REFORMADOS NA GRÉCIA E NA ALEMANHA – DIFERENÇAS NA JUSTIÇA E NA INJUSTIÇA

António Justo

Para uma análise mais objectiva na discussão com menos generalizações refiro alguns dados de fundo para que se possa comparar a realidade entre a rica Alemanha e a pobre Grécia.
Segundo refere o Bildzeitung, na Grécia as reformas são gordas porque consomem 17% do produto económico do país, o que significa ocupar o segundo lugar na europa, depois da Itália, na generosidade de um pai estado que para outros se revela padrasto. A maior parte das reformas gregas são financiadas pelo Estado e não por contribuições.
Segundo o Frankfurter Allgemein a pensão média na Grécia é de 960 euros e na Alemanha 792 euros. Segundo a dpa, a idade da reforma na Grécia é, em média, 56,3 anos e na Alemanha 64 anos. Na Alemanha quando se entra na reforma passa-se a receber cerca de 68% do que se recebia em tempo activo.
Mesmo estas diferenças e outras, que levam os alemães a serem renitentes em relação à Grécia, não desarmam o argumento da Grécia de que as economias do Sul devem ser defendidas da avalanche dos países ricos do norte que atacam desmedidamente os fracos de modo a torna-los eternos dependentes, além de lhe destruírem a dignidade individual e nacional com o seu moderno colonialismo. De facto, a mudança social adquirida a nível cultural através da geração 68 (expressão das grandes guerras) com a campanha de destruição de valores como família, tradição e não distinção entre liberdade e libertinagem, em nome dum progresso necessário mas que não deveria ser devastador, está agora a continuar-se com o colonialismo económico por parte de um globalismo económico das potências economicamente fortes que destrói tudo o que é mais fraco sem consideração do legado cultural e civilizacional ocidental.

António da Cinha Duarte Justo

AGRICULTURA TRANSGÉNICA E CORRESPONDENTES HERBICIDAS EXPULSAM AS PESSOAS DAS TERRAS E SUBORNAM AS DEMOCRACIAS

O ASSALTO À EUROPA E AO CIDADÃO

António Justo
OS novos donos do mundo pretendem acabar com as soberanias políticas, culturais e alimentares que se tornam em estorvo dos seus intentos meramente lucrativos.

Países grandes como a Argentina, o Brasil e zonas latifundiárias como o Alentejo tornam-se presas fáceis da ganância Internacional só movida pelo lucro.

Na argentina dá-se o assalto à agricultura da soja transgénica para alimentação de gado em todo o mundo. Neste país há pessoas com doenças degenerativas em ligação com plantações de produtos transgénicos.
(Veja-se a documentação https://www.youtube.com/watch?v=zlUftsYVbvE).

As multinacionais atacam também o Alentejo aproveitando-se dos latifúndios para produção de milhos transgénicos em torno do Alqueva. A Monsanto (com o seu instituto Dekalb) experimenta variedades de milho (milho geneticamente modificado) em Serpa e se o povo português não estiver atento a face do Alentejo será mudada. A este respeito consultar: https://revistaalambique.wordpress.com/2012/12/14/alqueva-transgenico/

Com o pretexto de se querer acabar com a fome no mundo criam-se multinacionais agropecuárias e químicas como a Monstro, sem consideração pelo ambiente, por pessoas e sua sanidade. Adquirem o monopólio da comercialização de sementes transgénicas e dos agro-tóxicos e impõem as suas regras e condições aos países através da classe política que, ingénua e sempre andar atrás do acontecimento, tem posteriormente de corrigir medidas que levaram ao fomento de doenças degenerativas e cancerosas.

Nas zonas de plantação de Soja transgénica com o emprego dos correspondentes herbicidas e antibióticos registam-se muitos casos de nascimentos com doenças genéticas estranhas. Na Argentina, à medida que aumentam as plantações da cultura transgénica recuam as povoações; constata-se o perigo de transmutações genéticas terríveis em pessoas que vivem perto das plantações, certamente devidas à pulverização com herbicidas e contaminação do meio ecológico (danificado também pela monocultura). Há pesticidas (FOSATO II, ROUNDUP, TRAZINA) da Monsanto e de outras empresas que empregues como cocktails empestam a terra e queimam tudo menos a soja transgénica.

