ódio, rancor e provocação devem ser legitimados em nome da liberdade de expressão. Empatia parece tornar-se energia estranha e o humanismo judaico-cristão quer-se banido!

 

António CD Justo

Pegadas do tempo

(1) Como reacção de protesto, o Iraque, Emirados Árabes Unidos e Marrocos convocaram então os embaixadores suecos. Então o governo sueco também condenou a queima como “islamofóbica”. Ao mesmo tempo, porém, a representante do governo destacou que o país tinha um “direito constitucionalmente protegido à liberdade de reunião, liberdade de opinião e manifestação”.

A velha queima de livros heréticos e a perseguição de ideias contrárias ao sistema dominante modernizou-se; os autos-da-fé acontecem virtualmente numa conexão de política-economia e meios de comunicação social

14 DE JULHO 1789 – Queda da Bastilha

Da história, geralmente só fica na memória a parte soalheira dos vencedores sendo relegada para o esquecimento a parte sombria dos vencedores! Isto repete-se de maneira sustentável ao longo da História, o mesmo se diga relativamente ao 25 de Abril, porque pelos vistos é uma qualidade humana e também do povo recalcar os aspectos negativos, quando uma sociedade adulta deveria confrontar-se a si mesma com os aspectos positivos e negativos e assim não ter de viver num permanente autoengano!

Recorde-se não só a victória mas também as barbaridades acontecidas em torno do assalto à prisão Bastilha, símbolo do poder estabelecido, com o objectivo de adquirir o estoque de pólvora lá armazenado e tudo isto sob o lema: “Queremos o coração da rainha. Queremos cortar–lhe a cabeça, arrancar-lhe o coração, frigir-lhe o fígado, tirar-lhe as tripas para fazer fitas.”

As Autoengano na medida em que para celebrarmos socialmente as victórias de uns sobre os outros permanecemos na mesma dinâmica de domínio em vez de iniciarmos uma cultura de paz que concilie os grupos sociais, o Homem e a humanidade de maneira a não ter de repetir sempre os mesmos erros num ter de viver de vencedores e vencidos. A lógica da barbaridade legitimada pelo facto de trazer algum bem seria de ser corrigida, de outro modo os povos são obrigados a viver entre autoflagelo e autoengano!

António CD Justo
Pegadas do Tempo

COISAS QUE O CIDADÃO EUROPEU NÃO DEVE PESQUISAR PARA NÃO PERDER A INOCÊNCIA E OS TELEJORNAIS CALAM PORQUE SÃO “BONS” EDUCADORES!!!

Nos chamados acordos da Pfizer, a Comissão Europeia negociou a entrega de vacinas contra a Covid-19 com a farmacêutica Pfizer-Biontech em novembro de 2020, fevereiro de 2021 e maio de 2021. O volume de pedidos é estimado em cerca de 35 bilhões de euros.
Von der Leyen fechou o acordo com a Pfizer com a ajuda de mensagens curtas SMS, disse. Mas a Comissão se recusou a divulgar o SMS. É por isso que o New York Times entrou com uma ação judicial.
A presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, foi processada em um tribunal criminal belga pelo duvidoso acordo de vacina com a Biontech/Pfizer. A comissão já havia sido investigada anteriormente, mas agora o escândalo de corrupção também ganha dimensão criminosa. Relatou as notícias de negócios alemãs em 27/04/2023 09:58
Foi um negócio bastante casual. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão da UE, encomendou doses da vacina Covid-19 por 35 mil milhões de euros ao CEO da gigante farmacêutica Pfizer através de mensagem SMS.
PS: sou porém do parecer que enquanto os tribunais não se decidirem não temos o direito a condená-la! De condenar será a discrição dos Media em torno do caso.

DEMOCRACIA INCORREGÍVEL PORQUE SÓ DOS QUE TÊM MEGAFONES?

