MINHA VIDA NA MALA – Reparar e Memorizar a Importância do Emigrante

Projectos, Comemorações e Iniciativas

Por António Justo

A organização de exposições e outras iniciativas sob o título “MINHA VIDA NA MALA”, no âmbito de celebrações comemorativas dos emigrantes portugueses, poderia tornar-se num factor de promoção e revitalização de associações e iniciativas lusas na diáspora e, ao mesmo tempo, num apelo à consciência portuguesa para valorizar a imagem dos emigrantes portugueses pelo seu papel de embaixadores de Portugal e pelo contributo económico e cultural, que deram e dão, para os seus locais de proveniência e para a sustentabilidade das finanças portuguesas.

O objectivo principal do projecto seria focar o itinerário e o papel da vida migrante; celebrar a presença dos portugueses nos diferentes países e motivar a nova geração de emigrantes a desenvolver o associativismo e o lusitanismo universalista propagador de uma cultura de povos em festa. Ao mesmo tempo fomentar a memória e o agradecimento que Portugal deve aos emigrantes na qualidade de constantes factores de desenvolvimento do país e para quem o país se tem mostrado ingrato.

Criar recursos lusos de apoio e fomentar sinergias entre associações e as mais variegadas instituições em Portugal e na diáspora. Contribuir para espalhar a festa portuguesa a acontecer dentro e fora de Portugal: arraial, museus, celebrações e diferentes iniciativas tendentes a avivar a memória e presença migrante no palco da lusofonia e nas comunidades da diáspora espalhadas pelo mundo

Conteúdo do projecto: Num trabalho de rede de consulados, missões, associações, artistas, professores, assistentes sociais e multiplicadores culturais, activar entre os emigrantes e em Portugal iniciativas concretas viradas para diferentes públicos.

Um apoio financeiro poderia provir do MNE, União Europeia, bancos, etc.

Resultados a esperar: celebração dos emigrantes – do Homem como caminheiro – fortalecimento da consciência migrante, intercomunicação e fortalecimento operacional das associações e inclusão das mais variadas personalidades em actividades das associações. Fortalecer a consciência dos emigrantes no seu papel de embaixadores de povos/culturas e de apoio ao desenvolvimento. Fortalecer a consciência nacional de um povo cujo génio se encontra dentro e fora do país.

A coordenação poderia ser feita pela Secretaria de Estado para as Comunidades, por universidades, Associações empresariais, Instituto Camões, consulados, missões, associações e possíveis parcerias sob um comité ad hoc. (Fiz esta proposta, já lá vão muitos anos, à Secretaria das Comunidades – ME- mas não houve resposta).

O projecto poderia constituir uma oportunidade para reflectir sobre a identidade portuguesa e possibilitar a objectivação de histórias de famílias que partem e que ficam, que vão e vêm

Cada pessoa ou família envolvida no projecto poderia apresentar uma mala, a ser exposta e elaborada com materiais, imagens, objectos, documentos, lembranças, tudo relacionado com uma vida entre paragens e em que a mala se tornou símbolo de vida e companheira. Trata-se de conhecer e divulgar, também com postais, cartas, músicas, etc., o contributo da emigração em termos geográficos e sociológicos valorizadores do nosso povo e das nossas terras. Nas associações ou iniciativas seria importante envolver artistas a apoiar a elaboração das malas.
Em museus de emigração, poderia haver uma secção com malas de migrantes forradas e recheadas com fotos e materiais que testemunhassem currículos e destinos individuais.

Atendendo ao rosto amarelo de um Estado envergonhado, devido à emigração carente (o que tem impedido a sociedade portuguesa residente de honrar suficientemente a contribuição dos emigrantes para o seu bem-estar e desenvolvimento), agora que já tem imigrantes que mostram a atractividade de Portugal, poderiam ser unidas, expressões que incluam emigrantes e imigrantes. (Aqui há também um outro capítulo de grande débito e de reparação que ao país tem em falta em relação aos “Retornados”). Enquanto a consciência nacional não se encontrar à altura de fazer reparação e de reconhecer as suas faltas em relação ao passado faltar-lhe-á a lucidez necessária para dar forma ao presente de forma a prestigiar o futuro.

Quanto a celebrações anuais (10 de Junho e outros festejos comemorativos) um tal projecto poderia assumir proporções regionais, nacionais ou mesmo internacionais. A estender-se o projecto a Portugal (por exemplo ligação com a festa migrante) implicaria que as repartições da cultura das Câmaras, bancos, alguma faculdade universitária e os meios de comunicação social se tornassem, possivelmente, iniciadores e promotores de tais projectos. Este projecto, depois de realizado nos diferentes locais, poderia tornar-se depois numa exposição itinerante.

Não há família nenhuma em Portugal sem experiência migrante. A migração marca a paisagem e a alma de Portugal. É uma constante característica de organização da vida familiar portuguesa e do seu Estado. A emigração é, na realidade, uma das cinco quinas que marcam o país.

Este é um contributo para um “Brain” de ideias que poderia preparar um projecto a ser assumido por um Secretário de Estado, institutos superiores, jornais, pelos deputados, conselheiros da emigração e outras parcerias.
António da Cunha Duarte Justo

“MINHA VIDA NA MALA” Uma ideia já velha mas que ainda não ganhou pernas para andar

A ARCÁDIA, Associação de Arte e Cultura em Diálogo, dedicada à terra e ao Homem, deseja, em colaboração com diversas entidades, elaborar e promover o projecto de Malas Migrantes para focar a vida e o papel da vida migrante na sociedade portuguesa. Este projecto poderia tornar-se numa exposição itinerante.