Muitos confiaram ingenuamente na Monsanto e noutras empresas que prometiam mundos e fundos; agora vêem-se pessoas danificadas e doentes abandonadas a si mesmas pela política, pelas empresas e pela ciência. A ciência é, por vezes, usada a favor do negócio mas contra o Homem. As doenças aumentam e a ciência estatística não encontra responsáveis porque não se podem provar muitos dados, por interesses secretos e estudos científicos ausentes ou estudos feitos de encomenda e, como tal, com dados científicos que é fácil iludir pretendendo criar confusão e incertezas. Os negociantes abusam das descobertas científicas sobre a manipulação dos genes e a ciência torna-se responsável também ao deixar o emprego de novos produtos e novos químicos sem investigar as consequências do que descobrem e aplicam. O teste é feito à posteriormente através de populações que servem de cobaias, como se pode ver no caso dos doentes argentinos.

Os Estados deixam-se iludir com investimentos lucrativos sem considerarem consequências maléficas. Permitem a plantação e o comércio a empresas que trazem os transgénicos e a acompanhá-los os herbicidas com direito a monopólio. Tornam assim as agriculturas dependentes de instituições, como a Monsanto, que têm interesses meramente monetários e comerciais. Plantam-se transgénicos em países “inocentes” e com menos consciência de defesa do consumidor. Os interesses das agro-corporações e da indústria transgénica são demasiado poderosos. Os monopólios e cocktails de interesses tornam-se no pior veneno que é a união das corporações económicas e do poder político, à margem do povo, da saúde e do sistema ecológico.

A luta dos poderosos dentro dos Estados é renhida, como consta, a ponto de os USA terem ameaçado boicotar a Champanhe da França no caso de ela não aceitar produtos transgangéticos. As lutas acontecem em escritórios herméticos onde os deuses do olimpo se reúnem para negociarem os seus interesses à margem dos energúmenos da terra.

Já antes tinha dado grande escândalo a plantação do arroz dourado sendo posteriormente proibida a sua comercialização.

Actualmente os USA pressionam a EU para assinar o contato TTIP e CETA; querem quebrar as normas higiénicas e de protecção dos consumidores europeus, dado terem medidas de protecção superiores às dos USA e estas são vistas como impedimento à livre comercialização.

Em nome da globalização, a Europa encontra-se num processo de destruição da sua soberania e do seu património ético-cultural, económico e alimentar por imposição de interesses de multinacionais americanas e internacionais e de ideologias longe do Homem (Monsanto e companhia – o acordo TTIP/CETA em via na EU é um exemplo disso no sentido da simplificação da efectivação dessa tentativa); A Europa, encostada aos USA, encontra-se num processo de autodestruição e de abdicação da soberania política, cultural e alimentar.

Muitos problemas ecológicos e de saúde têm origem na pecuária industrial. Com uma população mundial sempre a crescer, os problemas só terão solução com uma mudança dos hábitos alimentares em que se consumam menos pratos de carne e mais vegetarianos. Este é não só um problema alimentar e ecológico mas também ético. A ciência terá de se compreender como colaboradora do criador em serviço da natureza e do Homem.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

Cidadania Integração e Identidade – Maneira de estar Lusa

Fraqueza de identidade nacional faz do Português o Imigrante modelar

António Justo
O emigrante português é feito de céu e terra, movimenta-se entre cidadão e estrangeiro sendo sua bandeira a saudade onde ventos estranhos movem a recordação. Nele mora o fado, aquela dor do mundo que o torna irmão de toda a criatura e de todos os povos. Como a onda do mar sente que o seu eu se constrói a partir do nós, por isso sofre o todo na parte e goza a parte no todo. Sob o cânone luso “à terra onde fores ter faz como vires fazer”, o português torna-se num imigrante adaptado. Neste sentido, talvez o português e o brasileiro sejam dos povos menos complicados e mais agradáveis, nos países de recepção, porque reconhecem e vivem a interculturalidade na consciência de que são ao mesmo tempo onda e mar (parte de um todo). O Povo português é especialista em integração como revela a sua maneira de estar diferente da de outros povos, quer em termos de colonização quer na qualidade de imigrantes.

Presença lusa e Visibilidade da Identidade cultural

O português não é estranho nas nações onde chega porque estranha é já nele a condição. Enquanto outros estrangeiros se integram e outros constroem as barricadas dos seus guetos, o português, geralmente, deixa-se assimilar reservando a portugalidade para a alma. É do génio português ter uma cidadania alargada (ser francês com os franceses, suíço com os suíços, alemão com os alemães…), nele palpita a alma universal. O emigrante é ele e as suas circunstâncias – é cidadania sem cidade na procura de uma identidade alargada. Nas suas asas traz o longe, nos seus pés traz o perto e no seu desejo a vontade de se tornar uma personalidade implantada.