Na Alemanha o Partido AfD conseguiu já conquistar uma Presidência da Câmara

Actualmente observa-se na Europa uma grande insegurança das populações causada sobretudo por uma forma de governação virada para o improviso e para acções mais próprias de manada. Como, há falta de disputa pública sobre os problemas reais da sociedade entre os principais partidos do arco do governo, parte da discussão e dos problemas são transferidos para os partidos marginais. Isso dá a impressão que eles é que são a causa dos problemas, quando o que eles fazem é questionar as medidas governamentais provocadoras da insatisfação geral. O que se passa na discussão política da sociedade alemã relativamente ao partido AfD, acontece em Portugal em relação ao CHEGA. Os partidos mais representativos em vez de corrigirem a sua conduta governamental preferem continuar a caminho do orgolhosamente sós!

Para cúmulo, os cidadãos inseguros e descontentes que não manifestem simpatia pela coligação dos partidos governantes ainda são acusados publicamente de se alienarem dos processos democráticos. E isto porque políticos e noticiários lamentam o fenómeno como se ele fosse algo antidemocrático, seguindo a lógica de que quem não se conforma com o governo é automaticamente antidemocrático. O comportamento democrático não pode estar apenas atrelado a governos ou maiorias e, para tal, considerar o resto como antidemocrático. No sistema democrático partidário, quanto mais consciente for o povo maior diferenciação de partidos haverá.

Se queremos servir a democracia na sociedade, não chega centrar a atenção e as actvidades apenas na voz dos que falam mais alto e na voz dos governantes.

Cada vez parece mais encontrarmo-nos numa sociedade onde apenas existe a alternativa de recuar para as grandes bolhas do mainstream ou ficar-se pelas pequenas bolhas de opinião individual.

Com a guerra da Ucrânia e a consequente submissão militar e económica da Alemanha e da EU aos interesses dos EUA, a Europa perdeu a sua independência e em consequência disso as populações europeias sentem, pelo menos no seu inconsciente colectivo, que se encontram paulatinamente a caminhar para a autodestruição da própria civilização.

Precisava-se de uma solução europeia para o conflito, mas os governantes europeus não se encontram à altura de lhes poder dar resposta digna. Neste panorama os partidos procuram desviar as atenções dos próprios erros para as disputas partidárias, para partidos fora do arco da governação. Assim como o capitalismo renano com a economia social de mercado (na época da guerra fria) conseguiu equilibrar liberdade e responsabilidade, subsidiariedade e solidariedade entre as pessoas, também os governos e partidos, a nível político, deveriam tratar, na discussão pública, os seus interesses específicos de forma complementar sem difamar nem negar o direito à existência a partidos rivais! Fica feio a militantes partidários colocar os interesses do seu partido à frente dos interesses do bem-comum e pior ainda quando identificam o seu projecto político como se fosse o verdadeiro para resolver os problemas da nação.

Na Alemanha a AfD conseguiu eleger agora um Presidente da Câmara, apesar das contínuas campanhas da imprensa contra o partido. As últimas sondagens apresentam resultados da AfD (1) iguais ao do SPD. Os Media empolgados reagem de maneira emocional, não registando que propriamente a única oposição à política do governo é o partido AfD; tal comportamento desprestigia a imagem de uma sociedade que pretende ocupar um lugar relevante na Europa. Segundo investigações de Forsa, os apoiantes do partido pertencem à classe média clássica – trabalhadores e empregados de meia-idade. Por outro lado, o partido dos Verdes encontra-se distanciado do povo porque vindo do movimento 68 conseguiu fazer carreira nas instituições e deste modo não pode compreender a situação da população em geral. O povo sente-se não representado e não levado a sério. 79% de entrevistados estão insatisfeitos com o governo federal e dois terços dos “eleitores da pesquisa do AfD” são, eleitores de protesto que pretendem apenas actuar como corretivo. Os partidos do governo semáforo em vez de combaterem a AfD indiferenciadamente deveriam deixar-se questionar e repensar a própria posição. A alienação da Sociedade é proporcional ao populismo fino dos de cima e ao populismo reagente dos de baixo. A administração democrática actua mal quando perde de vista o que a base da democracia quer.

O remédio é o governo mudar de rumo para não aprofundar a divisão que já existe na sociedade.

A discussão sobre democracia e concorrência partidária é de envergonhar a própria democracia e tudo se poderia resumir nas frases de Leonardo da Vinci: “Aquele que mais possui, mais medo tem de perdê-lo” e “Quem pensa pouco, erra muito.”

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) AfD, (Alternativa para a Alemanha) é um partido à direita do centro direita.