Não há família nenhuma em Portugal sem experiência migrante. A migração marca a paisagem e a alma de Portugal. É uma constante característica de organização da vida familiar portuguesa e do seu Estado. A emigração é uma das cinco quinas que marcam o país.

Cada pessoa ou família envolvida no projecto poderá apresentar uma mala, a ser exposta, elaborada com materiais, imagens, objectos, documentos, lembranças, tudo relacionado com uma vida entre paragens e em que a mala se tornou símbolo de vida e companheira. Trata-se de conhecer e divulgar, também com postais, cartas, músicas, etc., o contributo da emigração em termos geográficos e sociológicos valorizadores do nosso povo e das nossas terras.

O projecto poderia constituir uma oportunidade para reflectir sobre a identidade portuguesa ao possibilitar a objectivação de histórias de famílias que partem e que ficam.

Neste momento do projecto, o senhor secretário de Estado das Comunidades poderia apresentar ideias e modos de elaboração do projecto e painéis com dados da emigração, de modo a que esta iniciativa da ARCÁDIA – Associação de Arte e Cultura em Diálogo se tornasse num projecto de exposição itinerante, por Portugal e pelas comunidades. Neste sentido, também o tradicional encontro de emigrantes poderia ser organizado na vila da Branca, sob o patrocínio da edilidade de Albergaria-a-Velha e de Aveiro.

Este projecto poder-se-ia concretizar no Verão de 2013 ou de 2014. Nele poderiam contribuir e participar as mais diversas entidades.

Um terço de Portugal vive no estrangeiro sendo inegável o impacto do contributo dos emigrantes para o desenvolvimento de Portugal.

O MNE poderia elaborar também um projecto de digitalização aberto ao público online com conteúdos relacionados com a vida e a história da emigração.

A Universidade de Aveiro em colaboração com o MNE poderia tornar-se na patrocinadora e orientadora de tal projecto.

A exposição de “MALAS MIGRANTES” – “MINHA VIDA NA MALA” poderia ser alargada a outras iniciativas de projectos camarários e poderia ser apadrinhada por um Município ou cidade com disponibilidade de espaços e patrocínio dum museu local.

O local de arranque poderia ser a Quinta Outeiro da Luz e possivelmente a vizinha quinta do Outeiro na Branca, Alb.-a-V. O projecto que a ARCÁDIA pretende realizar na sua sede teria um outro impacto se fosse realizado nas perspectivas aqui sugeridas.

Aqui está uma ideia aberta, duma associação sem fins lucrativos, que poderia vir a constituir um projecto colectivo de grande alcance. Neste sentido agradecia a sua colaboração.
António da Cunha Duarte Justo
Presidente da ARCÁDIA
http://www.arcadia-portugal.com/blog.html, 21 de Agosto 2012.

DEPUTADOS ALEMÃES À TRELA DOS EUA E DA EU E COM OS DEPUTADOS DOS OUTROS PAÍSES LEVADOS AO COLO

Conversações sorrateiras TTIP pelas Traseiras da Democracia

Por António Justo
As conversações sobre o FTA (o contrato de comércio livre) entre os USA e a UE, que se prevê em breve assinado no acordo TTIP, são conduzidas sob a exclusão do público e da opinião pública. (Panorâmica de eundo e Perigos em https://antonio-justo.eu/?p=2957 https://antonio-justo.eu/?p=2962 ).

Enquanto o povo se perde distraído, na praça da nação, com as imagens da TV e uma conversa fiada apelativa ao sentimento do dia-a-dia, os grandes capitalistas e as grandes instituições USA e União Europeia, fazem pressão sobre os governos europeus para que TTIP passe desapercebido até mesmo aos parlamentos.

Nunca pensei que o Governo alemão chegaria a ponto de não colocar os textos das conversações sobre TTIP ao acesso da opinião pública nem que teria o descaramento de os manter amarrados para consulta nos armários do parlamento, apenas para a consulta de deputados! De facto os deputados não podem copiar os textos nem trazê-los para fora, só podem lê-los in loco. E depois vem-se cá para fora falar de democracia!

Deputados alemães encontram-se numa democracia amarrada à trela da economia e dos interesses das grandes potências.

Os mordomos da nossa democracia são tão bem educados, tão atenciosos para com a nação que passam nela em bicos de pé para que o povo não acorde. Deixam os sentimentos para o povo e reservam para eles os rendimentos. Depois ainda têm o desplante de quererem um povo que não pense com a barriga e com uma inteligência só alimentada por sentimentos!

Quando os deputados alemães se deixam amarrar à trela dos EUA e da EU então os deputados de outros países são levados ao colo! Apesar de tudo, na Alemanha ainda há, pelo menos, uma consciência de responsabilidade do governo para com os parlamentares enquanto noutros países tais assuntos são mantidos nos segredos dos deuses sob a sigla governamental.

Muitos chefes de governo da EU fazem barreira encobrindo os interesses duma Comissão Europeia que depois se escusa quando os Estados tiverem de assumir os custos.

O mesmo, fizeram os Governos da EU quando negociaram, com exclusão do povo, entre outras coisas a impossibilidade de os países membros  poderem defender as suas indústrias e economias perante o ditado da UE e a concorrência estrangeira. E agora temos uma EU sempre na oficina de reparações! (1)
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www. antonio-justo.eu

(1) A propósito de colonialismo! Ao escrever este texto a abreviatura da União Europeia com UE e não com EU, logo o computador corrigiu para EU. Como vemos ao lado da democratura temos a ditadura da tecnologia que nos amaçará a espinha!

 

DA GUERRA FRIA PARA A GUERRA QUENTE EM CASA DOS OUTROS 

TURQUIA ABUSA DA NATO

O Médio Oriente está a determinar a política internacional deste século e a Turquia a minar a Europa!