Numa sociedade de templo profanado em que cada um faz dela um mercado, seria óbvio que o português acentuasse a sua identidade e expressasse não só como indivíduo mas como povo com missão universal; é importante tornar mais visível, no âmbito das instituições, a sua característica portuguesa, de humanidade e universalidade através de maior intervenção activa social, cultural, política e empresarial. Portugal que deu mundos ao mundo precisa de reflectir a sua identidade, não acentuando tanto a ideologia que ele assimilou da França nos tempos modernos mas mais o espírito europeu que o tornou grande no mundo, ao tornar-se expressão da Europa, através dos descobrimentos e da emigração. Neste sentido, tem também na Suíça o bom exemplo de uma nação pequena, mas também ela grande por ter sabido manter viva e cultivar no seu povo, a tradição do seu génio. A comunidade portuguesa radicada na Suíça pode reconhecer na bandeira suíça aquele sinal comum característico da sua identidade que os tornou grandes e lhes concederá perpetuidade.

Toda a vida individual e cultural é processo de identificação, um contínuo fluir para a realização e para a verdade. Nascemos como indivíduos, formando pouco a pouco a nossa identidade / consciência, num acumular de camadas formadas de educação e experiência de vida que determinam o nosso ser de pessoa. A formação da identidade consciente (personalidade – aquilo que dá visibilidade) acontece de maneira privilegiada num espaço livre que proporciona vestígios individuais e culturais adaptados à geografia e à cultura em diferentes ramos de expressão.

Portugal tem de recuperar a consciência de si não esbanjando a força da tensão que o tornaria forte se não resolvesse muitos dos seus problemas apenas com o tubo de escape que é a emigração. Antoine de Saint-Exupéry constatava: “O mundo inteiro afasta-se quando vê passar um Homem que sabe para onde vai”! (Esta é a diferença que marca na migração um cidadão ocidental e um cidadão muçulmano). Aquilo que se pode revelar como fraqueza de identidade nacional e faz do português o migrante modelar não é só fraqueza é também testemunho de alma grande e de ideário universal. O português não se deixa aprisionar em termos de cultura, quer ser ele e mundo sem ser metido numa gaveta.

A nossa existência não se expressa só como indivíduos mas também como comunidade. A ignoração da identidade do povo conduz à apatia das massas e à morte da colectividade. O português, na qualidade de cidadão e de povo, continua a ter algo especial que é o seu sal, muito necessário para ajudar a temperar a vida dos povos do mundo numa consciência simples de irmãos que em conjunto querem celebrar a festa da vida.

Os portugueses no estrangeiro sobressaem pela fraqueza de identidade nacional que os torna, por vezes invisíveis onde vivem e consequentemente muito queridos em todas as sociedades acolhedoras. Enquanto outras etnias se afirmam, por vezes, pela negativa, contrapondo-se à cultura que os acolhe, os portugueses deixam-se assimilar facilmente, perdendo já na segunda e terceira geração o perfil exterior de português. Tanto a afirmação pelo gueto como o desaparecer pela assimilação não passam de extremos que deveriam ser resolvidos através de uma integração consciente na sociedade acolhedora. Não somos apenas indivíduos mas também povo. Uma política baseada na multicultura e no gueto contradiz o desenvolvimento cultural e social dos povos; este acontece num processo natural de intercultura, numa atitude aberta e benevolente de dar e receber, tal como mostraram os portugueses com o interculturalismo no Brasil. Acolhedores e acolhidos enriquecem-se mutuamente dando assim oportunidade ao desenvolvimento.

Não chega fortalecer elos pessoais de ligação urge criar estruturas

Portugal e os portugueses são portadores de uma grande cultura, não precisam de se esconder; com os descobrimentos, foi o povo da Europa que no século XIV e XV mais contribuiu para o desenvolvimento da humanidade, criando pontes entre continentes e civilizações. Daí a naturalidade de uma auto-estima que se quer mais presente num assumir de responsabilidades nas instituições culturais e políticas dos países hospedeiros. O esforço dos partidos portugueses no sentido de estarem presentes na emigração através dos deputados torna-se anacrónico se não acompanhado por uma política e uma estratégia de integração de emigrantes nas diferentes instituições dos países de imigração. Seria um equívoco centrar o discurso político em torno de quatro deputados (partidos) para a emigração e deste modo distrair o português da iminente necessidade de ele se integrar nas estruturas políticas das nações onde se encontram. Estas manifestam o grau de cidadania e de identidade dos grupos inseridos numa sociedade.