A Turquia usa o conflito internacional no palco da Síria para defender os seus interesses nacionalistas contra uma solução de compromisso internacional. O governo de Moscovo ao apoiar as milícias curdas do Norte da Síria que a Turquia ataca fortalece a exigência curda de um estado próprio e dá-lhe maior relevo ao exigir a sua participação nas conversações de Genebra

O Ocidente encontra-se comprometido com a Turquia mas os EUA apoiam os curdos na luta contra o Estado Islâmico. É esquizofrénico o facto de o ocidente apoiar o governo turco que ataca os aliados da Nato, os curdos contra os extremistas sunitas do EI e deixar a Turquia seu membro atacar os curdos.
A guerra fria entre a Rússia e a Nato e a guerra quente entre sunitas (Turquia/Arábia Saudita contra o Irão (xiitas)) ameaça passar-se da guerra fria para a guerra quente entre os tradicionais blocos.

A TURQUIA ESTÁ A USAR, EM RELAÇÃO À NATO E NA LUTA CONTRA OS CURDOS, A MESMA ESTRATÉGIA QUE USOU NO SEU GENOCÍDIO CONTRA OS ARMÉNIOS. SERVE-SE DA CONFUSÃO DE INTERESSES PARA IMPOR OS SEUS.
Conseguiu impor os seus interesses nacionalistas à sombra da cumplicidade internacional que não queria ver o que a Turquia fazia (Na política de ontem como na de hoje, os alemães estavam então bem informados sobre o genocídio dos arménios e não fizeram nada contra)! O que está em primeiro plano são os interesses da potência alemã. Os países continuam prisioneiros dos seus interesses nacionais.
António Justo

A IGREJA CATÓLICA ALEMÃ APOIA A POLÍTICA DE REFUGIADOS DE ÂNGELA MERKEL

O cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferencia dos Bispos Alemães, apoia a política de boas vindas aos refugiados, iniciada na Alemanha por Merkel. Alega que é necessário mais solidariedade mais comunidade e luta contra a xenofobia. Para o cardeal, a misericórdia não conhece fronteiras e “quem pisa território europeu tem que ser tratado com decência e obter um processo justo”
António Justo

A PROPÓSITO DE CORRUPÇÃO E DE QUEBRA DA ROTATIVIDADE GOVERNATIVA

Governo de Costa e os oportunos parlamentares também se alimentam da Crise

O rotativismo do arco do governo da corrupção encalhou agora nas mãos da esquerda radical: a rotatividade encalhou mas a corrupção não; a corrupção continua o seu fluxo natural regando agora também os sequeiros da nação. No meu entender só mereceria ser continuado no seu aspecto crítico e mais alargado no que respeita à esquerda radical do Bloco de Esquerda e ao PC para completar a sua objectividade.

Urge uma metanoia radical a nível de governantes e de mentalidade popular! De resto, o país encontra-se confiscado e capturado pelas tradicionais oligarquias distribuídas por partidos, organizações secretas, economia e irmandades internacionais. A eficiência e a eficácia do nosso sistema só têm sido legítimas sob a aprovação das cores partidárias e de seus oligarcas.

Não há controlo fiável sobre concursos públicos nem projectos nacionais. Não se encontra em nenhuma das cores partidárias uma solução; os partidos são parte do problema! Este porém tem o seu fundamento na mentalidade de um povo que se habituou a pensar pela cabeça dos outros permitindo a corrupção instalada como algo carinhos nosso. Ao título do texto “O novo rotativismo” acrescentaria o subtítulo: O novo regime governamental acentua a realidade do rotativismo da corrupção entre PS-PSD. O novo sistema apenas torna a corrupção multicolor!

Antes andávamos atrás do Governo, agora corremos atrás dele!
António Justo

A ALEMANHA TEM UMA RESERVA DE OURO DE 3.381 TONELADAS

Segundo a dpa, a reserva de ouro em 2015 era de 3.381 toneladas. No Banco alemão em Frankfurt encontram-se 1.402,5 toneladas; no Federal Reserve de New York 1.347,4 Toneladas; no Bank of England/London 434,7 toneladas e no Banque de France/Paris 196,4 toneladas.
O valor das barras em 2015 somava 106 mil milhões de euros.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www. antonio-justo.eu

LUSOFONIA ENTRE DESRESPEITO E IDEOLOGIA – O PORTUGUÊS NÃO É DE PORTUGAL NEM DO BRASIL ELE É A ALMA DA LUSOFONIA – Dos Caminhos errados no Trato do Português

MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?

Por António Justo
Quem tocar na língua deve fazê-lo com respeito e de forma moderada porque ela é a alma da cultura, a água límpida que dá forma mais ou menos física à cultura de um povo. O Português não é só forma e meio de expressão de um povo, de uma região, de um país ou de um continente, ele é a alma e a expressão sublime de muitos e nobres povos que formam uma civilização intercultural interoceânica e intercontinental – é um idioma onde os diferentes génios de povos se miscigenam no sentido da evolução cultural e civilizacional. Seria ofensor do Português querer vê-lo reduzido a um lago ou país, ou mesmo a um mar ou continente, quando integra nele a experiência de vida dos diferentes continentes, sendo ele um mar aberto de águas interoceânicas.

Constituiria um acto de infidelidade e falta de brio, uma falta de autoconsciência querer apoucar-se o Português a uma terra maninha ou baldio incultivo, querê-lo uma árvore sem raízes ou reduzi-lo a simples coutada de alguém. O Português, como a água tanto rega os baixios da favela como os lugares altos do país e da civilização. No seu todo é que a língua é grandiosa, na rica expressão multiforme e na sua capacidade de diferenciação. O português não é de Portugal nem do Brasil; ele é teu e meu, é de todos, como o céu é das aves onde todas voam e se encantam. O português quando ouvido lembra diferentes melodias de variadas intonações. Ele é como a terra mais virgem ou mais elaborada, uma intercultura a proteger-se tal como uma terra indígena a defender-se.

A notícia de que “A Literatura portuguesa deixa de ser obrigatória no Brasil” (1) deixou-me perplexo e desiludido tal como a mutilação da língua, no que toca ao acordo ortográfico.

Defraudadores da Língua roubam as penas aos pequeninos e ao pensamento

Na minha qualidade de docente, divertia-me quando ensinava o Português aos distraídos que o queriam simples e imediato mas entristecia-me de sobremaneira quando, ao ensiná-lo no secundário e na universidade (de Kassel), onde estudantes já com capacidade de diferenciação se viam confrontados com os nossos gramáticos simplicistas que o empobreciam, ao roubar-lhe a segunda pessoa do singular e do plural (o tu e o vós) como se fossemos crianças que só compreendessem o “eu” e o “você”. Esta falta originava uma certa confusão a estudantes habituados a línguas de alta diferenciação em que se usam normalmente todos os pronomes pessoais (Eu, Tu, Ele/Ela, você, a gente, Nós, Vós, Eles/Elas, vocês). Contra a corrente simplicista em voga, implementada por ideologias proletárias, optei por elaborar a minha sebenta onde colocava todos os pronomes de expressão diferenciada e distinta. Via-o também como uma ferramenta de trabalho – uma possibilitação de oportunidades – tanto para futuros pedreiros como para futuros advogados. Tratava-se de dar as mesmas armas a beneficiados e desfavorecidos da vida para, uns e outros poderem combater pela vida fora com as mesmas armas e não apenas com as que a sorte ou a oportunidade lhes deixou.

A vida é luta e é desigual e quem apregoa uma igualdade sem esforço e gratuita ou é mentiroso ou é oportunista. Quem pretende libertar as massas do destino terá de lhes proporcionar o instrumentário e a vontade de o fazer! Ou queremos manter uma sociedade em que ao ouvir as pessoas falar se fique logo com a ideia da sua proveniência como acontecia antigamente ao olhar-se-lhes para os dentes? Quem, politicamente, tem só facilidades ou facilitações para oferecer, sem apontar o preço que se tem que pagar por elas, não é sério porque aposta na lei da inércia e no oportunismo que ela proporciona às aves de rapina!

As questões da língua não podem ser deixadas nas mãos de políticos feitos mais para as coisas grossas do que para as finas. A ideologia de alguns, no zelo do seu preconceito, chega a tal disfarce de dizer que o emprego do „vós“ é próprio da igreja, (de quem aprendeu latim e grego) como se, só padres, advogados ou médicos tivessem uma tal capacidade de discernimento e distinção! Aqui faria um apelo aos irmãos seguidores do soberbo Marquês de Pombal e ao proletariado intelectual de esquerda: não se virem também contra a igreja católica que no seu processo de aculturação e inculturação aprendeu a honrar e a respeitar a cultura seja ela a dos cedros do Líbano ou a dos pinheiritos raquíticos fustigados pelo vento salgado. Faz-me tanta dor ver que tanta esquerda irmã a combater Cristo pelo facto de ele se colocar ao lado dos pequeninos mas não com os mesmos meios, os meios activistas de Judas. Demo-nos as mãos; juntos certamente conseguiríamos tirar os irmãos das favelas; separados continuaremos a servir a dois senhores!

Que o povo simples se expresse como sabe e como pode, não é mal, o que é de lamentar é que já na escola se lhe cortem as asas dando-lhe apenas asas de pardal quando precisariam das de águia para subir mais alto. Este é o grande engano e a mentira declarada de uma esquerda radical que só alimenta o proletariado com ideologia não lhe facultando boas asas para que o proletariado não só possa voar mas para que tenha também a possibilidade de voar alto e assim notar que só das alturas se consegue ter a perspectiva de reconhecer quem explora económica e ideologicamente. É natural que uma sociedade de modelo soviético só precisaria do proletariado almeida e de uma pequeno grupo de águias – troica- que os governe e que um capitalismo liberal precise só de braços ou de mentes bem podadas para melhor produzir porque a capacidade de pensar só estorva.

Defraudadores da Língua portuguesa, porque roubais as penas aos passarinhos e ao pensamento? Não notais que, as asas com que voais, as não dais à passarada que em baixo esvoaça em volta dos trigais para que não possa voar nem subir mais? (Se escreverem um texto como este último parágrafo – que de propósito escrevi na segunda pessoa do plural – num computador com programa corrector de ortografia, logo notarão que as segundas pessoas verbais aparecerão assinalados como erro e com a indicação de se corrigir para a terceira pessoa! A pobreza de espírito e a entropia já chegaram a tal ponto de fazer uso da tecnologia para nos passar a ferro e embrutecer).

Uma Ideia de emancipação masculinizada, ao seguir o fluxo de um populismo barato, exige que, em questões de língua e de educação, se ande de cavalo para burro. O maior passo nesse sentido deu-se já no processo da regressão com o “Acordo Ortográfico” de 1990 (2). Quer-se uma reforma para favorecer ideologias e uma economia ligada ao comércio da cultura e a monopolistas e a um MEC a querer ter melhores satisfatórios nos meios analfabetos… Cultura não se pode adquirir com tarifa zero nem com ideologias de trazer por casa que passam como as nuvens em tempos fortes de altas e baixas pressões.

Ai dos Vencidos!