Uma identidade individual fraca enfraquece a identidade da comunidade e vice-versa. Numa altura em que a prática política europeia se manifesta doentia será preciso que cada pessoa e cada país redescubram a substância da sua identidade para poder assumir a responsabilidade e a missão como cidadãos e comunidades na construção de uma Europa à altura dos seus antepassados.

O 25 de Abril de 74, na resposta às exigências inovadoras do Vaticano II bem como à revolução 68 e à necessidade de democratizar Portugal, possibilitou novas experiências numa sociedade cada vez mais complexa a agir como colectivo no concerto das nações europeias. Como identidade colectiva histórica que sempre construiu pontes interculturais, resta-lhe consciencializar-se da sua tarefa e corporalidade necessárias em diáspora. A identidade é processo vivo, nunca acabado, entre cidadão e sociedade na construção da própria casa, da casa portuguesa, da casa onde nos encontramos e da casa universal, a que demos resposta outrora com os descobrimentos. Numa altura em que a Europa atravessa uma forte crise de identidade torna-se importante a consciencialização e fomento da própria identidade na relação com as identidades vizinhas. A diferença (identidade) é a constante natural na evolução de um todo feito de complementaridades (A Suíça é um país com uma democracia onde toda a Europa pode aprender).

Atendendo à fraca capacidade organizativa das comunidades portuguesas seria lógica uma preocupação primordial do Estado português em fomentar o associacionismo, tal como fez a Igreja nos princípios da emigração dos anos 60 na Europa. Não chega o amor dos portugueses e seus descendentes pelo país de seus pais e avós, é preciso que os governos implementem activamente a organização associativa no sentido de Portugal se tornar social e institucionalmente mais visível e presente. Não chegam elos de ligação, são precisas estruturas organizadas que possibilitem um rosto colectivo que mantem vivas as tradições e ideais do Portugal maior. Portugal é festa é celebração e como tal precisa de mais organização para melhor possibilitar uma sociedade global em festa…

Toda a sociedade civil política e religiosa deverá empenhar-se no sentido de impedir os défices de identidade. A nova geração emigrante traz pressupostos que lhe facilitariam uma maior visibilidade social. As diversas associações sociais, religiosas e culturais têm aqui uma missão de relevo de modo a preencher também o vácuo da burocracia diplomática e parlamentar. Como contraposto à ilusão política permanece a acção individual e associativa. Necessita-se mais e mais construir uma nacionalidade espiritual, o portuguesismo de rosto universal, a ser reconhecido pelo sistema político parlamentar para que nessa qualidade fomente as associações e iniciativas num agir intercultural inclusivo. Em comunidades passadas a influência da massa era esmagadora, hoje espera-se mais do indivíduo na renovação das comunidades.

A verdadeira integração dá-se na convivência do dia-a-dia com os vizinhos e expressa-se no mercado de trabalho, a nível empresarial, na cultura e na política. A identidade social organiza-se principalmente em torno da língua e da cultura (religião) o que, contudo, nos não deve levar aos exageros da estratégia árabe. Não existe uma sociedade concreta nem abstracta que se possa basear apenas num senso comum de paz, liberdade e justiça. Isto permanece um sonho que deverá levar à formação de identidades abertas nesse sentido mas nunca se conseguirá porque a identidade pressupõe a diferença. O filósofo Auguste Comte defendia a ideia de que uma sociedade sem religião não pode subsistir, desintegrando-se com o tempo nas redes da polis. De facto também a autonomia é um sonho necessário mas não alcançável. A solidão experimentada na contemplação do mar ou das estrelas cria a consciência da necessidade de um todo.