Como pode um país jovem e promissor, como o Brasil, seguir servilmente ideologias niilistas e marcadamente de extrema-esquerda que são o produto importado de um estado ocidental decadente e senil? Não notam que em cada fase do desenvolvimento seja de uma pessoa ou da história de uma sociedade, a cada fase corresponde uma diferente acção, pedagogia e ética? Esta Europa que já foi jovem e adulta e agora vai passando a vidinha já não tanto com base no trabalho mas nos serviços e na ideologia não pode ser norma para países jovens que passam a ser mais prejudicados pelo jugo novo do que pelo antigo. Como não nota a classe média de um país jovem que muitos dos seus impulsionadores só seguem atrás de um progresso que os não serve, apenas os adia e leva a empatar o melhor do seu tempo em copiar sem adaptar, no seguimento dos arrotes de ideias e de ideologias que são característica do espreguiçar-se de civilizações na sua fase velha e não do seu início? Não notam que consomem não só os produtos ocidentais mas, o que é mais grave ainda, também consomem as suas ideias de plástico, sem serem vivificadas nem sequer aferidas? Não notam que colonizam em nome da contra-colonização? Não notam que onde chega uma mentalidade decadente, fruto do Ocidente, ao ser importada pelos países emergentes, estes se destroem a si mesmos com novas doenças não só físicas como também intelectuais, tornando-se cada vez mais dependentes? Não notam que as instituições que exigem saber, disciplina e rigor para os seus empregados apregoam o simplicismo e o à-vontade para um vulgo que querem inerte e disponível? Uma nação faz-se pelo trabalho, pela qualidade da formação e por uma vontade determinada de ser, como mostraram e demonstram os judeus, como mostraram os portugueses, como mostrou a civilização ocidental quando se orientava por ideais universais e não apenas por objectivos económicos, quando a classe média se sentia responsabilizada e não se deixava levar em conversa fiada como querem as novas burguesias intelectuais citadinas e os novos ricos.

Ensino de literatura lusófona para todos os Países de língua lusófona

Entre os países lusófonos deveria haver um contracto interestadual em que cada Estado lusófono se comprometesse a incluir e implementar, nos seus programas e currículos escolares, literatura de todos os estados lusófonos. Urge fortalecer intelectualmente uma camada média consciente e capaz, com um ensino exigente, porque desta é que vem a massa crítica que corrige, desenvolve e equilibra os exageros dos extremos. Urge que, todas as organizações empenhadas na lusofonia façam valer as suas influências perante os países lusófonos no sentido de ser implementado o intercâmbio cultural e o ensino da literatura lusófona já a nível de escolas secundárias.

Como pode haver um estudo sério do português na escolarização sem o estudo de linguística e da história da literatura do português desde as suas origens? É mais que óbvio o estudo do seu desenvolvimento desde o latim vulgar e latim erudito ao português arcaico, galaico-português, Gil Vicente, ao português moderno de Luís Vaz de Camões, António Vieira, Fernando Pessoa e o seu desembocar nos diferentes sistemas literários de cada país lusófono, como, em relação ao Brasil, com um Machado de Assis, Drummond, Cecília Meireles, Jorge Amado, etc.

A política de língua seja ela no Brasil, Angola, Moçambique, etc. terá naturalmente que implementar o estudo das línguas indígenas, mantendo, no interesse da identidade nacional, uma incidência especial no português falado como o idioma nacional oficial.

Conclusão – Fernando Pessoa é o Protótipo do homo lusófono

Uma mentalidade bárbara procura, em nome de um capitalismo avassalador, de um socialismo aplanador e de uma emancipação masculinizante, acabar com as próprias raízes e origens no desprezo pela mãe latina, como se uma sociedade se pudesse manter viva contentando-se com o ir à prostituta, ou negar nela as virtudes e os defeitos que tornaram povos pequenos grandes. Quem faz das origens um borrão e acaba com as referências históricas, retrocede em vez de evoluir. Não é justo querer funcionalizar o povo indefeso e distraído no sentido de ser apenas braços, estômago e abdómen. Nesta fase social da História quem não defende uma classe média forte e consciente atraiçoa o povo. As nomenclaturas das ideologias e da economia trabalham a grande pedalada para que toda a sociedade se torne dependente de uma pequeníssima elite com o monopólio da influência cultural e económica. Por isso atacam tudo o que lhes oferece resistência seja o cristianismo, seja uma camada média resistente ou seja o sindicalismo. Querem transformar a democracia numa democratura. Na Alemanha os sindicatos e a Igreja já colaboram em acções comuns numa tentativa de impedirem a arrogância política e económica que se encontram cada vez mais de braço dado.

Verifica-se que, em todos os governos, onde a esquerda assume o governo logo procura, à maneira jacobina, influenciar determinantemente o sistema de educação e, quando em governos de coligação, segue a estratégia de assumir as pastas da cultura e do ensino, seus meios privilegiados para garantir a sustentabilidade da influência. A influência e o domínio social que o capitalismo adquire com a economia são adquiridos pelo socialismo através da cultura: Formam um par unido na exploração humana. Naturalmente esta estratégia não é de condenar. O que é de condenar é a atitude descomprometida de conservadores que por preguiça ou favorecimento da natureza se vejam apoiados sem necessidade de se empenharem.

Uma política redutora e nacionalista não pode ter a pretensão de querer inventar a roda de novo, nem tão-pouco, com a desculpa do colonialismo e da opressão externa, justificar uma colonialização ideológica interna que possa vir a alimentar o alarde de novas ideias de gene colonizadora. As grandes nações criam-se em torno do trabalho, do estudo e de uma vontade guiada por um sentido comum. Fernando Pessoa é o Protótipo do homo lusófono. Fernando Pessoa reúne e resume nele a grandeza de alma da pessoa lusófona.