Facit: Torna-se urgente uma maior participação na vida social do país de acolhimento e na política através de uma participação activa e filiação nos diferentes partidos do país de acolhimento. Esta seria a melhor exemplo de integração, um testemunho de cidadania e uma maneira de dar rosto a Portugal.
António da Cunha Duarte Justo
in: www.antonio-justo.eu

A GRÉCIA NÃO QUER A VACA MAS QUER FICAR COM O LEITE

O GOVERNO GREGO ENERVA A EUROPA GOVERNANTE E ESPECULA EM SEGREDO SOBRE ELEIÇÕES

António Justo
A Grécia parece não ter curral para a vaca da EU mas quer continuar a receber o seu leite sem se preocupar com os problemas que a vaca custa a manter. O governo de Tsipras não tem futuro porque quer governar e ao mesmo tempo ocupar o lugar de uma oposição que geralmente vive de exigências e de reclamações. Governar implica compromisso e assumir responsabilidade, implica reconhecer que pertencer ao sistema euro, e à moda globalista em voga, tem como consequência o respeito pelas regras do grupo ou então a tentativa de mudá-las sem fugir a elas.

O governo de Tsipras continua em curso de confrontação numa tática dupla de falar no próprio parlamento contra os credores e contra a Comissão Europeia e cá fora adiar propostas de solução, expondo-se com palavras bonitas para insuflar as asas da ideologia e colher o aplauso de uma claque internacional propensa a ideologias. “Com papas e bolos se enganam os tolos”, reconhece a sabedoria popular que apesar disso se deixa enganar. Até o seu amigo Juncker já perde a paciência ao constatar o contínuo adiar da problemática. Tsipras e o seu partido Syriza esperam um corte de dívidas, à custa dos outros países e de instituições bancárias (seus credores; Portugal já perdoou 600 milhões de euros à Grécia(1).

Com o adiamento da proposta de soluções, Atenas ganha tempo para surpresas que depois acontecerão de uma só vez. O governo não está interessado em compromisso (por isso não permite visão nos seus dados e estatísticas), porque o jogo é ideológico e compromisso (aquilo com que se faz política) cheira a traição. Tsypras está interessado nos votos e nos votantes e como tal quer um povo a viver do Estado ou de vacas leiteiras que se nega a manter.

Com o adiamento, agora conseguido, do pagamento do troço de 300 milhões de euros às instituições credoras o Governo grego impediu o colapso financeiro no pagamento de salários e vencimentos dos empregados de Estado. O adiamento dos compromissos assumidos para 30 de Junho, alcança um valor conjunto de 1,6 mil milhões de euros a terem então de ser pagos. O Pacote de resgate da Troika que se daria a 30 de Junho no valor de 7,2 mil milhões está dependente de reformas a propor pelo governo grego jogando com o interesse que a zona euro tem em manter a Grécia como membro.

Á tática de adiamento dos problemas pelo governo grego tem certamente a ver com a incompetência de um governo de visão ideológico-partidária que especula certamente sobre novas eleições e a saída do Euro. Com elas poderá lavar as mãos perante o povo como partido e desresponsabilizar-se perante os fiadores e a EU. Um governo que só sabe dizer não é impróprio para a governação e prejudica os interesses do seu país e do seu povo.

Na política e em governação, tal como na vida de um povo é de ter presente a história da cigarra e da formiga. A cigarra quer viver da cantoria e da conversa pública mas à custa da alimentação da formiga. Para uma sociedade futura, sem pretender que se acabe com a rica diversidade política e social de formigas e cigarras, precisar-se-ia de criar mais um ser cívico que integre em si os genes da cigarra e da formiga e de uma nova raça política transparente desinteresseira comprometida com o povo e o país.

Atenas perdeu a oportunidade e a credibilidade de se tornar num elemento corrector da política da EU. O governo de esquerda nacionalista teima em não processar os grandes capitalistas gregos que transferiram centenas de milhares de milhões para fora do país (Suíça, etc.) fugidos ao fisco grego mas, por outro lado, combate o capitalismo da Troika. Até é lógico que queiram defender os grandes oligarcas gregos mas nas suas exigências em relação ao estrangeiro perdem toda a razão institucional prendendo apenas continuar a ser, com as suas piruetas, a azia estomacal da EU dos fortes sem entender nada do Euro-Esperanto.

De momento, só a saída do euro seria uma medida lógica e coerente com a ideologia que Tsipras defende; o seu jogo das escondidas torna-se vergonhoso para ele e uma desilusão para a esquerda europeia que projectava nele muitas esperanças e desejos escondidos. Tem sido triste a figura que têm feito pedinchando com uma mão e dizendo que não com a outra. Este é o dilema de uma esquerda ainda retrógrada e velha que além de oportunista se tornou corrupta ao assumir a governação tem calcando os ideais de justiça da hombridade e da transparência. Já não nos encontramos no tempo dos heróis e dos exemplos. Cada um serve-se como pode.