A língua lusa é a pátria de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste, de São Tomé e Príncipe e de tantas comunidades falantes do português, espalhadas por todo o mundo. A língua lusa é aquela alma que nos torna a todos irmãos. Fernando pessoa, aquele génio de personalidade lusa migrante, que reuniu numa só pessoa o contraditório e os opostos, é o melhor protótipo do lusófono; na diversidade e integração dos seus heterónomos viveu e reviveu a grandeza e multiplicidade dos povos da lusofonia que o fez exclamar, também da perspectiva geográfica horoscópica, com amor e devoção: “A minha pátria é a língua Portuguesa”!
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo www.antonio-justo.eu

(1) Notícia em http://economico.sapo.pt/noticias/literatura-portuguesa-deixa-de-ser-obrigatoria-no-brasil_243170.html
Entre outros textos que escrevi: ACORDO ORTOGRÁFICO SEGUE A VIA POPULAR https://antonio-justo.eu/?p=2190 BARBARIDADES CONTRA A LÍNGUA PORTUGUESA https://antonio-justo.eu/?p=2843“Preparar uma ínclita geração”
(2) Entre outros textos que escrevi: ACORDO ORTOGRÁFICO SEGUE A VIA POPULAR https://antonio-justo.eu/?p=2190 BARBARIDADES CONTRA A LÍNGUA PORTUGUESA https://antonio-justo.eu/?p=2843“

HUMBERTO DELGADO UM DIPLOMATA QUE ESCREVIA “RREPÚBLICA” COM DOIS R

“Quais são os maiores pulhas e hipócritas? Os Monárquicos ou os Republicanos?” O Governo ou a Oposição?

Por António Justo

Humberto Delgado fundamenta, no seu livro “Da Pulhice do Homo sapiens – Da Monarquia de vigaristas pela República de bandidos à Ditadura de papa”, de maneira realista e profética a razão do contínuo adiamento do desenvolvimento de Portugal e da sua governação.

Humberto Delgado fala da “República tuberculosa de nascença”. Escreve República com dois R, esclarecendo: “RRepública” com dois R, em que um é dos roubos”. “Nihil sub sole novum” (Ecl. 1:9)!”

Recomendaria a leitura deste livro a todos, especialmente a quem quer compreender as razões da corrupção do Estado e da nossa “revolução” (coloco o link com o livro em nota (1 e 2). A sua leitura poderá esclarecer a razão porque o regime de Abril fomentou uma atitude fanática republicana na avaliação tanto do regime de Salazar como do regime do 25 de Abril.

Cidadãos que sentem as dores de um Portugal devidas à sua oligarquia decadente, tal como os emigrantes, que não se serviram nem foram servidos por nenhum dos regimes ou governos, bem como uma nova juventude, serão os que melhor poderão compreender e sentir a razão de um Humberto Delgado amargurado e furioso por amor à nação.

Humberto Delgado – A Voz de um Profeta no Descampado da Nação

A linguagem que Humberto usa não se distingue da que encontramos hoje nos meios sociais. A razão do seu escrever não se distingue da do nosso escrever e que ele bem resume: ”É esse patriotismo, ferido por ver a gente que compõe o pseudo-escol do meu país, quem escreve este livro, raivoso por se sentir impotente para a liquidar”. Diria: raivoso por verificar o beco sem saída a que as nossas elites nos conduzem e a um dissabor na nossa consciência por aguentar a desonra.

Como se fosse hoje, fala da “canalha política que salva o país nos cafés e nos ministérios”. Do rei D. Carlos diz: “O rei, um rei constitucional, que afinal pouco mais é que um objecto de adorno… com muita medalha, figurava como culpado dos males nacionais desde a chuva abundante à seca mortífera”.

Da cumplicidade entre conservadores e progressistas, diz: “A política dos partidos monárquicos resumia-se a isto: “escalar o poder, para satisfazer a vaidade ou para comer…”. Fala da “canalha progressista” e do espírito anticatólico referindo: “Dias Ferreira estadista dos mais sérios da monarquia dizia: ’À frente dos negócios públicos em Portugal têm estado verdadeiras quadrilhas de ladrões.’ “Vê o leitor o que era a administração dos políticos monárquicos. A da república foi idêntica”… “É do domínio público a fobia que se criou pelas missões católicas, dado o espírito intolerante dos que se dizem republicanos, como se fizesse algum mal que o preto aprendesse a carpinteiro, a ler e a adorar a Deus… Pois apareceram as missões laicas, e todos sabem o que foram, pretexto de embarque de todo o malandro e prostitutas, para as colónias.” Humberto Delgado hoje em vez de dizer monárquicos e republicanos diria: esquerda e direita, governo e oposição.

Ontem como hoje o servilismo ao estrangeiro frutificam em nome da crise ou do internacionalismo e de um progressismo simplicista e barato que substitui o grande ideal civilizacional intercultural por correntes ideológicas. Humberto Delgado critica também os políticos republicanos e monárquicos que “puseram a sua pena ao serviço da causa da União Ibérica” pondo neste rol Passos Manuel, Teófilo Braga, Oliveira Martins e Antero de Quental que em “Portugal perante a revolução de Espanha” defende: “Nas nossas actuais circunstâncias o único acto lógico e possível de patriotismo consiste em renegar a nacionalidade”.

Por aqui se pode compreender melhor o interesse dos heróis da descolonização de Abril 74 no sentido da desmoralização e da desnacionalização do povo português e a pressa em inculcar bezerros de ouro contra uma fé antiga que estaria aberta à novidade. Na primeira república como no 25 de Abril o que dominava era a ideologia e os interesses individuais, que não a coisa pública.

“O portuguesinho só quer direitos, honrarias, pergaminhos; mas deveres? – Isso, trabalho é bom para o preto”. Com o 25 de Abril repetiu-se o que já se fez no início da república (e na revolução de 1820 como se tratasse de criar uma nova civilização), deu-se então cabo das escolas industriais porque só se queria uma república igual de meninos de liceu: “Em resumo, cada um fazia o que queria. – Pois bem: proclama-se a república; e então passa a ser assunto obrigatório do discurso a tirania do regime deposto”. Deste discurso se alimentam hoje os “históricos” da revolução, num povo insubmisso mas obediente com uma direita desempenhada e uma esquerda ultrapassada a viver dos cartazes e punhos cerrados, do funcionalismo público, de um sindicalismo jacobino, do jornalismo educado e até mesmo de intelectuais distraídos.

O discurso confessional de um Abril (primavera para os mais iguais), com as suas jaculatórias de “fachos”, “imperialistas”, “fascistas”, “ditadura” , a ponto de tanto ser repetido, ganhou foros de verdade, aquela verdade trágica que impede uma análise séria ao novo regime e legitima a sua corrupção (em nome de um bem ou de um mal esconde-se a própria maldade): uma sociedade que vive a fugir do seu passado ou só a apostar no “progresso” é traidora e desonrada, porque desconsidera a sua mãe prostituta para se meter com outra na cama, sentindo-se honrada só por se cobrir com os cobertores da igualdade, fraternidade e liberdade.

“Quais são os maiores pulhas e hipócritas? os monárquicos ou os republicanos? Eu estou na situação do burro de Buridan para o dizer.” Em resumo: „Enfim anarquia, indisciplina e estomago”.

Fala ainda dos “criminosos esbanjamentos da fazenda pública, destas sindicâncias que se iniciam e nunca se acabam, destes escândalos em que uns e outros se atiram punhados de lama e donde ninguém sai para a cadeia”… como se estivesse a falar hoje de políticos, juízes, banqueiros, PPPs e de cargos políticos ou de seus boys na economia

Concluindo

Na descrição de Humberto Delgado, cidadão condecorado em Novembro de 1957, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis, demarca-se a explicação e protesto contra uma mentalidade medieval estática (muito embora compensada por uma dependência incomparável das modas) que cria e repete uma situação nacional de contínua frustração e desengano, transmitida historicamente por partidos e pela governação.

Somos uma sociedade mais perita no tratamento dos sentimentos do que no lidar com os fatos; é manifesta a falta de experiência da argumentação e de sentido da realidade.

Mais que uma História de Portugal ou uma história da revolução temos uma História de figurinos, que se repetem. O problema de ontem que Humberto Delgado descreve – um país demasiado pequeno para engordar demasiados barões republicanos – é idêntico ao de hoje (se observamos a história dos partidos e dos governos de Portugal a partir dos meados do século XVIII e em especial do século XIX, nada mudou qualitativamente, nada se aprendeu, os mesmos figurinos só se repetem em nome do cinismo glorioso da liberdade). As oligarquias portuguesas são muito intelectuais mas são burras, não aprendem, só se repetem e justificam no seguimento do jugo estrangeiro.

Por um lado somos um povo com reminiscências guerrilheiras lusitanas abafadas e por outro lado somos um povo demasiadamente amarrado ao destino e ao fado, sempre pronto a criticar pessoas mas desinteressado na análise e na crítica dos factos, e actuando segundo a tirânica divisa “negócios são negócios”. As elites foram educadas a só fazer o que a classe “mais alta” espera delas, cada um anda só a um passo de distância do outro mas quer ser identificado por uma diferença que os torne melhores que os outros. Concretamente tanto elites como povo vivem do controlo externo e funcionam em função do exterior; falta um ideal, um objectivo e uma missão que os une e atraia.

A receita para sairmos da entropia e de tal fadário seria, por um lado, distanciarmo-nos da herança muçulmana que vive de uma filosofia de afirmação das incompatibilidades – atitude do emaranhado antagónico – pronta a ver a culpa (responsabilidade) sempre fora e, por outro lado, passar a assumir uma postura de compromisso que inclui o rectificador da dúvida, instrumento do pensamento europeu, que nos livra da certeza calcinante e possibilita o desenvolvimento e a mudança numa dinâmica inclusiva e não exclusiva.

Portugal, tal como o povo israelita, a caminho através de um deserto agressor, precisa de readquirir um ideário e um consenso nacional. Quando se abdica do ideário ou da fé entram as diferentes correntes que em redemoinho desorientam o povo. Daí a necessidade de se permanecer sempre em jogo entre um fechar-se e um abrir-se, de modo a o novo não se independentizar mas a ser integrado e renovar o já possuído.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) Primeira parte do livro: https://8125a631-a-62cb3a1a-s-sites.googlegroups.com/site/maislusitania/maislusitania/da_pulhice_do_Homo_Sapiens_I.pdf?attachauth=ANoY7cptslEcFTnQpQSns0O67CgW-6PEst0Qc5V_G4ldM6XLNh0Ajo8vXPVwp2pWVUIXeP4RnndSlxj8LNM4V9HaCo-K-LyhH8d_NOsADZrbv98hGDey1FxitTM2WLPe_A8arPaeGhgWlEQVl7SaxiKMhw8Cx514Z23b6sJZEbcLpxcMyUmrVLO4zOJbB2iDIzdAxmPaPPzs717C4L7MHdhDandIomRGZKowRBn8lR2aJKY-IjW2Z_h_E85dbUucDH7qWq4tfmBd&attredirects=1
(2) https://8125a631-a-62cb3a1a-s-sites.googlegroups.com/site/maislusitania/maislusitania/da_pulhice_do_Homo_Sapiens_II.pdf?attachauth=ANoY7cpnG2uT1UljqRwiDgckSEXfNSfyOJ7pFA_KEouEABwnkvIfLuvA_sZG_HaDNknxqfFBbIcpK2SIGWdLTb335Sp5kiSMP3xWyOXiWzqPILKnqm5kQfclSb2DZ2zhy1Mtg2ocIb5z3AmTTJACCnr4vKZ74fXSCrccHYzQz8I0OxqWH_XWwQ9xo9m88uD1iavjkA7z3Cr3xTqM4hKkMVbB2cbBOs2mzxo1VqK-CtcUvdC4yOdTR76ubd65EZj3u8SnV-7z8bF2&attredirects=0

LUSOFONIA ECONOMIA E MERCADO

Um Desafio aos Grupos económicos do Espaço lusófono

Por António Justo
Num tempo em que a Europa se encontra em grande crise e as suas potências procuram beneficiar da sua posição económico-geográfica para proteger e fomentar os seus vizinhos mais próximos em detrimento dos países da periferia e benfeitorizando também as suas relações económicas com as suas antigas colónias, seria de grande oportunidade uma união de esforços em todo o território lusófono, não só no sentido do fomento de projectos culturais comuns mas especialmente na elaboração e fomento de um espaço económico comum que privilegie o parceiro lusófono tal como as potências privilegiam os seus parceiros imediatos.

Só em conjunto se conseguirá reagir contra o neocolonialismo das multinacionais das grandes potências interessadas em criar estruturas de dependência tecnológica e económica que amarram os países indefesos aos seus mercados e às suas condições. Disto deveriam estar conscientes os países do espaço lusófono. Um pensamento criativo conjunto, em termos de concepção e projeto futuro, podê-los-ia possibilitar passos alargados no sentido de superar o colonialismo económico das grandes potências, bem como o encalhe em nacionalismos fechados que uma História lúcida já não permite.

Sem tabus, seria óbvio fazerem-se reviver ideais formulados nos tempos do regime de Salazar – necessariamente adaptados às realidades dos países lusófonos actuais – e ver o que ele tinha realmente de visionário a nível de afirmação das antigas “províncias ultramarinas” como parte de um espaço económico comum, numa consciência de complementaridade.

Já no regime de Salazar se concebia a ideia de uma confederação do espaço de multiculturalidade e interculturalidade afro-luso-brasileira correspondente a um mercado comum a beneficiar do mercado europeu: „A formação de um grande e de um só mercado, assegurando a um tempo a comunhão de todos os territórios nacionais sem qualquer diminuição, bem ao contrário, da autonomia de cada um, rasgará horizontes tão vastos que neles caberá a igualdade efectiva de condições, seja qual for o chão português onde labutem, a quantos vivam para criação da riqueza nacional. „In http://eurohspot.fcsh.unl.pt/site/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=391 Não se perca tempo nem se continue a adiar a História com aconteceu no regime de Salazar e aconteceu especialmente no regime do 25 de Abril.

Numa altura em que a economia Portuguesa ainda se encontrava ligada às províncias ultramarinas portuguesas e à EFTA, entre 1960 e 1973 o rendimento nacional por habitante crescia a uma média superior a 6,5% ao ano! “Nos anos 60 e até 1973 teve lugar, provavelmente, o mais rápido período de crescimento económico da nossa História, traduzido na industrialização, na expansão do turismo, no comércio com a EFTA, no desenvolvimento dos sectores financeiros, investimento estrangeiro e grandes projectos de infra-estruturas. Em consequência, os indicadores de rendimentos e consumo acompanham essa evolução, reforçados ainda pelas remessas de emigrantes”, constata a SEDES.

A EU (Zona Euro) beneficiou as infraestruturas portuguesas (autoestradas) mas destruiu a agricultura e as pescas e promoveu a desindustrialização do país. As mesmas consequências sofrerão países emergentes (como os do espaço lusófono) que verão as suas economias confrontadas e dominadas pelas multinacionais e amarrados a tratados comerciais e de investimentos internacionais do tipo TTIP que favorecem as grandes potências interessadas em mercados para exportação ou para fortalecimento das suas empresas.

O espaço da Lusofonia é extraordinariamente rico em recursos naturais, humanos e culturais e um excelente exemplo de interculturalidade. Urge portanto, na luta selectiva dos mais fortes, a união de forças no sentido da solidariedade construtiva entre os países mais fracos para não deixarem definir o seu futuro da economia pelos outros, que a exemplo dos bancos vivem bem dos “juros” que os clientes têm de pagar ad infinitum. Facto é que o tempo das economias nacionais já faz parte do passado; não se pode deixar a determinação do futuro ser só determinada pelo consumo e o lucro.

Portugal deveria estar muito interessado, como membro do grande mercado da zona euro, em favorecer o fortalecimento da economia e do intercâmbio da imigração lusófona no espaço europeu. A grandeza de um tal espaço e da população ofereceria a base necessária à formação de grandes grupos económicos com capacidade de concorrerem com os tradicionais grupos das multinacionais que hoje dominam. O espaço intercultural lusófono poderia tornar-se num exemplo de economia social do mercado.

Um tal projecto implicaria a formação de grupos de trabalho ad hoc (redes de técnicos e especialistas) a nível dos ministérios da economia e dos grandes empresários e Bancos  dos diferentes estados da lusofonia. Neste sentido deveriam trabalhar também as universidades de todo o espaço lusófono preparando o caminho com pesquizas, trabalhos de doutoramento e o intercâmbio na aplicação, no lugar, de um saber conectado e de orientação lusófona.

António da Cunha Duarte Justo