Não se vai longe enquanto a EU só se preocupar com poder e dinheiro e a Grécia se interessar pela mistura de dinheiro e ideologia.

O facto de descrever ou tentar prever o que vai acontecer em relação à Grécia não quer dizer que seja por um sistema ou por outro.

O facto de o governo grego, tal como Portugal, Irlanda e outros países terem razão nas reclamações no que respeita a imposições de poupanças e privatizações em benefício da avalanche agressiva do turbo-capitalismo liberalista das grandes potências, um comportamento de adolescentes só serve para enganar o povo e não alcança nada contra a injustiça institucionalizada. O que a Grécia e Portugal devem contestar e renegociar é a vantagem que a Alemanha e os países fortes da zona euro têm em relação ao mercado mundial, vantagem adquirida, em grande parte, à custa da destruição das economias dos países da periferia da zona euro que viram o seu poder de concorrência na Europa destruído pela abertura ao mercado chinês. Aqui é necessária a negociação de contratos de compensações estruturais económicas e não a luta ideológica.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
(1) Não aceita o curso político de poupança ao contrário do que fez Portugal, que abnegado e respeitado consegue, por força própria, sair da dependência da Troika (Portugal vai agora fazer mais um reembolso antecipado, de cerca de 2 mil milhões de euros ao Fundo).

G7 – Uma Cimeira sem Cimo porque lhe falta a Rússia a China o Brasil a África do Sul e a Índia

RÚSSIA DESPREZADA E OFENDIDA

António Justo
Neste fim-de-semana, dia 7 e 8 de Junho, realiza-se o G7 no castelo Elmau, Garmisch-Partenkirchen (25.000 habitantes), Alemanha.

Relevante seria que o G7 (grupo de chefes de Estado e do Governo dos USA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Japão, Itália e Canadá) se debruçasse sobre os temas políticos, económicos e climáticos sem se aproveitar da cimeira para cerrar fileiras contra a Rússia, no sentido de uns USA muito longe da Europa e do mundo.

Grande erro: a Rússia não foi convidada. Interessante seria um G20 e não uma organização mamute para jornalistas que dá a impressão de reunir em si os interesses dos antigos impérios coloniais. De facto realiza-se uma Cimeira sem cimo porque lhe falta a Rússia, a China, o Brasil, a África do Sul e a Índia. No G7 temos um monte que não reconhece que faz parte de uma serra! Na aldeia universal precisa-se de todos se se quer humanizar a humanidade e salvar a ecologia do planeta.

Rússia ofendida

Putin viu como sua primeira tarefa a de organizar o Estado russo, o que está a conseguir depois das maneiras Wild West de Boris Jelzin. Não será previsível que o presidente russo mude de atitude em relação à Ucrânia. Os USA e a EU não têm trabalhado de forma construtiva com a Rússia, o que a leva a destacar-se com posições menos compreensíveis.

A Rússia, tal como a China não podem abdicar da sua situação de império, simplesmente porque os USA e a Europa, em nome de uma liberdade ou democracia desaferida e mal-entendida, querem conduzir estes impérios a uma situação interna equivalente à situação dos estados do norte de África (Divide et impera!).

A Rússia precisa de tempo para estabilizar o seu império colonial, precisa de paciência e não de provocação. Não é percebível a política americana (e da EU a si encostada) que aposta apenas no imperialismo económico e em ideologias de valores abstractos sem contemplar as culturas e civilizações que parece querer ver desestabilizadas.

A europa precisaria de uma política comum. Um quebrar do poder de Putin significaria a rotura dos povos. Putin sente-se ofendido pelo ocidente e em especial por uma EU subjugada aos USA.

A actual Cimeira G7 também tem as suas vantagens. Ângela Merkel vai-se empenhar, entre outras coisas, na limitação de combustíveis fósseis e na implementação das energias renováveis (que já conta na Alemanha com 300.000 empregados em consequência do Governo de Merkel ter determinado acabar até 2022 com os reactores atómicos produtores de energia na Alemanha).

Oxalá no G7 a EU saiba mitigar os acordos TTIP (https://antonio-justo.eu/?p=2957) para que a Economia não crie uma jurisprudência paralela e superior à dos Estados membros. Também neste assunto parece que Merkel irá mitigar as ambições liberalistas económicas dos EUA. Ela tem a legitimação e a tarefa a ela atribuída por uma população que também pensa.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu